Casar, descasar, recasarcasal – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 FAQ do poliamor http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/#respond Fri, 27 Nov 2015 19:55:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2423 Rafael Machado com Sharlenn Carvalho e Angélica Amorim com quem manteve um relacionamento poliamoroso.
O trio de poliamoristas: Rafael Machado entre Angélica Amorim (esq.), com quem ficou por 4 meses, e Sharlenn Carvalho (dir.), com quem teve um relacionamento por 4 anos (Foto: arquivo pessoal)

Por Giovanna Maradei

Rolos, namoros e casamentos quase sempre acabam porque um dos parceiros se apaixona por outra pessoa. Também não são raros aqueles que dizem, ao menos no começo, que se pudessem ficariam com ambos. O que impede? O entendimento de que a prática é antiética, “coisa de puta” ou de “homem canalha”. Mas manter uma relação afetiva com duas ou mais pessoas é também coisa de poliamorista, grupo que, segundo membros do movimento, vem crescendo no Brasil, contando com adeptos dos 20 aos 60 anos de idade.

“Há cinco anos, quando começamos a organizar os encontros, reuníamos cinco pessoas, agora tivemos um evento com quase 200”, afirma o sociólogo Rafael Guimarães Machado, coordenador do grupo “Pratique Poliamor RJ”. No Facebook, o maior grupo de poliamor, “Poliamor”, reúne cerca de 9 mil participantes.

Para eles, um amor não diminui e não necessariamente anula outros. “Você não tem um ‘saco de gostar’ para distribuir uma quantidade certa para cada pessoa, se você gosta muito de um, não tem que gostar menos de outro”, afirma Machado. Além disso, se os envolvidos estão cientes e de acordo com esse formato, a traição deixa de existir.

Parece a receita perfeita para um desastre, mas tem sido a opção de muita gente que, por sinal, anda satisfeita com o resultado. Você não entende como é possível? Casar, descasar, recasar também não. Por isso, resolveu esclarecer com funciona o poliamor e montou um FAQ (perguntas mais frequentes) com uma dúzia de questões básicas. Para respondê-las, foram ouvidos os poliamoristas Rafael Machado e Cláudia Naomi Abe e exploradas páginas nas redes sociais e o site “More Than Two”, criado por Franklin Veaux, que, junto com sua companheira Eve Rickert, escreveu o livro “More Than Two – A practical guide to ethical polyamory” (Mais de dois – Um guia prático do poliamor ético). O resultado você confere aqui.

1. O que é o poliamor?

Poliamor é um termo criado em 1991 para nomear um tipo de relação amorosa no qual as pessoas envolvidas estão abertas a ter mais de um parceiro afetivo ao mesmo tempo. As regras são mutantes, variam conforme o combinado feito pelos envolvidos, mas existe uma lei imutável para todos: homens e mulheres têm direitos iguais e devem estar 100% cientes de que fazem parte de um relacionamento poliamoroso. Caso contrário, é apenas a velha e péssima traição.

2. Mas esse esquema não é o mesmo do chamado relacionamento aberto?

Não. Aliás, um relacionamento poliamoroso pode ser fechado. Não é muito comum no Brasil, mas se você se relaciona com outras duas pessoas e vocês não querem mais gente envolvida na história, este relacionamento é poliamoroso, mas não é aberto.

Além disso, os casais que têm um relacionamento aberto, geralmente, só concordam que o parceiro se relacione com outra pessoa quando é “apenas por sexo”. O envolvimento emocional está proibido. No poliamor, essa barreira não existe. Uma pessoa pode até estabelecer relacionamentos exclusivamente sexuais com outras se quiser.

3. Mas então é um namoro a três?

Existem vários formatos de poliamor. Casal, trio ou grupo totalmente aberto ou com restrições (envolvimento com pessoas de fora do grupo desde que sejam de outro círculo social ou devidamente aprovadas pelo grupo). Trio ou grupo fechado, no qual as pessoas só podem se relacionar entre si. E até o chamado mono/poli, no qual um dos parceiros é poliamorista, mas o outro, por escolha, permanece monogâmico.

4. É o modelo perfeito para quem tem medo de se comprometer!

Não exatamente. Existem pessoas que descobrem o poliamor porque tiveram uma grande decepção amorosa e não querem mais o comprometimento enquanto fidelidade monogâmica. No poliamor, uma pessoa não se compromete a ter um relacionamento exclusivo com outra, mas deve cumprir uma série de acordos e com mais de um parceiro! Conclusão: para dar certo, não dá para ter fobia de compromisso.

