Casar, descasar, recasarcasamento – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Vendemos mal o nosso peixe http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/08/vendemos-mal-o-nosso-peixe/#respond Tue, 08 Mar 2016 23:38:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2817 Às sete da manhã de hoje, o celular começou a apitar do lado da cama com a chegada de flores pelo 8 de março. O buquê foi enviado por uma conhecida querida, mulher batalhadora, mãe, divorciada e que, no momento, enfrenta a batalha contra um câncer. Mais rosas foram chegando ao longo do dia, enviadas por homens também.

Flores são sempre bem-vindas, ainda que virtuais pelo WhattsApp! Agradeço. Mas o dia está mais para lembrar a luta diária por direitos iguais, fim das discriminações e ação de todos nós!

No quesito casamento e descasamento, um montão de questões do cotidiano refletem atitudes e mentalidades machistas. A dupla ou tripla jornada de trabalho (a remunerada na rua e a não remunerada em casa) é uma das temáticas femininas que, em matéria de Ibope, só perdem para a TPM quando se tem 20 anos.

Aliás, a questão é global. No mundo todo, é a mulher quem faz a maior parte do trabalho não remunerado (cozinhar, cuidar da casa e filhos): são 4,5 horas, em média, dedicadas todos os dias a esse serviço. É mais que o dobro da carga de trabalho doméstico dos homens, que passam mais tempo trabalhando fora de casa e se divertindo. Tudo isso segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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O caderno “The New York Times International Weekly” publicado na Folha no último sábado, dia 5/5, traz uma tabela com o número de horas que homens e mulheres de 29 países dedicam todos os dias às tarefas domésticas. A reportagem enfoca o aspecto econômico do tema: desigualdade de gênero trava o avanço econômico!

Como reduzir essa disparidade e melhorar o cotidiano massacrante especialmente de mulheres de classes mais baixas? Há quem fale em medidas governamentais, como licenças remuneradas para pais e mães de recém-nascidos. Mas a raiz da questão é sociocultural, mesmo, e passa pela educação de pais, mães e filhos.

A convite do “Casar, descasar, recasar”, a psiquiatra e analista junguiana Iraci Galiás, da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, escreveu uma reflexão bastante inspiradora em prol do resgate do feminino na nossa cultura.

O RESGATE DO FEMININO NA CULTURA

 

Por Iraci Galiás

Há muito tempo nossa cultura vem funcionando com divisão de papéis bem delimitada entre o homem e a mulher. Dizem os estudiosos que nem sempre foi assim, mas é assim que ficou. A cultura modifica seus valores, é uma espécie de organismo vivo que se transforma, tornando algumas coisas melhores e outras piores.

Nessa divisão de papéis, ao homem coube ser o provedor, o que resolve certos assuntos da família, o que se profissionaliza, exerce um trabalho que tem valor, tanto que ganha dinheiro. À mulher coube cuidar da casa, filhos, marido, enfim, da família. Lá pelas tantas, ela saiu à rua, se profissionalizou, foi para as universidades, se afirmou e até começou a ganhar dinheiro.

Só que passou a se sentir sobrecarregada. Além do que já cuidava, conquistou o direito de ter novas responsabilidades, dividindo com o homem as áreas que a ele cabiam.

Ouço de amigas, colegas e clientes, perguntas com as quais tenho empatia por fazê-las às vezes eu mesma: “Será que somos bobas, será que fizemos um bom negócio?”. Olhando por esse ângulo, muito espertas não fomos. Mas não acredito que possamos nos pensar “vítimas” de mais uma “esperteza” masculina, que tudo tenha sido trama do homem para diminuir sua tarefa. Afinal, todos nós, homens e mulheres, temos nossa dose de esperteza e nossa dose de tontice.

O universo do homem, de que ele se ocupa, é muito valorizado. É o mundo do sucesso, das conquistas, do sacrificado, mas grandioso. E o que ouvimos sobre o mundo da mulher? Queixas e muitas. “Que vida mais chata. Cuidar da casa é uma tarefa insana. Sempre fazendo as mesmas coisas. E ele ainda reclama do meu desânimo para fazer um lindo jantar para os homens de seu mundo importante dos negócios. E também tenho que ficar magra. Afinal, “ele é quem quer, ele é o homem, eu sou apenas uma mulher…” (até você, Caetano!).

Refletindo sobre essas questões, ocorreram-me algumas imagens. Imagine uma feira livre com duas bancas de pescado. Uma é dos homens e a sua propaganda é assim: “Comprem, comprem, comprem. Temos salmão de primeira, bacalhau fresco, lagosta, camarão, trutas e preciosos filés de linguado!”. E, claro, produtos tão bons custam caro, mas vale a pena. E o produto é tão bom e a propaganda tão bem-feita, que a mulher logo se esforçou ao máximo e comprou esse peixe. E continua comprando – o salmão-universidade, o bacalhau-trabalho fora de casa, a lagosta-cargo importante, o camarão-ganhar dinheiro, a truta-fazer palestras, o filé de linguado-escrever artigos etc.

Na frente dessa banca, há outra banca de peixe, a da mulher, e aos homens que passam por ali é feita a seguinte propaganda: “Comprem aqui, seus injustos e arrogantes. A sardinha está quase apodrecendo, as pequenas postas de cação já estão moles e grudentas, os mariscos, quase malcheirosos, e vocês ainda não compram? Vendo não tão barato porque, do contrário, tenho prejuízo, mas comprem, porque esta é uma obrigação de vocês!”. Logicamente, o homem não compra. Com essa propaganda, ainda que fosse só tonto, não o faria.

Se contratássemos uma consultoria para essa empresária-banca-de-peixe-mulher, seguramente alguns apontamentos e conselhos óbvios seriam dados. O primeiro: questioná-la por que ela desvaloriza tanto o seu produto. E se desvaloriza, como quer vender? E se quer mesmo vender, por que faz tão má propaganda do nosso produto ­– nosso porque nos coube mediante a divisão de papéis, nosso porque temos muita intimidade com ele.

Jung concebe o ser nascendo com arquétipos. Chama de arquétipo da Grande Mãe o que cuida da nutrição e fertilidade; a lua é um de seus símbolos. Chama de arquétipo do Pai o que cuida da separação entre os opostos de uma forma elitizada, separando o certo-errado, bom-mau etc., trazendo a clareza, coerência e pingos nos is. É simbolizado pelo sol.

Homens e mulheres possuem todos os arquétipos. Mas, na divisão cultural de papéis, a mulher ficou mais identificada com o arquétipo da mãe (dona-do-mundo-da-lua) e o homem, com o arquétipo do pai (dono-do-mundo-do-sol).

No nosso passeio reflexivo, vemos que a mulher ganhou o lugar ao sol, mas o homem ainda não ganhou o lugar à lua.

Voltando às imagens: imagine duas grandes batalhas sendo travadas por eles e por elas. A primeira é a da conquista do patriarcal. Para o homem, essa é uma luta alinhada com o que a sociedade espera. Se ganha o seu dinheiro, se impõe, se profissionaliza e faz sucesso, a “torcida” é favorável. Se não atinge esses objetivos, a cultura o marginaliza, não aceita, e isso atua como uma força que o impulsiona.

Para a mulher, essa batalha é mais complicada. Às vezes, ela encontra oposição social a que se desenvolva por meio do estudo e do trabalho. Tem que contar com força e definições pessoais muito maiores que o homem, já que não será impulsionada pela sociedade.

