Casar, descasar, recasarCasar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Blog muda para casa própria http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/20/blog-muda-para-casa-propria/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/20/blog-muda-para-casa-propria/#respond Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2866 Josh Sam_entretempos
De mala e cuia rumo à novo endereço; na bagagem, os 100 posts publicados aqui, na Folha on-line (Foto: Josh Sam)

A Folha perguntou se eu queria escrever um post de despedida. Não exatamente. O caso aqui é muito mais de boas-vindas ao leitor do que de partida.

O Casar, descasar, recasar está de mudança para um espaço só seu. Chegou recém-nascido nesta Folha on-line, onde foi muito bem-acolhido, bem-tratado, alimentado. Deu uma crescidinha básica e agora se joga na rede, iniciando um novo momento – um pouco como quem sai da casa dos pais e vai morar sozinho em cafofo próprio.

O novo espaço é mais modesto, humilde, típico de jovem em começo de vida. Mas agora o blog, cheio de independência e amor para dar, libera o acesso a todo e qualquer leitor.

Qualquer um pode entrar, ler, curtir, descurtir, compartilhar, reclamar, palpitar… Todos os exatos 100 textos publicados nesses 13 meses de blog estarão lá e também aqui, nos arquivos da Folha, no melhor modelo guarda compartilhada.

Estou indo!

Vamos juntos?

Aqui ó: casardescasarrecasar.com.br

Semana que vem tem Youtube!

 

 

 

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Casamento fora do armário: quem é o noivo e quem é a noiva? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/#respond Thu, 31 Mar 2016 23:43:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Ser gay no Brasil não é fácil. Comemorar um casamento, então, com festa, bolo, flores, cerimonialista e toda a parafernália festiva é um desafio quase hercúleo para os casais do mesmo sexo.

O grau de sensibilidade e conhecimento das empresas especializadas em eventos e seus fornecedores costuma ser próximo do zero. Se são duas lésbicas, quem leva o buquê? Uma vai de noiva e outra de noivo? E o noivo gay entra com o pai ou com o seu parceiro? Tem daminha? Padrinho? Rola chá de cozinha?

Se por um lado o assunto ainda é novo, cercado de mistérios e desinformação, por outro, o preconceito rola solto. E a última coisa que um gay deseja é sofrer discriminação no dia mais feliz da sua vida. Mas corre o risco, sim, de topar com fornecedores homofóbicos na própria festa ou antes, durante os preparativos.

Mulheres se beijam em cerimônia coletiva de união estável entre casais do mesmo sexo, em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)
Recém-casadas após cerimônia de união estável em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)

A frustração pode acontecer logo de cara. O primeiro item escolhido costuma ser o espaço da festa, como bufês e restaurantes, e muitos deles se recusam a fazer uma cerimônia gay. Por trás de um sonoro “que pena, mas não temos data para atendê-lo” existe a ideia cruel “vich, vai ter um monte de ‘bicha’, não quero que o meu negócio fique rotulado”.

Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)
Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)

Mas o chamado pink money (poder de compra da comunidade GLBT) é poderoso e, assim como os héteros, gays nutrem o profundo desejo de celebrar a união com um ritual e compartilhar o amor que têm um pelo outro com os amigos e a família (quando dá). O casamento civil no cartório não basta.

Uma amiga jornalista e gay, Gisele Losada, acaba de ingressar nesse mercado com a Casamento à La Carte, que se propõe a realizar o sonho de noivos e noivas em todas as etapas do enlace – da burocracia no cartório à festa personalizada e a celebração da cerimônia. Um serviço criativo, emocionante e profissional. “De gay para gay! Sei como contar a história do casal, escrever essa cerimônia e sensibilizar os casais e os amigos”, diz Gisele.

Casamento fora do armário pede festa fora da caixinha. Mas isso não significa purpurina e arco-íris espalhados desvairadamente pelo salão adentro. O povo às vezes erra a mão.

“Esse público quer o tradicional, mas com a cara deles”, diz outra cerimonialista, Cris Coelho, dona da Festa Casamento Gay. Casadona, com marido e filhos, ela diz que tem “alma gay, com um monte de homossexual na família, irmão, tias…”. Seu maior cuidado na produção dos eventos é com os fornecedores que vão ter contato com os noivos e os convidados, caso de manobristas, garçons, seguranças e pessoal da limpeza. “Uma vez presenciei dois garçons que eu achei que estavam com o riso solto demais, riso frouxo, sabe?”.

E já pensou que desagradável a mãe do noivo estar no banheiro e ouvir comentários preconceituosos sobre o filho?

A batalha pela aceitação da diversidade também pode se dar num casamento hétero, como é o caso da cerimônia religiosa que Cris Coelho está organizando. A noiva quer a irmã, que faz tratamento para mudança de sexo, entrando na igreja de madrinha, vestida de homem e acompanhada da parceira. Venceu a parada! Mas trocar essa ideia com a comunidade da igreja não foi muito simples.

MISTÉRIOS

Afinal, em um casamento de duas mulheres quem leva o buquê?

Às vezes uma delas, às vezes as duas e às vezes nenhuma!

E quem é a noiva?

Bom, às vezes há duas e às vezes não há nenhuma. E algumas vezes há uma pessoa se sentindo uma noiva. Na verdade, não há regras.

Chá de panela, daminha levando alianças? Rola? Casais gays não são chegados em tradições (menos de 15% a incorporam). Eles gostam mesmo é de quebrar as tradições ou inventar as suas próprias.

