Casar, descasar, recasarCasamento – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Casamento fora do armário: quem é o noivo e quem é a noiva? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/#respond Thu, 31 Mar 2016 23:43:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Ser gay no Brasil não é fácil. Comemorar um casamento, então, com festa, bolo, flores, cerimonialista e toda a parafernália festiva é um desafio quase hercúleo para os casais do mesmo sexo.

O grau de sensibilidade e conhecimento das empresas especializadas em eventos e seus fornecedores costuma ser próximo do zero. Se são duas lésbicas, quem leva o buquê? Uma vai de noiva e outra de noivo? E o noivo gay entra com o pai ou com o seu parceiro? Tem daminha? Padrinho? Rola chá de cozinha?

Se por um lado o assunto ainda é novo, cercado de mistérios e desinformação, por outro, o preconceito rola solto. E a última coisa que um gay deseja é sofrer discriminação no dia mais feliz da sua vida. Mas corre o risco, sim, de topar com fornecedores homofóbicos na própria festa ou antes, durante os preparativos.

Mulheres se beijam em cerimônia coletiva de união estável entre casais do mesmo sexo, em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)
Recém-casadas após cerimônia de união estável em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)

A frustração pode acontecer logo de cara. O primeiro item escolhido costuma ser o espaço da festa, como bufês e restaurantes, e muitos deles se recusam a fazer uma cerimônia gay. Por trás de um sonoro “que pena, mas não temos data para atendê-lo” existe a ideia cruel “vich, vai ter um monte de ‘bicha’, não quero que o meu negócio fique rotulado”.

Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)
Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)

Mas o chamado pink money (poder de compra da comunidade GLBT) é poderoso e, assim como os héteros, gays nutrem o profundo desejo de celebrar a união com um ritual e compartilhar o amor que têm um pelo outro com os amigos e a família (quando dá). O casamento civil no cartório não basta.

Uma amiga jornalista e gay, Gisele Losada, acaba de ingressar nesse mercado com a Casamento à La Carte, que se propõe a realizar o sonho de noivos e noivas em todas as etapas do enlace – da burocracia no cartório à festa personalizada e a celebração da cerimônia. Um serviço criativo, emocionante e profissional. “De gay para gay! Sei como contar a história do casal, escrever essa cerimônia e sensibilizar os casais e os amigos”, diz Gisele.

Casamento fora do armário pede festa fora da caixinha. Mas isso não significa purpurina e arco-íris espalhados desvairadamente pelo salão adentro. O povo às vezes erra a mão.

“Esse público quer o tradicional, mas com a cara deles”, diz outra cerimonialista, Cris Coelho, dona da Festa Casamento Gay. Casadona, com marido e filhos, ela diz que tem “alma gay, com um monte de homossexual na família, irmão, tias…”. Seu maior cuidado na produção dos eventos é com os fornecedores que vão ter contato com os noivos e os convidados, caso de manobristas, garçons, seguranças e pessoal da limpeza. “Uma vez presenciei dois garçons que eu achei que estavam com o riso solto demais, riso frouxo, sabe?”.

E já pensou que desagradável a mãe do noivo estar no banheiro e ouvir comentários preconceituosos sobre o filho?

A batalha pela aceitação da diversidade também pode se dar num casamento hétero, como é o caso da cerimônia religiosa que Cris Coelho está organizando. A noiva quer a irmã, que faz tratamento para mudança de sexo, entrando na igreja de madrinha, vestida de homem e acompanhada da parceira. Venceu a parada! Mas trocar essa ideia com a comunidade da igreja não foi muito simples.

MISTÉRIOS

Afinal, em um casamento de duas mulheres quem leva o buquê?

Às vezes uma delas, às vezes as duas e às vezes nenhuma!

E quem é a noiva?

Bom, às vezes há duas e às vezes não há nenhuma. E algumas vezes há uma pessoa se sentindo uma noiva. Na verdade, não há regras.

Chá de panela, daminha levando alianças? Rola? Casais gays não são chegados em tradições (menos de 15% a incorporam). Eles gostam mesmo é de quebrar as tradições ou inventar as suas próprias.

Esses e outros esclarecimentos são contribuições do Mr. & Mr., site brasileiro dedicadíssimo a noivas e noivos gays. Com textos saborosos, traz uma coleção de informações variadas – de dicas de festa, decoração e moda para o dia D a notícias sobre direitos relativos a contrato pré-nupcial, adoção de criança ou guarda compartilhada de animais! Também compartilha as lindas histórias de amor enviadas pelos seus leitores.

As autoras são duas jovens solteiras, héteros e cheias de amigos gays. O site “é uma prova de amor a eles, de que sim, eles devem sonhar com este momento lindo, mágico e especial como todo mundo e que nós vamos ajudar em tudo que pudermos”, explicam.

E eu fico aqui sonhando em ir a um casamento gay. “É muito mais emocionante. Eu choro do início ao fim”, diz a jornalista Laura De Barros Falcão Fraga, do Mr. & Mr.

Claro! Eles são mais livres e estão comemorando uma conquista árdua e de algo desejado demais.

O Casar, descasar, recasar, assim como o Mr. and Mr., não acredita que pessoas do mesmo sexo que se amam vão arder no inferno.

Tim-tim pra eles!

 

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Vendemos mal o nosso peixe http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/#respond Tue, 08 Mar 2016 23:38:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2817 Às sete da manhã de hoje, o celular começou a apitar do lado da cama com a chegada de flores pelo 8 de março. O buquê foi enviado por uma conhecida querida, mulher batalhadora, mãe, divorciada e que, no momento, enfrenta a batalha contra um câncer. Mais rosas foram chegando ao longo do dia, enviadas por homens também.

Flores são sempre bem-vindas, ainda que virtuais pelo WhattsApp! Agradeço. Mas o dia está mais para lembrar a luta diária por direitos iguais, fim das discriminações e ação de todos nós!