5. Quer dizer que o esquema não é liberou geral?

Você é livre para ter mais de um parceiro, mas, como em todo relacionamento, existem regras e necessidade de defini-las abertamente. Não existe nada preestabelecido, os envolvidos combinam tudo a cada relação: como proceder quando quiser sair com outra pessoa; se um ou mais do grupo tem prioridade… Ficar com outra pessoa não é considerado traição, mas contrariar o acordo muitas vezes é.

6. Mas sempre tem um parceiro que é mais importante, não?

Em alguns casos existe, de fato, um ou dois parceiros que ganham prioridade. São pessoas com quem você está há mais tempo, faz mais planos para o futuro… Mas de forma alguma isso é uma regra, e com o tempo as preferências podem mudar.

7. Para entrar no poliamor é preciso ser bissexual?

Não. Dentro do grupo você vai encontrar modelos variados de orientação sexual. Segundo estudo de acadêmicos e representantes do movimento no Brasil, a maioria dos homens poliamoristas se identifica como heterossexual; depois, vêm os bissexuais e, por fim, homossexuais. Já entre as mulheres, a maioria se diz bissexual; em segundo lugar, estão as heterossexuais e, em terceiro, as homossexuais. Ou seja, cada um se relaciona da forma que acha melhor.

8. E como é que fica o ciúme?

Ele existe, mas o esforço para superá-lo é grande. Uma boa DR (discutir a relação) é sempre incentivada para que os parceiros acertem os ponteiros. Além disso, a prática ajuda. Com o tempo, ao perceber que seus amados vão se encontrar com outros, mas sempre voltam e que, mesmo saindo com outras pessoas, você continua tendo vontade de ficar com todas, o ciúme vai perdendo o sentido e, consequentemente, diminuindo. Recomendação número 2: conversar com outros poliamoristas sobre o assunto. Os experimentados ajudam os novatos a perceberem que, ao contrário do que os amigos monogâmicos costumam dizer, não sentir ciúmes em determinados casos pode ser absolutamente normal.

9. E na hora de construir uma família, ter filhos, abre-se mão do poliamor, certo?

Errado. Existem vários casos de pais poliamoristas. A responsabilidade de cada adulto em relação à criança varia conforme o formato da relação – se todos moram juntos, se os parceiros da mãe e/ou do pai frequentam a casa ou não, se os pais são divorciados e só um deles é poliamorista…. O que parece não mudar é a facilidade dos pequenos em compreender a situação e o papel de cada uma daquelas pessoas na sua vida.

10. Mas eles podem se casar? Dá para oficializar uma relação poliamorista?

O comum é que as pessoas não oficializem, mas não é uma regra. No Brasil, existem dois trios que tiveram sua união oficializada. O primeiro, composto de um homem e duas mulheres, obteve o registro em 2012 na cidade de Tupã (SP). O segundo celebrou a união em outubro deste ano no Rio de Janeiro e é composto por três mulheres. Nestes casos, geralmente, todos os direitos concedidos aos casais que estabelecem uma união estável devem ser concedidos aos três envolvidos.

11. No caso de separação o sofrimento é menor, não?

Sim e não. Se você está em um relacionamento poliamoroso com outras duas pessoas e uma decide terminar, você sofre como em qualquer outra separação, mas de fato tem a sorte de ter outra pessoa amada. Por outro lado, quando mais de uma pessoa termina o relacionamento com você, o sofrimento é dobrado ou até triplicado. Ninguém sofre pelo conjunto, mas por cada uma das separações, pela falta que cada um vai fazer em sua vida.

12. Achei interessante. Onde eu encontro essas pessoas?

A internet é a melhor forma de fazer um primeiro contato. Existem diversos grupos espalhados pela redes sociais que se comunicam on-line e também promovem encontros, debates, rodas de conversa.

Mas é preciso estar atento para garantir que você está em um grupo em que as pessoas são realmente poliamoristas, e não estão apenas querendo trair seus parceiros ou promover um encontro sexual com vários. Entre os mais sérios e conhecidos estão o nacional, Poliamor Brasil, e também o regional, Pratique Poliamor RJ.