Esses e outros esclarecimentos são contribuições do Mr. & Mr., site brasileiro dedicadíssimo a noivas e noivos gays. Com textos saborosos, traz uma coleção de informações variadas – de dicas de festa, decoração e moda para o dia D a notícias sobre direitos relativos a contrato pré-nupcial, adoção de criança ou guarda compartilhada de animais! Também compartilha as lindas histórias de amor enviadas pelos seus leitores.

As autoras são duas jovens solteiras, héteros e cheias de amigos gays. O site “é uma prova de amor a eles, de que sim, eles devem sonhar com este momento lindo, mágico e especial como todo mundo e que nós vamos ajudar em tudo que pudermos”, explicam.

E eu fico aqui sonhando em ir a um casamento gay. “É muito mais emocionante. Eu choro do início ao fim”, diz a jornalista Laura De Barros Falcão Fraga, do Mr. & Mr.

Claro! Eles são mais livres e estão comemorando uma conquista árdua e de algo desejado demais.

O Casar, descasar, recasar, assim como o Mr. and Mr., não acredita que pessoas do mesmo sexo que se amam vão arder no inferno.

Tim-tim pra eles!

 

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Vendemos mal o nosso peixe http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/#respond Tue, 08 Mar 2016 23:38:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2817 Às sete da manhã de hoje, o celular começou a apitar do lado da cama com a chegada de flores pelo 8 de março. O buquê foi enviado por uma conhecida querida, mulher batalhadora, mãe, divorciada e que, no momento, enfrenta a batalha contra um câncer. Mais rosas foram chegando ao longo do dia, enviadas por homens também.

Flores são sempre bem-vindas, ainda que virtuais pelo WhattsApp! Agradeço. Mas o dia está mais para lembrar a luta diária por direitos iguais, fim das discriminações e ação de todos nós!

No quesito casamento e descasamento, um montão de questões do cotidiano refletem atitudes e mentalidades machistas. A dupla ou tripla jornada de trabalho (a remunerada na rua e a não remunerada em casa) é uma das temáticas femininas que, em matéria de Ibope, só perdem para a TPM quando se tem 20 anos.

Aliás, a questão é global. No mundo todo, é a mulher quem faz a maior parte do trabalho não remunerado (cozinhar, cuidar da casa e filhos): são 4,5 horas, em média, dedicadas todos os dias a esse serviço. É mais que o dobro da carga de trabalho doméstico dos homens, que passam mais tempo trabalhando fora de casa e se divertindo. Tudo isso segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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O caderno “The New York Times International Weekly” publicado na Folha no último sábado, dia 5/5, traz uma tabela com o número de horas que homens e mulheres de 29 países dedicam todos os dias às tarefas domésticas. A reportagem enfoca o aspecto econômico do tema: desigualdade de gênero trava o avanço econômico!

Como reduzir essa disparidade e melhorar o cotidiano massacrante especialmente de mulheres de classes mais baixas? Há quem fale em medidas governamentais, como licenças remuneradas para pais e mães de recém-nascidos. Mas a raiz da questão é sociocultural, mesmo, e passa pela educação de pais, mães e filhos.

A convite do “Casar, descasar, recasar”, a psiquiatra e analista junguiana Iraci Galiás, da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, escreveu uma reflexão bastante inspiradora em prol do resgate do feminino na nossa cultura.

O RESGATE DO FEMININO NA CULTURA

 

Por Iraci Galiás

Há muito tempo nossa cultura vem funcionando com divisão de papéis bem delimitada entre o homem e a mulher. Dizem os estudiosos que nem sempre foi assim, mas é assim que ficou. A cultura modifica seus valores, é uma espécie de organismo vivo que se transforma, tornando algumas coisas melhores e outras piores.

Nessa divisão de papéis, ao homem coube ser o provedor, o que resolve certos assuntos da família, o que se profissionaliza, exerce um trabalho que tem valor, tanto que ganha dinheiro. À mulher coube cuidar da casa, filhos, marido, enfim, da família. Lá pelas tantas, ela saiu à rua, se profissionalizou, foi para as universidades, se afirmou e até começou a ganhar dinheiro.

Só que passou a se sentir sobrecarregada. Além do que já cuidava, conquistou o direito de ter novas responsabilidades, dividindo com o homem as áreas que a ele cabiam.

Ouço de amigas, colegas e clientes, perguntas com as quais tenho empatia por fazê-las às vezes eu mesma: “Será que somos bobas, será que fizemos um bom negócio?”. Olhando por esse ângulo, muito espertas não fomos. Mas não acredito que possamos nos pensar “vítimas” de mais uma “esperteza” masculina, que tudo tenha sido trama do homem para diminuir sua tarefa. Afinal, todos nós, homens e mulheres, temos nossa dose de esperteza e nossa dose de tontice.

O universo do homem, de que ele se ocupa, é muito valorizado. É o mundo do sucesso, das conquistas, do sacrificado, mas grandioso. E o que ouvimos sobre o mundo da mulher? Queixas e muitas. “Que vida mais chata. Cuidar da casa é uma tarefa insana. Sempre fazendo as mesmas coisas. E ele ainda reclama do meu desânimo para fazer um lindo jantar para os homens de seu mundo importante dos negócios. E também tenho que ficar magra. Afinal, “ele é quem quer, ele é o homem, eu sou apenas uma mulher…” (até você, Caetano!).

