Betina Camilotti, 21 anos
Pam Puertas, 22 anos
Por Giovanna Maradei
Seja preocupação com o bem-estar do pai morando sozinho, como conta Pam Puertas no vídeo acima, ou perda da intimidade, no caso de Betina Camilotti, uma coisa é certa: o relacionamento entre pai e filhos que já não são crianças costuma mudar após a separação. Tanto para o bem como para o mal. No último caso, um dos principais problemas é a inversão ou confusão nos papeis dos integrantes da família – pai, mãe e filho. Um exemplo comum: o filho virar cuidador de um dos pais.
Pamela Aloise, 25 anos
Diante dos pais fragilizados, muitas vezes o filho se sente responsável, na obrigação de proteger e dar apoio e, no final, acaba assumindo deveres e responsabilidades que eram do adulto. Daí vem a ideia muito comum de que “filhos de pais separados são mais maduros – mas a que custo?”, comenta Leila Maria Torraca de Brito, professora do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Essa inversão de papeis não é saudável, mas um fardo pesado. Quando o jovem sai do seu papel de filho, fica sobrecarregado e sozinho, diz a psicanalista de casais, adolescentes e adultos Célia Brandão.
O mesmo acontece no famoso modelo “brodagem” de relacionamento. O adulto faz do jovem seu confidente e melhor amigo, vai junto para a balada e, na verdade, acaba deixando esse filho sem pai. Nesse sentido, lembra a psicanalista Stela Grunberg, “quando é preciso colocar algum limite ao filho, o adulto acaba não conseguindo se impor”.
Entre as diferentes queixas, a mais cruel, porém, é o filho que vira menino de recado dos pais. Ele é colocado na função de como para-raios dessa separação, ficando com a responsabilidade de cobrar e mandar recados para o pai, diz Stela. Isso causa ansiedade e angústia. Até porque as mensagens não costumam ser amigáveis, consistem em cobranças, reclamações, acusações, entre outras. Assim, os filhos são incluídos na discussão que antes eram apenas dos pais. Sobre isso, diz Leila, “existe um mito de que após a separação as brigas acabam, mas elas permanecem. Mudam as questões, mas elas continuam existindo”.
Mudanças para melhor
Milene Fernandes, 21 anos
Ana Lis Soares, 26 anos
Mas se os conflitos entre pais terminam dentro de casa e também quando eles separam, os filhos podem ser presenteados com uma nova e mais leve relação, além de alívio. Stela conta ser comum que, ao anunciarem a separação, os pais esperem dar uma notícia nova, mas os filhos reagem, dizendo que sabiam o que estava acontecendo, mostrando que estavam angustiados e ansiosos com aquela situação.
Ganhar independência e tornar-se mais responsável são outros ganhos positivos possíveis. Isso graças à necessidade de o filho aprender a lidar com a nova dinâmica da família – cuidar das suas coisas, se adaptar às regras da casa do pai e coordenar seus horários, por exemplo.
De todo modo, o fundamental é que os pais mantenham-se em seus respectivos papeis. A forma de exercê-los muda com a separação, mas os papeis continuam existindo. Pai não pode deixar de ser pai nunca, assim como mãe deve ser sempre mãe e filho continuar como tal.