Conhece Jetsunma Tenzin Palmo? Eu a conheci apenas ontem, através de um vídeo pequenininho, míseros quatro minutos, mas poderosos. Numa linguagem muito simples, a monja tibetana e mestre, recomendada pela Sua Santidade o Dalai Lama, faz um depoimento que joga luz sobre um assunto que tanto emperra os relacionamentos: o maldito apego, diferente do amor de verdade.
O vídeo foi gravado pela equipe do “o lugar – espaço online e presencial de transformação ativa”, durante a primeira passagem da monja pelo Brasil, no ano passado.
12 ANOS NUMA CAVERNA
Jetsunma Tenzin Palmo ficou mundialmente conhecida depois de viver, dos 33 aos 45 anos de idade, em um retiro solitário dentro de uma caverna no Himalaia. Praticava 12 horas de meditação diária num espaço de 3 m x 1,80 m. Durante todo esse tempo, nunca se deitou. Sua “cama” era uma caixa de meditação de 80 cm de comprimento, como conta a ótima reportagem de Elka Andrello, disponível aqui.
Nascida na Inglaterra e hoje com 71 anos de idade, ela foi uma das primeiras mulheres ocidentais a ser ordenada monja no budismo tibetano. Leva o título de venerável mestre (significado de Jetsunma) em reconhecimento às suas realizações espirituais e pelo seu trabalho em promover as mulheres praticantes do budismo tibetano.
A monja passa a maior parte do ano no monastério que ela fundou, Dongyu Gatsal Ling, pioneiro para mulheres na Índia. Também viaja para dar palestras pelo mundo. Abaixo, um vídeo mais longo da mesma entrevista realizada pela turma do “o lugar”.
Gostou? Se quiser conhecer mais os ensinamentos da Monja, saiba que há um livro de sua autoria traduzido para o português. Focado nas questões do cotidiano, na vida como ela é e voltado para praticantes do budismo ou simplesmente interessados na filosofia, chama-se “No Coração da Vida: Sabedoria e Compaixão para o Cotidiano”. À venda aqui.
Segue um trechinho extraído do livro, que é uma visão inovadora e, quiçá, transformadora para aqueles que vivem em busca de segurança, ou seja, a torcida do Flamengo. Aliás, apego está ligado ao medo da perda (da relação com o outro, do estilo de vida…), enfim, à insegurança.
“A verdadeira segurança provém apenas do conforto com a insegurança. Ficarmos à vontade com o fluxo das coisas, ficarmos à vontade ao estarmos inseguros, essa é a maior segurança, pois nada pode nos tirar do prumo.”
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