A segunda batalha é pelo resgate matriarcal. Para a mulher, esta batalha naturalmente só poderá ocorrer (quando ocorre), se ela tiver travado a primeira, ou seja, seu lugar ao sol. Nesse caso, chega um momento onde o mundo da Grande Mãe pede novamente espaço.

Essa batalha pode ser nem tão renhida, pois, em geral, ela nunca deixou inteiramente de exercer tais encargos. Além disso, tem uma familiaridade secular com esse universo, onde penetra sem ter que mostrar “documentos”. Está no que a nossa cultura identifica como “em seu lugar”, o qual por séculos foi o único que lhe coube. Então, de um lugar que era seu, a mulher sai e retorna a ele por opção.

Acontece que também o homem, na realização dos seus potenciais enquanto ser humano, necessita desse resgate. Mas desta vez ele não tem a mesma sorte! Tudo o que lhe foi culturalmente favorecido na primeira batalha (pelo patriarcal), agora não existe. O embate é árduo e de difícil aceitação social. Pela nossa cultura, o ingresso livre aos recintos onde a Grande Mãe reina só é permitido ao homem como filho.

Por que um homem tem que ser maternal, valorizar certos aspectos de cuidados pessoais e com os filhos ou exercer as tarefas domésticas? Será que ele é homem, mesmo, ou está com algum conflito na sua identidade sexual? Estas são as perguntas que nossa sociedade faz explícita ou implicitamente. A batalha então é solitária ou acompanhada por poucos.

Quando o homem não compra o produto da mulher, tão malpropagandeado, e não conquista seu lugar à Lua, perdem ambos – ele e ela. Sofrem ambos. Sofre a família. Perdemos todos.

Opostos simétricos

Uma das coisas buscadas no processo de individuação (como Jung chama a realização pelo ser humano dos seus potenciais) é a relação simétrica e dialética entre o homem e a mulher. Para haver essa simetria, é fundamental que ambos se deem conta de que são opostos simétricos. E que seus antigos mundos divididos (na nossa imagem, as duas bancas da feira) sejam simetricamente compartilhados. Enquanto funcionar o “ele é quem manda, ele é um homem, eu sou apenas uma mulher”, continuará funcionando o “todo dia eu só penso em poder parar / Meio dia eu só penso em dizer não / Depois penso na vida pra levar / E me calo com a boca de feijão”, como tão bem dizem os poetas!

A meu ver, o papel da mulher no resgate do feminino na nossa cultura é exatamente perceber o valor da Grande Mãe, de que preciosidade ela tem sido a guardiã e, com isso, ter elementos reais para fazer uma adequada propaganda do matriarcal entre os homens.

Acredito que difundir a validade de se viverem os segundos papéis é necessário. E para que nossa cultura não somente permita como “convide” o homem a vivê-lo quanto ao arquétipo da Grande mãe, nós mulheres temos uma boa tarefa!

Boa sorte a nós todos!

 

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Casais ganham serviço de prevenção contra crise conjugal http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/15/crise-conjugal-ganha-servico-de-prevencao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/15/crise-conjugal-ganha-servico-de-prevencao/#respond Tue, 15 Dec 2015 17:14:29 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2476 Categoria-Foto_SubCategoria-Making-Of-Renata-Xavier
Além de cruzar os dedos para tudo dar certo no casamento, os noivos dispõem de um curso de prevenção contra crises (Foto: Renata Xavier)

Em dez anos (2004-2014), o número de divórcios no Brasil cresceu 161%, segundo a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, que acaba de ser divulgada pelo IBGE. A notícia é boa porque indica, entre outros, que menos gente está mantendo um casamento por obrigação. Por outro, é uma tristeza: estão sobrando corações partidos.

Preocupadas com os candidatos a noivos e recém-casados, um trio de jovens psicólogas cariocas, Joana Cardoso, Daniela Miranda e Helena Cardoso, lançaram um serviço para prevenir crise conjugal. Batizado de Véspera, seu objetivo é antecipar as discussões mais comuns entre jovens casais, ajudando a evitar conflitos futuros.

Com base na experiência com atendimento de família nos seus respectivos consultórios, as psicólogas desenvolveram um serviço composto de cinco encontros. Três deles são pautados pelos temas que elas identificaram como os principais gatilhos para conflitos. Seguem abaixo.

  1. Diferenças de expectativas entre os parceiros (da festa de casamento a questões relacionadas a filho e estilo de vida). Por exemplo: a noiva sempre trabalhou e, na sua cabeça, depois de casada viveria dedicada integralmente à família. Mas essa sua ideia jamais foi conversada com o noivo; e ele nunca imaginou que ela poderia vir a mudar o estilo de vida depois do casamento. Resultado: conflito bravo depois da lua de mel.
  2. Relação com as famílias. Como será o relacionamento com a família da parceira (ou parceiro)? A sogra vai ter a chave de casa? Os enteados poderão trazer amigos à vontade ou terão que pedir autorização? Um determinado comportamento do parceiro (ou parceira) está ligado a traços da família dele (ou dela)?
  3. Administração da casa. Algumas questões pertinentes: o casal vai ter empregada? Sobre as despesas, quem vai vai pagar o quê? E como será a divisão das tarefas domésticas? Quanto à alimentação, o casal vai primar pelo cardápio saudável ou pelo prático fast-food?

Os dois encontros restantes são reservados a um acordo que trará as decisões do casal para cada impasse discutido anteriormente. As soluções devem ter sido definidas por ambos ao longo do processo para não serem motivo de discórdia no futuro e, claro, podem ser renegociadas no futuro.

“Não queremos antecipar a crise, e sim prevenir. Vamos levantar questões que hoje são gostosas de serem conversadas, mas podem ser um problema no futuro”, afirma Daniela Miranda.

Os encontros se valem de recursos terapêuticos como um jogo de tabuleiro criado por elas e árvore genealógica das duas famílias. Por meio deles, o casal é levado a conhecer e compreender a bagagem que cada um traz para a vida conjugal, a alinhar os planos para o futuro e a negociar regras da vida prática que, entre o pedido e a festa de casamento, foram deixadas de lado.

“Nosso objetivo é fazer com que aquela relação seja uma relação cooperativa, e não competitiva”, explica Joana Cardoso.

O pacote de encontros custa R$ 1,5 mil, cada um dura 1h30 e todos são conduzidos por duas psicólogas. Informações e agendamento de entrevistas são feitos pelo site. O consultório fica na cidade do Rio de Janeiro, mas em breve haverá atendimentos mensais em São Paulo.

Aos que já casaram há algum tempo, uma boa notícia: as psicólogas planejam expandir o projeto para outros momentos cruciais da vida, como a decisão de ter ou adotar um filho e se aposentar.

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Dicas na TV Folha para escapar de encrencas financeiras http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/11/dicas-na-tv-folha-para-escapar-de-encrencas-financeiras/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/11/dicas-na-tv-folha-para-escapar-de-encrencas-financeiras/#respond Fri, 11 Dec 2015 17:28:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2447 Da esq. para a
Danielle Brant, Bell Kranz e Marcia Dessen

“Socorro! A crise está acabando com o meu casamento! Não sabemos mais onde cortar gastos.”

O casal tem carro? Venda a máquina! As pessoas não costumam somar os custos fixos do automóvel, mas eles são muito altos. Aliás, manter um carro é mais caro do que um filho nos primeiros anos de vida. Sabia, não?