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Um hotel para entrar casado e sair divorciado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/#respond Fri, 18 Sep 2015 22:42:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2049 Bell Kranz está de férias e volta a postar no dia 9/10 

Não é exatamente um animado e divertido Hotel Marigold, da ótima comédia britânica em que a hóspede pode ter Richard Gere no quarto ao lado, mas é muito exótico. Nele, você se hospeda casado e faz check-out divorciado. Que tal?

O processo é pá-pum, acontece em apenas um fim de semana.

A ideia é baratear o trâmite, que muitas vezes se arrasta por anos, guerras e fortunas a fio, e realizá-lo de uma maneira suave e amigável. Tanto que vários futuros divorciados pedem para dormir em um quarto só. “Começam juntos e querem acabar juntos também”, garante Jim Halfens, criador e CEO Internacional do DivorceHotel.

Não se trata exatamente de um lugar, mas um serviço disponível em hoteis tradicionais nos Estados Unidos e Países Baixos.

Foi lançado em Amsterdã, em 2012, e deve aportar no Brasil logo mais. Halfens dá mais detalhes do seu inusitado, mas útil negócio neste guest post para o “Casar, descasar, recasar”.

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A hóspede namoradeira (Celia Imrie) e o hóspede charmant (Richard Gere) do “Exótico Hotel Marigold 2” ( Foto: divulgação)

Por Jim Halfens

“Minha missão pessoal é tornar os divórcios menos complicados e, portanto, mais baratos e menos dolorosos. Acho que a indústria internacional do divórcio se beneficia financeiramente ao fazer de vários processos algo muito complicado. Os princípios e as expectativas dos cônjuges em matéria de relacionamento estão se transformando em todo o mundo, apenas o setor jurídico continua igual. É preciso mudar.

O principal aspecto negativo de uma separação é o fracasso de um casamento, e quanto a isso não é possível fazer nada. Mas o divórcio pode ser encarado como um novo e positivo começo para ambos os cônjuges, sem anos de disputas legais, mas com muito respeito em relação ao futuro do outro e das possíveis crianças envolvidas. Essa é, exatamente, a razão pela qual criei o DivorceHotel.

A ideia surgiu quando eu me envolvi no divórcio terrível de um dos meus melhores amigos. Seu processo começou tranquilo, mas rapidamente saiu dos trilhos. Os dois cônjuges queriam se separar da melhor forma possível para o bem dos filhos, mas o mediador atrasava o processo continuamente. Nesse período, sua esposa iniciou uma nova relação, e as primeiras discussões sobre propriedade e dinheiro começaram. A mediação falhou drasticamente e ambos tiveram que substituir o mediador por advogados. Daquele momento em diante, os problemas só aumentaram. Eles não conseguiam mais se comunicar, e seus advogados declararam guerra.

O doloroso processo levou mais de dois anos e acabou custando uma fortuna, além de meu amigo ter sido proibido de ver os filhos durante todo esse período. Eu me convenci de que queria mudar o sistema de divórcio tradicional através de um modelo inteligente, novo, útil e, principalmente, favorável para todos os envolvidos.

Após várias pesquisas, identificamos que as respostas para a pergunta “o que é mais frustrante em um processo de divórcio?” eram sempre baseadas nas mesmas incertezas: “Você nunca sabe quando começa, quando termina e quanto vai custar”. Quanto mais tempo um processo de divórcio leva, mais elevado o risco de acabar em briga e custar muito. Acontece que os clientes também dependem das agendas cheias e não muito flexíveis dos profissionais que eles contratam, o que muitas vezes atrasa o processo de divórcio por tempo indeterminado e estende o sofrimento.

Daí veio a ideia: contratar todos os profissionais (advogados, mediadores, imobiliárias para eventual necessidade de avaliar bens imóveis) para que os cônjuges precisem deles apenas por um final de semana. Oferecer um lugar com tudo o que é necessário para um processo de separação suave, eficiente, amigável e com preço justo. O que beneficia não só o casal, mas também seus filhos e familiares.

Como o objetivo é apoiar os casais em todos os sentidos – financeira, legal e emocionalmente –, é necessário que fiquem em um local isolado, um ambiente neutro, apenas com os mediadores (familiares e amigos podem criar tensão e dificultar o processo) e com limite de tempo para realizar as negociações. Nada de surpresas, como taxas veladas, mas com clareza desde o início. Com este conceito nasceu o DivorceHotel.