Refletindo sobre essas questões, ocorreram-me algumas imagens. Imagine uma feira livre com duas bancas de pescado. Uma é dos homens e a sua propaganda é assim: “Comprem, comprem, comprem. Temos salmão de primeira, bacalhau fresco, lagosta, camarão, trutas e preciosos filés de linguado!”. E, claro, produtos tão bons custam caro, mas vale a pena. E o produto é tão bom e a propaganda tão bem-feita, que a mulher logo se esforçou ao máximo e comprou esse peixe. E continua comprando – o salmão-universidade, o bacalhau-trabalho fora de casa, a lagosta-cargo importante, o camarão-ganhar dinheiro, a truta-fazer palestras, o filé de linguado-escrever artigos etc.

Na frente dessa banca, há outra banca de peixe, a da mulher, e aos homens que passam por ali é feita a seguinte propaganda: “Comprem aqui, seus injustos e arrogantes. A sardinha está quase apodrecendo, as pequenas postas de cação já estão moles e grudentas, os mariscos, quase malcheirosos, e vocês ainda não compram? Vendo não tão barato porque, do contrário, tenho prejuízo, mas comprem, porque esta é uma obrigação de vocês!”. Logicamente, o homem não compra. Com essa propaganda, ainda que fosse só tonto, não o faria.

Se contratássemos uma consultoria para essa empresária-banca-de-peixe-mulher, seguramente alguns apontamentos e conselhos óbvios seriam dados. O primeiro: questioná-la por que ela desvaloriza tanto o seu produto. E se desvaloriza, como quer vender? E se quer mesmo vender, por que faz tão má propaganda do nosso produto ­– nosso porque nos coube mediante a divisão de papéis, nosso porque temos muita intimidade com ele.

Jung concebe o ser nascendo com arquétipos. Chama de arquétipo da Grande Mãe o que cuida da nutrição e fertilidade; a lua é um de seus símbolos. Chama de arquétipo do Pai o que cuida da separação entre os opostos de uma forma elitizada, separando o certo-errado, bom-mau etc., trazendo a clareza, coerência e pingos nos is. É simbolizado pelo sol.

Homens e mulheres possuem todos os arquétipos. Mas, na divisão cultural de papéis, a mulher ficou mais identificada com o arquétipo da mãe (dona-do-mundo-da-lua) e o homem, com o arquétipo do pai (dono-do-mundo-do-sol).

No nosso passeio reflexivo, vemos que a mulher ganhou o lugar ao sol, mas o homem ainda não ganhou o lugar à lua.

Voltando às imagens: imagine duas grandes batalhas sendo travadas por eles e por elas. A primeira é a da conquista do patriarcal. Para o homem, essa é uma luta alinhada com o que a sociedade espera. Se ganha o seu dinheiro, se impõe, se profissionaliza e faz sucesso, a “torcida” é favorável. Se não atinge esses objetivos, a cultura o marginaliza, não aceita, e isso atua como uma força que o impulsiona.

Para a mulher, essa batalha é mais complicada. Às vezes, ela encontra oposição social a que se desenvolva por meio do estudo e do trabalho. Tem que contar com força e definições pessoais muito maiores que o homem, já que não será impulsionada pela sociedade.

A segunda batalha é pelo resgate matriarcal. Para a mulher, esta batalha naturalmente só poderá ocorrer (quando ocorre), se ela tiver travado a primeira, ou seja, seu lugar ao sol. Nesse caso, chega um momento onde o mundo da Grande Mãe pede novamente espaço.

Essa batalha pode ser nem tão renhida, pois, em geral, ela nunca deixou inteiramente de exercer tais encargos. Além disso, tem uma familiaridade secular com esse universo, onde penetra sem ter que mostrar “documentos”. Está no que a nossa cultura identifica como “em seu lugar”, o qual por séculos foi o único que lhe coube. Então, de um lugar que era seu, a mulher sai e retorna a ele por opção.

Acontece que também o homem, na realização dos seus potenciais enquanto ser humano, necessita desse resgate. Mas desta vez ele não tem a mesma sorte! Tudo o que lhe foi culturalmente favorecido na primeira batalha (pelo patriarcal), agora não existe. O embate é árduo e de difícil aceitação social. Pela nossa cultura, o ingresso livre aos recintos onde a Grande Mãe reina só é permitido ao homem como filho.

Por que um homem tem que ser maternal, valorizar certos aspectos de cuidados pessoais e com os filhos ou exercer as tarefas domésticas? Será que ele é homem, mesmo, ou está com algum conflito na sua identidade sexual? Estas são as perguntas que nossa sociedade faz explícita ou implicitamente. A batalha então é solitária ou acompanhada por poucos.

Quando o homem não compra o produto da mulher, tão malpropagandeado, e não conquista seu lugar à Lua, perdem ambos – ele e ela. Sofrem ambos. Sofre a família. Perdemos todos.

Opostos simétricos

Uma das coisas buscadas no processo de individuação (como Jung chama a realização pelo ser humano dos seus potenciais) é a relação simétrica e dialética entre o homem e a mulher. Para haver essa simetria, é fundamental que ambos se deem conta de que são opostos simétricos. E que seus antigos mundos divididos (na nossa imagem, as duas bancas da feira) sejam simetricamente compartilhados. Enquanto funcionar o “ele é quem manda, ele é um homem, eu sou apenas uma mulher”, continuará funcionando o “todo dia eu só penso em poder parar / Meio dia eu só penso em dizer não / Depois penso na vida pra levar / E me calo com a boca de feijão”, como tão bem dizem os poetas!

