Casar, descasar, recasarex mulher – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Um hotel para entrar casado e sair divorciado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/#respond Fri, 18 Sep 2015 22:42:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2049 Bell Kranz está de férias e volta a postar no dia 9/10 

Não é exatamente um animado e divertido Hotel Marigold, da ótima comédia britânica em que a hóspede pode ter Richard Gere no quarto ao lado, mas é muito exótico. Nele, você se hospeda casado e faz check-out divorciado. Que tal?

O processo é pá-pum, acontece em apenas um fim de semana.

A ideia é baratear o trâmite, que muitas vezes se arrasta por anos, guerras e fortunas a fio, e realizá-lo de uma maneira suave e amigável. Tanto que vários futuros divorciados pedem para dormir em um quarto só. “Começam juntos e querem acabar juntos também”, garante Jim Halfens, criador e CEO Internacional do DivorceHotel.

Não se trata exatamente de um lugar, mas um serviço disponível em hoteis tradicionais nos Estados Unidos e Países Baixos.

Foi lançado em Amsterdã, em 2012, e deve aportar no Brasil logo mais. Halfens dá mais detalhes do seu inusitado, mas útil negócio neste guest post para o “Casar, descasar, recasar”.

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A hóspede namoradeira (Celia Imrie) e o hóspede charmant (Richard Gere) do “Exótico Hotel Marigold 2” ( Foto: divulgação)

Por Jim Halfens

“Minha missão pessoal é tornar os divórcios menos complicados e, portanto, mais baratos e menos dolorosos. Acho que a indústria internacional do divórcio se beneficia financeiramente ao fazer de vários processos algo muito complicado. Os princípios e as expectativas dos cônjuges em matéria de relacionamento estão se transformando em todo o mundo, apenas o setor jurídico continua igual. É preciso mudar.

O principal aspecto negativo de uma separação é o fracasso de um casamento, e quanto a isso não é possível fazer nada. Mas o divórcio pode ser encarado como um novo e positivo começo para ambos os cônjuges, sem anos de disputas legais, mas com muito respeito em relação ao futuro do outro e das possíveis crianças envolvidas. Essa é, exatamente, a razão pela qual criei o DivorceHotel.

A ideia surgiu quando eu me envolvi no divórcio terrível de um dos meus melhores amigos. Seu processo começou tranquilo, mas rapidamente saiu dos trilhos. Os dois cônjuges queriam se separar da melhor forma possível para o bem dos filhos, mas o mediador atrasava o processo continuamente. Nesse período, sua esposa iniciou uma nova relação, e as primeiras discussões sobre propriedade e dinheiro começaram. A mediação falhou drasticamente e ambos tiveram que substituir o mediador por advogados. Daquele momento em diante, os problemas só aumentaram. Eles não conseguiam mais se comunicar, e seus advogados declararam guerra.

O doloroso processo levou mais de dois anos e acabou custando uma fortuna, além de meu amigo ter sido proibido de ver os filhos durante todo esse período. Eu me convenci de que queria mudar o sistema de divórcio tradicional através de um modelo inteligente, novo, útil e, principalmente, favorável para todos os envolvidos.

Após várias pesquisas, identificamos que as respostas para a pergunta “o que é mais frustrante em um processo de divórcio?” eram sempre baseadas nas mesmas incertezas: “Você nunca sabe quando começa, quando termina e quanto vai custar”. Quanto mais tempo um processo de divórcio leva, mais elevado o risco de acabar em briga e custar muito. Acontece que os clientes também dependem das agendas cheias e não muito flexíveis dos profissionais que eles contratam, o que muitas vezes atrasa o processo de divórcio por tempo indeterminado e estende o sofrimento.

Daí veio a ideia: contratar todos os profissionais (advogados, mediadores, imobiliárias para eventual necessidade de avaliar bens imóveis) para que os cônjuges precisem deles apenas por um final de semana. Oferecer um lugar com tudo o que é necessário para um processo de separação suave, eficiente, amigável e com preço justo. O que beneficia não só o casal, mas também seus filhos e familiares.

Como o objetivo é apoiar os casais em todos os sentidos – financeira, legal e emocionalmente –, é necessário que fiquem em um local isolado, um ambiente neutro, apenas com os mediadores (familiares e amigos podem criar tensão e dificultar o processo) e com limite de tempo para realizar as negociações. Nada de surpresas, como taxas veladas, mas com clareza desde o início. Com este conceito nasceu o DivorceHotel.