O PASSO A PASSO

Quem decide se o casal está autorizado a realizar o check-in é um de nossos mediadores, e não os cônjuges. Após a admissão, eles recebem uma lição de casa e farão o check-in duas semanas mais tarde. No final de semana, todos os assuntos pendentes são discutidos e os documentos, redigidos. No domingo, o acordo de divórcio é concluído e assinado. Assim, o casal deixa o hotel divorciado, faltando apenas o selo da Justiça.

NÃO É PARA TODO MUNDO

Sabemos que o DivorceHotel pode não ser adequado para todo mundo. Você pode amar ou odiar a proposta, mas o casal vai estar no controle da situação. São raros os casos de processos que já falharam durante o fim de semana.

Toda vez que os acordos são assinados em nossos hotéis, os cônjuges desejam boa sorte um para o outro. Já tivemos um divórcio e um casamento ao mesmo tempo no mesmo hotel. Os quatro se conheceram, e os recém-divorciados deram sugestões e soluções para um casamento saudável para os recém-casados – louco, mas realista!

 

 

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Tire suas dúvidas com a nova seção “De caso com as finanças” http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/04/tire-suas-duvidas-com-a-nova-secao-de-caso-com-as-financas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/04/tire-suas-duvidas-com-a-nova-secao-de-caso-com-as-financas/#respond Mon, 04 May 2015 14:37:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1518 ilustra financas
Ilustração: Fernando de Almeida

“Casar, descasar, recasar” lança “De caso com as finanças”, uma seção que vai responder às perguntas dos leitores sobre finanças no casamento, no descasamento e no recasamento! Por exemplo?

  •  Como organizar e controlar as despesas da família.
  •  Como planejar as finanças para realizar um sonho do casal.
  •  Assumindo a vida financeira quando o casamento acaba.
  • Ferramentas que garantem a qualidade de vida dos filhos.
  • O impacto do regime de bens nas finanças.
  • Como se proteger quando se passa a viver sozinho.
  • Preparando-se para o recasar: as finanças e o patrimônio.

As respostas são formuladas pela respeitada consultora Marcia Dessen, colunista da Folha e autora do livro “Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro” (Trevisan Editora).

COMO PARTICIPAR

  1. A sua pergunta deve ser objetiva e pontual, apresentada de forma clara e direta. Escreva-a em, no máximo, 400 caracteres, incluindo os espaços.
  1. Coloque o seu nome completo, cidade onde mora e idade e informe caso não queira ter o seu nome publicado.
  1. Envie a pergunta para o e-mail casardescasarrecasar.gmail.com
  1. A resposta será publicada aqui, no blog. As orientações não têm caráter opinativo, mas técnico e educativo.
  1. Questões que não se relacionem ao universo temático da seção serão descartadas.

Aproveite esse seu novo e nobre espaço!

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O casal não se entende mais, e os filhos perdem primos, avós, tios… http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/18/o-casal-nao-se-entende-mais-e-os-filhos-perdem-primos-avos-tios/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/18/o-casal-nao-se-entende-mais-e-os-filhos-perdem-primos-avos-tios/#respond Wed, 18 Mar 2015 16:01:03 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1221
Impedir o convívio com os avós ou outros parentes é desrespeitar um direito da criança (Carlos Cecconello/Folhapress)

Pouco ou nada se fala sobre uma maldade que pais separados às vezes fazem com seus filhos e os avós, primos ou tios das crianças (do lado da família contrária, claro). Mas existe denominação jurídica para isso e até pena para quem comete esse vexame.

Há alguns dias, uma amiga do peito liga aflita. Mulher de seus 60 anos, casou muito nova, teve filhos cedo e logo se separou. Casou de novo, o ex também, todos tiveram mais um ou dois rebentos e sempre conviveram de forma amigável e respeitosa.

Agora, o filho mais velho se separou. Ela liga para dar a notícia, mas estava nervosa mesmo porque a recém-ex-nora está dificultando as saídas semanais que ela promove com as duas netinhas.

É muito comum, apesar de ilógico: a mulher escolhe o homem para se casar, tem filhos e quando não dá ou não quer mais manter o casamento afasta as crianças da família do outro lado.

Homem também apronta dessas. A leitora que, em depoimento ao “Casar, descasar, recasar”, relatou o drama vivido na infância quando a mãe se apaixonou perdidamente por outro homem e passou a ignorar os filhos, disse que, com a traição da mãe, a família do pai simplesmente sumiu.

