Em dez anos (2004-2014), o número de divórcios no Brasil cresceu 161%, segundo a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, que acaba de ser divulgada pelo IBGE. A notícia é boa porque indica, entre outros, que menos gente está mantendo um casamento por obrigação. Por outro, é uma tristeza: estão sobrando corações partidos.
Preocupadas com os candidatos a noivos e recém-casados, um trio de jovens psicólogas cariocas, Joana Cardoso, Daniela Miranda e Helena Cardoso, lançaram um serviço para prevenir crise conjugal. Batizado de Véspera, seu objetivo é antecipar as discussões mais comuns entre jovens casais, ajudando a evitar conflitos futuros.
Com base na experiência com atendimento de família nos seus respectivos consultórios, as psicólogas desenvolveram um serviço composto de cinco encontros. Três deles são pautados pelos temas que elas identificaram como os principais gatilhos para conflitos. Seguem abaixo.
- Diferenças de expectativas entre os parceiros (da festa de casamento a questões relacionadas a filho e estilo de vida). Por exemplo: a noiva sempre trabalhou e, na sua cabeça, depois de casada viveria dedicada integralmente à família. Mas essa sua ideia jamais foi conversada com o noivo; e ele nunca imaginou que ela poderia vir a mudar o estilo de vida depois do casamento. Resultado: conflito bravo depois da lua de mel.
- Relação com as famílias. Como será o relacionamento com a família da parceira (ou parceiro)? A sogra vai ter a chave de casa? Os enteados poderão trazer amigos à vontade ou terão que pedir autorização? Um determinado comportamento do parceiro (ou parceira) está ligado a traços da família dele (ou dela)?
- Administração da casa. Algumas questões pertinentes: o casal vai ter empregada? Sobre as despesas, quem vai vai pagar o quê? E como será a divisão das tarefas domésticas? Quanto à alimentação, o casal vai primar pelo cardápio saudável ou pelo prático fast-food?
Os dois encontros restantes são reservados a um acordo que trará as decisões do casal para cada impasse discutido anteriormente. As soluções devem ter sido definidas por ambos ao longo do processo para não serem motivo de discórdia no futuro e, claro, podem ser renegociadas no futuro.
“Não queremos antecipar a crise, e sim prevenir. Vamos levantar questões que hoje são gostosas de serem conversadas, mas podem ser um problema no futuro”, afirma Daniela Miranda.
Os encontros se valem de recursos terapêuticos como um jogo de tabuleiro criado por elas e árvore genealógica das duas famílias. Por meio deles, o casal é levado a conhecer e compreender a bagagem que cada um traz para a vida conjugal, a alinhar os planos para o futuro e a negociar regras da vida prática que, entre o pedido e a festa de casamento, foram deixadas de lado.
“Nosso objetivo é fazer com que aquela relação seja uma relação cooperativa, e não competitiva”, explica Joana Cardoso.
O pacote de encontros custa R$ 1,5 mil, cada um dura 1h30 e todos são conduzidos por duas psicólogas. Informações e agendamento de entrevistas são feitos pelo site. O consultório fica na cidade do Rio de Janeiro, mas em breve haverá atendimentos mensais em São Paulo.
Aos que já casaram há algum tempo, uma boa notícia: as psicólogas planejam expandir o projeto para outros momentos cruciais da vida, como a decisão de ter ou adotar um filho e se aposentar.