A meu ver, o papel da mulher no resgate do feminino na nossa cultura é exatamente perceber o valor da Grande Mãe, de que preciosidade ela tem sido a guardiã e, com isso, ter elementos reais para fazer uma adequada propaganda do matriarcal entre os homens.

Acredito que difundir a validade de se viverem os segundos papéis é necessário. E para que nossa cultura não somente permita como “convide” o homem a vivê-lo quanto ao arquétipo da Grande mãe, nós mulheres temos uma boa tarefa!

Boa sorte a nós todos!

 

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Para escapar de uma Quarta-Feira de Cinzas sem fim http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/#respond Wed, 10 Feb 2016 18:01:01 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2733 Algumas atitudes de recém-descasados são capazes de transformar o resto do ano numa interminável e triste Quarta-Feira de Cinzas.

Segue um bloco de gifs com 8 dessas atitudes com alto poder de destruição. Para saber mais, leia as respectivas reportagens publicadas aqui no blog.

1. Dar uma de mãe do enteado

madrasta

 

2. Acorrentar o ex que não quer mais o casamento

titanic

 

 

3. Chamar o ex de falecido

barmey

 

5. Fazer a louca e afastar as crianças da família do ex

Phoebe_stop_the_madness

 

6. Seguir todas as dicas de superação que vê na internet

need help computador

 

7. Transformar a separação em um plano de vingança

malevola

 

8. Afastar-se da vida escolar dos filhos

homer

 

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10 atitudes para recém-separados que dão samba o ano todo http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/06/10-atitudes-para-recem-separados-que-dao-samba-o-ano-todo/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/06/10-atitudes-para-recem-separados-que-dao-samba-o-ano-todo/#respond Sat, 06 Feb 2016 12:58:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2552 Alô, comunidade!

O Bloco dos Gifs desfila aqui dicas campeãs, selecionadas especialmente para a ala dos recém-separados.

São 10 atitudes que foram destaque de textos publicados no blog e que, não tem erro, dão samba o ano todo!

 

1. Curta momentos sozinho com o filho

pai dancarino

Filhos de pais separados gostariam de dizer para a madrasta: “Tem horas que eu quero ficar só com meu pai, e não é porque eu não gosto de você”.

 

2. Se jogue em uma viagem para lugares inexplorados

aventura

“Coisas inesperadamente boas podem acontecer, até no último momento.”

 

 

3. Adote o vibrador

 

sex on the city

Ele não substitui carinho, beijos ou sussurros, mas apimenta o sexo e desperta libidos adormecidas.

4. Seja a melhor versão de você mesmo 

 

 

cinderella

Reconhecer os seus erros (e não apenas os do outro) e mudar algumas atitudes podem fazer de você uma pessoa muito melhor.

 

5. Acredite: pai pode dar conta das crianças sozinho

rabo de cavalo

Trocar fralda, pagear a criança na festinha ou comprar o vestidinho são desafios de pai superáveis!

6. Foque em você, e não nele

rainha blair

Focar em si vai dar a você a chance de se tornar uma pessoa melhor e mais segura.

 

 

7. Foque em você, e não nela

great gasby

Com quem ela está? Que tipo de cara ele é? É difícil não ficar obcecado pelo que ela está fazendo. Uma saída: defina um objetivo pelo qual trabalhar após o divórcio.

 8. Identifique e realize seus desejos sexuais

 

 

50 tons de cinza dois

Encarar a vida sexual pós-separação não é fácil, mas os ganhos – em forma de descobertas e redescobertas – são garantidos e têm tudo a ver com o exercício da autonomia de um modo em geral.

 

9. Separe o apego….

 

my precious

…do amor de verdade

orgulho e preconceito

A monja tibetana Jetsunma Tenzin Palmo explica a diferença entre apego e amor genuíno: “O apego diz: ‘Eu te amo e por isso quero que você me faça feliz’, já o amor genuíno afirma: ‘Eu te amo, por isso quero que você seja feliz. Se isso me inclui, ótimo. Se não, eu só quero que você seja feliz'”.

10. Acabe o casamento, mas sem perder a integridade

 

integridade

Não importa se você é a vítima ou o algoz na história, a melhor saída, na hora de colocar fim à relação, é jamais perder o respeito pelo outro, por você mesmo e pela sua história.

 

 

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Guerra de pais pela guarda dos filhos: como escapar dessa enrascada http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/briga-pela-guarda-compartilhada-como-escapar-dessa-enrascada/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/briga-pela-guarda-compartilhada-como-escapar-dessa-enrascada/#respond Fri, 29 Jan 2016 15:55:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2706 A nova lei da guarda compartilhada, que tem pouco mais de um ano, está sendo colocada em prática, mas com muitas dificuldades. Há resistência por parte de mães em aceitar este modelo, que é um avanço e uma vitória delas, dos filhos e dos pais. Os processos litigiosos às vezes duram anos e, em muitos casos, por acusações de um ex-cônjuge contra o outro na disputa pelo filho – que não é de uma pessoa, mas de dois. Há advogados que seguem o caminho da conciliação, mas há os que priorizam ou não evitam a guerra.