O PASSO A PASSO

Quem decide se o casal está autorizado a realizar o check-in é um de nossos mediadores, e não os cônjuges. Após a admissão, eles recebem uma lição de casa e farão o check-in duas semanas mais tarde. No final de semana, todos os assuntos pendentes são discutidos e os documentos, redigidos. No domingo, o acordo de divórcio é concluído e assinado. Assim, o casal deixa o hotel divorciado, faltando apenas o selo da Justiça.

NÃO É PARA TODO MUNDO

Sabemos que o DivorceHotel pode não ser adequado para todo mundo. Você pode amar ou odiar a proposta, mas o casal vai estar no controle da situação. São raros os casos de processos que já falharam durante o fim de semana.

Toda vez que os acordos são assinados em nossos hotéis, os cônjuges desejam boa sorte um para o outro. Já tivemos um divórcio e um casamento ao mesmo tempo no mesmo hotel. Os quatro se conheceram, e os recém-divorciados deram sugestões e soluções para um casamento saudável para os recém-casados – louco, mas realista!

 

 

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Nome de casado: ter ou não ter? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/#respond Fri, 11 Sep 2015 20:02:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2020 A bela Bianca Jagger no casamento com Mick Jagger, que não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida
A nicaraguense Bianca Jagger no casamento com o stone Mick Jagger; a união não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida (Foto Associated Press)

Por Giovanna Maradei

Hillary Clinton, uma das principais pré-candidatas a presidência dos Estados Unidos, fez questão de permanecer Hillary Rodham depois de casada. Calcula-se que a atitude “subversiva” custou à Bill 6% dos votos na campanha de reeleição ao governo de Arkansas, em 1980. O adversário, Frank White, aproveitava todas as ocasiões para se referir à sua esposa como “Mrs. Frank White” e, assim, reforçar a ideia de que abrir mão do nome Clinton era um sinal de falta de comprometimento de Hillary com o marido. A estratégia parece ter funcionado. O casal White venceu a eleição. Pouco depois, Hillary voltou atrás e incorporou o Clinton.

Mudar ou não de nome com o casamento é uma questão para muitos casais, sejam figuras públicas ou anônimos. Todo blog de noiva tem ao menos um post ponderando esse assunto, já que a decisão pode impactar até as famílias do casal.

O MEU, O SEU E OS NOSSOS NOMES

Até 1977, toda brasileira que casasse era obrigada a adotar o nome do marido. Depois, a mudança passou a ser uma opção. Em 2002, o Código Civil previu a possibilidade de o marido também mexer no sobrenome, incluindo o da mulher. Mas, na prática, de lá para cá quase nada mudou.

Em 2014, cerca de 88% dos casais paulistas fizeram alguma alteração no sobrenome quando se casaram. Em 65% dos casos, a mulher adotou o nome do marido; em 21%, os dois cônjuges mudaram seus sobrenomes, e só em 1% o homem levou o sobrenome da mulher, que manteve o dela.

TRABALHÃO

Mudar o nome dela, dele ou dos dois sempre dá trabalho. É preciso providenciar a alteração de todos os documentos que levam a versão antiga: RG, CPF, título de eleitor, CNH, carteira profissional, cartões de crédito e até registros de imóveis ou uma simples conta de casa para ser usada como comprovante de residência. Caso falte algum, é possível usar a certidão de casamento na maioria dos processos, diz o advogado Zeno Veloso, diretor nacional do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), mas a solução não é lá muito prática.

Além de adicionar o sobrenome do parceiro, há noivos e noivas que optam por suprimir alguns de seus sobrenomes de solteiro. Neste caso, as regras variam conforme a lei de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, não é permitido retirar todos os sobrenomes de solteiro, mas alguns sim. O ideal é que os noivos se informem no cartório onde vão oficializar a união para evitar surpresas no grande dia.

NO CASO DE DIVÓRCIO

O contrato de divórcio deve trazer um acordo sobre como ficará o nome de cada um dos cônjuges. A mudança não é obrigatória, ao contrário, como explica o diretor nacional no IBDFAM: “A moderna doutrina entende que o nome se insere na personalidade da pessoa”. Ou seja, o nome de casada passa a ser o da daquela pessoa. Se houver interesse, deverá permanecer mesmo após o fim do casamento.

