Casar, descasar, recasarex – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Para escapar de uma Quarta-Feira de Cinzas sem fim http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/#respond Wed, 10 Feb 2016 18:01:01 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2733 Algumas atitudes de recém-descasados são capazes de transformar o resto do ano numa interminável e triste Quarta-Feira de Cinzas.

Segue um bloco de gifs com 8 dessas atitudes com alto poder de destruição. Para saber mais, leia as respectivas reportagens publicadas aqui no blog.

1. Dar uma de mãe do enteado

madrasta

 

2. Acorrentar o ex que não quer mais o casamento

titanic

 

 

3. Chamar o ex de falecido

barmey

 

5. Fazer a louca e afastar as crianças da família do ex

Phoebe_stop_the_madness

 

6. Seguir todas as dicas de superação que vê na internet

need help computador

 

7. Transformar a separação em um plano de vingança

malevola

 

8. Afastar-se da vida escolar dos filhos

homer

 

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Charlotte Rampling e o sentido das bodas http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/#respond Mon, 23 Nov 2015 15:48:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2394 45years-1
No papel da protagonista Kate, em “45 Anos”, Charlotte Rempling levou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim (Foto divulgação)

Sessenta anos de casamento! Sabe o que é isso? Nem o padre que celebrou a digníssima cerimônia sabia. Em uma das igrejas mais tradicionais de São Paulo, o casal de seus 80 anos, meus queridos tios, entrou devagarinho, suave, mas com vigor, rumo ao altar para a renovação dos votos.

Todos se emocionaram por causa do clima de delicadeza, ternura, serenidade que reinou na cerimônia. A “noiva” usava um longo azul claro, bordado de pedrinhas brilhantes, e o noivo, terno escuro e gravata da cor da cabeleira, prateada. No altar, estavam rodeados pelos filhos e netos, os padrinhos – e incontestáveis testemunhas.

Para contrastar, naquela noite de sexta-feira de chuva pesada na cidade, ruidosos jovens convivas do casamento seguinte se amontoavam na entrada e, quando já não era mais possível, “invadiram” a igreja. Afinal, o padre não finalizava nunca os trabalhos, estava claramente maravilhado com aquela celebração que, sabe-se lá Deus, se ele veria outra vez na vida.

Boda vem do latim vota, que significa promessa, e é isso que se vai fazer numa cerimônia de bodas (no caso, foi de diamantes), renovar a promessa feita no dia do casamento.

Daí, festança boa à parte, surge a questão: precisa prometer mais alguma coisa depois de 60 anos de vida em comum? Essa, porém, é uma mentalidade bem tacanha de quem vê o idoso como um ser vazio de expectativas e cheio de certezas, especialmente a respeito do futuro de um casamento de décadas.

O filme “45 anos”, do diretor e roteirista inglês Andrew Haigh, lançado recentemente, mostra que septuagenários podem sofrer tão profundamente de ciúmes, desconfiança e angústia existencial como qualquer jovem amante (trailer abaixo).


Dois ícones do cinema britânico, Tom Courtenay, 78, e Charlotte Rampling, 69, que levaram o Urso de Prata de melhor ator e atriz no Festival de Berlim, fazem o papel de Kate e Geoff Mercer. O casal se prepara para comemorar bodas de safira, 45 anos de casamento. Na semana da festa, ele recebe uma carta com a notícia de que o corpo de seu primeiro amor, Katya, desaparecida nos Alpes suíços há mais de 50 anos, foi encontrado (ele estava com ela quando o acidente aconteceu). A notícia estremece o maduro e sólido vínculo conjugal.

Geoff fica desorientado com a descoberta do corpo da ex-namorada, que está conservado, literalmente congelado pelo tempo, tal qual era quando ambos namoravam. Vêm à tona informações da relação que Kate não sabia. O comportamento do marido muda, e ela então parte para a espionagem.

Não vai fuçar o WhatsApp dele nem invadir sua caixa postal, mas o sótão da casa, para onde ele vai quando sai da cama de madrugada. Lá ela descobre seus segredos: um diário e slides com fotos de Katya.