No quesito casamento e descasamento, um montão de questões do cotidiano refletem atitudes e mentalidades machistas. A dupla ou tripla jornada de trabalho (a remunerada na rua e a não remunerada em casa) é uma das temáticas femininas que, em matéria de Ibope, só perdem para a TPM quando se tem 20 anos.

Aliás, a questão é global. No mundo todo, é a mulher quem faz a maior parte do trabalho não remunerado (cozinhar, cuidar da casa e filhos): são 4,5 horas, em média, dedicadas todos os dias a esse serviço. É mais que o dobro da carga de trabalho doméstico dos homens, que passam mais tempo trabalhando fora de casa e se divertindo. Tudo isso segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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O caderno “The New York Times International Weekly” publicado na Folha no último sábado, dia 5/5, traz uma tabela com o número de horas que homens e mulheres de 29 países dedicam todos os dias às tarefas domésticas. A reportagem enfoca o aspecto econômico do tema: desigualdade de gênero trava o avanço econômico!

Como reduzir essa disparidade e melhorar o cotidiano massacrante especialmente de mulheres de classes mais baixas? Há quem fale em medidas governamentais, como licenças remuneradas para pais e mães de recém-nascidos. Mas a raiz da questão é sociocultural, mesmo, e passa pela educação de pais, mães e filhos.

A convite do “Casar, descasar, recasar”, a psiquiatra e analista junguiana Iraci Galiás, da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, escreveu uma reflexão bastante inspiradora em prol do resgate do feminino na nossa cultura.

O RESGATE DO FEMININO NA CULTURA

 

Por Iraci Galiás

Há muito tempo nossa cultura vem funcionando com divisão de papéis bem delimitada entre o homem e a mulher. Dizem os estudiosos que nem sempre foi assim, mas é assim que ficou. A cultura modifica seus valores, é uma espécie de organismo vivo que se transforma, tornando algumas coisas melhores e outras piores.

Nessa divisão de papéis, ao homem coube ser o provedor, o que resolve certos assuntos da família, o que se profissionaliza, exerce um trabalho que tem valor, tanto que ganha dinheiro. À mulher coube cuidar da casa, filhos, marido, enfim, da família. Lá pelas tantas, ela saiu à rua, se profissionalizou, foi para as universidades, se afirmou e até começou a ganhar dinheiro.

Só que passou a se sentir sobrecarregada. Além do que já cuidava, conquistou o direito de ter novas responsabilidades, dividindo com o homem as áreas que a ele cabiam.

Ouço de amigas, colegas e clientes, perguntas com as quais tenho empatia por fazê-las às vezes eu mesma: “Será que somos bobas, será que fizemos um bom negócio?”. Olhando por esse ângulo, muito espertas não fomos. Mas não acredito que possamos nos pensar “vítimas” de mais uma “esperteza” masculina, que tudo tenha sido trama do homem para diminuir sua tarefa. Afinal, todos nós, homens e mulheres, temos nossa dose de esperteza e nossa dose de tontice.

O universo do homem, de que ele se ocupa, é muito valorizado. É o mundo do sucesso, das conquistas, do sacrificado, mas grandioso. E o que ouvimos sobre o mundo da mulher? Queixas e muitas. “Que vida mais chata. Cuidar da casa é uma tarefa insana. Sempre fazendo as mesmas coisas. E ele ainda reclama do meu desânimo para fazer um lindo jantar para os homens de seu mundo importante dos negócios. E também tenho que ficar magra. Afinal, “ele é quem quer, ele é o homem, eu sou apenas uma mulher…” (até você, Caetano!).

Refletindo sobre essas questões, ocorreram-me algumas imagens. Imagine uma feira livre com duas bancas de pescado. Uma é dos homens e a sua propaganda é assim: “Comprem, comprem, comprem. Temos salmão de primeira, bacalhau fresco, lagosta, camarão, trutas e preciosos filés de linguado!”. E, claro, produtos tão bons custam caro, mas vale a pena. E o produto é tão bom e a propaganda tão bem-feita, que a mulher logo se esforçou ao máximo e comprou esse peixe. E continua comprando – o salmão-universidade, o bacalhau-trabalho fora de casa, a lagosta-cargo importante, o camarão-ganhar dinheiro, a truta-fazer palestras, o filé de linguado-escrever artigos etc.

Na frente dessa banca, há outra banca de peixe, a da mulher, e aos homens que passam por ali é feita a seguinte propaganda: “Comprem aqui, seus injustos e arrogantes. A sardinha está quase apodrecendo, as pequenas postas de cação já estão moles e grudentas, os mariscos, quase malcheirosos, e vocês ainda não compram? Vendo não tão barato porque, do contrário, tenho prejuízo, mas comprem, porque esta é uma obrigação de vocês!”. Logicamente, o homem não compra. Com essa propaganda, ainda que fosse só tonto, não o faria.

Se contratássemos uma consultoria para essa empresária-banca-de-peixe-mulher, seguramente alguns apontamentos e conselhos óbvios seriam dados. O primeiro: questioná-la por que ela desvaloriza tanto o seu produto. E se desvaloriza, como quer vender? E se quer mesmo vender, por que faz tão má propaganda do nosso produto ­– nosso porque nos coube mediante a divisão de papéis, nosso porque temos muita intimidade com ele.

Jung concebe o ser nascendo com arquétipos. Chama de arquétipo da Grande Mãe o que cuida da nutrição e fertilidade; a lua é um de seus símbolos. Chama de arquétipo do Pai o que cuida da separação entre os opostos de uma forma elitizada, separando o certo-errado, bom-mau etc., trazendo a clareza, coerência e pingos nos is. É simbolizado pelo sol.

Homens e mulheres possuem todos os arquétipos. Mas, na divisão cultural de papéis, a mulher ficou mais identificada com o arquétipo da mãe (dona-do-mundo-da-lua) e o homem, com o arquétipo do pai (dono-do-mundo-do-sol).

