Casar, descasar, recasarenteada – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Madrastas reagem aos segredos de enteado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/06/madrastas-reagem-aos-segredos-de-enteado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/06/madrastas-reagem-aos-segredos-de-enteado/#respond Wed, 06 May 2015 20:44:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1548 A lista dos 10 segredos de enteado, publicada aqui, indignou, calou fundo e, mais, não foi exatamente bem compreendida por muitas leitoras que são madrastas. Para elas, a figura apresentada foi a da estereotipada mulher malvada. Má ou boa, não é isso que interessa, e sim descobrir o que costuma passar na cabeça do filho do outro casamento do marido, revelar os desejos e dificuldades comuns de enteados que nem toda madrasta conhece e que costumam ser causa dos maiores conflitos.

O objetivo do texto foi contribuir para tornar mais tranquila a convivência entre crianças ou jovens e as mulheres de seus respectivos pais. Qualquer semelhança foi mera coincidência, claro. Afinal, nem toda família reconstituída é composta de enteados em pé de guerra com suas madrastas.

“Casar descasar, recasar” selecionou os comentários que não são contra nem a favor da reportagem, mas que agregam e ampliam o entendimento do assunto. Sempre com a meta de colaborar para uma relação amigável entre os integrantes das famílias reconstituídas com filhos de outros casamentos.

E aguarde! Logo mais, vem um texto dedicado às dificuldades do espinhoso papel de madrasta, com maneiras inteligentes, criativas e humanas de dribrá-las.

 

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10 segredos de enteado que você precisa saber http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/08/10-segredos-de-enteado-que-voce-precisa-saber/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/08/10-segredos-de-enteado-que-voce-precisa-saber/#respond Wed, 08 Apr 2015 17:52:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1341 Kyle Catlett em cena do filme Uma viagem extrairdunária_Jan Thijs:Divulgacao
Kyle Catlett em cena do filme de aventura “Uma Viagem Extraordinária” (Foto: Jan Thijs/divulgação)

Alô, madrasta! Muito do mal-estar, dos desentendimentos e conflitos na relação com os filhos do seu marido pode ser transformado se você descobrir como as crianças se sentem e o que elas pensam diante de uma nova configuração familiar e de certas atitudes equivocadas e comuns de madrastas.

“Casar, descasar, recasar” organizou, com a ajuda preciosa da psiquiatra Vanessa Pinzon, que também é coordenadora-geral do Protad (Projeto em Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência), 10 das principais queixas de enteados e enteadas. Saiba o que eles pensam e o que gostariam de dizer para suas madrastas.

1. Você nunca deixa o meu pai sozinho comigo, sempre tem que estar junto. Mas tem horas que eu quero ficar só com ele. E não é porque eu não gosto de você. Até quando os meus pais eram casados, tinha horas que eu queria ficar só com a minha mãe e horas que eu queria ficar só com o meu pai, fazer programa de pai e filho. É diferente, entende?

2. Eu não tenho culpa das atitudes do meu pai. Às vezes, você reclama que ele faz tudo o que eu quero, que dá tudo o que eu peço, que ele não sai mais com você sem os filhos (eu e os meus irmãos).  A culpa não é minha. Converse com ele! Esse é um problema de vocês, adultos.

3. Quando eu tenho uma festa à noite e meu pai tem que me levar, depois tem que buscar, você fica chateada, você não gosta. E eu me sinto incomodando. Mas eu preciso do meu pai também.

4. Você quer dar uma de minha mãe, dizendo o que eu devo fazer. Eu já tenho uma mãe, não preciso de outra. O pior é que, às vezes, o que você pensa é o contrário do que ela pensa. No final, eu fico com três opiniões: a sua, a da minha mãe e a do meu pai. E aí, o que eu faço? Fico confuso. Gostaria muito que você, quando percebesse que estou triste, com alguma dúvida, desse um toque para o meu pai vir falar comigo e deixasse o meu pai falar. É mais fácil conversar com ele, que me conhece mais do que você.

5. Claro que eu gostaria muito de ter o meu pai vivendo junto com a minha mãe e eu na mesma casa. Mas se você for legal comigo, está tudo bem!

6. Minha mãe é o exemplo de tudo o que eu conheço, e você tem um jeito diferente dela, daí eu brigo, porque não sei o que fazer. Por exemplo: ela e o meu pai exigem que eu sempre tire nota alta na escola, e você diz que não, o que importa é passar de ano. Daí acho que tenho que defender a minha mãe e brigo com você.

7. O seu filho não é meu irmão. Ele ainda é um estranho para mim, preciso conhecer essa pessoa. Estou começando a me habituar com essa nova família do meu pai. Então, vamos devagar, eu preciso de tempo para entender tudo isso.

8. Quando você fala mal da minha mãe, eu me sinto culpado de ficar ouvindo. E não sei o que fazer. Tenho medo de responder para você e meu pai ficar bravo comigo e medo de não contar para a minha mãe e ela ficar brava. E se eu contar, ela vai perguntar o que eu fiz e reclamar que eu não a defendi.

9. Existem coisas que você quer que eu faça, mas que a minha mãe não deixa. Comer chocolate à vontade, por exemplo. Daí, eu tenho que mentir para você ou para a minha mãe. E é horrível ter que mentir. No fim, minha mãe sempre descobre.

10. Às vezes, acho que você só me aguenta por causa do meu pai. Por isso, alguns dias eu não quero vir para cá, fico quieto, triste. Tenho medo de atrapalhar. E você reclama que eu não falo nada, que eu nunca digo o que quero fazer, não dou opinião. Até parece que eu não gosto de você, mas na verdade eu tenho medo de que você não goste de mim.

