Ex-mulher dá boas-vindas à atual do ex-marido

Por Bell Kranz
Candice Curry
Candice Curry com a filha, Style, de 14 anos (Foto: arquivo pessoal)

A americana Candice Curry, de 39 anos, arrebatou meio mundo, incluindo casados, solteiros, viúvos, divorciados, enteados, madrastas e padrastos, com uma carta que publicou no seu blog dirigida à atual mulher do seu ex-marido.

Candice Curry 4
Stiles entre o pai e a madrasta (Foto: arquivo pessoal)

Parte do sucesso (o post, publicado há dois meses, já teve mais de 17 mil compartilhamentos) muito provavelmente veio do seu mérito em abrir o coração com generosidade e afetividade extremas, além de respeito aos envolvidos e, importante, muito bom humor!

O ego, essa ex-mulher e dedicada mãe deixou amortecido. Ela reconhece publicamente que estava redondamente equivocada quanto a tudo o que pensava (de ruim, claro) sobre a nova mulher do ex-marido e sai tecendo elogios de maneira surpreendente.

A carta de Candice, que está casada novamente, emociona e diverte. Confira trechos abaixo. Antes, conheça outra iniciativa que surgiu na carona. Também uma jovem americana de 39 anos que solta o verbo na net, porém em carta dirigida à namorada do ex-marido.

O estilo é outro. Tina Plantamura é menos simpática e divertida. O ego não ficou tão comedido. Na carta, publicada há uma semana, ela insiste na tese de que não pretende ditar regras sobre como a namorada deve se relacionar com os filhos dela nem dar conselhos sobre como lidar com o ex-marido, “um homem que conheço há 20 anos”, mas acaba montando uma bula de como a namorada deve desempenhar seu papel na família.

Tudo bem, porque o propósito de Tina é do bem. Isso é que vem ao caso. Ela contou para o “Casar, descasar, recasar” que a carta não foi escrita especificamente para a namorada do ex, de quem está separada há dez anos. “Embora meu sentimento seja genuíno, eu escrevi essa carta porque sabia que esta maneira de pensar e de criar os filhos não é muito discutida e, para muitas pessoas, parece até que não é realista.”

O ponto é esse mesmo. Muito saudável e esperta a iniciativa de se apresentar com gentileza àquela que passa a integrar a família dos seus filhos. Aproximar-se, dando boas-vindas, de quem você não escolheu para ser amigo, mas que é importante para você porque é para os seus rebentos. E, se quiser, dar-se o direito de gostar dessa pessoa.

E você, o que escreveria para quem está ao lado do seu (ou sua) ex?

 

Trechos da “Carta aberta à madrasta da minha filha”

Candice Curry

“Eu nunca quis você aqui. Você simplesmente nunca fez parte do plano. Crescendo e sonhando com a minha família, nunca inclui você. Eu não queria a ajuda de outra mulher para criar minha filha”

“Quando te conheci, vou admitir que você não era o que eu tinha em mente e senti uma pontada de ciúme pelo meu corpo. Você era para ser horrível, lembra? Mas você não era, você era belíssima. Você deveria ser uma bruxa velha má, lembra? Mas você não era, você era uma mulher jovem, doce.”

“Você aceitou a nossa filha desde o início e a amou e também o seu pai, incondicionalmente, e isso é um verdadeiro presente para todos nós. Você inclui a nossa filha em tudo o que faz, fazendo para que ela se sinta amada e aceita. Você coloca o relacionamento dela com o pai acima do seu e apenas uma mulher valente e corajosa sabe como fazer isso com tanta graça.”

Uma carta aberta para a nova namorada do meu ex-marido

Tina Plantamura, que escreveu para a namorada do ex-marido e pai dos seus três filhos (Foto: arquivo pessoal)
Tina Plantamura, que escreveu para a namorada do ex-marido e pai dos seus três filhos (Foto: arquivo pessoal)

Tina Palntamura

Você deve estar apreensiva lendo esta carta. Deve estar pensando que estou querendo te dar uma aula sobre como tratar o seu novo namorado e estabelecer leis sobre como tratar meus filhos.

Esta carta não é sobre isso.

Eu gostaria de te dar boas vindas.

Bem-vinda a esta dinâmica única que é a dinâmica da “família moderna”. Bem-vinda à forma com que a gente se na vida e em relação a este relacionamento. Sim, eu disse relacionamento, mas não na sua definição padrão.

As crianças nos mantêm em um relacionamento da mesma forma que o seu trabalho mantém você em um relacionamento com seu chefe. Se a meta é o sucesso, seja no trabalho ou na paternidade, a relação entre aqueles que se esforçam para isso é importante.