O “De caso com as finanças“, seção deste blog que responde a dúvidas financeiras dos leitores, gravou essa semana um programa na TV Folha com dicas preciosas não só para quem está casado, mas descasando ou recasando.

Para as mulheres casadas, o truque é ficar por dentro das finanças da família, já que a maioria delega tudo o que diz respeito a planejamento financeiro ao marido! Seja companheira também nesse momento e, de quebra, fique protegida caso passe a viver solteira no futuro.

Dois erros clássicos, porém pouco conhecidos: o casal não ter uma conta conjunta no banco ou só ter conta conjunta no banco.

Para conhecer as maiores encrencas na vida dos casais e dos ex-casais quando o assunto é dinheiro – e, claro, aprender a se livrar desses perrengues –, assista a conversa entre a consultora financeira Marcia Dessen, a repórter Danielle Brant, do caderno “Mercado”, da Folha, e eu.

 

 

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FAQ do poliamor http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/#respond Fri, 27 Nov 2015 19:55:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2423 Rafael Machado com Sharlenn Carvalho e Angélica Amorim com quem manteve um relacionamento poliamoroso.
O trio de poliamoristas: Rafael Machado entre Angélica Amorim (esq.), com quem ficou por 4 meses, e Sharlenn Carvalho (dir.), com quem teve um relacionamento por 4 anos (Foto: arquivo pessoal)

Por Giovanna Maradei

Rolos, namoros e casamentos quase sempre acabam porque um dos parceiros se apaixona por outra pessoa. Também não são raros aqueles que dizem, ao menos no começo, que se pudessem ficariam com ambos. O que impede? O entendimento de que a prática é antiética, “coisa de puta” ou de “homem canalha”. Mas manter uma relação afetiva com duas ou mais pessoas é também coisa de poliamorista, grupo que, segundo membros do movimento, vem crescendo no Brasil, contando com adeptos dos 20 aos 60 anos de idade.

“Há cinco anos, quando começamos a organizar os encontros, reuníamos cinco pessoas, agora tivemos um evento com quase 200”, afirma o sociólogo Rafael Guimarães Machado, coordenador do grupo “Pratique Poliamor RJ”. No Facebook, o maior grupo de poliamor, “Poliamor”, reúne cerca de 9 mil participantes.

Para eles, um amor não diminui e não necessariamente anula outros. “Você não tem um ‘saco de gostar’ para distribuir uma quantidade certa para cada pessoa, se você gosta muito de um, não tem que gostar menos de outro”, afirma Machado. Além disso, se os envolvidos estão cientes e de acordo com esse formato, a traição deixa de existir.

Parece a receita perfeita para um desastre, mas tem sido a opção de muita gente que, por sinal, anda satisfeita com o resultado. Você não entende como é possível? Casar, descasar, recasar também não. Por isso, resolveu esclarecer com funciona o poliamor e montou um FAQ (perguntas mais frequentes) com uma dúzia de questões básicas. Para respondê-las, foram ouvidos os poliamoristas Rafael Machado e Cláudia Naomi Abe e exploradas páginas nas redes sociais e o site “More Than Two”, criado por Franklin Veaux, que, junto com sua companheira Eve Rickert, escreveu o livro “More Than Two – A practical guide to ethical polyamory” (Mais de dois – Um guia prático do poliamor ético). O resultado você confere aqui.

1. O que é o poliamor?

Poliamor é um termo criado em 1991 para nomear um tipo de relação amorosa no qual as pessoas envolvidas estão abertas a ter mais de um parceiro afetivo ao mesmo tempo. As regras são mutantes, variam conforme o combinado feito pelos envolvidos, mas existe uma lei imutável para todos: homens e mulheres têm direitos iguais e devem estar 100% cientes de que fazem parte de um relacionamento poliamoroso. Caso contrário, é apenas a velha e péssima traição.

2. Mas esse esquema não é o mesmo do chamado relacionamento aberto?

Não. Aliás, um relacionamento poliamoroso pode ser fechado. Não é muito comum no Brasil, mas se você se relaciona com outras duas pessoas e vocês não querem mais gente envolvida na história, este relacionamento é poliamoroso, mas não é aberto.

Além disso, os casais que têm um relacionamento aberto, geralmente, só concordam que o parceiro se relacione com outra pessoa quando é “apenas por sexo”. O envolvimento emocional está proibido. No poliamor, essa barreira não existe. Uma pessoa pode até estabelecer relacionamentos exclusivamente sexuais com outras se quiser.

3. Mas então é um namoro a três?

Existem vários formatos de poliamor. Casal, trio ou grupo totalmente aberto ou com restrições (envolvimento com pessoas de fora do grupo desde que sejam de outro círculo social ou devidamente aprovadas pelo grupo). Trio ou grupo fechado, no qual as pessoas só podem se relacionar entre si. E até o chamado mono/poli, no qual um dos parceiros é poliamorista, mas o outro, por escolha, permanece monogâmico.

4. É o modelo perfeito para quem tem medo de se comprometer!

Não exatamente. Existem pessoas que descobrem o poliamor porque tiveram uma grande decepção amorosa e não querem mais o comprometimento enquanto fidelidade monogâmica. No poliamor, uma pessoa não se compromete a ter um relacionamento exclusivo com outra, mas deve cumprir uma série de acordos e com mais de um parceiro! Conclusão: para dar certo, não dá para ter fobia de compromisso.

5. Quer dizer que o esquema não é liberou geral?

Você é livre para ter mais de um parceiro, mas, como em todo relacionamento, existem regras e necessidade de defini-las abertamente. Não existe nada preestabelecido, os envolvidos combinam tudo a cada relação: como proceder quando quiser sair com outra pessoa; se um ou mais do grupo tem prioridade… Ficar com outra pessoa não é considerado traição, mas contrariar o acordo muitas vezes é.

6. Mas sempre tem um parceiro que é mais importante, não?

Em alguns casos existe, de fato, um ou dois parceiros que ganham prioridade. São pessoas com quem você está há mais tempo, faz mais planos para o futuro… Mas de forma alguma isso é uma regra, e com o tempo as preferências podem mudar.

7. Para entrar no poliamor é preciso ser bissexual?

Não. Dentro do grupo você vai encontrar modelos variados de orientação sexual. Segundo estudo de acadêmicos e representantes do movimento no Brasil, a maioria dos homens poliamoristas se identifica como heterossexual; depois, vêm os bissexuais e, por fim, homossexuais. Já entre as mulheres, a maioria se diz bissexual; em segundo lugar, estão as heterossexuais e, em terceiro, as homossexuais. Ou seja, cada um se relaciona da forma que acha melhor.

8. E como é que fica o ciúme?

Ele existe, mas o esforço para superá-lo é grande. Uma boa DR (discutir a relação) é sempre incentivada para que os parceiros acertem os ponteiros. Além disso, a prática ajuda. Com o tempo, ao perceber que seus amados vão se encontrar com outros, mas sempre voltam e que, mesmo saindo com outras pessoas, você continua tendo vontade de ficar com todas, o ciúme vai perdendo o sentido e, consequentemente, diminuindo. Recomendação número 2: conversar com outros poliamoristas sobre o assunto. Os experimentados ajudam os novatos a perceberem que, ao contrário do que os amigos monogâmicos costumam dizer, não sentir ciúmes em determinados casos pode ser absolutamente normal.