O fantasma da ex assombra o casamento. A mulher se sente traída por ele no compromisso de dizer sempre a verdade. Nem tudo do caso de Geoff com a antiga namorada havia sido contado. Mas ele não mentiu, omitiu. E aí? Isso é traição? Quando diz amargurada que sempre foi uma boa mulher para ele, sinaliza um equívoco comum nas parcerias, acreditar ser responsável pela felicidade do outro, quando ser pela sua própria já é uma vitória.

Kate tem o lado mulher-mãe bem desenvolvido, que cuida (não se limita a lembrá-lo de tomar seus remédios, mas os entrega com o copo d’água) e que dá lá algumas ordens.

A cena final, um show de interpretação da bela Rampling, uma das poucas estrelas que aceitou as marcas do tempo no rosto, cabe diferentes interpretações. Vale a pena conferir.

Li só elogios ao filme e ouvi críticas de público sobre uma possível “superficialidade” do roteiro. Isso talvez porque o filme está a anos luz de distância da imagem caricatural que se faz das pessoas mais velhas, é megarealista, muito humano.

Os casamentos, como as pessoas, podem envelhecer lindamente ou não. Renovar, portanto, faz todo o sentido.

Leia mais sobre relacionamentos entre idosos

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Chamar o ex de “falecido” é do além! http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/chamar-o-ex-de-falecido-e-do-alem/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/chamar-o-ex-de-falecido-e-do-alem/#respond Mon, 06 Jul 2015 17:02:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1750 Quando um casamento acaba vem o luto, não tem jeito. É assim com toda perda. Mas ninguém morre. As pessoas podem sair feridas, mas não mortas. Apesar disso, homens e mulheres com frequência “matam” seus respectivos ex quando a história terminou mal, com um rompimento pouco amigável.

Finge-se (amigos e parentes incluídos, muitas vezes) que o cônjuge que saiu de cena nunca existiu. Foram 10, 20 ou até 30 anos de convivência em que ele recebeu em casa os amigos do casal, foi ao batizado dos filhos, trocaram presentes de Natal, viajaram juntos, dividiram perdas de pessoas queridas e um monte de almoços e jantares. Mas tudo isso é apagado.

O nome do “morto” não é nem pronunciado. Quer dizer, às vezes é, mas com outra denominação (e aí surge a versão mais grotesca da prática de “matar” o ex): ele passa a ser chamado de “o falecido”, ainda que seja o pai dos próprios filhos (ou a mãe, que vira “a falecida”).

(Julie Cockburn)
Chamar o ex (a ex) de falecido (falecida) é uma estratégia que não funciona para sempre (Imagem: Julie Cockburn)

Hipocrisia, alteridade, covardia, tirania? Sei lá, essas são posturas individuais, escolhas de cada um. O que mais importa é o impacto social, o legado desse comportamento, o que se ensina e que vai ser repetido pelos filhos no futuro. Enquanto isso, eles têm que viver o papel nada agradável de filho de morto-vivo (ou da morta-viva). É comum em encontros e festas familiares na casa de um dos pais, um convidado se aproximar sem graça e sussurrar algo do tipo: “Olha, sou muito amigo do seu pai, gosto muito dele, viu?” – mas que ninguém nos ouça é o subtexto.

Quem rompe o vínculo é o casal, mas amigos e familiares ficam desorientados. Tomar partido de um ou de outro é um direito, mas pouco se fala sobre como fazer isso com respeito e dignidade.

Veja a cena: Ana é amiga de João desde a infância e, por tabela, ficou amiga da mulher dele, Maria. O casal se separa. Meses depois, Ana está com João na rua e avista Maria. Ana faz o quê? Finge que não viu Maria. Pode ter agido assim movida por incompetência para lidar com aquela saia justa e depois se sentiu incomodada com a própria atitude. Ou não, agiu com consciência sem qualquer mal-estar. Se a reação incomodou, não desceu bem, alfinetou, vale a pena pensar sobre a concepção que se tem da separação: é fracasso, humilhação ou faz parte da vida? Refletir ajuda a transformar.