“Meus avós não foram proativos, não procuraram os netos, porque o meu pai falava mal da minha mãe. Você já perde a referência porque os pais se separaram e ainda se separa dos avós e primos!”, disse a leitora. Esse é um momento que as crianças tanto precisam do apoio e da presença das famílias, que são delas, independentemente de os pais estarem casados ou não.

O mesmo vale para os enteados. O casal se separa, mas as crianças dessa e de outras uniões continuam irmãos.

Minha mestre e amiga psicanalista tem uma prática muito saudável, eficaz, além de amigável. Quando um filho separado anuncia que vai recasar, isso aconteceu com mais de um filho, ela chama a noiva e avisa que muito provavelmente a futura encontrará a ex na sua casa (da sogra), simplesmente porque a ex é a mãe dos seus netos e, portanto, sempre será bem-vinda e convidada para datas importantes da família. Não é muito chique?

Fica aqui o exemplo. A nora começou a enlouquecer, transferindo a mágoa dela pelo ex para a sogra? Aproveite para lembrá-la: “Sou avó da sua filha e não temos nenhuma responsabilidade com o fim do seu casamento. Seremos sempre neta e avó”. A ideia é evitar que a família toda se despedace, em especial os filhos, quando a decisão de romper é apenas de dois.

Por fim, a lei: a tão falada e terrível alienação parental (quando um dos pais denigre a imagem do outro, colocando o filho contra o genitor ou genitora) é um conceito jurídico que se estende a todos os parentes da criança. Impedir o convívio do filho com avós, tios ou primos, por exemplo, pode ser punido com a perda da guarda ou da pensão alimentícia por se tratar, como diz a lei, de ato indigno.

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A crise do país e o seu casamento (ou separação) http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/16/a-crise-do-pais-e-o-seu-casamento-ou-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/16/a-crise-do-pais-e-o-seu-casamento-ou-separacao/#respond Mon, 16 Mar 2015 20:34:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1208 Manifestação de 15 de março, na avenida Paulista (Foto: Avener Prado/ Folhapress)
Manifestação de 15 de março, na avenida Paulista (Foto: Avener Prado/ Folhapress)

O que a alta da inflação, o dólar nos píncaros (acima dos R$ 3) ou a multidão revoltada na rua têm a ver com a sua vida conjugal? Fique esperto, porque podem ter impacto, sim.

A crise na Europa está entrando no seu sétimo ano. Um dos efeitos entre os românticos italianos, por exemplo, é que estão casando menos e se separando menos também. Por quê? Para economizar, já que ambos os processos são custosos.

Nos Estados Unidos, por causa da recessão econômica, quase 40% dos casais com intenções de divórcio adiaram seus planos em 2011, como mostra o estudo “A Grande Recessão e o Casamento”, da Universidade de Virgínia.

Mas o efeito pode ter uma faceta positiva: fortalecer a relação do casal. Segundo a mesma pesquisa, três de cada dez americanos revelaram que a crise aprofundou os laços matrimoniais.

Por aqui, um estudo do portal do Proteção ao Crédito, o Meu Bolso Feliz, mostra que 16,7% dos brasileiros casados declaram que a maneira como eles gastam o próprio dinheiro é motivo de briga dentro de casa. O percentual sobre para 22,7% quando os analisados são casais inadimplentes, e cai para 10,7% entre as famílias não têm conta em atraso.

E o pior: os casais não percebem claramente que o problema financeiro está encrespando a relação. “Na maioria dos casos, o dinheiro vem disfarçado nas discussões. Se falta dinheiro para um jantar, o problema é percebido como falta de romantismo. Se não sobra para comprar roupas novas, o problema é percebido como desleixo do parceiro. Se não há dinheiro para levar os filhos ao cinema, o conflito é percebido como falta de carinho”, afirma o educador financeiro do portal José Vignoli.

Seja como for, os atuais aumentos na conta de luz, nas compras do supermercado ou dos juros para quem está precisando de crédito, por exemplo, exigem mudança nos hábitos para reduzir gastos, além do esforço para conter o mau humor.

Esta é, portanto, uma excelente oportunidade para os casais analisarem suas finanças e definirem estratégias juntos. Aliás, planejamento financeiro é saudável não só durante a vida a dois, mas também para enfrentar uma separação com mais segurança.