Mas quem quer ficar com o nome do ex? Retirar o sobrenome que carregava quando casado pode ser libertador para alguns e também trazer prejuízos para outros. Um caso célebre é o da modelo Luiza Brunet, que construiu sua marca usando o sobrenome do primeiro marido. Por isso, ganhou na Justiça o direito de continuar com ele mesmo após a separação. O sobrenome tornou-se de tal maneira parte de sua identidade que foi repassado para a filha, Yasmin, fruto de sua segunda união.

E você manteria o nome do ex (ou da ex)? Veja abaixo personalidades que disseram sim.

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O que escrever para quem está com o seu (sua) ex? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/09/o-que-escrever-para-quem-esta-com-o-seu-sua-ex/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/09/o-que-escrever-para-quem-esta-com-o-seu-sua-ex/#respond Mon, 09 Feb 2015 22:46:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=795 07_resposta_cartaA americana Candice Curry promete fazer história. Ela foi a autora da iniciativa nada comum, para não dizer rara, de enviar boas-vindas à atual mulher do seu ex e também madrasta da sua filha.

A carta publicada no seu blog causou furor na rede e foi seguida por outra americana, Tina Palntamura. Num estilo diferente, essa mãe também reforça a ideia de investir em uma relação moderna, cordial e civilizada com a madrasta dos filhos. E outras cartas pipocam pela rede.

Casar, descasar, recasar” lançou a discussão no Facebook da Folha com a pergunta: “O que você escreveria para quem está agora com o seu (sua) ex?”. Dos mais de 450 comentários e respostas, a imensa maioria das pessoas dizem o que acreditam ser os defeitos dos ex-parceiros. Até quem envia votos de “Deus abençoe o novo casal” finaliza com uma senhora alfinetada no ex (ou na ex-parceira).

Segue uma pequena amostra das respostas com destaque para o perspicaz comentário de Angela Campos.

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Ex-mulher dá boas-vindas à atual do ex-marido http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/29/ex-mulher-da-boas-vindas-a-atual-do-ex-marido/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/29/ex-mulher-da-boas-vindas-a-atual-do-ex-marido/#respond Thu, 29 Jan 2015 22:35:58 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=698 Candice Curry
Candice Curry com a filha, Style, de 14 anos (Foto: arquivo pessoal)

A americana Candice Curry, de 39 anos, arrebatou meio mundo, incluindo casados, solteiros, viúvos, divorciados, enteados, madrastas e padrastos, com uma carta que publicou no seu blog dirigida à atual mulher do seu ex-marido.

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Stiles entre o pai e a madrasta (Foto: arquivo pessoal)

Parte do sucesso (o post, publicado há dois meses, já teve mais de 17 mil compartilhamentos) muito provavelmente veio do seu mérito em abrir o coração com generosidade e afetividade extremas, além de respeito aos envolvidos e, importante, muito bom humor!

O ego, essa ex-mulher e dedicada mãe deixou amortecido. Ela reconhece publicamente que estava redondamente equivocada quanto a tudo o que pensava (de ruim, claro) sobre a nova mulher do ex-marido e sai tecendo elogios de maneira surpreendente.

A carta de Candice, que está casada novamente, emociona e diverte. Confira trechos abaixo. Antes, conheça outra iniciativa que surgiu na carona. Também uma jovem americana de 39 anos que solta o verbo na net, porém em carta dirigida à namorada do ex-marido.

O estilo é outro. Tina Plantamura é menos simpática e divertida. O ego não ficou tão comedido. Na carta, publicada há uma semana, ela insiste na tese de que não pretende ditar regras sobre como a namorada deve se relacionar com os filhos dela nem dar conselhos sobre como lidar com o ex-marido, “um homem que conheço há 20 anos”, mas acaba montando uma bula de como a namorada deve desempenhar seu papel na família.

Tudo bem, porque o propósito de Tina é do bem. Isso é que vem ao caso. Ela contou para o “Casar, descasar, recasar” que a carta não foi escrita especificamente para a namorada do ex, de quem está separada há dez anos. “Embora meu sentimento seja genuíno, eu escrevi essa carta porque sabia que esta maneira de pensar e de criar os filhos não é muito discutida e, para muitas pessoas, parece até que não é realista.”