Bom lembrar também que às vezes é difícil para o amigo, que se vê diante de uma história enrolada, por exemplo, e não quer se comprometer, diz Alice Tamashiro, terapeuta do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Sedes Sapientiae. Seja como for, a melhor solução é não julgar e ser generoso com quem saiu da relação.

E por que se “mata” aquele com quem partilhou um tempo tão bom na vida? “Matar e enterrar emocionalmente alguém é enterrar aquilo que não pode ser lembrado, porque machuca”, diz a psicóloga Márcia Barone Bartilotti, coordenadora do NAPC. Trata-se de uma estratégia que anestesia, ajudando a atravessar o luto com menos sofrimento.

O problema é que dá para usar essa artimanha por um tempo, mas não para sempre, diz Márcia. Velhas questões, que se imaginava estarem debaixo da terra, ressurgem num novo relacionamento. Ou seja, uma hora o enterrado vivo reaparece – feito fantasma (ui!), ele volta para puxar o seu pé.

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Dica de homem para homem desarvorado pós-separação http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/14/dica-de-homem-para-homem-desarvorado-pos-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/14/dica-de-homem-para-homem-desarvorado-pos-separacao/#respond Tue, 14 Apr 2015 13:58:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1372 Autor, consultor, palestrante, o americano Ross Szabo faz qualquer coisa em nome da saúde mental, em especial, dos jovens. A paixão pelo assunto surgiu da sua experiência de vida. Teve o primeiro contato com o assunto aos 11 anos de idade, em visita ao irmão mais velho na ala psiquiátrica do Hospital da Universidade da Pensilvânia.

Aos 16, Szabo foi diagnosticado com transtorno bipolar. No último ano do ensino médio, tentou se matar, teve recaída do transtorno na universidade e retornou quatro anos depois para se formar em psicologia.

Desde então, ele se dedica a disseminar informações sobre a saúde da mente e suas doenças com campanha contra o estigma do tema, sobre abuso de drogas, programas de conscientização para escolas, de prevenção para universitários… “Compartilhar a minha história me ajudou a conseguir a saúde mental”, diz ele. E o que isso tem a ver com Casar, descasar, recasar?

Ross Szabo passou por uma separação após um casamento de dez anos. E, apesar da intimidade com o universo das emoções e das questões da mente, ele perdeu o rumo, ficou desarvorado e sofreu muito como tantos outros homens. A diferença é que ele elaborou o processo e ainda abre o coração para falar do assunto, prática pouco comum entre a ala masculina.

O consultor descreve aqui quatro atitudes fundamentais que o ajudaram a superar os difíceis momentos da separação. Mais uma história que ele compartilha; nesse caso, para ajudar outros homens.

Quando minha ex-mulher me deixou eu decidi que eu iria correr uma maratona. A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma. (Foto: Divulgação)
“A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma; na foto, Jack O’Connell em cena do filme “Invencível” (Foto: divulgação)

Depois do divórcio foque em você, e não na ex

Por Ross Szabo

Como a maioria das pessoas que acabam escrevendo sobre divórcio, isso não era algo que considerei fazer algum dia. De fora, o nosso casamento parecia maravilhoso. Nossos dez anos de relacionamento foram recheados de viagens, festas, amigos e até um trabalho voluntário que fizemos juntos em Botswana, na África. Durante a adaptação à vida em outro país, tivemos uma série de problemas. Por fim, minha ex-mulher sentiu que havia questões que ela precisava trabalhar sozinha e me deixou. Eu fiquei chocado. Foi o maior constrangimento que eu já senti. A perda machuca mais do que qualquer outra coisa.

Como homem, eu só queria consertar seja o que fosse, dar para todos a impressão de que eu estava bem e seguir em frente.

Os primeiros dois meses após o divórcio foram um borrão. Eu flutuava, me agarrava em tudo o que podia, tentando apenas atravessar cada dia. Eu já havia tido depressão e problemas com bebida quando era bem jovem, estava portanto preocupado que pudesse rapidamente cair ladeira abaixo.

