Autor, consultor, palestrante, o americano Ross Szabo faz qualquer coisa em nome da saúde mental, em especial, dos jovens. A paixão pelo assunto surgiu da sua experiência de vida. Teve o primeiro contato com o assunto aos 11 anos de idade, em visita ao irmão mais velho na ala psiquiátrica do Hospital da Universidade da Pensilvânia.
Aos 16, Szabo foi diagnosticado com transtorno bipolar. No último ano do ensino médio, tentou se matar, teve recaída do transtorno na universidade e retornou quatro anos depois para se formar em psicologia.
Desde então, ele se dedica a disseminar informações sobre a saúde da mente e suas doenças com campanha contra o estigma do tema, sobre abuso de drogas, programas de conscientização para escolas, de prevenção para universitários… “Compartilhar a minha história me ajudou a conseguir a saúde mental”, diz ele. E o que isso tem a ver com Casar, descasar, recasar?
Ross Szabo passou por uma separação após um casamento de dez anos. E, apesar da intimidade com o universo das emoções e das questões da mente, ele perdeu o rumo, ficou desarvorado e sofreu muito como tantos outros homens. A diferença é que ele elaborou o processo e ainda abre o coração para falar do assunto, prática pouco comum entre a ala masculina.
O consultor descreve aqui quatro atitudes fundamentais que o ajudaram a superar os difíceis momentos da separação. Mais uma história que ele compartilha; nesse caso, para ajudar outros homens.
Depois do divórcio foque em você, e não na ex
Por Ross Szabo
Como a maioria das pessoas que acabam escrevendo sobre divórcio, isso não era algo que considerei fazer algum dia. De fora, o nosso casamento parecia maravilhoso. Nossos dez anos de relacionamento foram recheados de viagens, festas, amigos e até um trabalho voluntário que fizemos juntos em Botswana, na África. Durante a adaptação à vida em outro país, tivemos uma série de problemas. Por fim, minha ex-mulher sentiu que havia questões que ela precisava trabalhar sozinha e me deixou. Eu fiquei chocado. Foi o maior constrangimento que eu já senti. A perda machuca mais do que qualquer outra coisa.
Como homem, eu só queria consertar seja o que fosse, dar para todos a impressão de que eu estava bem e seguir em frente.
Os primeiros dois meses após o divórcio foram um borrão. Eu flutuava, me agarrava em tudo o que podia, tentando apenas atravessar cada dia. Eu já havia tido depressão e problemas com bebida quando era bem jovem, estava portanto preocupado que pudesse rapidamente cair ladeira abaixo.
Na época do divórcio, eu não tinha trabalho nem lugar para morar – estava fora do país havia dois anos e meio. Foi aterrorizante. Sabia que teria que reconstruir partes da minha vida e estava claramente me esforçando. Felizmente, tive amigos e familiares que me apoiaram a cada dia, deixando que eu ficasse um tempo hospedado em suas casas e fazendo qualquer coisa que pudesse me ajudar, mesmo que isso significasse ler e atender minhas mensagens e telefonemas intermináveis nos quais eu fingia estar bem. A boa notícia é que você supera esses tempos difíceis.
Seguem aqui atitudes que me ajudaram muito durante o divórcio:
1. Seja a melhor versão de você mesmo – É difícil quando uma mulher o deixa. Eu senti vergonha. Eu tive raiva. Queria fazer tudo o que pudesse para detê-la, mas a verdade é que ela não estava disposta a construir nada comigo. O conselho mais incrível que eu recebi naquele momento foi me tornar a melhor versão que eu pudesse ser de mim mesmo. Eu ouvi o que ela tinha a dizer quando foi embora. Reconheci o que senti e o que eu poderia melhorar. Tentei mudar algumas atitudes, como estar mais presente no momento, não ter uma lista de tarefas para fazer, ignorando os outros, e prestar atenção nas necessidades das pessoas. Essas lições me fizeram uma pessoa muito melhor para o meu relacionamento seguinte.
2. Não foque nela, foque em você – É difícil não ficar obcecado pelo que ela está fazendo depois do divórcio. Com quem ela está? Que tipo de cara ele é? Por que ela está com ele? Eu sou um cara muito leal, e uma vez que uma pessoa decide que não quer estar comigo é como se ela morresse para mim. Colocar o foco nela só iria me levar a algo que eu não poderia resolver. Focar em mim deu a chance de me tornar uma pessoa melhor e mais confortável comigo mesmo.
3. Faça algo que te deixe feliz – Uma outra maneira de não focar na ex é fazer uma atividade que você adora. Ir a um bar para assistir o jogo com os amigos, pular de paraquedas, viajar ou fazer algo que você nunca teve a chance de fazer. Quando minha ex-mulher me deixou, decidi que iria correr uma maratona. Eu não tinha um trabalho para me focar. Treinar para a maratona me deu algo para fazer e colaborou com a minha reconstrução. A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma. Ter um objetivo pelo qual trabalhar depois da separação realmente me ajudou a não focar na minha ex.
4. A melhor parte de ser divorciado – A liberdade de fazer o que você quiser, de explorar a sua vida e encontrar estabilidade na independência foi a melhor parte do divórcio para mim. Durante o casamento, eu priorizava tudo o que ela queria fazer. Não focava nos meus sonhos ou nos meus objetivos. O divórcio me permitiu obter mais clareza sobre o que eu queria e precisava para a minha vida e como construir isso. Também precisei passar algum tempo sozinho para encontrar conforto e descobrir que tudo estava bem.
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