E há muitas dúvidas. Por exemplo: se a guarda é compartilhada, a pensão também vai ser? Quando os pais moram em cidades diferentes, como seguir esse modelo? E no caso de filhos ainda bebês?

Para ajudar pais e mães envolvidos nesse imbroglio, o “Casar, descasar, recasar” promoveu uma conversa ontem na TV Folha com a advogada Shirlei Saracene Klouri, especialista na área de família e membro do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Defesa da Família), e um pai, Paulo Halegua, que fez da luta pela guarda compartilhada da filha mais nova um projeto de vida. Ele fala sobre a sua experiência de oito anos de briga na Justiça, tempo em que cursou direito e se especializou em direito de família.

Assista aqui o vídeo e deixe o seu comentário.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Casar, descasar, recasar discute guarda compartilhada na TV Folha http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/casar-descasar-recasar-discute-guarda-compartilhada-na-tv-folha/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/casar-descasar-recasar-discute-guarda-compartilhada-na-tv-folha/#respond Thu, 28 Jan 2016 12:45:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2643 A luta para ter a guarda compartilhada da filha virou o projeto de vida de um obstinado pai, o carioca Paulo Halegua. Gerente de banco, ele foi cursar direito e virou advogado especializado em direito de família para usufruir do direito de conviver com a filha. Ganhou a parada e acaba de fazer a primeira viagem de férias com ela sob guarda compartilhada.

Paulo vai contar a sua saga na TV Folha – os obstáculos que encontrou, o que aprendeu nesse percurso e dicas para ajudar mães e pais que vivem o pesadelo da separação litigiosa envolvendo a guarda de filhos.

A advogada Shirlei Saracene Klouri, especialista na área de família, é a nossa outra convidada.

Você tem dúvidas sobre guarda compartilhada? Aproveite a oportunidade. Mande a sua pergunta para o e-mail do blog; se preferir, poste no Facebook ou no Twitter usando a #tvfolha. Envie a sua questão agora ou durante o programa. Hoje, quinta-feira, a partir das 16 hs.

 

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6 razões para o segundo casamento ser melhor http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/21/6-razoes-para-o-segundo-casamento-ser-melhor/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/21/6-razoes-para-o-segundo-casamento-ser-melhor/#respond Thu, 21 Jan 2016 13:25:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2589 Você fica mais determinado e se empenha mais para dar certo? Calejado do primeiro, tira de letra uma batelada de problemas? Não é bobo de repetir os erros passados? Há quem acredite que o segundo casamento tem tudo para dar certo (e se não der, é porque haverá outros pela frente!).

Confira aqui meia dúzia de boas razões para investir no casamento # 2.

1. Você deixa de buscar a felicidade no outro para, primeiro, ser feliz consigo mesmo

Cris Lobo

“Como eu mudei! Por muito tempo, busquei felicidade no outro, quando na verdade era eu quem precisava ser feliz e fazer o outro feliz. Para aprender, precisei optar por ficar sozinha por um tempo. Não foi nada fácil, mas valeu muito a pena. Eu me descobri e aprendi a me bastar mesmo quando não tinha namorado. Hoje, eu amo o meu futuro marido, mas amo a mim e o meu filho primeiro.”   Cristiane Lobo, 35, é assistente administrativa, mora no Rio de Janeiro e casa pela segunda vez em abril; o primeiro casamento durou dois anos.

 

2. Você não perde tempo com o que não agrega à relação

Adriana Ochucci

“Neste segundo casamento, meu marido e eu estamos mais experientes e não perdemos tempo com coisas que não vão agregar nada à nossa relação. Também aprendi que o diálogo é necessário sempre. Na primeira união, eu preferia me fechar em vez de discutir e deixava os outros, meu ex-marido e sua família, ditarem regras na minha vida. Com o meu atual marido, converso muito sobre tudo, filhos, família… Para algo ser feito, tem que estar bom para os dois e, se há cumplicidade, não há desavença.”   Adriana Ochucci, 41, é dona de casa, mora em Amparo (SP) e está casada há um ano; o primeiro casamento durou sete anos.

 

 

3. Somos maduros para não repetir os erros cometidos no primeiro casamento

Elaine “O casamento é melhor da segunda vez porque temos maturidade para não cometer os mesmos erros. A imaturidade traz insegurança e o ciúmes fica mais intenso. Mesmo sem motivos, vêm o medo de ser trocada por outra pessoa, e brigas bobas, por orgulho, porque não aceitamos que as pessoas sejam diferentes de nós e queremos tudo do nosso jeito. Óbvio que ainda sinto ciúmes do meu marido, mas hoje sou mais sutil. Já entendo que, você ficando ou não no pé da pessoa, se ela quiser fazer algo errado, ela vai fazer. Desta forma vivemos mais tranquilos, sem tantas cobranças. Vou vivendo um dia de cada vez e acreditando que vai durar.”   Elaine Ribeiro, 25, é dona de casa, mora em Mogi das Cruzes (SP) e casa pela segunda vez em outubro; o primeiro casamento durou dois anos .

 

4. Você é mais tolerante e paciente e sabe mais o que quer

bianca e luciano “Nascemos para ser felizes e temos essa chance no primeiro casamento – ninguém casa com a intenção de se separar. Mas na segunda vez estamos certos do que queremos. Também aprendi a ser mais tolerante, paciente e hoje estou aberta, por exemplo, a receber a filha dele como se fosse minha filha. Não faria isso antigamente, sempre evitei homens com filhos. O melhor que o segundo casamento pode proporcionar é uma nova possibilidade de encontrar alguém que se afine com quem você é e, ao mesmo tempo, retribuir de modo igual, pois você está tranquilo e maduro para isso. Eu tive muita sorte (ou sabedoria).”   Bianca Marcelino, 35, é analista de comércio exterior, mora em São Paulo e casa em dezembro pela segunda vez; o primeiro casamento durou oito anos.