Conforme prometido pelo “Casar, descasar, recasar”, segue aqui uma fórmula de planejamento das contas do casal recomendada pela consultora de finanças Marcia Dessen, colunista da Folha e autora de “Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro” (Trevisan Editora, 280 págs.). Útil para época de crises ou de bonança!

PLANEJAMENTO EM DUPLA 

A vida conjugal envolve duas pessoas com um orçamento. Quando os dois trabalham, devem ter os seus recursos para gastar com o que cada um quer. Ele gosta de incrementar a moto com certa regularidade e gastar com tecnologia; e ela não abre mão do cabeleireiro semanal ou da ajuda mensal à irmã, por exemplo? É possível se organizar para que ambos satisfaçam as suas necessidades e desejos individuais.

A recomendação é abrir uma conta conjunta com recursos destinados ao orçamento doméstico e para os sonhos futuros do casal (contas da casa, alimentação, viagem de férias, compra de imóvel…). Essa conta deve ser “sagrada” e respeitada pelos dois. Como, em geral, um cônjuge ganha mais do que o outro, o casal pode definir um percentual da renda igual (50% do que cada um ganha, por exemplo). O valor absoluto será diferente, em função dos rendimentos, mas esse formato revela que o esforço de ambos se equivale.

Os outros 50% da renda de cada vão para as respectivas contas individuais a serem gastos como cada um bem entender. “Se há o meu, o seu e o nosso identificados, fica mais fácil lidar com isso”, tanto durante o casamento como para administrar o novo estilo de vida em caso de separação.

A ideia da conta conjunta é um exemplo eficaz de como organizar as finanças do casal. Mas é possível que o casal funcione melhor por meio de outro modelo. O importante é encarar de frente a discussão sobre dinheiro. “E leve a sério”, alerta a consultora, “porque não há amor que resista a problemas financeiros”.

 

 

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Está sem bloco? Ideias para o primeiro Carnaval após a separação http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/12/esta-sem-bloco-ideias-para-o-primeiro-carnaval-apos-a-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/12/esta-sem-bloco-ideias-para-o-primeiro-carnaval-apos-a-separacao/#respond Thu, 12 Feb 2015 18:39:10 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=857 paraquedas:Foto- Juca Varella:Folha Press
Se joga: no samba, no SPA ou do avião – com paraquedas (Foto: Juca Varella/Folhapress)

Você é um recém-separado ávido por estrear em grande estilo a liberdade depois de muitos Carnavais na casa de praia da cunhada, isolado no campo ou até sambando na avenida, mas sob supervisão cerrada? Vá fundo, se jogue na folia.

Já o recém-separado em momento de fossa profunda e avassaladora deve tomar cuidados especiais para driblar a previsível crise do feriado. E esse é enorme, quase uma semana de tempo livre, menos amigos por perto e a impossibilidade de fazer sequer umas comprinhas (consumir acalma tanto a ansiedade…). A regra de ouro de autopreservação é: monte uma programação com atividades para esses dias, seja fora da cidade, em casa, acompanhado ou sozinho. Mas não se abandone! É fundamental montar uma agenda, se programar para viver esses dias de um jeito gostoso. Seguem sugestões.

Que tal um programa diferentão que você nem imaginava que existisse ou até já desejou, mas sempre faltou ânimo ou tempo para encarar? Cavalgadas ao luar, por exemplo. Ok, não estamos na Lua Cheia, mas a aventura acontece também em noites mais escuras e durante o dia. Hotéis-fazenda no interior de São Paulo organizam esses passeios, que são feitos em grupo e com guia.

Outra ideia: saltar de paraquedas. É produção de adrenalina garantida até a Quarta-Feira de Cinzas. No interior de São Paulo, a cidade de Boituva concentra Centro Nacional de Paraquedismo.

Proposta menos radical: explorações de bike. Pegue o mapa da cidade e escolha um bairro que lhe é totalmente desconhecido e parta para o passeio exploratório sobre a magrela. É providencial: informar-se sobre o destino, os atrativos do lugar e sua história para evitar roubadas.

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Quem avisa, amigo é: telefone logo para os amigos e faça uma lista da turma que vai passar o feriado na cidade

E os amigos? Não deixe para a hora H. Ligue com antecedência para saber quem não vai viajar no feriado e monte uma lista com os nomes daqueles que poderá chamar para uma saída: cineminha, caminhada, drinques, café… Programa com amigo é sempre bom! 

