Casar, descasar, recasarEducação – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Judiciário lança curso on-line sobre separação http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/judiciario-lanca-curso-on-line-sobre-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/judiciario-lanca-curso-on-line-sobre-separacao/#respond Wed, 04 Nov 2015 12:57:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2253 chuva de facas_gravura Zé Vicente folha sao paulo_casamento
Oficinas para proteger casais em guerra e seus filhos (Ilustração: Zé Vicente)

Como defende este blog (e que também consiste em uma das suas razões de existir), precisamos ser educados para a separação. Só aprendemos a casar, ninguém nos ensina a romper relacionamentos, em como desconstituir um casamento, que é diferente de destruir.

Agora, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) resolveu dar uma força nesse sentido, até para facilitar os trâmites dos processos de separação, que são um troço violento quando os casais estão em pé de guerra, e lança hoje a Oficina de Pais e Mães on-line para falar sobre separação.

O objetivo é que os casais com filhos em processo de separação mudem o foco da conjugalidade (relação de casal) para a parentalidade (relação de parentes entre si e com os filhos). Ou seja, o que vale nesse novo momento é a relação com o outro enquanto pai (ou mãe) dos filhos, e não como ex.

Eles chegam na Justiça mais concentrados na ‘morte’ do adversário do que nas suas necessidades, diz a juíza Vanessa Aufiero da Rocha, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e responsável pelo novo conteúdo educativo on-line.

Em geral, ninguém enxerga obrigação, só direitos. Também não percebem os rebentos. Na fase cólera, falam o tempo todo mal do outro na frente dos filhos, que são usados como arma de guerra na mão dos progenitores.

O pai chegou cinco minutos atrasado para buscar a criança? Dá-lhe B.O. e toca para a Justiça. Ela demorou para levar a criança até o pai, dá-lhe B.O.!

“O que causa mais trauma aos filhos não é necessariamente a separação, mas o conflito mal-administrado pelos pais, a perda parental e as dificuldades financeiras. Queremos tocar o coração de pais e mães para perceberem que suas condutas geram consequências na vida dos filhos”, diz a juíza.

O que se aprende no curso? Estratégias espertas para melhorar a comunicação, por exemplo. Trocar a exigência pelo pedido é uma prática louvável para quem procura a paz. Ou ainda usar a “linguagem do eu”, diz a juíza. Nesse caso, se o pai é do tipo que nunca traz a criança na hora combinada, o melhor é proferir algo como “eu preciso, Carlos Alberto, que você traga o Júnior no horário acertado”, em vez de disparar “seu irresponsável, sem noção, nunca fez nada direito, mesmo…”.

A carga horária da oficina é de 20 horas, divididas nos seguintes módulos:

  1. Os efeitos da separação para os adultos;
  2. Os efeitos da separação para o seu filho;
  3. Você, seu filho e seu par parental;
  4. Alienação parental;
  5. Escolhas.

Segundo o CNJ, os conteúdos abordam os diferentes tipos de família, os estágios psicológicos pelos quais as pessoas passam num processo de separação, incluindo os filhos, as mudanças no comportamento dos menores, como os pais podem ajudar os filhos na adaptação à nova realidade e como reconhecer uma situação de alienação parental.

A oficina on-line, com conteúdo gratuito e aberto a todos, é uma iniciativa mais avançada do que já existe com sucesso desde 2013: as oficinas presenciais, realizadas em tribunais e em geral recomendadas pelas Varas de Família aos pais e mães que enfrentam ações judiciais por disputa da guarda dos filhos, regulamentação de visitas e afins.

Pesquisas qualitativas mostraram que depois das oficinais a adesão dos casais ao processo de mediação é maior e de melhor qualidade, com as pessoas se mostrando mais colaborativas, mais acordos e mais harmonia nas relações entre os ex-casais e deles com os filhos, conta a juíza Vanessa.

Vamos ver. A estreia é hoje, a partir da cinco da tarde, no site do CNJ.