O ponto é esse mesmo. Muito saudável e esperta a iniciativa de se apresentar com gentileza àquela que passa a integrar a família dos seus filhos. Aproximar-se, dando boas-vindas, de quem você não escolheu para ser amigo, mas que é importante para você porque é para os seus rebentos. E, se quiser, dar-se o direito de gostar dessa pessoa.

E você, o que escreveria para quem está ao lado do seu (ou sua) ex?

 

Trechos da “Carta aberta à madrasta da minha filha”

Candice Curry

“Eu nunca quis você aqui. Você simplesmente nunca fez parte do plano. Crescendo e sonhando com a minha família, nunca inclui você. Eu não queria a ajuda de outra mulher para criar minha filha”

“Quando te conheci, vou admitir que você não era o que eu tinha em mente e senti uma pontada de ciúme pelo meu corpo. Você era para ser horrível, lembra? Mas você não era, você era belíssima. Você deveria ser uma bruxa velha má, lembra? Mas você não era, você era uma mulher jovem, doce.”

“Você aceitou a nossa filha desde o início e a amou e também o seu pai, incondicionalmente, e isso é um verdadeiro presente para todos nós. Você inclui a nossa filha em tudo o que faz, fazendo para que ela se sinta amada e aceita. Você coloca o relacionamento dela com o pai acima do seu e apenas uma mulher valente e corajosa sabe como fazer isso com tanta graça.”

Uma carta aberta para a nova namorada do meu ex-marido

Tina Plantamura, que escreveu para a namorada do ex-marido e pai dos seus três filhos (Foto: arquivo pessoal)
Tina Plantamura, que escreveu para a namorada do ex-marido e pai dos seus três filhos (Foto: arquivo pessoal)

Tina Palntamura

Você deve estar apreensiva lendo esta carta. Deve estar pensando que estou querendo te dar uma aula sobre como tratar o seu novo namorado e estabelecer leis sobre como tratar meus filhos.

Esta carta não é sobre isso.

Eu gostaria de te dar boas vindas.

Bem-vinda a esta dinâmica única que é a dinâmica da “família moderna”. Bem-vinda à forma com que a gente se na vida e em relação a este relacionamento. Sim, eu disse relacionamento, mas não na sua definição padrão.

As crianças nos mantêm em um relacionamento da mesma forma que o seu trabalho mantém você em um relacionamento com seu chefe. Se a meta é o sucesso, seja no trabalho ou na paternidade, a relação entre aqueles que se esforçam para isso é importante.

Não quero falar de assuntos que não são da minha conta e encher esta carta de conselhos sobre como tratar um homem que conheço desde que eu tinha 20 anos. Não vou te dizer nada pessoal dele; qualquer coisa que ele escolha compartilhar deve ficar entre vocês dois. Não vou te dizer por que as coisas não funcionaram entre nós. Tudo o que vou dizer a você sobre nós é o que eu digo a todo mundo:

Para mim, ele é um grande cara – para outra pessoa.

Isso pode soar estranho, mas eu estou muito animada com a sua presença. Meus filhos vão ver um lado do pai que eles nem sequer sabem que perderam. Vão testemunhar a felicidade que floresce a partir da emoção, alegria e mistério que vêm com um novo relacionamento. Eles vão ver o pai radiante de esperança. Vão ouvi-lo rir (muito e muito alto, como eles mesmos relataram para nós) e falar com um novo encanto em sua voz. E porque eles o amam e o admiram, todas essas coisas vão deixá-los felizes também.

Eu quero que você saiba que é muito importante ser você mesma quando estiver com a gente. Por favor, nunca se sinta ameaçada, intimidada ou deslocada ao nosso redor. Assim como você, nós também estamos descobrindo o seu lugar em nossas vidas. Acreditamos que, se você é boa o suficiente para ele, é boa o suficiente para nós. Esperamos que certas peculiaridades, falhas e singularidades suas possam, de vez em quando, nos deixar intrigados.

Mas nós não queremos mudar nenhuma delas.

Nunca se sinta como se você não pudesse falar comigo, com meu (novo) marido ou com qualquer um dos meninos. Diga qualquer coisa. Ou não diga absolutamente nada. Por favor, seja você.