Você com você mesmo. Aproveite o tempo e a solitude em casa para se entregar de verdade, de corpo e alma, a atividades que te dão prazer genuíno e não exigem companhia – aliás, sozinho fica até melhor. Exemplos: cuidar do seu jardim ou apenas dar um trato no vasinho da janela; dedicar-se à leitura; cozinhar um prato que você está desejando muito comer; dar um “up” no decor da casa, mudando de lugar móveis e objetos; ligar o som e sair dançando…

A terapeuta Aya Nawa faz sessão de shiatsu na clínica Luiza Sato. Foto: Alexandre Rezende/Folhapress A terapeuta Aya Nawa faz sessão de shiatsu na clínica Luiza Sato. Foto: Alexandre Rezende/Folhapress
Tema de enredo campeão: massagens, banhos e hidratações (Foto: Alexandre Rezende/Folhapress

A quantas anda a “beauté”? São Paulo dispõe de SPAs urbanos onde você pode adquirir uma única tarde ou um dia inteiro dedicado ao prazer em pleno Carnaval. Se estiver muito dura, monte um templo do bem-estar em casa. Afinal, há tempo de sobra para hidratar o corpo, passar máscara no cabelo e no rosto e ainda sair andando assim pela casa. Afinal, não há ninguém para estranhar o modelito. Por fim, encha a banheira, salpique sais de banho na água, ligue o som e se refestele.

Dê um gás na endorfina. Todo mundo sabe: exercício físico anima e ainda ajuda você a manter o corpão. Vale qualquer tipo de atividade – correr, caminhar, sambar, fazer bambolê, nadar, andar de patins, pedalar, praticar masturbação (aliás, há quanto tempo você não se liga no assunto?).

O que não fazer neste primeiro Carnaval separado

Pensar nas finanças (a menos que elas estejam em alta). Dê folga à planilha dos gastos mensais para evitar que a angústia contamine as horas livres do feriado.

Viajar com casalzinho. Ainda que os seus melhores amigos sejam uma feliz dupla de marido e mulher, essa não é a melhor hora para acompanhá-los numa viagem. A menos que você queira relembrar o estilo de vida de quando estava casado. Mas é cedo ainda, não?

Resort é roubada. Só vai família e, pior, com criancinha! Não é exatamente o melhor ambiente para encontrar paz, se dedicar a momentos meditativos, à leitura, nem para conhecer pessoas que estão no seu momento de vida.

Os arquitetos da Archer & Buchanan criaram uma réplica da casa dos "hobbits"_chale replica do filme Hobbit
Tudo para levantar a poeira e dar a volta por cima nesse feriadão, menos casinha no meio do mato (Foto: divulgação)

Destino romântico é para masoquista. A saber: chalé na montanha com lareira, chalé na montanha sem lareira, pousada com cachoeiras perto, praia totalmente deserta…

Procurei insanamente um ala de escola de samba ou um bloquinho ao menos dedicado ao separados, divorciados, ex-casados e afins. Mas, incrível, não encontrei nada! Para 2016, “Casar, descasar, recasar” promete lançar o Bloco dos Inteiros (a ideia é: não está mais casado, mas está inteiro). Ou Bloco dos Inteiraços?

Feliz Carnaval!!

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Cistite da lua de mel e outros bons motivos para não querer sexo http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/cistite-da-lua-de-mel-e-outros-bons-motivos-para-nao-querer-sexo/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/cistite-da-lua-de-mel-e-outros-bons-motivos-para-nao-querer-sexo/#respond Tue, 06 Jan 2015 21:49:44 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=82 Foto: Prodakszyn/Shutterstock
Vida sexual intensa dos recém-casados pode levar à cistite e tirar a vontade da moça (Foto: Prodakszyn/Shutterstock)

Por Giovanna Maradei

Você é megafeliz no casamento. Não faltam amor, companheirismo e tudo de bom! À noite, depois do trabalho, tudo o que você quer é ficar deitada no colo dele na frente da TV. Sexo? Não, pelo amor de Deus! Se essa situação lhe parece familiar e altamente aterrorizante, mantenha a calma. A falta de vontade sexual pode ser um problema de saúde sem qualquer relação com a afeto do casal. Esse imbróglio precisa ser resolvido, claro, mas a tarefa é mais simples do que solucionar uma crise no relacionamento.