 

5. Você sabe que é preciso fazer concessões, mas também conhece os seus limites 

Cerimônia Pamela e Rafa_369__DD42462

“Segundo casamento. Quando ele acontece você para e pensa: tenho sorte por ter encontrado uma pessoa maravilhosa, a vida me deu uma segunda chance! Mas a verdade é que não foi a vida, foi você. São suas escolhas, suas entregas. No segundo, você está mais maduro. Entende que é preciso fazer concessões numa relação, mas, ao mesmo tempo, já sabe o que é muito caro para você abrir mão. Você se conhece o suficiente para entender seus próprios limites na relação. Outra vantagem é aprender a dar mais valor às pequenas coisas, aos detalhes que podem passar despercebidos na correria do dia a dia. Você sabe que é preciso muito mais do que amor para segurar uma relação por muitos anos. E fica muito mais atento a tudo isso, tem muito mais ferramentas pra cuidar de uma nova relação e sabe muito melhor o que quer e o que doar para o outro. O segundo tem tudo pra dar certo. É correr pro abraço e ser feliz!”.  Pamela Lang, 33, é jornalista, mora no Rio de Janeiro e está casada, pela segunda vez, há quatro meses; o primeiro durou seis anos.

 

6. Você não faz tempestade em copo d’água por causa de um conflito

Anielly Praes e Lucas Almeida

“Casar da segunda vez é melhor porque você já está mais preparado para lidar com situações de conflito sem transformar tudo em uma tragédia, não faz uma tempestade em copo d’água a cada nova discussão. Entende que ciúmes em excesso é destrutivo e que, se você estiver com alguém que não te incentiva a ser melhor, nada fará sentido. Eu era muito novo quando casei na primeira vez, tinha 18 anos e não tinha a visão que tenho hoje.”   Lucas Lana Santiago Almeida, 23, é motorista de cargas perigosas, mora em Nova Lima (MG) e casa pela segunda vez em outubro; o primeiro casamento durou quatro anos.

 

 

 

 

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O filme “As Sufragistas” e o anúncio do Boticário http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/13/o-filme-as-sufragistas-e-o-anuncio-do-boticario/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/13/o-filme-as-sufragistas-e-o-anuncio-do-boticario/#respond Wed, 13 Jan 2016 18:21:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2555 O título acima parece um disparate: o excelente filme sobre o fundamental movimento feminista do começo do século 20 na Inglaterra fazendo par com uma propaganda de cosméticos.

O primeiro é imperdível; o segundo, lamentável (no que tange a conceito, e não a batom, que eu sempre carrego na bolsa), e ambos tratam da relação entre homens e mulheres.

O sufragismo faz parte da chamada primeira onda do feminismo, cujos adeptos (sufragistas) lutavam pelo direito das mulheres de votarem numa época em que ser do sexo feminino era dureza. O tratamento ia além da desigualdade. Era violento, desumano, injusto, do tipo escravagista (elas trabalhavam mais do que eles, ganhavam menos e entregavam o salário no final do mês para o marido); os casamentos eram abusivos; as mães tinham zero de direito sobre os filhos…

Um pulão para este século e chegamos à quarta onda feminista, segundo definem alguns especialistas. Marcadamente jovem e nascido ou vitaminado no ambiente digital, o movimento é multifacetado – defende a não discriminação de homossexuais, transexuais, negros, entre outros. Defesa de direitos humanos parece ser a liga entre as diferentes causas.

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Protesto de mulheres em outubro de 2015 contra o presidente da Câmara Eduardo Cunha e o Projeto de Lei 5069/13, que dificulta o aborto legal (Foto Keiny Andrade/Folhapress)

Daí vem o Boticário e lança, no mês passado, uma campanha de produtos de beleza focada no divórcio. Agradeço aos respectivos criativos por trazerem o assunto à tona de forma, digamos, polêmica – nas redes sociais, o anúncio é elogiado por algumas mulheres e acusado de machista por outras. Prefiro chamá-lo de tolinho e infantil, o que subentende irresponsável. Aliás, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu processo para analisar a campanha após denúncias de uma mulher e dois homens dos Estados de SP, Rio e Santa Catarina, que acusam a publicidade de reforçar estereótipos machistas.

A lei do divórcio foi uma conquista feminina. Para quem não sabe, nos anos 60 e início dos 70, auge da ditadura militar no Brasil, uma das maiores desgraças era ser mulher desquitada. Profundamente estigmatizada, ela ficava a alguns passos da Geni, personagem do clássico de Chico Buarque, da mesma época.

Outro dia, uma amiga de primário lembrou uma cena bizarra no colégio de freiras onde estudávamos, no final dos anos 60. A diretora entrou na sala para dar um aviso e uma orientação: duas novas alunas estavam chegando na escola e nós não devíamos conversar muito com elas porque eram filhas de pais separados.