Você vai nos ver (as crianças, principalmente, mas também o meu marido e eu) com bastante frequência. Vai se ver sentada com a gente nos shows, peças de teatro, jogos, formaturas e muitos outros eventos. Será estranho no começo, talvez, mas espero que isso mude rapidamente. Embora as crianças saibam muito bem que seu pai e eu nos divorciamos, eles precisam saber que estamos unidos para dar suporte a eles, e esta é uma das muitas maneiras de mostrar esse apoio.

Eu quero que eles, quando estiverem no palco, olhem para a plateia e vejam todos nós juntos, observando-os com orgulho e emoção. Muitos dos meus amigos me perguntam se, sentar-se entre o pai dos meus filhos e o padrasto, é estranho. Eu tenho feito as coisas mais estranhas para cuidar, incentivar, ensinar e criar os meus filhos (cantar músicas ridículas para ensiná-los a usar o penico é a primeira coisa que vem à minha mente.). Eu peço que você se junte a nós (quando estiver pronta) e torne-se parte da “frente unida” que os apoia incondicionalmente.

Você pode ter que ficar sentada aguentando conversas entre mim e ele. Por favor, compreenda que precisamos nos comunicar para realizar com sucesso o nosso projeto de criar seres humanos incríveis. Às vezes, precisamos fazê-lo com muita frequência. E acredito que você saberá quando for apropriado participar da conversa. Se você se sentir desconfortável ou desimportante nos momentos como este, peço que olhe para o cenário como um todo e tenha em mente que a nossa comunicação quando assunto não é filhos é quase que inexistente.

Ele nunca vai me ligar para pedir conselhos sobre moda (o que é uma coisa boa, porque eu não tenho nenhum!).

Ele não vai me chamar para conversar sobre um programa de TV que ele goste.

Ele não vai ligar para reclamar do seu dia de trabalho.

Nosso relacionamento gira em torno de três meninos em fase de crescimento. Embora outros assuntos possam surgir enquanto estamos no mesmo espaço por um longo período de tempo, por favor, saiba que o meu papel em sua vida é “mãe de seus filhos.”

Nada mais.

Eu te dou muitos créditos por embarcar em um relacionamento com o pai de meninos adolescentes! Isso é novo para eles também, e eles não têm ideia do que fazer ou dizer quando estão com você. São adolescentes com suas próprias vidas, esperanças, sonhos e intenções e podem não estar sempre nos seus melhores dias. Peço que,  ao se tornar mais presente em suas vidas, você comece a conhecê-los individualmente.

Minha esperança é que, com o passar do tempo e você cada vez mais presente, você crie uma relação única com cada um deles. Isso vai exigir trabalho e esforço. E, às vezes, não vai ser fácil, muito parecido com qualquer outra coisa que valha a pena.

Espero que esta carta não te assuste. Imagino que você entenda que não teria como te falar tudo isso quando te conheci pela primeira vez e fiquei me perguntando se deveria, mesmo sem jeito, apertar sua mão .

Com cuidado e respeito, te recebo,

Tina

 

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A ética da outra http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/#respond Tue, 06 Jan 2015 21:57:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=37 Foto: Darko Vojinovic/Associated Press
A terceira pessoa que surge na vida de um casal tem suas responsabilidades (Darko Vojinovic/Associated Press)

A humanidade é tão esperta, conta com alguns milhares de anos de história, informação sobre tudo e conhecimentos de toda ordem, mas, apesar disso, o homem civilizado não sabe desempenhar certos papeis básicos e fundamentais ao bom relacionamento humano e, de quebra, à saúde mental – dele próprio e das pessoas que lhe são queridas.

Por exemplo: a gente aprende a ser pai, filho, aluno, cidadão, mas ninguém ensina a gente a ser sogra, nora (desconfio que padrinho e madrinha de afilhado grande também não), nem ex-mulher ou ex-marido. O papel da outra, então, nem se fala. O tema é tabu! Ninguém discute, por exemplo, a ética dessa terceira pessoa que surge na vida de um casal, mas ela (a ética) existe.

