Cenas do dia a dia aparentemente banais, que parecem não ter muita importância, podem representar um reluzente sinal amarelo sobre a saúde do casamento. Duvida?
Confira abaixo algumas situações que muitas vezes revelam a quantas anda a relação – tanto faz se o sujeito das ações é o marido ou a mulher, o principal da mensagem não vai se alterar.
1. Ela sempre foi uma grande entusiasta do hobby do marido: jogo de tênis. Não perdia uma partidazinha e ainda levava torcida organizada – até nos treinos! Hoje, a amada não aparece nem quando é dia de final de campeonato! Estranho, não?
2. Andar de automóvel juntos virou um martírio. Tudo o que um faz o outro reclama: “Você passou no sinal vermelho”, “não sabe estacionar, mesmo”, “é péssimo esse seu caminho “, “e você é muito pior do que eu”… E dá-lhe mimimi!
3. Toda vez que ele flagrava a mulher saindo do banho, muito fresh e cheirosa, era aquele frisson. Que tristeza: foi tudo para o ralo!
4. Ele, que nunca conseguiu comprar um par de meias sem a ajuda dela, agora, não apenas vai às compras sozinho como nem mostra as aquisições!
5. Receber os amigos em casa é sempre uma alegria, mas basta o povo se retirar e começa a enxurrada de cobranças:
“Você nem se ligou na bebida!!”, ela reclama.
E ele retruca: “E a sobremesa, tangerina e abacaxi de novo! Podia ser pudim!
6. Nos últimos tempos, ela vai para a cama feito um molambinho, com a camiseta mais surrada do armário e um moletom podre. Humm…. Por que será?
7. Na hora de planejar as férias, ela pensa em Veneza, ele mostra o guia do Vietnã; ela checa o preço das passagens de trem, ele traça roteiros para bike. É aquela sintonia!
8. A vizinha do andar de baixo, causa de tantas brigas de ciúmes do casal, já não é mais problema – a gostosona até é convidada (pela mulher) para tomar café em casa.
O QUE HÁ EM COMUM EM TODAS AS CENAS?
Sintoma de crise na comunicação. Há uma falta de diálogo entre o casal ou o diálogo que existe se dá na base da agressividade. O diálogo em questão pode ser limitar, por exemplo, ao papo básico do café da manhã. O psicanalista José Ângelo Gaiarsa dizia que essa conversa matinal indicava o clima do dia que estava por vir. “E eu concordo”, diz Celia Brandão, psicóloga e analista junguiana de indivíduos e de casal.
Problemas na comunicação se manifestam de diferentes maneiras. Uma delas: o saudável e desejado comportamento da colaboração recíproca é substituído pela competição, pela disputa por quem tem a melhor ideia, quem decide, quem é mais esperto, mais inteligente. Isso é evidente nas cenas da briga no carro e do pós-festa mostrados nos exemplos acima. Já o surgimento das terríveis cobranças (“você nem se ligou na bebida!”) muitas vezes escondem “você nem se dedica à nossa relação”, diz a psicóloga.
A atitude da mulher que vai para a cama num look zero de sex appeal é mais comum do que se pode imaginar e costuma acontecer quando ela acha que o marido não a percebe mais. Daí ela “joga a toalha”, perde o estímulo para se cuidar e se abandona. “Isso significa conferir ao homem o papel de guardião da sua feminilidade, transferir para ele essa responsabilidade, quando na verdade nós somos donas da nossa feminilidade“, alerta a psicóloga.
Do lado masculino, uma dica: é comum que crises na esfera do poder, do universo do trabalho, levem o homem a projetar o problema na sexualidade. E onde ele vai buscar a razão? Na mulher.
Por fim, anote o truque para ajudar a manter a qualidade do diálogo: lembrar que casal não é um, que marido e mulher não estão fundidos. “Existe a sua perspectiva das coisas e também a do outro”, diz Celia. A necessidade de controlar o parceiro para pensar como você pensa é matador: acaba com o desejo sexual e com o interesse na vida a dois.