9. E na hora de construir uma família, ter filhos, abre-se mão do poliamor, certo?

Errado. Existem vários casos de pais poliamoristas. A responsabilidade de cada adulto em relação à criança varia conforme o formato da relação – se todos moram juntos, se os parceiros da mãe e/ou do pai frequentam a casa ou não, se os pais são divorciados e só um deles é poliamorista…. O que parece não mudar é a facilidade dos pequenos em compreender a situação e o papel de cada uma daquelas pessoas na sua vida.

10. Mas eles podem se casar? Dá para oficializar uma relação poliamorista?

O comum é que as pessoas não oficializem, mas não é uma regra. No Brasil, existem dois trios que tiveram sua união oficializada. O primeiro, composto de um homem e duas mulheres, obteve o registro em 2012 na cidade de Tupã (SP). O segundo celebrou a união em outubro deste ano no Rio de Janeiro e é composto por três mulheres. Nestes casos, geralmente, todos os direitos concedidos aos casais que estabelecem uma união estável devem ser concedidos aos três envolvidos.

11. No caso de separação o sofrimento é menor, não?

Sim e não. Se você está em um relacionamento poliamoroso com outras duas pessoas e uma decide terminar, você sofre como em qualquer outra separação, mas de fato tem a sorte de ter outra pessoa amada. Por outro lado, quando mais de uma pessoa termina o relacionamento com você, o sofrimento é dobrado ou até triplicado. Ninguém sofre pelo conjunto, mas por cada uma das separações, pela falta que cada um vai fazer em sua vida.

12. Achei interessante. Onde eu encontro essas pessoas?

A internet é a melhor forma de fazer um primeiro contato. Existem diversos grupos espalhados pela redes sociais que se comunicam on-line e também promovem encontros, debates, rodas de conversa.

Mas é preciso estar atento para garantir que você está em um grupo em que as pessoas são realmente poliamoristas, e não estão apenas querendo trair seus parceiros ou promover um encontro sexual com vários. Entre os mais sérios e conhecidos estão o nacional, Poliamor Brasil, e também o regional, Pratique Poliamor RJ.

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A partir de março, casar fica mais fácil para deficientes http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/10/22/a-partir-de-marco-deficientes-fisicos-e-intelectuais-podem-casar/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/10/22/a-partir-de-marco-deficientes-fisicos-e-intelectuais-podem-casar/#respond Thu, 22 Oct 2015 20:26:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2207 Arthur e Ilka se casaram no final de 2012, através de um contrato particular de união estável (Foto: Fabrio Braga/Folha press)
Arthur e Ilka tentaram um ano na Justiça para ter o direito de casar; tiveram que fazer um contrato de união estável (Foto: Fabrio Braga/Folha Press)

Desde 2009, a Convenção Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, que consta da Constituição, garante que todas as pessoas com ou sem deficiência intelectual e/ou física têm direitos iguais. Apesar disso, casar é uma missão quase impossível para essas pessoas. Isso devido a uma má interpretação da Convenção, afirma o advogado Paulo Lôbo, diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

A falta de uma determinação expressa das Corregedorias de Justiça, que são vinculadas aos Tribunais de Justiça de cada Estado, aos oficiais dos cartórios leva-os a se sentirem inibidos e se negarem a realizar os casamentos. Sendo assim, casais com determinadas deficiências são obrigados a entrar com processo judicial para conseguir casar – quase sempre sem sucesso. É o caso de “Arthur Dini Grassi Netto e Ilka Farrath Fornaziero. Os dois, com síndrome de Down, lutaram durante um ano na Justiça para ter acesso a esse direito. No final, tiveram que optar por um contrato particular de união estável.

Agora, a Lei Brasileira de Inclusão vem e elimina qualquer dúvida. Sancionada em julho deste ano, ela entra em vigor em março e fica decretado que a deficiência não afeta a capacidade civil de uma pessoa, seja para votar ou ser votado, tomar decisões sobre sua sexualidade, estudar, trabalhar, exercer seu direito a privacidade e, claro, casar, estabelecer união estável e ter filhos.

Essa nova lei modifica o Código Civil, segundo o qual pessoas com deficiência não são consideradas plenamente capazes e por isso não têm condições de tomar certas decisões. Segundo a Lei Brasileira de Inclusão, “só são absolutamente incapazes os menores de 16 anos. Ninguém mais é considerado incapaz, e a curatela deve existir apenas para fins econômicos, não para fins existenciais”, diz o advogado.

 

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Nome de casado: ter ou não ter? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/#respond Fri, 11 Sep 2015 20:02:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2020 A bela Bianca Jagger no casamento com Mick Jagger, que não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida
A nicaraguense Bianca Jagger no casamento com o stone Mick Jagger; a união não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida (Foto Associated Press)

Por Giovanna Maradei

Hillary Clinton, uma das principais pré-candidatas a presidência dos Estados Unidos, fez questão de permanecer Hillary Rodham depois de casada. Calcula-se que a atitude “subversiva” custou à Bill 6% dos votos na campanha de reeleição ao governo de Arkansas, em 1980. O adversário, Frank White, aproveitava todas as ocasiões para se referir à sua esposa como “Mrs. Frank White” e, assim, reforçar a ideia de que abrir mão do nome Clinton era um sinal de falta de comprometimento de Hillary com o marido. A estratégia parece ter funcionado. O casal White venceu a eleição. Pouco depois, Hillary voltou atrás e incorporou o Clinton.

Mudar ou não de nome com o casamento é uma questão para muitos casais, sejam figuras públicas ou anônimos. Todo blog de noiva tem ao menos um post ponderando esse assunto, já que a decisão pode impactar até as famílias do casal.

O MEU, O SEU E OS NOSSOS NOMES

Até 1977, toda brasileira que casasse era obrigada a adotar o nome do marido. Depois, a mudança passou a ser uma opção. Em 2002, o Código Civil previu a possibilidade de o marido também mexer no sobrenome, incluindo o da mulher. Mas, na prática, de lá para cá quase nada mudou.

Em 2014, cerca de 88% dos casais paulistas fizeram alguma alteração no sobrenome quando se casaram. Em 65% dos casos, a mulher adotou o nome do marido; em 21%, os dois cônjuges mudaram seus sobrenomes, e só em 1% o homem levou o sobrenome da mulher, que manteve o dela.

TRABALHÃO

Mudar o nome dela, dele ou dos dois sempre dá trabalho. É preciso providenciar a alteração de todos os documentos que levam a versão antiga: RG, CPF, título de eleitor, CNH, carteira profissional, cartões de crédito e até registros de imóveis ou uma simples conta de casa para ser usada como comprovante de residência. Caso falte algum, é possível usar a certidão de casamento na maioria dos processos, diz o advogado Zeno Veloso, diretor nacional do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), mas a solução não é lá muito prática.

Além de adicionar o sobrenome do parceiro, há noivos e noivas que optam por suprimir alguns de seus sobrenomes de solteiro. Neste caso, as regras variam conforme a lei de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, não é permitido retirar todos os sobrenomes de solteiro, mas alguns sim. O ideal é que os noivos se informem no cartório onde vão oficializar a união para evitar surpresas no grande dia.

NO CASO DE DIVÓRCIO

O contrato de divórcio deve trazer um acordo sobre como ficará o nome de cada um dos cônjuges. A mudança não é obrigatória, ao contrário, como explica o diretor nacional no IBDFAM: “A moderna doutrina entende que o nome se insere na personalidade da pessoa”. Ou seja, o nome de casada passa a ser o da daquela pessoa. Se houver interesse, deverá permanecer mesmo após o fim do casamento.

