Natal em novo estilo!

Por Bell Kranz

Natal representa uma montanha de obrigações: gastar mais, comprar presente, comer peru e panetone, distribuir lembrancinhas, brincar de amigo secreto, dividir a mesa com quem não se gosta… Ninguém, portanto, merece ser obrigado a encarar a “noite feliz” com um parente prostrado pós-separação.

Esta é uma das datas mais difíceis, se não for a pior, de atravessar no primeiro ano depois do divórcio. Não importa explorar aqui as razões, mas vale ter essa consciência e tomar a iniciativa de se proteger e poupar os outros.

Mil anos atrás, recém-casada e sem noção do que significava o baque de uma separação, digamos, pouco civilizada, uma parente compareceu à festa na minha casa algumas semanas depois de o marido ter aprontado uma sacanagem do tipo “sair para comprar cigarro e não voltar”.

NATAL CASAR
Primeiro Natal separado costuma pedir inovação

Ela devia estar tomando uns barbitúricos pesados, porque passou a noite em estado de torpor, paralisada na mesma cadeira em que desabou ao chegar na festa. Tipo morta-viva, mesmo! E contaminava todos. Quem passava perto, era arrastado por aquele espírito de mortificação.

As crianças a todo momento questionavam o que havia acontecido com aquela tia que elas conheciam, mas que parecia outra. Além do mais, havia outras quatro mulheres de luto junto com ela: suas três filhas adolescentes e a mãe idosa.

Se tem uma coisa que ninguém é obrigado a fazer nem no dia de Natal é seguir esse caminho mais fácil, apesar de doloroso, da imobilização, da entrega, do autoabandono. A saída é inovar! Caia fora do modelo tradicional dos seus natais, ao menos no primeiro ano.

Conheço a história de uma mãe de quatro meninas que, na sua estreia separada no Natal, fez uma girls night em casa – uma farra, com todas de pijaminha, muitas guloseimas, música e dança. Um pai passou a comemorar a data cada ano em uma cidade diferente. Uma outra mulher aboliu a árvore com bolas em casa. Enfim, seja criativo e imagine uma programação que vai ser mais interessante, curiosa, reconfortante…

Peço perdão por estar sugerindo mudanças no seu Natal (que começa hoje à noite) tão em cima da hora. Fiquei ocupada produzindo a inovação do meu. De todo modo, a proposta serve para qualquer ano e para passar adiante aos que venham a precisar.

Atenção, casados e famílias em geral: inovem também o Natal de vocês. Pode ficar muito mais divertido reunir, junto com a sua família, uma turma de agregados que estejam precisando de uma força neste ano. Seja porque os filhos foram morar em outra cidade, seja porque perdeu um pai ou outro familiar querido, porque está jururu com a demissão no trabalho… Lembrando ainda que amanhã você é quem pode estar precisando ser acolhido.

Seja qual for a sua crença, esse é um momento de transcendência. Portanto, mergulhe de cabeça nessa aventura maravilhosa que é a experiência da vida trocando afeto.