No nosso passeio reflexivo, vemos que a mulher ganhou o lugar ao sol, mas o homem ainda não ganhou o lugar à lua.

Voltando às imagens: imagine duas grandes batalhas sendo travadas por eles e por elas. A primeira é a da conquista do patriarcal. Para o homem, essa é uma luta alinhada com o que a sociedade espera. Se ganha o seu dinheiro, se impõe, se profissionaliza e faz sucesso, a “torcida” é favorável. Se não atinge esses objetivos, a cultura o marginaliza, não aceita, e isso atua como uma força que o impulsiona.

Para a mulher, essa batalha é mais complicada. Às vezes, ela encontra oposição social a que se desenvolva por meio do estudo e do trabalho. Tem que contar com força e definições pessoais muito maiores que o homem, já que não será impulsionada pela sociedade.

A segunda batalha é pelo resgate matriarcal. Para a mulher, esta batalha naturalmente só poderá ocorrer (quando ocorre), se ela tiver travado a primeira, ou seja, seu lugar ao sol. Nesse caso, chega um momento onde o mundo da Grande Mãe pede novamente espaço.

Essa batalha pode ser nem tão renhida, pois, em geral, ela nunca deixou inteiramente de exercer tais encargos. Além disso, tem uma familiaridade secular com esse universo, onde penetra sem ter que mostrar “documentos”. Está no que a nossa cultura identifica como “em seu lugar”, o qual por séculos foi o único que lhe coube. Então, de um lugar que era seu, a mulher sai e retorna a ele por opção.

Acontece que também o homem, na realização dos seus potenciais enquanto ser humano, necessita desse resgate. Mas desta vez ele não tem a mesma sorte! Tudo o que lhe foi culturalmente favorecido na primeira batalha (pelo patriarcal), agora não existe. O embate é árduo e de difícil aceitação social. Pela nossa cultura, o ingresso livre aos recintos onde a Grande Mãe reina só é permitido ao homem como filho.

Por que um homem tem que ser maternal, valorizar certos aspectos de cuidados pessoais e com os filhos ou exercer as tarefas domésticas? Será que ele é homem, mesmo, ou está com algum conflito na sua identidade sexual? Estas são as perguntas que nossa sociedade faz explícita ou implicitamente. A batalha então é solitária ou acompanhada por poucos.

Quando o homem não compra o produto da mulher, tão malpropagandeado, e não conquista seu lugar à Lua, perdem ambos – ele e ela. Sofrem ambos. Sofre a família. Perdemos todos.

Opostos simétricos

Uma das coisas buscadas no processo de individuação (como Jung chama a realização pelo ser humano dos seus potenciais) é a relação simétrica e dialética entre o homem e a mulher. Para haver essa simetria, é fundamental que ambos se deem conta de que são opostos simétricos. E que seus antigos mundos divididos (na nossa imagem, as duas bancas da feira) sejam simetricamente compartilhados. Enquanto funcionar o “ele é quem manda, ele é um homem, eu sou apenas uma mulher”, continuará funcionando o “todo dia eu só penso em poder parar / Meio dia eu só penso em dizer não / Depois penso na vida pra levar / E me calo com a boca de feijão”, como tão bem dizem os poetas!

A meu ver, o papel da mulher no resgate do feminino na nossa cultura é exatamente perceber o valor da Grande Mãe, de que preciosidade ela tem sido a guardiã e, com isso, ter elementos reais para fazer uma adequada propaganda do matriarcal entre os homens.

Acredito que difundir a validade de se viverem os segundos papéis é necessário. E para que nossa cultura não somente permita como “convide” o homem a vivê-lo quanto ao arquétipo da Grande mãe, nós mulheres temos uma boa tarefa!

Boa sorte a nós todos!

 

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Guerra de pais pela guarda dos filhos: como escapar dessa enrascada http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/briga-pela-guarda-compartilhada-como-escapar-dessa-enrascada/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/briga-pela-guarda-compartilhada-como-escapar-dessa-enrascada/#respond Fri, 29 Jan 2016 15:55:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2706 A nova lei da guarda compartilhada, que tem pouco mais de um ano, está sendo colocada em prática, mas com muitas dificuldades. Há resistência por parte de mães em aceitar este modelo, que é um avanço e uma vitória delas, dos filhos e dos pais. Os processos litigiosos às vezes duram anos e, em muitos casos, por acusações de um ex-cônjuge contra o outro na disputa pelo filho – que não é de uma pessoa, mas de dois. Há advogados que seguem o caminho da conciliação, mas há os que priorizam ou não evitam a guerra.

E há muitas dúvidas. Por exemplo: se a guarda é compartilhada, a pensão também vai ser? Quando os pais moram em cidades diferentes, como seguir esse modelo? E no caso de filhos ainda bebês?

Para ajudar pais e mães envolvidos nesse imbroglio, o “Casar, descasar, recasar” promoveu uma conversa ontem na TV Folha com a advogada Shirlei Saracene Klouri, especialista na área de família e membro do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Defesa da Família), e um pai, Paulo Halegua, que fez da luta pela guarda compartilhada da filha mais nova um projeto de vida. Ele fala sobre a sua experiência de oito anos de briga na Justiça, tempo em que cursou direito e se especializou em direito de família.

Assista aqui o vídeo e deixe o seu comentário.

 

 

 

 

 

 

 

 

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6 razões para o segundo casamento ser melhor http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/21/6-razoes-para-o-segundo-casamento-ser-melhor/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/21/6-razoes-para-o-segundo-casamento-ser-melhor/#respond Thu, 21 Jan 2016 13:25:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2589 Você fica mais determinado e se empenha mais para dar certo? Calejado do primeiro, tira de letra uma batelada de problemas? Não é bobo de repetir os erros passados? Há quem acredite que o segundo casamento tem tudo para dar certo (e se não der, é porque haverá outros pela frente!).

Confira aqui meia dúzia de boas razões para investir no casamento # 2.