Mas quem quer ficar com o nome do ex? Retirar o sobrenome que carregava quando casado pode ser libertador para alguns e também trazer prejuízos para outros. Um caso célebre é o da modelo Luiza Brunet, que construiu sua marca usando o sobrenome do primeiro marido. Por isso, ganhou na Justiça o direito de continuar com ele mesmo após a separação. O sobrenome tornou-se de tal maneira parte de sua identidade que foi repassado para a filha, Yasmin, fruto de sua segunda união.

E você manteria o nome do ex (ou da ex)? Veja abaixo personalidades que disseram sim.

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Príncipes brasileiros e TFP assinam abaixo-assinado ao papa http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/31/principes-brasileiros-e-tfp-assinam-abaixo-assinado-ao-papa/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/31/principes-brasileiros-e-tfp-assinam-abaixo-assinado-ao-papa/#respond Mon, 31 Aug 2015 18:40:47 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1926 Mais de meio milhão de pessoas, segundo os organizadores da empreitada, já assinaram um manifesto pedindo ao papa Francisco que não permita a comunhão aos divorciados em segunda casamento civil e condene as uniões homossexuais – “contrárias à lei divina e à lei natural”.

Na carta ao “Beatíssimo Padre”, o grupo afirma que “desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de costumes morais contrários à lei natural e divina, tão implacável que torna hoje possível, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante `teoria do gênero’, a partir da mais tenra infância”.

Foto de tela do site com abaixo assinado contra a comunhão dos divorciados em segundo casamento
Foto de tela do site com abaixo assinado contra a comunhão dos divorciados em segundo casamento

Em outubro, bispos do mundo inteiro vão discutir no Vaticano, durante o segundo Sínodo dos Bispos (espécie de Parlamento da Igreja Católica), o tratamento da Igreja Católica aos divorciados e o casamento gay, o que pode render mudanças nas regras da Igreja.

Leia também: Hóstia para os divorciados!

A campanha contra está publicada na página Filial Súplica a Sua Santidade o Papa Francisco sobre o Futuro da Família e traz a lista das chamadas personalidades que assinaram a petição.

Entre os brasileiros, estão vários arcebispos (da Paraíba, do Ordinariado Militar, de Juiz de Fora…); o co-fundador da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), Adolpho Lindenberg; e dois príncipes – Dom Antônio de Orleans e Bragança e Dom Luiz de Orleans e Bragança.

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Foto de tela do abaixo assinado a favor da comunhão para divorciados que voltaram a se casar

De outro lado, o papa Francisco receberá um abaixo-assinado em apoio a possível decisão do Sínodo de permitir o acesso à comunhão aos divorciados em segunda casamento. A campanha acaba de ser lançada por um grupo de teólogos espanhóis de prestígio reconhecido. Chamada “Carta ao Bispo de Roma”, foi lançada em espanhol na plataforma Change.org e será acompanhada de outras em inglês, francês, alemão e italiano.

Na carta, os teólogos afirmam que “a prudência pastoral não só permite como hoje exige uma mudança de postura” e apresentam razões bíblicas e antropológicas para justificar o manifesto.

Uma delas refere-se à célebre frase “o que Deus uniu o homem não separa”, alegando que não se conhecia no tempo de Jesus a situação de um casamento (talvez por culpa de ambos ou de uma incompatibilidade de gênios desconhecida anteriormente) que fracassa no seu projeto de união. O texto argumenta que na Palestina do século 1, as palavras de Jesus referiam-se diretamente ao marido que trai e abandona a mulher por outra mulher ou por motivo desse tipo. Ou seja, trata-se primeiramente de uma defesa da mulher.

E você: é a favor ou contra que os católicos divorciados e recasados participem da comunhão? Mande o seu voto para cá!

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Hóstia para os divorciados! http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/27/hostia-para-os-divorciados/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/27/hostia-para-os-divorciados/#respond Thu, 27 Aug 2015 14:22:02 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1905 (Foto: Luca Zannaro/Associated Press)
O revolucionário papa Francisco estimula a discussão sobre a relação da Igreja com os fieis divorciados (Foto: Luca Zannaro/Associated Press)

Da coleção de frases geniais do papa Francisco, uma funciona como bálsamo para quem sofre as dores do fim de um casamento: “Deus não tem medo das coisas novas! É por isso que está sempre a nos surpreender, a abrir nossos corações e a nos guiar por caminhos inesperados”.

A Igreja, por sua vez, não quer saber de caminhos inesperados, a menos no quesito casamento. Os milhares de divorciados católicos que recasam são proibidos de comungar. A regra afasta e causa angústia aos fieis, que se sentem católicos de segunda categoria.

“Eu fiquei mal com a Igreja por causa disso”, conta a empresária Janete Leão Ferraz Cortella, de 56 anos, que teve dois casamentos (por 6 anos e, depois, por 28 anos) e ambos os ex-maridos já haviam casado na igreja. “Os pecadores foram eles, não eu, né? Sempre fui inocente nessa história. Nunca casei na igreja. Mas eu que era punida”, reclama ela, que não recebia a eucaristia. Para o catolicismo, Janete estava envolvida numa relação irregular.

Preocupado com a forma como a Igreja trata essa e outras questões da família moderna, o papa revolucionário ou reformador, como vem sendo chamado Francisco, busca levar novos ares para a Igreja. Sem invalidar o caráter “até que a morte os separe” do casamento, volta e meia ele salpica declarações em defesa de um melhor tratamento aos divorciados e seus filhos.

“Quando o amor fracassa, e fracassa muitas vezes, devemos sentir a dor desse fracasso, acompanhar a pessoa que tenha sentido o fracasso de seu amor”, declarou Jorge Mario Bergoglio.

Sem citar o divórcio, ele chegou a considerar que a separação de uma família pode ser “moralmente necessária”: “Algumas vezes, ela pode tornar-se mesmo moralmente necessária, quando se trata de proteger o cônjuge mais frágil ou as crianças das feridas mais graves causadas pela intimidação e pela violência, a humilhação e a exploração”.

O papa já liberou a comunhão para a mulher de um divorciado. Pelo menos é o que contou para o mundo, no ano passado, a argentina Jaquelina Lisbona, 47, casada há 19 anos. Proibida pelo padre da sua cidade de receber o sacramento na missa de crisma de suas filhas, ela conta que escreveu para o pontífice pedindo orientação. Ele então teria telefonado para ela, autorizando-a a participar da comunhão, mas em outra igreja para não causar confusão com o padre que negou a hóstia. “Alguns são mais papistas que o papa. Vá a outra paróquia e se confesse, que não há nenhum problema”, teria dito Francisco, acrescentando que a condenação do divórcio e do segundo casamento pelo catolicismo está sendo tratada pelo Vaticano: “É um tema que está sendo abordado na Igreja, porque o divorciado que comunga não está fazendo nada de mau”.

“Há, sim, um profundo desejo de que a Igreja reveja alguns elementos da sua doutrina à luz do senso dos fieis e da experiência de outras tradições cristãs. Há também uma certa resistência a esta revisão”, afirma o padre Ronaldo Zacharias, doutor em teologia moral. “Saídas existem. Para qual delas Francisco vai nos orientar, devemos aguardar para ver”.