 

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“A minha história é muito pior!” http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/19/a-minha-historia-e-muito-pior/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/19/a-minha-historia-e-muito-pior/#respond Thu, 19 Feb 2015 15:53:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=965 Quando a pessoa está devastada pelo fim da relação, magoada, desiludida por ver os sonhos de vida em comum não realizados, enfim, sofrendo intensamente, é comum achar que a sua história de separação é a pior que existe.

O problema é que essa crença funciona feito tiro no pé. Assumir o papel de vítima só dificulta ainda mais o que por si só já não moleza, como a aceitação da perda. Vitimar-se não impulsiona ninguém a seguir em frente, a se entregar a uma nova existência, a outras rotinas. Ao contrário, o sentimento de autocomiseração imobiliza, mina a capacidade da pessoa para resolver suas questões tanto de ordem afetiva como prática. Às vezes, o drama vai parar no tribunal, e a solução de um problema tão íntimo, uma história tão pessoal é terceirizada para o Estado.

Nesse sentido, entre vários outros sentidos, o livro recém-lançado pela respeitada juíza e escritora Andréa Pachá, “Segredo de Justiça”, é exemplar. O prefácio começa com a seguinte frase: “Vou lhe contar uma coisa: somos todos iguais. Na alegria e na tristeza”. Alguns parágrafos depois, ela afirma: “Embora a experiência da dor seja individual, a nossa humanidade nos faz pouco originais nas contradições, nos afetos e nos desamores”.

 

segredo de justiça
Detalhe da capa do recente livro da juíza Andréa Pachá (Foto: divulgação)

O livro traz 48 histórias criadas pela juíza, mas cujos conflitos existiram de verdade e ela presenciou entre as mais de 18 mil audiências realizadas durante seus 15 anos como juíza da Vara de Família no Rio de Janeiro. Hoje, ela atua como juíza da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio de Janeiro e ouvidora-geral do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.

Nem só aos magistrados, nem só aos separados. As histórias têm muito para encantar todo leitor, porque revelam dramas humanos das mais diferentes matizes, refletindo os sentimentos e as razões dos personagens envolvidos, como a mulher ferida mesmo depois de 17 anos separada, pois o marido a deixara para ficar com a irmã dela mais nova, ou do preocupado filho que pede na Justiça a interdição do pai, de 86 anos, que apresenta sintomas de demência senil.

A talentosa escritora e respeitada juíza Andréa Pachá (Foto: divulgação)
A talentosa escritora e respeitada juíza Andréa Pachá (Foto: divulgação)

As histórias, curiosas e emocionantes, são contados por meio de textos saborosos, leves, de humor esperto, sutil. Além disso, trazem questionamentos e reflexões a partir de uma abordagem delicada, extremamente amorosa, um olhar humano e afetuoso para o drama do outro.

“Segredo de Justiça” (224 páginas, ed. Agir), lançado no fim do ano passado, é uma espécie de complemento do best-seller “A Vida Não é Justa” (192 páginas, ed. Agir), de 2012.

Capa do best-seller de Andréa Pachá, lançado em 2013 (Foto: divulgação)
Capa do best-seller de Andréa Pachá, de 2012 (Foto: divulgação)

Neste primeiro livro, Andréa também faz ficção a partir de casos reais, porém foca nos casos dramáticos de fim do amor – uma senhorinha viciada em sexo virtual; pais que vão ao tribunal decidir a escola do filho; um garoto lutando sozinho pelo seu registro de nascimento. Logo mais, essas histórias devem estar em uma minissérie da Globo, que comprou os direitos da obra.

“Segredo de Justiça” trata da vida depois que o casamento termina, como filhos, pensão, patrimônio e velhice. Uma leitura que enriquece o repertório de homens e mulheres sobre a complexidade e as contradições dos amores e desamores.

Leia mais: “A Balada de Adam Henry”, livro do escritor best-seller Ian McEwan, em que a personagem principal é uma eminente juíza da Alta Corte britânica

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