Na época do divórcio, eu não tinha trabalho nem lugar para morar – estava fora do país havia dois anos e meio. Foi aterrorizante. Sabia que teria que reconstruir partes da minha vida e estava claramente me esforçando. Felizmente, tive amigos e familiares que me apoiaram a cada dia, deixando que eu ficasse um tempo hospedado em suas casas e fazendo qualquer coisa que pudesse me ajudar, mesmo que isso significasse ler e atender minhas mensagens e telefonemas intermináveis nos quais eu fingia estar bem. A boa notícia é que você supera esses tempos difíceis.

Seguem aqui atitudes que me ajudaram muito durante o divórcio:

1. Seja a melhor versão de você mesmo – É difícil quando uma mulher o deixa. Eu senti vergonha. Eu tive raiva. Queria fazer tudo o que pudesse para detê-la, mas a verdade é que ela não estava disposta a construir nada comigo. O conselho mais incrível que eu recebi naquele momento foi me tornar a melhor versão que eu pudesse ser de mim mesmo. Eu ouvi o que ela tinha a dizer quando foi embora. Reconheci o que senti e o que eu poderia melhorar. Tentei mudar algumas atitudes, como estar mais presente no momento, não ter uma lista de tarefas para fazer, ignorando os outros, e prestar atenção nas necessidades das pessoas. Essas lições me fizeram uma pessoa muito melhor para o meu relacionamento seguinte.

2. Não foque nela, foque em você – É difícil não ficar obcecado pelo que ela está fazendo depois do divórcio. Com quem ela está? Que tipo de cara ele é? Por que ela está com ele? Eu sou um cara muito leal, e uma vez que uma pessoa decide que não quer estar comigo é como se ela morresse para mim. Colocar o foco nela só iria me levar a algo que eu não poderia resolver. Focar em mim deu a chance de me tornar uma pessoa melhor e mais confortável comigo mesmo.

3. Faça algo que te deixe feliz – Uma outra maneira de não focar na ex é fazer uma atividade que você adora. Ir a um bar para assistir o jogo com os amigos, pular de paraquedas, viajar ou fazer algo que você nunca teve a chance de fazer. Quando minha ex-mulher me deixou, decidi que iria correr uma maratona. Eu não tinha um trabalho para me focar. Treinar para a maratona me deu algo para fazer e colaborou com a minha reconstrução. A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma. Ter um objetivo pelo qual trabalhar depois da separação realmente me ajudou a não focar na minha ex.

4. A melhor parte de ser divorciado – A liberdade de fazer o que você quiser, de explorar a sua vida e encontrar estabilidade na independência foi a melhor parte do divórcio para mim. Durante o casamento, eu priorizava tudo o que ela queria fazer. Não focava nos meus sonhos ou nos meus objetivos. O divórcio me permitiu obter mais clareza sobre o que eu queria e precisava para a minha vida e como construir isso. Também precisei passar algum tempo sozinho para encontrar conforto e descobrir que tudo estava bem.

Leia mais: Por que os homens podem ser os piores inimigos deles

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A ética da outra http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/#respond Tue, 06 Jan 2015 21:57:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=37 Foto: Darko Vojinovic/Associated Press
A terceira pessoa que surge na vida de um casal tem suas responsabilidades (Darko Vojinovic/Associated Press)

A humanidade é tão esperta, conta com alguns milhares de anos de história, informação sobre tudo e conhecimentos de toda ordem, mas, apesar disso, o homem civilizado não sabe desempenhar certos papeis básicos e fundamentais ao bom relacionamento humano e, de quebra, à saúde mental – dele próprio e das pessoas que lhe são queridas.

Por exemplo: a gente aprende a ser pai, filho, aluno, cidadão, mas ninguém ensina a gente a ser sogra, nora (desconfio que padrinho e madrinha de afilhado grande também não), nem ex-mulher ou ex-marido. O papel da outra, então, nem se fala. O tema é tabu! Ninguém discute, por exemplo, a ética dessa terceira pessoa que surge na vida de um casal, mas ela (a ética) existe.

Quando a “outra” passa de companheira oficiosa a oficial (namorada assumida ou esposa), adquire uma megaresponsabilidade, a qual só aumenta quando há  filhos na jogada – dela com o ex-marido ou dele com a ex. Em geral, a outra (oficiosa ou oficial) não tem noção da importância que exerce para a felicidade da sua família e da dele, até, é claro, ela se ver no papel de ex, mas esse assunto – quando a outra vira ex – fica para outro dia.