1. Você deixa de buscar a felicidade no outro para, primeiro, ser feliz consigo mesmo

Cris Lobo

“Como eu mudei! Por muito tempo, busquei felicidade no outro, quando na verdade era eu quem precisava ser feliz e fazer o outro feliz. Para aprender, precisei optar por ficar sozinha por um tempo. Não foi nada fácil, mas valeu muito a pena. Eu me descobri e aprendi a me bastar mesmo quando não tinha namorado. Hoje, eu amo o meu futuro marido, mas amo a mim e o meu filho primeiro.”   Cristiane Lobo, 35, é assistente administrativa, mora no Rio de Janeiro e casa pela segunda vez em abril; o primeiro casamento durou dois anos.

 

2. Você não perde tempo com o que não agrega à relação

Adriana Ochucci

“Neste segundo casamento, meu marido e eu estamos mais experientes e não perdemos tempo com coisas que não vão agregar nada à nossa relação. Também aprendi que o diálogo é necessário sempre. Na primeira união, eu preferia me fechar em vez de discutir e deixava os outros, meu ex-marido e sua família, ditarem regras na minha vida. Com o meu atual marido, converso muito sobre tudo, filhos, família… Para algo ser feito, tem que estar bom para os dois e, se há cumplicidade, não há desavença.”   Adriana Ochucci, 41, é dona de casa, mora em Amparo (SP) e está casada há um ano; o primeiro casamento durou sete anos.

 

 

3. Somos maduros para não repetir os erros cometidos no primeiro casamento

Elaine “O casamento é melhor da segunda vez porque temos maturidade para não cometer os mesmos erros. A imaturidade traz insegurança e o ciúmes fica mais intenso. Mesmo sem motivos, vêm o medo de ser trocada por outra pessoa, e brigas bobas, por orgulho, porque não aceitamos que as pessoas sejam diferentes de nós e queremos tudo do nosso jeito. Óbvio que ainda sinto ciúmes do meu marido, mas hoje sou mais sutil. Já entendo que, você ficando ou não no pé da pessoa, se ela quiser fazer algo errado, ela vai fazer. Desta forma vivemos mais tranquilos, sem tantas cobranças. Vou vivendo um dia de cada vez e acreditando que vai durar.”   Elaine Ribeiro, 25, é dona de casa, mora em Mogi das Cruzes (SP) e casa pela segunda vez em outubro; o primeiro casamento durou dois anos .

 

4. Você é mais tolerante e paciente e sabe mais o que quer

bianca e luciano “Nascemos para ser felizes e temos essa chance no primeiro casamento – ninguém casa com a intenção de se separar. Mas na segunda vez estamos certos do que queremos. Também aprendi a ser mais tolerante, paciente e hoje estou aberta, por exemplo, a receber a filha dele como se fosse minha filha. Não faria isso antigamente, sempre evitei homens com filhos. O melhor que o segundo casamento pode proporcionar é uma nova possibilidade de encontrar alguém que se afine com quem você é e, ao mesmo tempo, retribuir de modo igual, pois você está tranquilo e maduro para isso. Eu tive muita sorte (ou sabedoria).”   Bianca Marcelino, 35, é analista de comércio exterior, mora em São Paulo e casa em dezembro pela segunda vez; o primeiro casamento durou oito anos.

 

5. Você sabe que é preciso fazer concessões, mas também conhece os seus limites 

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“Segundo casamento. Quando ele acontece você para e pensa: tenho sorte por ter encontrado uma pessoa maravilhosa, a vida me deu uma segunda chance! Mas a verdade é que não foi a vida, foi você. São suas escolhas, suas entregas. No segundo, você está mais maduro. Entende que é preciso fazer concessões numa relação, mas, ao mesmo tempo, já sabe o que é muito caro para você abrir mão. Você se conhece o suficiente para entender seus próprios limites na relação. Outra vantagem é aprender a dar mais valor às pequenas coisas, aos detalhes que podem passar despercebidos na correria do dia a dia. Você sabe que é preciso muito mais do que amor para segurar uma relação por muitos anos. E fica muito mais atento a tudo isso, tem muito mais ferramentas pra cuidar de uma nova relação e sabe muito melhor o que quer e o que doar para o outro. O segundo tem tudo pra dar certo. É correr pro abraço e ser feliz!”.  Pamela Lang, 33, é jornalista, mora no Rio de Janeiro e está casada, pela segunda vez, há quatro meses; o primeiro durou seis anos.

 

6. Você não faz tempestade em copo d’água por causa de um conflito

Anielly Praes e Lucas Almeida

“Casar da segunda vez é melhor porque você já está mais preparado para lidar com situações de conflito sem transformar tudo em uma tragédia, não faz uma tempestade em copo d’água a cada nova discussão. Entende que ciúmes em excesso é destrutivo e que, se você estiver com alguém que não te incentiva a ser melhor, nada fará sentido. Eu era muito novo quando casei na primeira vez, tinha 18 anos e não tinha a visão que tenho hoje.”   Lucas Lana Santiago Almeida, 23, é motorista de cargas perigosas, mora em Nova Lima (MG) e casa pela segunda vez em outubro; o primeiro casamento durou quatro anos.

 

 

 

 

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Um ano de blog e o presente vai para os noivos: um pacote anticrise http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/06/um-ano-de-blog-e-o-presente-vai-para-os-noivos-um-pacote-anticrise/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/06/um-ano-de-blog-e-o-presente-vai-para-os-noivos-um-pacote-anticrise/#respond Wed, 06 Jan 2016 16:05:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2525 Seis de janeiro, Dia de Reis e aniversário do blog! Para comemorar esse primeiro ano, o “Casar, descasar, recasar” presenteia os jovens casais de primeira viagem com um pacote antidanos.

Afinal, junto com o bem-bom de morar juntinho de quem se ama, vem uma coleção pouco falada de chatices, as quais exigem apresentação, alerta e, se possível, estratégias de enfrentamento. Elas integram uma espécie de kit genérico de questões comuns em começo de vida conjugal cujo potencial para causar conflitos é considerável.