Não quero falar de assuntos que não são da minha conta e encher esta carta de conselhos sobre como tratar um homem que conheço desde que eu tinha 20 anos. Não vou te dizer nada pessoal dele; qualquer coisa que ele escolha compartilhar deve ficar entre vocês dois. Não vou te dizer por que as coisas não funcionaram entre nós. Tudo o que vou dizer a você sobre nós é o que eu digo a todo mundo:

Para mim, ele é um grande cara – para outra pessoa.

Isso pode soar estranho, mas eu estou muito animada com a sua presença. Meus filhos vão ver um lado do pai que eles nem sequer sabem que perderam. Vão testemunhar a felicidade que floresce a partir da emoção, alegria e mistério que vêm com um novo relacionamento. Eles vão ver o pai radiante de esperança. Vão ouvi-lo rir (muito e muito alto, como eles mesmos relataram para nós) e falar com um novo encanto em sua voz. E porque eles o amam e o admiram, todas essas coisas vão deixá-los felizes também.

Eu quero que você saiba que é muito importante ser você mesma quando estiver com a gente. Por favor, nunca se sinta ameaçada, intimidada ou deslocada ao nosso redor. Assim como você, nós também estamos descobrindo o seu lugar em nossas vidas. Acreditamos que, se você é boa o suficiente para ele, é boa o suficiente para nós. Esperamos que certas peculiaridades, falhas e singularidades suas possam, de vez em quando, nos deixar intrigados.

Mas nós não queremos mudar nenhuma delas.

Nunca se sinta como se você não pudesse falar comigo, com meu (novo) marido ou com qualquer um dos meninos. Diga qualquer coisa. Ou não diga absolutamente nada. Por favor, seja você.

Você vai nos ver (as crianças, principalmente, mas também o meu marido e eu) com bastante frequência. Vai se ver sentada com a gente nos shows, peças de teatro, jogos, formaturas e muitos outros eventos. Será estranho no começo, talvez, mas espero que isso mude rapidamente. Embora as crianças saibam muito bem que seu pai e eu nos divorciamos, eles precisam saber que estamos unidos para dar suporte a eles, e esta é uma das muitas maneiras de mostrar esse apoio.

Eu quero que eles, quando estiverem no palco, olhem para a plateia e vejam todos nós juntos, observando-os com orgulho e emoção. Muitos dos meus amigos me perguntam se, sentar-se entre o pai dos meus filhos e o padrasto, é estranho. Eu tenho feito as coisas mais estranhas para cuidar, incentivar, ensinar e criar os meus filhos (cantar músicas ridículas para ensiná-los a usar o penico é a primeira coisa que vem à minha mente.). Eu peço que você se junte a nós (quando estiver pronta) e torne-se parte da “frente unida” que os apoia incondicionalmente.

Você pode ter que ficar sentada aguentando conversas entre mim e ele. Por favor, compreenda que precisamos nos comunicar para realizar com sucesso o nosso projeto de criar seres humanos incríveis. Às vezes, precisamos fazê-lo com muita frequência. E acredito que você saberá quando for apropriado participar da conversa. Se você se sentir desconfortável ou desimportante nos momentos como este, peço que olhe para o cenário como um todo e tenha em mente que a nossa comunicação quando assunto não é filhos é quase que inexistente.

Ele nunca vai me ligar para pedir conselhos sobre moda (o que é uma coisa boa, porque eu não tenho nenhum!).

Ele não vai me chamar para conversar sobre um programa de TV que ele goste.

Ele não vai ligar para reclamar do seu dia de trabalho.

Nosso relacionamento gira em torno de três meninos em fase de crescimento. Embora outros assuntos possam surgir enquanto estamos no mesmo espaço por um longo período de tempo, por favor, saiba que o meu papel em sua vida é “mãe de seus filhos.”

Nada mais.

Eu te dou muitos créditos por embarcar em um relacionamento com o pai de meninos adolescentes! Isso é novo para eles também, e eles não têm ideia do que fazer ou dizer quando estão com você. São adolescentes com suas próprias vidas, esperanças, sonhos e intenções e podem não estar sempre nos seus melhores dias. Peço que,  ao se tornar mais presente em suas vidas, você comece a conhecê-los individualmente.

Minha esperança é que, com o passar do tempo e você cada vez mais presente, você crie uma relação única com cada um deles. Isso vai exigir trabalho e esforço. E, às vezes, não vai ser fácil, muito parecido com qualquer outra coisa que valha a pena.

Espero que esta carta não te assuste. Imagino que você entenda que não teria como te falar tudo isso quando te conheci pela primeira vez e fiquei me perguntando se deveria, mesmo sem jeito, apertar sua mão .

Com cuidado e respeito, te recebo,

Tina