Segue abaixo parte do manual da ética da outra, que vale para o homem, claro, quando ele encarna o papel do “outro” na vida da mulher casada, vale também para homossexuais e pessoas de qualquer orientação sexual e também é indicado às mulheres em geral. Mais do que nunca, nesse momento delicado de rompimentos e recasamentos, a solidariedade feminina deve mostrar a que veio. Todas as figuras femininas envolvidas na história (filhas, amigas, sogra e, claro, a outra) devem cultivar o respeito à mulher que está vivendo a dissolução do seu casamento – difícil para ela até quando já nem quer mais manter a relação.

E atenção mães: coloquem esse assunto na mesa para as suas filhas. Tudo bem, você já aconselhou as meninas a não entrarem nessa barca furada de se envolver com homem casado. Mas elas podem se enrolar, sim, com infidelidades. Que, então, ao menos tenham consciência das responsabilidades desse papel. “Reze esse mesmo terço” com os filhos homens, que eventualmente se vejam no papel do “outro”, sem deixar de igualmente alertar a respeito da manjada “barca furada”.

Segue então o Manual de Ética da Outra.

1. Em primeiro lugar, proteja todos – você, ele e a família dele – das armadilhas das redes sociais. Se ele está cego de paixão por você e é do tipo que faz qualquer coisa para mostrar seu amor, até colocar no Facebook que está num relacionamento sério antes mesmo de se separar legalmente da mulher, ajude-o a perceber que ele pode demonstrar seu amor sem destruir a saúde mental da família, que ainda está de luto com a saída do pai e do ex-marido e que tal exposição só vai aumentar o sofrimento da família dele. Sem contar que ele corre o risco de se expor publicamente no papel de um adolescente irresponsável.

2. Jamais fale mal da ex-mulher dele para os outros ou mesmo para ele. Não pega nada bem para você, que inclusive está com o homem que ama ao seu lado. Por menos que ele admire a ex-mulher, convenhamos que não é agradável ouvir críticas que desmerecem a pessoa com quem se compartilhou parte da vida e, muitas vezes, é a mãe dos próprios filhos.

3. Respeite os amigos antigos dele, que faziam parte do seu círculo quando era casado. São pessoas de quem o seu marido gosta, com quem tem uma história e em quem confia. Não imagine que eles se tornarão seus amigos de um dia para o outro. Eles precisam de tempo para se acostumar à nova realidade do amigo. Se quiser ser aceita, colabore e, muito provavelmente, eles passarão a ser também seu amigos, já que você é a mulher que o amigo escolheu.

4. Os filhos dele e da ex-mulher continuam sendo filhos dele e da ex-mulher. Isso você não pode mudar nunca, mas pode construir uma relação saudável com os filhos – crianças ou adultos ­–, que envolva respeito, carinho e até cumplicidade. Mas, pelo amor de deus, fuja do clichê “segunda mãe“. Se esse papel vier a ser seu, só após algumas décadas de dedicação verdadeira à relação – e por escolha deles. Contente-se com o papel de “mulher do pai”, porque é é o nome dado pelo filhos e é exatamente isso o que você é para eles.

5. Competição entre a mulher e os filhos do parceiro são comuns. Especialmente se ela é muuuuuito mais nova que o marido a ponto de os filhos terem idade para serem os amigos de faculdade. Pode parar, isso é infantilidade, bobeira. Quando a competição se dá entre irmãos, é superada. Mas esse não é bem o caso.

6. O enteado é uma loucura de arrogante, abusado, um adolescente típico? Problema da mãe dele e do pai dele. Tente opinar apenas quando e se for chamada. Afinal, é como você gostaria se estivesse do outro lado, não? Ser a outra com ética dá muuuuito trabalho. Mas agir com consciência e integridade vale a pena sempre.

Este manual está em processo de construção. Mande a sua contribuição. Cada experiência de vida é única e o que você viveu e aprendeu pode ajudar outras mulheres que estão passando por esse momento.

E aguarde: logo mais sai do forno o Manual de Ética da Ex e do Ex!

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