Não importa se o sujeito saiu da casa dos pais, de uma república ou morava sozinho. Quando divide a casa com a companheira (ou companheiro), muitas novidades surgem no dia a dia, entre ótimas e esquisitas. As deste segundo grupo podem ser simples, do tipo que o casal tira de letra, ou causar abalos sérios na relação. Tudo depende, claro, dos instrumentos que o casal dispõe para descascar o abacaxi.

As questões são essencialmente de ordem prática, do âmbito do cotidiano e, na maioria das vezes, não passam nem de longe pela cabeça dos noivinhos até o momento em que eles vão conviver sob o mesmo teto.

Segue uma lista de algumas delas para quem prefere seguir o caminho esperto da prevenção, em vez de remediar.

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Noivos ganham um pacotão preventivo contra chatices prosaicas de começo de vida conjugal

QUE MANIA É ESSA?

Não tem jeito, alguns hábitos só aparecem com a convivência, e as áreas da casa onde as revelações costumam ocorrer são a cozinha e o banheiro.

O namorado pode dormir todo fim de semana na casa da namorada, mas ele não é o dono da geladeira. Então, segue as regras da casa. No momento em que o espaço é dos dois, ele sai tomando água no gargalo da jarra, ataca a mousse com o dedo do meio, entre outras modos rotineiros que podem não agradar a parceira (ou parceiro).

No banheiro, o clássico das reclamações é a toalha molhada largada na cama e as fatídicas cueca, calcinha ou meias sujas no chão. E isso não é queixa de mulher em conversa com as amigas, mas um problema (pasme!) levado para o divã do analista. Quem conta é a psicóloga Helena Cardoso, que inclusive está lançando um serviço de prevenção de crise conjugal, o Véspera.

CADÊ OS MEUS SANTOS?

A máxima “gosto não se discute” é muito válida enquanto cada um tem o seu cafofo. Na hora de montar o lar comum, isso vai por água abaixo. Gostos e valores desconhecidos vêm à tona e, às vezes, feito uma bomba. É o caso do noivo de família tradicional que cresceu numa casa com altar e imagens de santos. Para a noiva, enquanto o décor era no território da sogra, estava tudo bem, não havia razão nem para comentar. Mas quando o casal está montando a própria casa e ele pergunta “cadê os santos?”, está instaurado o impasse.

Um pouco pior é a história da namorada que, ao se mudar para o apartamento dele, resolve com a melhor das boas intenções fazer uma surpresa: redecorar o insoso quarto do rapaz com muita cor, tecido florido, quadros e almofadas. “Ela quis dar a cara dela, mas foi demais para ele”, conta a psicóloga Márcia Barone Bartilotti, lembrando o que parece óbvio, mas é esquecido: recomenda-se fortemente trocar ideias com o parceiro sobre as questões pertinentes a ambos, já que a proposta é uma vida em comum.

TUDO MENOS FUTEBOL

Ele sempre foi fanático, ela sabia e tem ojeriza ao som da narração de futebol na TV. Mas isso nunca foi problema, porque todo dia de jogo ele se mandava para a casinha dele e só via a moça depois da partida. Quando eles se casam, acabou a moleza: a transmissão da partida vai rolar na sala de estar. Sabendo disso, a sugestão é um providencial combinado.

FILHOS ETERNOS

Um problema bastante sério, além de esquisito e comum atualmente: adultos que são tão filhos (para não dizer imaturos) que não conseguem ser um casal. “São tão dependentes emocionalmente da mãe, do pai, tão vinculados à família original, que esta permanece sendo a sua prioridade, e isso vai dar problema no casamento”, afirma Helena. A pessoa sai da casa na prática, mas não emocionalmente e, no novo lar, vai viver como se estivesse brincando de casinha, o que para o parceiro não tem graça.

Um exemplo chocante é o da mulher que na hora de dar à luz quer a mãe junto na sala de parto. Incrível, mas o fenômeno é menos raro do que se pensa.

Outro caso típico dessa dificuldade de abrir mão da vida de solteiro para se dedicar à nova construção de vida: dar a chave da casa para a mãe entrar e sair quando bem entender. “Mas é minha mãe, como vou privá-la de entrar na minha casa?”, justificam filhas marmanjas e casadas.

Às vezes, a pessoa quer carregar a vida anterior para o casamento, diz Marcia. E a maior bandeira desse fenômeno é, como lembra Helena, continuar chamando a casa dos pais de “minha casa”.

O COMBINADO NÃO SAI CARO

O ditado popular acima não podia ser mais adequado aos casais quando o assunto é finanças. O planejamento do dinheiro (quanto se ganha e quanto e com o que se gasta) merece atenção especial. Essa história de cada um paga o seu ou então uma hora um paga, depois o outro é uma grande roubada. Se não combinar antes (planejar e administrar direitinho as finanças do casal), vai sair caro para os dois. Até a compra de um presente para o parceiro pode causar discórdia. Helena conta o caso do marido que reclamou do preço do mimo que a mulher comprou para ele no aniversário: “Você me deu um presente muito caro e comprometeu o nosso orçamento!”.

Cada um precisa ter o seu dinheiro para gastar com as suas necessidades e os seus desejos pessoais, além da receita comum da casa. Um bom planejador financeiro pode ajudar, ensinando métodos eficazes de administração do dinheiro e do seu uso quando se está vivendo junto.

Os vínculos pré-casamento, às vezes, precisam passar por um ajuste, especialmente se existem práticas invasivas ou hostil a um dos parceiros ou se interfere de alguma maneira na vida em comum, como diz Márcia. Por exemplo: o amigo do peito que sempre teve a chave do apartamento agora talvez tenha que devolvê-la para o conforto do casal.

SERVIÇOS DOMÉSTICOS: QUEM FAZ O QUÊ?