Aguardar pouco. Em outubro próximo, acontece no Vaticano a segunda etapa do Sínodo dos Bispos (espécie de Parlamento da Igreja Católica), cujas discussões sobre questões da família moderna vão servir de base para o papa Francisco elaborar orientações sobre regras da Igreja Católica – queira Deus, com mudanças!

Veja aqui: charge de Charlie Hebdo do papa com divorciadas

O DIVÓRCIO E AS RELIGIÕES

BUDISMO

O casamento no budismo é visto de maneira positiva. O namoro também. E o divórcio, de modo muito leve. Porque se a relação que chamamos de casamento, que é a proximidade, o morar junto, está trazendo mais sofrimento do que benefício para ambas as pessoas, o divórcio é a coisa mais benéfica que pode acontecer. No budismo, porém, as relações sempre continuam. É impossível você interromper uma relação, ela sempre segue.

A gente até brinca que a relação de ex, às vezes, é mais longa do que a relação entre marido e mulher. O Lama Samten sempre diz que deveríamos preparar o fim com o mesmo cuidado que preparamos o começo.

No começo, sentamos juntos, pensamos, conversamos para poder iniciar a relação de um jeito positivo, fazemos uma festa. Na hora do divórcio, é ainda mais importante, porque a relação que você está preparando é uma relação para o resto da vida.

Sempre que a pessoa casa ou descasa, existe algo nela que não casa e não descasa, e essa região mais livre é o que interessa no budismo. O mais importante é a natureza livre que é da pessoa. Se você se divorciou ou não se divorciou, isso é o de menos.

Quem está passando pelo divórcio pode ter a oportunidade de ampliar sua prática de equilíbrio, sabedoria e compaixão. Nessa situação, a pessoa quer excluir o outro, busca culpados, acha que a causa do seu sofrimento é externa. Esse engano fica muito evidente, por isso o momento é bom para as práticas. E também como preparo para ajudar o outro, olhar bem como isso se dá, porque quando seu amigo estiver passando por isso você vai realmente ter o que dizer.

Na verdade, o amor no budismo é para ser praticado com todas as pessoas. Não é um sentimento, é a motivação e o desejo de que os outros sejam felizes e uma ação para que isso aconteça. A ideia, então, é que você ame muito mais pessoas do que só seu marido e sua esposa.

 Gustavo Gitti, conduz práticas do CEBB-SP (Centro de Estudos Budistas Bodisatva de São Paulo) e é aluno do Lama Padma Samten

CANDOMBLÉ

São poucas as pessoas que casam segundo o rito do candomblé; muita gente candomblecista casa na Igreja Católica ou recebe uma benção. Mas existe um rito sagrado, claro. Na tradição Iorubá, uma das vertentes do candomblé no Brasil, o casamento é indissolúvel e feito perante ifá [porta-voz de Orunmilá, conhecido como o orixá do destino].

Antes de dizer sim, é aberto o oráculo para saber se a união é apropriada ou não, ver por que aquela pessoa entrou na vida da outra, se tem a ver com seu destino, qual o sentido que elas têm juntas… Por isso, não é só um casamento de dois corpos, mas são dois casamentos espirituais, levando em conta que existe toda uma história de ancestralidade envolvida. Depois da consulta, são feitas as oferendas necessárias e a cerimônia.

Esse é um casamento para o resto da vida. Mesmo que o homem, por exemplo, morra, a mulher vai viver sozinha, não vai ter outro homem. Mas caso eles decidam viver separados, poderão praticar a religião normalmente, isso não é o problema.

Babalawo Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intelorância Religiosa

CATOLICISMO

É preciso distinguir separação de divórcio. A Igreja Católica reconhece que são inúmeros os fatores, inclusive alheios à vontade de ambas as partes, que podem levar uma relação conjugal ao fracasso. Se, depois de esgotar todos os meios para “salvar” o matrimônio, impõe-se a separação para o bem das pessoas envolvidas, a Igreja coloca-se ao lado das pessoas separadas e oferece-lhes o apoio necessário para que vivam uma vida íntegra na busca da verdade, na prática do bem e na edificação da santidade.

O divórcio, por sua vez, é uma realidade mais problemática, pois implica um novo casamento, o que violaria a indissolubilidade do casamento anterior. Segundo a doutrina da Igreja Católica, uma vez que o primeiro casamento é presumivelmente válido, mesmo tendo sido desfeito, a Igreja não tem autoridade para liberar dele as pessoas; os divorciados que se casaram de novo podem e devem participar da vida eclesial, desde que se mantenham afastados da comunhão eucarística, visto que o seu estado de vida contradiz objetivamente a união de amor entre Cristo e a Igreja, significada na Eucaristia. Exceção é feita ao casal que se abstiver das relações próprias dos cônjuges, isto é, àquele que viver em plena continência. Em síntese, todos os aspectos da vida matrimonial podem ser compartilhados na intimidade, menos a intimidade sexual.

Há quem advogue que uma noção de casamento que exige a alguém honrar todas as dimensões da união, com exceção da sexual, torna-se, no mínimo, suspeita. Isso se explica devido ao fato de o matrimônio ser compreendido mais como contrato do que como aliança. O que torna válido o contrato é o consentimento entre as partes e este é considerado irrevogável. Do ponto de vista religioso, ele é consagrado como irrevogável. Sendo assim, se não houver uma falha no consentimento inicial, capaz de invalidá-lo, o contrato confere aos parceiros direitos mútuos que não podem ser violados nem transferidos.

O Papa Francisco parte do pressuposto de que o amor fracassa e as pessoas que amam fracassam e, por isso, a Igreja deve se sentir a dor desse fracasso e acompanhar quem o sofre na própria pele, convicto de que “o Senhor está perto de quem tem o coração ferido” (Sl 34, 18). Por isso, a Igreja, segundo ele, tem obrigação de ser expressão do amor misericordioso de Deus para as pessoas que fracassaram na vivência do amor, pondo-se a serviço delas. A impressão que se tem é de que Francisco está mais interessado em considerar se um casamento é vivido como um relacionamento humano com potencial para a salvação do que em saber se ele é validamente contratado.

Padre Ronaldo Zacharias, doutor em teologia moral

IGREJA EVANGÉLICA

A bíblia diz que Deus odeia o divórcio. Deus concede o divórcio pela dureza do coração do homem, pela impiedade do homem.

Pregamos contra o divórcio, mas entendemos que existem casos em que não há saída, como o de uma mulher que é espancada por um homem e tem ameaça de morte. Essa mulher vai ficar casada com esse cara? Só se um pastor tiver um juízo perturbado para dizer que está tudo bem. Como manter o casamento se o cara já quase matou a mulher, já foi para a delegacia, já teve espancamento? Então, existem esses casos em que o casamento tem que ser interrompido para não haver uma tragédia. Mas entendemos também a banalização do casamento. Qualquer coisa, o cara quer se divorciar. Não aceitamos de maneira pacífica, no sentido do “está tudo bem, você casou e não gostou, então vai lá e se separa”. Não, não, não. Tanto que há todo um trabalho na Igreja evangélica antes de o camarada casar.

A pessoa que se divorcia não é expulsa da Igreja, não é posta para fora, nem deixa de ser membro, e o pastor vai tentar de toda forma salvar o casamento deste pessoal.