Veja abaixo razões físicas que explicam a sua negativa às propostas mais calientes do parceiro.

Cistite da lua de mel

Depois de juntar as escovas de dente, é mais do que esperado o aumento na performance sexual. Mas tanta ação pode não resultar em igual prazer. Em algumas mulheres, a mudança na frequência das relações sexuais facilita o desenvolvimento de repetidas infecções urinárias, as quais causam desconfortos. Isso pode levar a mulher a associar a prática do sexo com o incômodo da doença. Nesses casos, não há muito jeito. Enquanto a infecção não for controlada, o maridão pode chegar todo lindo e você não se animar.

Pós-parto

Quem está grávida que se prepare. Depois do parto, 100% das mulheres, portanto todas, sentem uma significativa redução da vontade sexual. Isso porque o corpo, que infelizmente não sabe da existência dos métodos anticoncepcionais, produz doses extras de prolactina para evitar nova gravidez durante a amamentação. A prolactina é um hormônio que inibe o estrogênio, responsável pela libido, resultando em menos desejo de sexo. A boa notícia: ter consciência desse mecanismo ajuda a contornar o inconveniente. Depois do segundo parto, por exemplo, muitas mulheres relatam menor sofrimento consequente da falta de desejo.

Início da menopausa

Por volta dos 45 anos, a mulher sente os primeiros sintomas da menopausa. Nessa fase, cai o nível do estrogênio, hormônio responsável pela libido, e a vagina resseca, aumentando as chances de infecção. Com tantas transformações, é natural ter menos vontade de sexo – esteja a mulher num casamento novo ou comemorando as bodas de prata. 

Pílula anticoncepcional

Para evitar a gravidez, cada comprimido fornece, diariamente, uma dose fixa de hormônio que bloqueia a ovulação. Nem toda estabilidade, porém, é positiva para o corpo. Algumas mulheres precisam da oscilação hormonal para estimular a libido. Assim, elas ficam com menos vontade de ter relações sexuais com o uso do anticoncepcional. Além disso, o progestogênio e o estrogênio, presentes na fórmula de pílulas, são sintéticos e não fornecem ao organismo os mesmos estímulos dos hormônios produzidos naturalmente.

Colesterol alto, hipotireoidismo e outras disfunções metabólicas

Doenças como estas acima interferem no equilíbrio que existe entre a dopamina (neurotransmissor) e a prolactina (hormônio) no organismo. E o que isso quer dizer? Simples: a primeira substância é responsável pela sensação de prazer, e a segunda está ligada a ovulação. Quando as duas estão presentes na quantidade inadequada, o corpo não identifica as vantagens de uma relação sexual e dificulta o surgimento do desejo.

Endometriose e outras doenças ginecológicas

Qualquer desconforto ginecológico pode causar dor durante a relação sexual e, consequentemente, diminuir o desejo da mulher. O problema é que essas doenças costumam aparecer após os 30 anos de idade, quando muitas mulheres já estão casadas. A coincidência gera confusão sobre os motivos da súbita falta de vontade, como pensar em crise no casamento, quando isso não está acontecendo. 

Flacidez do assoalho pélvico

Ao contrário do que muitos acreditam, o parto normal não deixa os músculos da vagina mais flácidos. Por outro lado, a idade avançada e fatores genéticos tiram sua força. Nessas condições, a qualidade do sexo acaba sendo prejudicada. O remédio é simples: exercício. O mais recomendado é a fisioterapia do assoalho pélvico, tratamento voltado exclusivamente para o fortalecimento dessa região. Além de influenciar o desempenho sexual, o assoalho pélvico é responsável pela sustentação de órgãos como a bexiga e o útero.

Medicamentos

Antidepressivos, drogas para ansiedade, para emagrecer, dormir ou qualquer outra medicação que interfira no sistema nervoso central pode diminuir o seu desejo sexual. Isso acontece porque tais medicamentos desequilibram a produção de dopamina, serotonina e endorfina, neurotransmissores que desencadeiam sensações de prazer e bem-estar. Se falta harmonia entre eles, a sua vontade de sexo cai. Afinal quem quer saber dele quando está mal-humorada e sem disposição?

Fonte: Flávia Fairbanks, ginecologista especialista em sexualidade humana.

 

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