Divisão de tarefas de casa pode ser um perereco. Por diferentes razões, esse assunto é mal-administrado – às vezes, os jovens nem tiveram pais morando junto em casa para aprender com o exemplo. Por essas e outras, vale reservar o tema para o topo da lista de combinados.

TIM-TIM!

Mas, não, por favor, não suspenda o casório! Este presente, que pode parecer de grego, está mais para mineiro – cauteloso, prevenido. Afinal, a seleção de problemas prosaicos e banais que os jovens casais levam hoje para os consultórios e para os tribunais demonstram a baixa capacidade de tolerância e a ideia sombria e desanimadora de que hoje em dia o que permite casar é a separação. Isso é muito brochante. Força na peruca!

Parabéns e vida longa e boa aos jovens casais e a este blog!

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Charlotte Rampling e o sentido das bodas http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/#respond Mon, 23 Nov 2015 15:48:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2394 45years-1
No papel da protagonista Kate, em “45 Anos”, Charlotte Rempling levou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim (Foto divulgação)

Sessenta anos de casamento! Sabe o que é isso? Nem o padre que celebrou a digníssima cerimônia sabia. Em uma das igrejas mais tradicionais de São Paulo, o casal de seus 80 anos, meus queridos tios, entrou devagarinho, suave, mas com vigor, rumo ao altar para a renovação dos votos.

Todos se emocionaram por causa do clima de delicadeza, ternura, serenidade que reinou na cerimônia. A “noiva” usava um longo azul claro, bordado de pedrinhas brilhantes, e o noivo, terno escuro e gravata da cor da cabeleira, prateada. No altar, estavam rodeados pelos filhos e netos, os padrinhos – e incontestáveis testemunhas.

Para contrastar, naquela noite de sexta-feira de chuva pesada na cidade, ruidosos jovens convivas do casamento seguinte se amontoavam na entrada e, quando já não era mais possível, “invadiram” a igreja. Afinal, o padre não finalizava nunca os trabalhos, estava claramente maravilhado com aquela celebração que, sabe-se lá Deus, se ele veria outra vez na vida.

Boda vem do latim vota, que significa promessa, e é isso que se vai fazer numa cerimônia de bodas (no caso, foi de diamantes), renovar a promessa feita no dia do casamento.

Daí, festança boa à parte, surge a questão: precisa prometer mais alguma coisa depois de 60 anos de vida em comum? Essa, porém, é uma mentalidade bem tacanha de quem vê o idoso como um ser vazio de expectativas e cheio de certezas, especialmente a respeito do futuro de um casamento de décadas.

O filme “45 anos”, do diretor e roteirista inglês Andrew Haigh, lançado recentemente, mostra que septuagenários podem sofrer tão profundamente de ciúmes, desconfiança e angústia existencial como qualquer jovem amante (trailer abaixo).


Dois ícones do cinema britânico, Tom Courtenay, 78, e Charlotte Rampling, 69, que levaram o Urso de Prata de melhor ator e atriz no Festival de Berlim, fazem o papel de Kate e Geoff Mercer. O casal se prepara para comemorar bodas de safira, 45 anos de casamento. Na semana da festa, ele recebe uma carta com a notícia de que o corpo de seu primeiro amor, Katya, desaparecida nos Alpes suíços há mais de 50 anos, foi encontrado (ele estava com ela quando o acidente aconteceu). A notícia estremece o maduro e sólido vínculo conjugal.

Geoff fica desorientado com a descoberta do corpo da ex-namorada, que está conservado, literalmente congelado pelo tempo, tal qual era quando ambos namoravam. Vêm à tona informações da relação que Kate não sabia. O comportamento do marido muda, e ela então parte para a espionagem.

Não vai fuçar o WhatsApp dele nem invadir sua caixa postal, mas o sótão da casa, para onde ele vai quando sai da cama de madrugada. Lá ela descobre seus segredos: um diário e slides com fotos de Katya.

O fantasma da ex assombra o casamento. A mulher se sente traída por ele no compromisso de dizer sempre a verdade. Nem tudo do caso de Geoff com a antiga namorada havia sido contado. Mas ele não mentiu, omitiu. E aí? Isso é traição? Quando diz amargurada que sempre foi uma boa mulher para ele, sinaliza um equívoco comum nas parcerias, acreditar ser responsável pela felicidade do outro, quando ser pela sua própria já é uma vitória.

Kate tem o lado mulher-mãe bem desenvolvido, que cuida (não se limita a lembrá-lo de tomar seus remédios, mas os entrega com o copo d’água) e que dá lá algumas ordens.

A cena final, um show de interpretação da bela Rampling, uma das poucas estrelas que aceitou as marcas do tempo no rosto, cabe diferentes interpretações. Vale a pena conferir.

Li só elogios ao filme e ouvi críticas de público sobre uma possível “superficialidade” do roteiro. Isso talvez porque o filme está a anos luz de distância da imagem caricatural que se faz das pessoas mais velhas, é megarealista, muito humano.

Os casamentos, como as pessoas, podem envelhecer lindamente ou não. Renovar, portanto, faz todo o sentido.

Leia mais sobre relacionamentos entre idosos

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A partir de março, casar fica mais fácil para deficientes http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/10/22/a-partir-de-marco-deficientes-fisicos-e-intelectuais-podem-casar/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/10/22/a-partir-de-marco-deficientes-fisicos-e-intelectuais-podem-casar/#respond Thu, 22 Oct 2015 20:26:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2207 Arthur e Ilka se casaram no final de 2012, através de um contrato particular de união estável (Foto: Fabrio Braga/Folha press)
Arthur e Ilka tentaram um ano na Justiça para ter o direito de casar; tiveram que fazer um contrato de união estável (Foto: Fabrio Braga/Folha Press)

Desde 2009, a Convenção Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, que consta da Constituição, garante que todas as pessoas com ou sem deficiência intelectual e/ou física têm direitos iguais. Apesar disso, casar é uma missão quase impossível para essas pessoas. Isso devido a uma má interpretação da Convenção, afirma o advogado Paulo Lôbo, diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

A falta de uma determinação expressa das Corregedorias de Justiça, que são vinculadas aos Tribunais de Justiça de cada Estado, aos oficiais dos cartórios leva-os a se sentirem inibidos e se negarem a realizar os casamentos. Sendo assim, casais com determinadas deficiências são obrigados a entrar com processo judicial para conseguir casar – quase sempre sem sucesso. É o caso de “Arthur Dini Grassi Netto e Ilka Farrath Fornaziero. Os dois, com síndrome de Down, lutaram durante um ano na Justiça para ter acesso a esse direito. No final, tiveram que optar por um contrato particular de união estável.