Em algumas igrejas (os evangélicos não têm uma vertente única para falar de divórcio), se a causa do divórcio não foi adultério, o camarada deixa de atuar em certas funções de departamentos da Igreja. Por exemplo, se esse camarada se divorcia, ele não vai tomar conta de casais. Como vai falar de unidade, de casamento, se ele está divorciado? Eu te garanto que a maioria das igrejas não vai deixar um camarada divorciado tomar conta de casais.

Há uma diferença entre a ovelha que está na igreja e o pastor. Este, para se divorciar, recebe muita repulsa se não houve adultério. Perde a credibilidade e, grande parte dos pastores, perde a igreja, porque como um pastor celebra um casamento e pede que o casal fique unido para sempre se ele tem um divórcio por causas banais? A não ser que ele tenha sido comprovadamente traído; aí, ele está aliviado.

Pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho de Pastores do Brasil

ISLAMISMO

O divórcio é um direito tanto do homem como da mulher. A religião islâmica, porém, não vê como agradável que essa seja a primeira solução para um conflito de casal, mas a última, quando não há mais como conciliar, como dialogar.

Faz parte do ser humano criar tabus e estigmas. A religião islâmica vem para lapidar isso e mostrar que o divorciado é uma pessoa comum. O próprio profeta Mohamed, o último dos profetas que foi enviado para nos guiar, com 25 anos de idade quebrou todos os tabus da época. Casou com uma mulher 15 anos mais velha, viúva duas vezes, que já tinha filhos e era patroa dele, uma empresária. Quer dizer, ele quebrou todos os tabus da época para demonstrar que estes tabus não podem restringir os direitos das pessoas. Portanto, as pessoas divorciadas têm o direito de casarem novamente com quem elas quiserem e não devem sofrer qualquer preconceito ou discriminação. 

Sheik Jihad Hassan Hammadeh, presidente do Conselho de Ética da União Nacional Islâmica

JUDAÍSMO

No judaísmo, existe a possibilidade do divórcio religioso. Quando fazemos um casamento, não dizemos até que a morte os separe, porque acreditamos que a morte é um dos fatores que podem separar um casal, mas existem outros. Quando deixa de haver uma compatibilidade entre um homem e uma mulher, em que não existe mais respeito, não existe mais amor, não existe mais diálogo, acreditamos que o divórcio é legitimo. É função do rabino tentar reaproximar esse homem e essa mulher que querem se separar. Mas, se ele estiver convencido de que isso não é mais possível, vai conduzir uma cerimônia chamada guet, que é uma cerimônia religiosa de divórcio.

No passado, esse divórcio tinha que acontecer por iniciativa do homem. Mas as autoridades religiosas já repensaram esse procedimento e hoje tanto homem quanto mulher podem dar inicio ao processo de divórcio judaico.

Depois, eles voltam a casar normalmente, com qualquer outro homem ou qualquer outra mulher judia e terão sua união celebrada por um rabino na sinagoga, como se fosse a primeira vez.

Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista e representante da Confederação Israelita do Brasil para o Diálogo Inter-religioso

 

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Socorro! Meus pais vão se separar (aos 70!) http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/#respond Fri, 24 Jul 2015 20:22:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1763 A dona de casa Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp
Kit qualidade de vida do idoso inclui mais do que exercício, alimentação saudável e vida social ativa; na foto, Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp

O pacote qualidade de vida do idoso – programação social intensa, muita atividade física, hobbies e até um desafio profissional – é a realização de todo filho. Agora, quando o interesse dos digníssimos progenitores é dar uma geral na vida conjugal, aí vira um perereco!

O pensamento dominante e angustiante costuma ser: “Separados, eles vão dar mais muito mais trabalho do que juntos”. No caso de um recasamento, o Deus nos acuda tem outra motivação: “Como vai ficar o patrimônio?”. E se a filhona ouve falar que papi, aos 80, pensa em sexo, ela “surta”, porque a hipótese lhe parece totalmente abominável.

Uma profusão de ideias e atitudes equivocadas abalam a vida de pais e filhos, criando uma novo formato de conflito de gerações. Os mais jovens desconhecem ou não entendem o interesse dos mais velhos em preencher os anos seguintes com realizações variadas, inclusive na vida conjugal – quem tem 60 hoje pode contar com mais umas duas ou três décadas de vida pela frente.

Os filhos podem atrapalhar o caminho desses pais ou serem facilitadores. Na tentativa de colaborar com as duas partes, “Casar, descasar, recasar” revela aqui o que é importante saber quando o assunto é sexo e vida conjugal de idosos. As informações valiosas foram dadas pelo professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da USP e diretor do  Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas, Wilson Jacob Filho. Confira abaixo.

AS FILHAS

Para a filha casada, a separação dos pais é um choque, apesar de que raramente ela é pega de surpresa, a não ser quando a mãe descobre que o pai tem uma vida paralela; em geral, ela sabe que aquele casamento foi se complicando. É um choque por dois motivos. Primeiro porque se desfaz aquele elo que sempre teve como diretriz, o ambiente de segurança. E segundo porque sabe que separados eles darão mais problema para ela do que casados.

Quando o casal está junto, e ele tem uma pneumonia e vai para o hospital, quem vai cuidar? É a mulher. Se estão separados, é o filho. Um já não é mais do outro. A filha não chega e fala ‘mãe, ele é teu marido’ ou ‘pai, ela é tua esposa’. O pai passa a ser do filho ou da filha enquanto não encontrarem outra pessoa que ajude a cuidar dele, no sentido laborial ou financeiro.

Um fato absolutamente verdadeiro: mulheres com filhas ainda jovens ou solteiras temem iniciar um novo relacionamento com um homem por achar que ele possa se interessar pela jovem. É frequentíssimo ouvir: “Enquanto as minhas filhas não casarem, eu não me aproximo de nenhum homem”. Ou quando perguntada “por que a senhora não iniciou um novo relacionamento?”, a resposta é “porque eu tinha filhas mulheres e isso é muito perigoso”. Perigoso para ela pela possibilidade de ser preterida em função de sua filha e perigoso para a filha ao levar para casa um homem que ela não pode confiar. Existe uma lógica nisso. No lado mais dramático, uma boa parte dos abusos sexuais foram feitos por padrastos.

A filha acha que o pai é dela, tem um ciúme impressionante. As filhas de homens, dizem ‘meu pai’ com uma carga de posse: ‘Você está dizendo isso do meeeeeeeu pai?’. Respondo: ‘Estou dizendo que o seu pai precisa de uma companheira para fazer aquilo que ele não pode fazer com você’. E ela fica estupefata, pasma, em ouvir que aquele homem de 75, 80 anos tem desejo sexual. Não gosto de endeusar isso, mas faz parte.

A filha, quando tem uma mãe que vai casar, fica feliz. A preocupação é fundamentalmente com o patrimônio. Vai querer saber como vai ser a condição patrimonial da família. Como vão ficar os seus bens, pensar no futuro do “Jorginho”. A questão patrimonial mexe com todo o mundo; as pessoas ficam possessas quando veem seu patrimônio ameaçado. 

OS FILHOS

O filho homem tem muito ciúmes da mãe. Depois da separação, muitas vezes ele entende ser o homem da família, o macho alfa. Quando a mãe tem um novo relacionamento, é como se ele estivesse perdendo a liderança dentro da própria casa. Isso quando os filhos moram na casa da mãe. Quando vivem fora, o temor é financeiro. A exigência, que ocorre com muita frequência, é que o possível novo casamento seja com separação total de bens para que não haja possibilidade de comprometimento.