Coincidentemente, tinham o mesmo nome e perfis distintos. Uma era ruiva, alta, magra e introspectiva; a outra, de olhos verdes e do tipo exuberante, fazia o gênero rebelde. Ambas passavam uma certa leveza que agradava. Mas deviam ser evitadas porque as mães naturalmente não “prestavam”, já que não mantiveram o casamento, e representavam uma ameaça social.

Esse tipo de machismo sobrevive de maneira não explícita, sutil. Uma mulher divorciada hoje ao ser apresentada, muitas vezes, é vista como disponível, além de causar receio nas outras mulheres de que ela “roube” algum marido.

Preconceitos, estereótipos e atitudes machistas por parte de homens e mulheres permeiam a vida a dois nas diferentes áreas da vida – jurídica, financeira, saúde, social, e por aí vai –­ e também fazem o processo de rompimento pior do que naturalmente é. Por exemplo? A eterna culpa da mulher por não dar conta como gostaria de casa, trabalho, filhos e marido. Até quando ela pode delegar o serviço doméstico, pagando para outras mulheres, a culpa persiste. Por trás disso, existe uma construção machista baseada na máxima de que o âmbito privado é de responsabilidade da mulher, apesar de a casa e os filhos serem do casal.

A mulher ainda se deixa aterrorizar pela cultura da culpa quando abre mão da vida conjugal, pedindo o divórcio. A lógica vigente é mais ou menos essa: “Se você rejeitou o que a sociedade diz que é o melhor (casar), então o problema só pode ser com você”, afirma Viviana Santiago, pedagoga e especialista em gênero da ONG Plan International Brasil, lembrando que livros infantis, novelas e outros produtos culturais ensinam que o destino da mulher é ter um príncipe que virá salvá-la do mal. Como, portanto, não aceitar isso?

Há ainda quem aguenta um casamento ruim por medo de perder o círculo de amizades proporcionado pelo marido, que por sinal não sofre desse medo, da dependência do meio. “O problema é que, para muitas mulheres, a identidade se faz a partir do casamento”, afirma Adélia Moreira Pessoa (SE), advogada e presidente da Comissão de Gênero e Violência Doméstica do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família).

A advogada alerta para uma realidade triste e cruel: a resistência de muitas mães ao modelo da guarda compartilhada. Uma alegação frequente é a de que o pai não sabe cuidar da criança. Esse é outro pensamento machista construído durante a infância, em casa, quando os pais educam a menina para a ser a cuidadora e o menino, o mantenedor. Incrível essa mentalidade de uma época em que nem existia divórcio se manter hoje, quando os movimentos de casar, descasar e recasar são tão frenéticos, e a guarda compartilhada representa um grande avanço para as famílias ­– filhos e pais.

“Temos que mudar a nossa cabeça. A mulher precisa apoderar-se e ser dona de sua história”, afirma Andréa. Mas, convenhamos, não é pelo make. O recurso da beauté é ótimo, superválido, mas, desculpe o trocadilho, é perfumaria.

Pó compacto no rosto não basta. Iluminador dura pouco. O remédio para ajudar a enfrentar um dos momentos mais difíceis da vida é de outra tessitura; o boticário (antigo nome para farmacêutico) não tem para vender.

Se o objetivo da campanha, como informa a empresa, é melhorar a autoestima da consumidora, melhor seria deslocá-la desse papel deplorável de objeto descartável. Por que elas não responderam à mesma pergunta feita aos maridos para que pudessem falar também sobre eles? E por que não melhorar a autoestima dos ex? Homens também sofrem com divórcio.

 

 

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Um ano de blog e o presente vai para os noivos: um pacote anticrise http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/06/um-ano-de-blog-e-o-presente-vai-para-os-noivos-um-pacote-anticrise/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/06/um-ano-de-blog-e-o-presente-vai-para-os-noivos-um-pacote-anticrise/#respond Wed, 06 Jan 2016 16:05:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2525 Seis de janeiro, Dia de Reis e aniversário do blog! Para comemorar esse primeiro ano, o “Casar, descasar, recasar” presenteia os jovens casais de primeira viagem com um pacote antidanos.

Afinal, junto com o bem-bom de morar juntinho de quem se ama, vem uma coleção pouco falada de chatices, as quais exigem apresentação, alerta e, se possível, estratégias de enfrentamento. Elas integram uma espécie de kit genérico de questões comuns em começo de vida conjugal cujo potencial para causar conflitos é considerável.

Não importa se o sujeito saiu da casa dos pais, de uma república ou morava sozinho. Quando divide a casa com a companheira (ou companheiro), muitas novidades surgem no dia a dia, entre ótimas e esquisitas. As deste segundo grupo podem ser simples, do tipo que o casal tira de letra, ou causar abalos sérios na relação. Tudo depende, claro, dos instrumentos que o casal dispõe para descascar o abacaxi.

As questões são essencialmente de ordem prática, do âmbito do cotidiano e, na maioria das vezes, não passam nem de longe pela cabeça dos noivinhos até o momento em que eles vão conviver sob o mesmo teto.

Segue uma lista de algumas delas para quem prefere seguir o caminho esperto da prevenção, em vez de remediar.

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Noivos ganham um pacotão preventivo contra chatices prosaicas de começo de vida conjugal

QUE MANIA É ESSA?

Não tem jeito, alguns hábitos só aparecem com a convivência, e as áreas da casa onde as revelações costumam ocorrer são a cozinha e o banheiro.