Agora, a Lei Brasileira de Inclusão vem e elimina qualquer dúvida. Sancionada em julho deste ano, ela entra em vigor em março e fica decretado que a deficiência não afeta a capacidade civil de uma pessoa, seja para votar ou ser votado, tomar decisões sobre sua sexualidade, estudar, trabalhar, exercer seu direito a privacidade e, claro, casar, estabelecer união estável e ter filhos.

Essa nova lei modifica o Código Civil, segundo o qual pessoas com deficiência não são consideradas plenamente capazes e por isso não têm condições de tomar certas decisões. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão, “só são absolutamente incapazes os menores de 16 anos. Ninguém mais é considerado incapaz, e a curatela deve existir apenas para fins econômicos, não para fins existenciais”, diz o advogado.

 

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Nome de casado: ter ou não ter? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/#respond Fri, 11 Sep 2015 20:02:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2020 A bela Bianca Jagger no casamento com Mick Jagger, que não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida
A nicaraguense Bianca Jagger no casamento com o stone Mick Jagger; a união não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida (Foto Associated Press)

Por Giovanna Maradei

Hillary Clinton, uma das principais pré-candidatas a presidência dos Estados Unidos, fez questão de permanecer Hillary Rodham depois de casada. Calcula-se que a atitude “subversiva” custou à Bill 6% dos votos na campanha de reeleição ao governo de Arkansas, em 1980. O adversário, Frank White, aproveitava todas as ocasiões para se referir à sua esposa como “Mrs. Frank White” e, assim, reforçar a ideia de que abrir mão do nome Clinton era um sinal de falta de comprometimento de Hillary com o marido. A estratégia parece ter funcionado. O casal White venceu a eleição. Pouco depois, Hillary voltou atrás e incorporou o Clinton.

Mudar ou não de nome com o casamento é uma questão para muitos casais, sejam figuras públicas ou anônimos. Todo blog de noiva tem ao menos um post ponderando esse assunto, já que a decisão pode impactar até as famílias do casal.

O MEU, O SEU E OS NOSSOS NOMES

Até 1977, toda brasileira que casasse era obrigada a adotar o nome do marido. Depois, a mudança passou a ser uma opção. Em 2002, o Código Civil previu a possibilidade de o marido também mexer no sobrenome, incluindo o da mulher. Mas, na prática, de lá para cá quase nada mudou.

Em 2014, cerca de 88% dos casais paulistas fizeram alguma alteração no sobrenome quando se casaram. Em 65% dos casos, a mulher adotou o nome do marido; em 21%, os dois cônjuges mudaram seus sobrenomes, e só em 1% o homem levou o sobrenome da mulher, que manteve o dela.

TRABALHÃO

Mudar o nome dela, dele ou dos dois sempre dá trabalho. É preciso providenciar a alteração de todos os documentos que levam a versão antiga: RG, CPF, título de eleitor, CNH, carteira profissional, cartões de crédito e até registros de imóveis ou uma simples conta de casa para ser usada como comprovante de residência. Caso falte algum, é possível usar a certidão de casamento na maioria dos processos, diz o advogado Zeno Veloso, diretor nacional do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), mas a solução não é lá muito prática.

Além de adicionar o sobrenome do parceiro, há noivos e noivas que optam por suprimir alguns de seus sobrenomes de solteiro. Neste caso, as regras variam conforme a lei de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, não é permitido retirar todos os sobrenomes de solteiro, mas alguns sim. O ideal é que os noivos se informem no cartório onde vão oficializar a união para evitar surpresas no grande dia.

NO CASO DE DIVÓRCIO

O contrato de divórcio deve trazer um acordo sobre como ficará o nome de cada um dos cônjuges. A mudança não é obrigatória, ao contrário, como explica o diretor nacional no IBDFAM: “A moderna doutrina entende que o nome se insere na personalidade da pessoa”. Ou seja, o nome de casada passa a ser o da daquela pessoa. Se houver interesse, deverá permanecer mesmo após o fim do casamento.

Mas quem quer ficar com o nome do ex? Retirar o sobrenome que carregava quando casado pode ser libertador para alguns e também trazer prejuízos para outros. Um caso célebre é o da modelo Luiza Brunet, que construiu sua marca usando o sobrenome do primeiro marido. Por isso, ganhou na Justiça o direito de continuar com ele mesmo após a separação. O sobrenome tornou-se de tal maneira parte de sua identidade que foi repassado para a filha, Yasmin, fruto de sua segunda união.

E você manteria o nome do ex (ou da ex)? Veja abaixo personalidades que disseram sim.

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Em casamento espetáculo, noiva esquece o principal: o noivo http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/11/em-casamento-espetaculo-noiva-esquece-o-principal-o-noivo/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/11/em-casamento-espetaculo-noiva-esquece-o-principal-o-noivo/#respond Tue, 11 Aug 2015 21:45:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1834 O mercado de casamentos no Brasil oferece uma seleção absurda (imensa e complexa) de serviços e produtos. O estresse para dar conta da produção de um evento desses é tamanho por parte dos noivos que muitas vezes não sobram energia nem apetite para o grand finale na noite de lua-de-mel.

