Casar, descasar, recasar

 -

Produzido por Bell Kranz, blog pretende ajudar homens e mulheres a enfrentarem o casa, descasa e recasa de forma menos sofrida. Trata de saúde, finanças e todas as áreas impactadas quando uma relação acaba.

Perfil completo

  • Bell Kranz
  • casardescasarrecasar@gmail.com
  • Assine o feed do blog
  • Facebook
Publicidade
29/05/2015 13:33
Listen
Opções
  • Enviar por E-mail
  • Copiar Url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Como se virar com a mágoa quando o casamento acaba

Por Bell Kranz
(Foto: Elina Brotherus)
Quando a pessoa se responsabiliza, ela tenta entender a sua participação para o casamento ir bem ou ir mal (Foto: Elina Brotherus)

Não existe receita para fugir da mágoa do fim de um casamento. Na verdade, não há nem como fugir dela se você quer ser uma pessoa honesta com você e com a sua história, responsável pelas suas ações e os seus sentimentos. O caminho é acolher a mágoa, aprender como lidar com ela e let it go, porque ela passa, mesmo.

Um leitor recém-separado, de 41 anos, que pede para não ser identificado, enviou exatamente essa pergunta: “Como lidar com a mágoa quando o casamento acaba?”. A resposta, claro, exige verdade e muita seriedade. Mas isso não basta. A forma também conta bastante. A maneira de comunicar pode causar grande efeito em uma pessoa e não dizer nada para outra.

Pensando nisso, Casar, descasar, recasar ouviu quatro profissionais especiais para tratar a questão, que é um problema universal, especialmente para quem “foi saído” de uma relação conjugal, mais do que para quem saiu. As respostas pretendem ajudar o leitor que escreveu e, espero, inúmeros outros.

 

Enfiar o pé na jaca e processar o luto

A separação é um luto, um embate entre o desejo de tentar manter o que foi perdido e se despedir daquilo. Essa é a luta que está em jogo, e não é entre uma balada e outra que se resolve essa parada, isto custa tempo. Quando você corre de uma separação para um novo relacionamento, você só está fugindo da dor, do luto, e o preço é repetir a história, dançar no mesmo lugar.

Tem que enfiar o pé na jaca, tem que curtir o luto, rever foto, rever o lugar, sondar no Facebook, não sei mais o quê, você tem que ir lá no fundo para desfazer o vínculo. Faz parte do processo. A superação do luto é realmente reconhecer que acabou, que a pessoa não é nem uma deusa, nem uma bruxa. E só com o processamento do luto, com a despedida do vínculo anterior que você está realmente livre para amar uma outra vez.

Pedro de Santi, professor da especialização em teoria psicanalítica da PUC-SP e de psicologia da comunicação social da ESPM   

 

A necessária prática de lembrar e relembrar

Às vezes, as pessoas dizem que para se separar precisam se separar totalmente, se afastar dos objetos, da memória, dos lugares. Mas isso não é verdade, porque ela precisa recolocar para dentro dela essa mesma experiência de uma outra maneira, e não matar tudo o que se refere a essa experiência. Um dos problemas de elaborar uma separação é a tendência de ficar em um polo só. Ficamos apenas no polo do término, do fim, da morte, acabou, zerou. Mas nós temos o lado que morreu e o lado que permanece, um lado que nos pertence, que pertenceu à relação, afinal ela era feita de duas pessoas. Por isso a gente dá esse status ao resgate da memória, e não o contrário, esquecer, apagar, não pensar mais na pessoa de jeito nenhum. Na prática do lembrar e relembrar, se dá o trazer e mandar embora aquele que amamos. Mas agora permitindo a permanência dos rastros do relacionamento.

Celia Brandão, psicóloga e psicanalista de casais, adolescentes e adultos e mediadora de conflitos

 

É obrigatório também se responsabilizar pela separação

Não existe receita mágica, é preciso entender o que aconteceu comigo, qual a minha participação neste casamento e nesta separação. Se não, você vai ficar sempre na dor, na mágoa, e isso vai reverberando. Quando você começa a se responsabilizar pelo início e pelo término dói, dói muito, mas você é capaz de sair dessa situação. Deixando a responsabilidade só na mão do outro, você fica à mercê. Quando eu me responsabilizo, vou tentar entender em mim quais as situações em que eu tive participação para isso ir bem ou ir mal.

A tendência quando a dor é muito forte é colocar para fora. Você vai chorar, beber, bater a cabeça na parede, xingar… Mas precisa, de qualquer maneira, se responsabilizar, porque você tem uma participação nesta separação ou nesse casamento.

Responsabilizar-se dá trabalho, mas é na dor que a gente cresce, não tem jeito, é na tristeza, no sofrimento, que a gente percebe que existe algo incomodando e é nesse momento que você vai parar e pensar. O ideal seria a pessoa procurar uma terapia, para entender tudo o que aconteceu e conseguir superar, mas a reflexão pode ser uma conversa de botequim, no shopping, porque alguma coisa sempre fica.

Alice Tamashiro, terapeuta do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Instituto Sedes Sapientiae

 

Ter humildade para aceitar as falhas de ambos

A gente precisa desenvolver uma maturidade para entender as causas do rompimento. Uma separação nunca se impõe por exclusividade de um ou de outro, o que acontece é às vezes o pedido partir de um e ele é colocado como responsável pela situação.

O primeiro passo para começar a aceitar um pouco a separação é assumir que todos nós temos imperfeições, o parceiro tem falha, o próprio vínculo às vezes tem falha. Até porque o casamento é entre dois seres humanos, e não entre dois deuses, perfeitos, ideais, que portanto terão uma relação ideal pela vida toda. Isso também ajuda você a não desvalorizar tanto o que foi construído. Por pior que tenha sido a separação, vocês tiveram uma história e até um determinado ponto essa história pode ter sido interessante.

Quando a gente vive esse luto, há um momento que se abre um espaço para começar a pensar também no que você ganhou com isso, para que essa dor possa vir a ser algo transformador na vida da pessoa. Agora tem que ter humildade para aceitar e passar por esse tempo.

Márcia Barone Bartilotti, psicóloga terapeuta de casais e família e coordenadora do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Instituto Sedes Sapientiae

Compartilhe:
Veja mais posts
Publicidade
Publicidade

Blogs da Folha

Busca

Mais acessadas

Nada encontrado

Categorias

  • Amigos
  • Arte
  • Atitude
  • Casamento
  • Celebridades
  • Compartilhe a sua história
  • De caso com as finanças
  • Divirta-se
  • Educação
  • Espiritualidade
  • Família
  • Filhos
  • Finanças
  • Jurídico
  • Notícia
  • Notícias
  • O que você quer saber?
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Sexo
  • Sociedade
  • Viagem

Tags

acordo advogado alienação parental amor autoestima carta cartório casal casamento casar cinema cônjuge dinheiro divórcio enteada ex ex marido ex mulher família filho filhos filme finanças guarda compartilhada homem justiça libido madrasta marido mulher mãe música Natal pai pais pais separados Papa Francisco pesquisa planejamento recasamento rompimento separação sexo superação traição
Publicidade
Publicidade
Publicidade
VOLTAR AO TOPO

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).