 

 

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“Até que a morte nos separe: coisa que existe entre pais e filhos” http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/04/ate-que-a-morte-nos-separe-coisa-que-existe-entre-pais-e-filhos/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/04/ate-que-a-morte-nos-separe-coisa-que-existe-entre-pais-e-filhos/#respond Wed, 04 Feb 2015 16:18:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=765 Kico Gemael, jornalista de TV dos mais competentes, é também conhecido, entre os amigos, pelo seu lado galinha – de mãe galinha! Como pai, ele é uma mãezona. Entre a saída de um casamento e o começo de outro (teve cinco até agora), Kico tem a proeza de “carregar” os filhos junto, mantendo a “ninhada” sempre perto.

A encantadora história de amor contada aqui é demonstração exemplar de que casamento acaba, casal se separa, constitui outra união, mas os filhos nunca ficam para trás – inclusive os da ex-parceira, que não são de sangue, mas de coração, como a enteada Camila.

Kiko e a enteada, Camila, no dia do casamento dela
Kiko e a enteada, Camila, no dia do casamento dela (Foto Arquivo pessoal)

Por Kico Gemael

“É a cara do pai.” Faz 25 anos que ouvi esta frase pela primeira vez. E nunca mais parei de ouvir. A primeira foi na feira, dita pelo Valdir da banca de frutas. Amigo das antigas, chamei Valdir num canto e cochichei: “Camila não é minha filha de sangue, é de coração. E tem tanto coração nessa história que estamos ficando parecidos por dentro e por fora”.

Camila tinha 5 anos quando casei com a mãe dela. Virei padrasto, ela enteada, descasei, casei de novo com outra mãe, descasei de novo – e ela continua filha. A mãe dela, passado.

Há duas semanas, em nova rodada de pastel na feira, o reencontro: Camila, os sobrinhos dela e meus netos, Alice e Joaquim, filhos dos irmãos de Camila e meus filhos, Manoela e Camil, o Valdir e eu. Quando viu a Camila, ele renovou a frase: “Continua a cara do pai”.

Foi amor à primeira vista. Quando fui morar com a mãe da Camila e também do Thiago, na época com 7 anos, os dois adoravam o pai, que por falta de tempo e outras circunstâncias não era muito presente.

O Thiago, em princípio, me rejeitou por completo. Afinal, era uma figura masculina ameaçando seu reino macho. Chegou a passar cola no meu pincel de barba de estimação. Foi uma relação complicada durante o casamento todo. Ao contrário da Camila. Nós nos grudamos como cola, ficamos como as cerdas do pincel de barba.

Caçula dos quatro “irmãos”, Camila virou minha companheira de compras e de tudo. Até de futebol. Ela, o pai dela, o Camil e eu torcíamos pelo mesmo time em Curitiba – o Paraná Clube. E lá íamos nós – menos o pai – para a Vila Capanema assistir os jogos mais absurdos do mundo do futebol. Paraná x Jandaia, na chuva – e  a gente gritando, xingando, comemorando, rindo –, vivendo uma bela história sem fim.

Sim, sem fim. Nestes 25 anos, Camila tomou a vida de assalto: batalhou como poucos fazem, venceu como raros conseguem, encantou como só os iluminados são capazes. Advogada com OAB, casada com um atleta, ri à toa. E mais: faz rir à toa.

E olha que foram 25 anos difíceis. Primeiro, o pai foi embora de repente. Depois, o avô – guru, ídolo e provedor da família – também embarcou para o outro mundo. Perdas que ela sente até hoje. Da mesma forma como nossa relação é a mesma até hoje. Aliás, relação tão forte que, diante de uma dívida da família que eu arcava sozinho e com muita dificuldade, ela ajudou a pagar alguns meses – sem nenhuma obrigação, mas por solidariedade, critérios de justiça e amor, muito amor.

Ela me emocionou milhares de vezes, mas as cenas mais fortes aconteceram nas datas festivas. Dia dos Pais era de chorar lençóis: bilhetinhos cheios de corações e cores que exalavam sentimento. Natal, Páscoa, sempre teve um beijo ou um telefonema – ao menos.

Até que chegou o dia de apresentar o namorado. No mesmo dia, apresentou para a mãe e para mim. Tempos depois, era o dia do casamento. Pai e filha entramos no templo onde foi realizada a cerimônia: o Terreiro de Umbanda Pai Maneco. Não tenho ilusão: tenho certeza de que, se o pai biológico estivesse vivo, seria ele; se o avô estivesse entre nós, seria ele. Nunca tentei substituir ninguém nem tive ciúmes, sequer olhei com o canto do olho. Sempre foi por amor e pela felicidade dela.

A cerimônia de casamento teve um significado especial. Mais ou menos assim: como um casal que vive junto há tempo e um dia resolve formalizar a união e casa. Nossa entrada na igreja formalizou nossa relação. Que vai durar – como a de todos os outros filhos – até que a morte nos separe. Coisa que o casamento não tem, coisa que só existe entre pais e filhos.

PS: nesse casamento, que foi o meu quarto, a mãe entrou com dois filhos – Thiago e Camila – e eu entrei com dois Manoela e Camil. E veio o terceiro filho de cada um – o quinto nosso. Ou melhor, a quinta: Olívia, hoje com 22 anos. O Thiago não cola mais meu pincel de barba, hoje somos colegas de profissão e amigos – bem amigos. Aparece de vez em quando para filar uma boia e jogar conversa fora – como todos os outros, que não deixam o pai sozinho minuto algum. A bênção, meus filhos.

Kico Gemael, 57 anos, jornalista, 5 casamentos, 4 filhos, 2 netos; curitibano de nascimento, paulistano de coração.

 

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