Segundo pesquisa do instituto inglês The Research Co, feita em 2013, mais da metade dos casais unidos nos três anos anteriores não fez sexo na noite de núpcias. Entre os entrevistados, 16% culparam (veja bem!) o cansaço da noiva; 24%, o porre do noivo. Para 17% do total dos entrevistados, o bem-bom só aconteceu três dias depois da cerimônia!

Se a maratona para a festa não enlouquece, tem tudo para empobrecer os futuros casais ou sogros patrocinadores. Os gastos com festas e cerimônias crescem uma média de 10,4% ao ano. Em 2013, o setor movimentou R$ 16 bilhões.

O noivo, que neste tipo de evento não é louco de fugir, muitas vezes fica para escanteio, valendo tanto quanto o arranjo de flores. Quem bota a boca no trombone é a jornalista e colunista da rádio BandNews FM Inês de Castro, especialmente para o “Casar, descasar, recasar”.

"Pela intimidade a dois e contra os casamentos de exibição" (Foto: Daniela Braga_Folhapress_2)
“Pela intimidade a dois e contra os casamentos de exibição” (Foto: Daniela Braga/Folhapress)

Casamento espetáculo

Por Inês de Castro

O pedido foi feito.

Ou não teve pedido, o casal simplesmente chegou à decisão de se casar depois de algum ou muito tempo de namoro.

E agora vai ter casamento!

Motivo de festa pra todo mundo, certo?

A princípio, sim. A rigor, não.

O que tem precedido o momento do sim está mais para tsunami financeiro, com um bate-perna interminável em busca do casamento dos sonhos, do que um preparo consciente e responsável para tudo que vem por aí. E o que vem por aí é maior do que o dia da festa, mais importante do que a lista de presentes, bem mais duradouro do que a sessão de fotos.

O que vem por aí é vida real. É convivência, rotina, obrigações, romance, sexo sem pressa, almoços de família – com ou sem discussões –, talvez filhos, enfim, o casamento propriamente.

Mas algum tipo de confusão mental tem se instalado na cabeça das noivas quando decidem que, enfim, vão se casar. Inevitavelmente o processo começa com uma lista.

Num aplicativo moderno do celular, no tablet ou num caderninho enfeitado (as românticas adoram esse registro), as noivas vão anotando tudo: docinhos, convites, flores, arranjo de cabeça, sapatos, bolo, a passadeira da igreja, o carro para levar à igreja, a música, o buquê, as bebidas, as lembrancinhas dos convidados, mais flores e, enfim, o vestido!

De posse das anotações iniciais, elas se embrenham no mercado maravilhoso, branco, açucarado e florido quando percebem, enfim, que o buraco é bem mais embaixo: “Você prefere os docinhos glaceados, vitrificados, caramelizados, acetinados, decorados…?”, questiona a banqueteira. “A maquiagem vai ser casual, sedutora, poderosa, romântica, clean… Que noiva você quer ser?”, indaga o stylist.

Em pouco tempo – para umas é questão de dias, para outras, de semanas –, aquele entusiasmo vira estresse e é quando entra em cena uma das profissionais mais requisitadas – e caras – no mercado de casamentos: a cerimonialista (ou assessora de casamento ou wedding planner). Em bom português, é a pessoa que vai organizar tudo. Ela vai contar à noiva por que um convite feito com papel couchê 300 g, fosco, embrulhado em envelope ainda mais encorpado, amarrado com fita de cetim e arrematado com pérolas é chique no último. Aliás, se a noiva pensou que pudesse casar sem um convite desses, a cerimonialista vai tratar de demovê-la da ideia rapidinho.

Daí pra frente, pode esperar que necessidades nunca antes imaginadas surgirão diante dos olhos da noiva como se fossem uma vital bomba de oxigênio para o coração de um paciente cardíaco.

Vamos fazer um corte nesse confuso universo onde mães, irmãs, madrinhas de um lado e de outro saracoteiam – e às vezes se engalfinham – freneticamente dando seus palpites.

Não está faltando alguém nesse cenário? Claro que está. Falta o noivo.

Conheço noivas que decidiram até a cor da gravata do sujeito. “Imagina, ele queria cinza. Cinzaaaaa? Nem pensar. Tem que ser rosa antigo perolado para combinar com os arranjos do altar.”

Isso, mesmo. O noivo ganhou status similar ao dos jarros de flores. No desenho dos casamentos atuais, o noivo tem praticamente a mesma importância dos laços de fitas que serão entremeados nos bancos da igreja. Ou seja, é quase figurativo.

Há, sem dúvida, os que se contentam em ficar no pano de fundo desse teatro ensandecido ­– e ainda agradecem por nunca serem recrutados. Mas um incômodo pulsa, eles não negam.

Entre os noivos inconformados com o circo dos casamentos, há os que se enfastiam e começam a mostrar – antes mesmo da vida a dois se consolidar – o lado B que nenhuma noiva gosta de ver. Não é incomum ouvi-las reclamar dos futuros maridos: não sei o que ele tem, está um chato… Só quer sair com os amigos, não me ouve mais.

Não ouvem, mesmo. Porque conversas monotemáticas são chatas para noivos e para todos os seres humanos na face da Terra.

No panorama ensandecido das festas de casamento, noivas estão se casando sozinhas. Numa crença distorcida de que casamento se resume naquela data mágica, o dia do enlace, que a bem da verdade não passa de um rito. Importante, sem dúvida, mas mínimo e efêmero ante a importância de uma vida que apenas se insinua: a vida a dois.

Em nome de matrimônios mais bem-sucedidos, poderíamos lançar o movimento em prol da intimidade a dois e contra os casamentos de exibição. Onde haveria espaço e tempo para os planos, sonhos e projetos a dois e apenas alguns intervalos para decidir se o recheio dos bem-casados devem ser de doce de leite ou de chocolate trufado.

Inês de Castro, jornalista e colunista da rádio BandNews FM, casada uma vez (sem véu nem grinalda), é divorciada 

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