O namorado pode dormir todo fim de semana na casa da namorada, mas ele não é o dono da geladeira. Então, segue as regras da casa. No momento em que o espaço é dos dois, ele sai tomando água no gargalo da jarra, ataca a mousse com o dedo do meio, entre outras modos rotineiros que podem não agradar a parceira (ou parceiro).

No banheiro, o clássico das reclamações é a toalha molhada largada na cama e as fatídicas cueca, calcinha ou meias sujas no chão. E isso não é queixa de mulher em conversa com as amigas, mas um problema (pasme!) levado para o divã do analista. Quem conta é a psicóloga Helena Cardoso, que inclusive está lançando um serviço de prevenção de crise conjugal, o Véspera.

CADÊ OS MEUS SANTOS?

A máxima “gosto não se discute” é muito válida enquanto cada um tem o seu cafofo. Na hora de montar o lar comum, isso vai por água abaixo. Gostos e valores desconhecidos vêm à tona e, às vezes, feito uma bomba. É o caso do noivo de família tradicional que cresceu numa casa com altar e imagens de santos. Para a noiva, enquanto o décor era no território da sogra, estava tudo bem, não havia razão nem para comentar. Mas quando o casal está montando a própria casa e ele pergunta “cadê os santos?”, está instaurado o impasse.

Um pouco pior é a história da namorada que, ao se mudar para o apartamento dele, resolve com a melhor das boas intenções fazer uma surpresa: redecorar o insoso quarto do rapaz com muita cor, tecido florido, quadros e almofadas. “Ela quis dar a cara dela, mas foi demais para ele”, conta a psicóloga Márcia Barone Bartilotti, lembrando o que parece óbvio, mas é esquecido: recomenda-se fortemente trocar ideias com o parceiro sobre as questões pertinentes a ambos, já que a proposta é uma vida em comum.

TUDO MENOS FUTEBOL

Ele sempre foi fanático, ela sabia e tem ojeriza ao som da narração de futebol na TV. Mas isso nunca foi problema, porque todo dia de jogo ele se mandava para a casinha dele e só via a moça depois da partida. Quando eles se casam, acabou a moleza: a transmissão da partida vai rolar na sala de estar. Sabendo disso, a sugestão é um providencial combinado.

FILHOS ETERNOS

Um problema bastante sério, além de esquisito e comum atualmente: adultos que são tão filhos (para não dizer imaturos) que não conseguem ser um casal. “São tão dependentes emocionalmente da mãe, do pai, tão vinculados à família original, que esta permanece sendo a sua prioridade, e isso vai dar problema no casamento”, afirma Helena. A pessoa sai da casa na prática, mas não emocionalmente e, no novo lar, vai viver como se estivesse brincando de casinha, o que para o parceiro não tem graça.

Um exemplo chocante é o da mulher que na hora de dar à luz quer a mãe junto na sala de parto. Incrível, mas o fenômeno é menos raro do que se pensa.

Outro caso típico dessa dificuldade de abrir mão da vida de solteiro para se dedicar à nova construção de vida: dar a chave da casa para a mãe entrar e sair quando bem entender. “Mas é minha mãe, como vou privá-la de entrar na minha casa?”, justificam filhas marmanjas e casadas.

Às vezes, a pessoa quer carregar a vida anterior para o casamento, diz Marcia. E a maior bandeira desse fenômeno é, como lembra Helena, continuar chamando a casa dos pais de “minha casa”.

O COMBINADO NÃO SAI CARO

O ditado popular acima não podia ser mais adequado aos casais quando o assunto é finanças. O planejamento do dinheiro (quanto se ganha e quanto e com o que se gasta) merece atenção especial. Essa história de cada um paga o seu ou então uma hora um paga, depois o outro é uma grande roubada. Se não combinar antes (planejar e administrar direitinho as finanças do casal), vai sair caro para os dois. Até a compra de um presente para o parceiro pode causar discórdia. Helena conta o caso do marido que reclamou do preço do mimo que a mulher comprou para ele no aniversário: “Você me deu um presente muito caro e comprometeu o nosso orçamento!”.

Cada um precisa ter o seu dinheiro para gastar com as suas necessidades e os seus desejos pessoais, além da receita comum da casa. Um bom planejador financeiro pode ajudar, ensinando métodos eficazes de administração do dinheiro e do seu uso quando se está vivendo junto.

Os vínculos pré-casamento, às vezes, precisam passar por um ajuste, especialmente se existem práticas invasivas ou hostil a um dos parceiros ou se interfere de alguma maneira na vida em comum, como diz Márcia. Por exemplo: o amigo do peito que sempre teve a chave do apartamento agora talvez tenha que devolvê-la para o conforto do casal.

SERVIÇOS DOMÉSTICOS: QUEM FAZ O QUÊ?

Divisão de tarefas de casa pode ser um perereco. Por diferentes razões, esse assunto é mal-administrado – às vezes, os jovens nem tiveram pais morando junto em casa para aprender com o exemplo. Por essas e outras, vale reservar o tema para o topo da lista de combinados.

TIM-TIM!

Mas, não, por favor, não suspenda o casório! Este presente, que pode parecer de grego, está mais para mineiro – cauteloso, prevenido. Afinal, a seleção de problemas prosaicos e banais que os jovens casais levam hoje para os consultórios e para os tribunais demonstram a baixa capacidade de tolerância e a ideia sombria e desanimadora de que hoje em dia o que permite casar é a separação. Isso é muito brochante. Força na peruca!

Parabéns e vida longa e boa aos jovens casais e a este blog!

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