Filhos entre 30 e 50 anos, muitas vezes sobrecarregados pelo cuidado dos pais separados, veem em um novo casamento do pai ou da mãe a possibilidade de dividir o trabalho e a responsabilidade com alguém. Um pai que estava, por exemplo, pedindo para a filha fazer supermercado, telefonar todo dia, de repente com uma companheira não vai precisar mais disso.

Muitos filhos tentam aproximar, principalmente os pais e menos as mães, de um eventual potencial companheiro. Eles tentam apresentar: ‘Olha, tem uma senhora lá no meu escritório procurando alguém para ir ao cinema. Por que você não vai com ela?’. Muitos dos pais reclamam que eles querem favorecer um casamento a qualquer custo. Esses idosos são muito pressionados. Os pais hoje dão muito menos palpite no casamento dos seus filhos do que os filhos dão no dos seus pais.

O SEXO

Uma mãe de 70 anos dificilmente confessa a seus filhos que tem necessidades sexuais. Os filhos não aceitam isso ou aceitam muito raramente. Acham que a mãe ou o pai são assexuados, frutos de uma geração espontânea, que nunca transaram; se transaram, foi de luz apagada.

Eu falo para a filha: “Você acha que a sua mãe não gosta de sexo?”.

Ela acha abominável isso, quando a mãe acaba de me dizer na consulta que se masturba duas, três vezes por semana.

A quantidade de senhoras que vai para uma instituição de longa permanência e levam um vibrador é gigante!

Pessoas com idade avançada não perdem a sua sexualidade. Podem modificá-la de forma a ficar socialmente mais aceita. Uma mulher de 80 anos diria, por exemplo, “olha, minha filha, que homem lindo”, quando na verdade ela gostaria de ter o contato.

Uma frase muito falada é: “O remédio que eu preciso não vende em farmácia”. Mas isso não pode ser dito aos seus filhos. Eles têm dificuldade de entender que os pais são mais do que provedores, de fazer essa transição do papel da mãe para o de mulher.

QUEIXA DE IDOSAS

Da mulher de 70, eu geralmente ouço: ‘Ele até que é interessante, mas está em busca de uma enfermeira, não de uma esposa”. Geralmente, o homem não tem a oferecer, ele tem a pedir. Às vezes, tem a oferecer uma proteção financeira, mas tende a esperar uma condição de cuidados. Não raramente homens que foram viúvos de mulheres que precisaram de cuidado, casam-se com as cuidadoras, que já conhecem a casa e sabem cuidar. Então, existe esse lado.

Uma queixa muito frequente delas: “Fui ao baile, ele me tirou pra dançar e queria saber onde a gente ia passar a noite. Eu não quero passar a noite com ninguém ainda. Eu quero namorar, jantar, ir no teatro, fazer uma série de coisas antes de passar a noite”.

Não tenho a menor duvida de que a mulher busca um companheiro, tanto que, se ele não for muito sexualmente ativo, isso não é um obstáculo. Mas se ela não for, é um obstáculo.

QUEIXA DE IDOSOS

Muito homens dizem isso de seus filhos: “Olha, eles arrumam cada mulher para mim! Eu digo deixa que eu me viro, eu me arranjo, tô muito bem sozinho”.

O filho tem que ter calma, incentivar que tanto o pai quanto a mãe tenham vida social, mas não necessariamente casamento. Devem fazer uma abordagem suave, delicada. É pior ficar empurrando. Isso vale também para a filha em relação à mãe.

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Mantenha a calma e tenha um vibrador http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/15/mantenha-a-calma-e-tenha-um-vibrador/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/15/mantenha-a-calma-e-tenha-um-vibrador/#respond Fri, 15 May 2015 13:49:18 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1644 finde me a vibrator

O vibrador foi inventado por um médico no século 19 para substituir o trabalho manual dos colegas que sofriam uma espécie de LER (lesão por esforço repetitivo) de tanto masturbar suas pacientes. Parece piada, mas essa é a história da origem do acessório, instrumento médico para tratar uma doença psíquica conhecida como histeria, cujos sintomas eram irritabilidade, ansiedade, choro, falta ou excesso de apetite, entre outros altos e baixos. Para tanto, o clitóris era massageado até a paciente atingir o “paroxismo histérico”, ou o hoje conhecido orgasmo, como conta o jornalista britânico Jonathan Margolis em “A História Íntima do Orgasmo” (editora Ediouro).

A invenção do aparelho sexual também é mote de um filme de ficção histórica e comédia inteligente, irônica, perspicaz, que retrata a época bizarra em que a mulher não tinha direito de votar, era excluída do mundo acadêmico e o funcionamento do seu corpo, um completo desconhecido. Trata-se da produção inglesa “Histeria”, de 2011 – assista o trailer aqui.

Hoje, o vibrador é guardado com cuidado na mesa de cabeceira de mulheres saudáveis. Seu uso é indicado por ginecologistas e sexólogos para ajudar no prazer feminino e do casal. Não substitui carinho, beijos, sussurros ou olhares apaixonados. Mas apimenta a relação sexual e desperta libidos adormecidas.

A americana Jennifer Cullen, editora do site middleSexy.co, experimentou o acessório depois que se divorciou, quando entrava nos 40, e nunca mais se separou dele. Casou de novo e levou o vibrador junto. Leia o depoimento dela abaixo.

Meu primeiro vibrador

Por Jennifer Cullen

Depois que eu me divorciei, uma grande amiga me deu um vibrador e disse para eu ir para casa e usá-lo.

Eu estava com quase 40 anos de idade e nunca tinha visto um vibrador de perto.

O que eu ganhei era um daqueles que imita um batom. Pequeno, mas poderoso!

Na primeira vez, foi estranho usá-lo. Eu ainda lembro a minha hesitação. Até esperei meus filhos irem passar a noite na casa do pai. Chequei se todas as portas estavam trancadas e subi as escadas para o meu quarto.

Uau! Como foi bom. Eu não conseguia lembrar a última vez que havia tido um orgasmo. No ano que antecedeu o meu divórcio, ou até antes, minha sexualidade hibernou. Muito estresse e angústia causados pela lenta desintegração do meu casamento.

Precisei de muito tempo para eu me sentir realmente confortável comigo mesmo. Mas  despertar minha sexualidade lentamente, com a ajuda de um vibrador, foi justamente o que eu precisava. Eu não tive que me preocupar com sexo seguro ou em me sentir desconfortável por estar com alguém novo, depois de viver com meu ex nos últimos dez anos.

Desde então eu recasei e aumentei a minha coleção de vibradores. Não que eu não aproveite a minha sexualidade com meu marido, porque eu aproveito. Uso brinquedos tanto com ele quanto sozinha. Como a maioria dos casais da nossa idade, vivemos vidas cheias de trabalho, crianças e outros compromissos. Muitas noites vamos dormir em horários diferentes. Aproveitar minha sexualidade sem ele, só melhora os momentos íntimos que temos juntos.

Quanto mais você faz, maior fica a sua libido.

Você não precisa se divorciar para redescobrir sua sexualidade. Você só precisa manter uma mente aberta e estar disposta a entrar em contato com uma parte de você que talvez esteja tirando uma longa soneca. Afinal, ela está lá e agora é o momento de acordá-la.

Se você está preocupada em encontrar uma das professoras dos seus filhos no sex shop, compre online e pronto, o anonimato é garantido.

Jennifer Cullen (@dewlaps) é editora do Middle Sexy e colabora com o blog Life’s Dewlaps

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