Quando a “outra” passa de companheira oficiosa a oficial (namorada assumida ou esposa), adquire uma megaresponsabilidade, a qual só aumenta quando há  filhos na jogada – dela com o ex-marido ou dele com a ex. Em geral, a outra (oficiosa ou oficial) não tem noção da importância que exerce para a felicidade da sua família e da dele, até, é claro, ela se ver no papel de ex, mas esse assunto – quando a outra vira ex – fica para outro dia.

Segue abaixo parte do manual da ética da outra, que vale para o homem, claro, quando ele encarna o papel do “outro” na vida da mulher casada, vale também para homossexuais e pessoas de qualquer orientação sexual e também é indicado às mulheres em geral. Mais do que nunca, nesse momento delicado de rompimentos e recasamentos, a solidariedade feminina deve mostrar a que veio. Todas as figuras femininas envolvidas na história (filhas, amigas, sogra e, claro, a outra) devem cultivar o respeito à mulher que está vivendo a dissolução do seu casamento – difícil para ela até quando já nem quer mais manter a relação.

E atenção mães: coloquem esse assunto na mesa para as suas filhas. Tudo bem, você já aconselhou as meninas a não entrarem nessa barca furada de se envolver com homem casado. Mas elas podem se enrolar, sim, com infidelidades. Que, então, ao menos tenham consciência das responsabilidades desse papel. “Reze esse mesmo terço” com os filhos homens, que eventualmente se vejam no papel do “outro”, sem deixar de igualmente alertar a respeito da manjada “barca furada”.

Segue então o Manual de Ética da Outra.

1. Em primeiro lugar, proteja todos – você, ele e a família dele – das armadilhas das redes sociais. Se ele está cego de paixão por você e é do tipo que faz qualquer coisa para mostrar seu amor, até colocar no Facebook que está num relacionamento sério antes mesmo de se separar legalmente da mulher, ajude-o a perceber que ele pode demonstrar seu amor sem destruir a saúde mental da família, que ainda está de luto com a saída do pai e do ex-marido e que tal exposição só vai aumentar o sofrimento da família dele. Sem contar que ele corre o risco de se expor publicamente no papel de um adolescente irresponsável.

2. Jamais fale mal da ex-mulher dele para os outros ou mesmo para ele. Não pega nada bem para você, que inclusive está com o homem que ama ao seu lado. Por menos que ele admire a ex-mulher, convenhamos que não é agradável ouvir críticas que desmerecem a pessoa com quem se compartilhou parte da vida e, muitas vezes, é a mãe dos próprios filhos.

3. Respeite os amigos antigos dele, que faziam parte do seu círculo quando era casado. São pessoas de quem o seu marido gosta, com quem tem uma história e em quem confia. Não imagine que eles se tornarão seus amigos de um dia para o outro. Eles precisam de tempo para se acostumar à nova realidade do amigo. Se quiser ser aceita, colabore e, muito provavelmente, eles passarão a ser também seu amigos, já que você é a mulher que o amigo escolheu.

4. Os filhos dele e da ex-mulher continuam sendo filhos dele e da ex-mulher. Isso você não pode mudar nunca, mas pode construir uma relação saudável com os filhos – crianças ou adultos ­–, que envolva respeito, carinho e até cumplicidade. Mas, pelo amor de deus, fuja do clichê “segunda mãe“. Se esse papel vier a ser seu, só após algumas décadas de dedicação verdadeira à relação – e por escolha deles. Contente-se com o papel de “mulher do pai”, porque é é o nome dado pelo filhos e é exatamente isso o que você é para eles.

5. Competição entre a mulher e os filhos do parceiro são comuns. Especialmente se ela é muuuuuito mais nova que o marido a ponto de os filhos terem idade para serem os amigos de faculdade. Pode parar, isso é infantilidade, bobeira. Quando a competição se dá entre irmãos, é superada. Mas esse não é bem o caso.

6. O enteado é uma loucura de arrogante, abusado, um adolescente típico? Problema da mãe dele e do pai dele. Tente opinar apenas quando e se for chamada. Afinal, é como você gostaria se estivesse do outro lado, não? Ser a outra com ética dá muuuuito trabalho. Mas agir com consciência e integridade vale a pena sempre.

Este manual está em processo de construção. Mande a sua contribuição. Cada experiência de vida é única e o que você viveu e aprendeu pode ajudar outras mulheres que estão passando por esse momento.

E aguarde: logo mais sai do forno o Manual de Ética da Ex e do Ex!

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