Casar, descasar, recasarfamília – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Consulta financeira expressa e de graça! Hoje, no TV Folha http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/08/consulta-financeira-expressa-e-de-graca-amanha-no-tv-folha/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/08/consulta-financeira-expressa-e-de-graca-amanha-no-tv-folha/#respond Tue, 08 Dec 2015 18:04:18 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2430 Ilustração: Fernando de Almeida
Ilustração: Fernando de Almeida

“Casar, descasar, recasar” leva para o TV Folha a seção “De caso com as finanças“.

Hoje, a partir das 15h até as 16h, a colunista Marcia Dessen responderá a dúvidas sobre planejamento financeiro para quem está casando (ou morando junto), descasando ou recasando.

Vai juntar as escovas e não sabe como organizar as despesas? Quer saber qual a melhor estratégia para realizar o grande sonho da família em tempo de crise? Ou você está se separando e tem mil dúvidas sobre como administrar a nova vida financeira? Essas são algumas questões que serão respondidas ao vivo no programa no TV Folha.

Mande as suas dúvidas agora ou durante o programa pelo e-mail do blog ou poste no Facebook ou no Twitter usando a #tvfolha.

Aproveite esse servição!

 

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FAQ do poliamor http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/27/faq-do-poliamor/#respond Fri, 27 Nov 2015 19:55:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2423 Rafael Machado com Sharlenn Carvalho e Angélica Amorim com quem manteve um relacionamento poliamoroso.
O trio de poliamoristas: Rafael Machado entre Angélica Amorim (esq.), com quem ficou por 4 meses, e Sharlenn Carvalho (dir.), com quem teve um relacionamento por 4 anos (Foto: arquivo pessoal)

Por Giovanna Maradei

Rolos, namoros e casamentos quase sempre acabam porque um dos parceiros se apaixona por outra pessoa. Também não são raros aqueles que dizem, ao menos no começo, que se pudessem ficariam com ambos. O que impede? O entendimento de que a prática é antiética, “coisa de puta” ou de “homem canalha”. Mas manter uma relação afetiva com duas ou mais pessoas é também coisa de poliamorista, grupo que, segundo membros do movimento, vem crescendo no Brasil, contando com adeptos dos 20 aos 60 anos de idade.

“Há cinco anos, quando começamos a organizar os encontros, reuníamos cinco pessoas, agora tivemos um evento com quase 200”, afirma o sociólogo Rafael Guimarães Machado, coordenador do grupo “Pratique Poliamor RJ”. No Facebook, o maior grupo de poliamor, “Poliamor”, reúne cerca de 9 mil participantes.

Para eles, um amor não diminui e não necessariamente anula outros. “Você não tem um ‘saco de gostar’ para distribuir uma quantidade certa para cada pessoa, se você gosta muito de um, não tem que gostar menos de outro”, afirma Machado. Além disso, se os envolvidos estão cientes e de acordo com esse formato, a traição deixa de existir.

Parece a receita perfeita para um desastre, mas tem sido a opção de muita gente que, por sinal, anda satisfeita com o resultado. Você não entende como é possível? Casar, descasar, recasar também não. Por isso, resolveu esclarecer com funciona o poliamor e montou um FAQ (perguntas mais frequentes) com uma dúzia de questões básicas. Para respondê-las, foram ouvidos os poliamoristas Rafael Machado e Cláudia Naomi Abe e exploradas páginas nas redes sociais e o site “More Than Two”, criado por Franklin Veaux, que, junto com sua companheira Eve Rickert, escreveu o livro “More Than Two – A practical guide to ethical polyamory” (Mais de dois – Um guia prático do poliamor ético). O resultado você confere aqui.

1. O que é o poliamor?

Poliamor é um termo criado em 1991 para nomear um tipo de relação amorosa no qual as pessoas envolvidas estão abertas a ter mais de um parceiro afetivo ao mesmo tempo. As regras são mutantes, variam conforme o combinado feito pelos envolvidos, mas existe uma lei imutável para todos: homens e mulheres têm direitos iguais e devem estar 100% cientes de que fazem parte de um relacionamento poliamoroso. Caso contrário, é apenas a velha e péssima traição.

2. Mas esse esquema não é o mesmo do chamado relacionamento aberto?

Não. Aliás, um relacionamento poliamoroso pode ser fechado. Não é muito comum no Brasil, mas se você se relaciona com outras duas pessoas e vocês não querem mais gente envolvida na história, este relacionamento é poliamoroso, mas não é aberto.

Além disso, os casais que têm um relacionamento aberto, geralmente, só concordam que o parceiro se relacione com outra pessoa quando é “apenas por sexo”. O envolvimento emocional está proibido. No poliamor, essa barreira não existe. Uma pessoa pode até estabelecer relacionamentos exclusivamente sexuais com outras se quiser.

3. Mas então é um namoro a três?

Existem vários formatos de poliamor. Casal, trio ou grupo totalmente aberto ou com restrições (envolvimento com pessoas de fora do grupo desde que sejam de outro círculo social ou devidamente aprovadas pelo grupo). Trio ou grupo fechado, no qual as pessoas só podem se relacionar entre si. E até o chamado mono/poli, no qual um dos parceiros é poliamorista, mas o outro, por escolha, permanece monogâmico.

4. É o modelo perfeito para quem tem medo de se comprometer!

Não exatamente. Existem pessoas que descobrem o poliamor porque tiveram uma grande decepção amorosa e não querem mais o comprometimento enquanto fidelidade monogâmica. No poliamor, uma pessoa não se compromete a ter um relacionamento exclusivo com outra, mas deve cumprir uma série de acordos e com mais de um parceiro! Conclusão: para dar certo, não dá para ter fobia de compromisso.

5. Quer dizer que o esquema não é liberou geral?

Você é livre para ter mais de um parceiro, mas, como em todo relacionamento, existem regras e necessidade de defini-las abertamente. Não existe nada preestabelecido, os envolvidos combinam tudo a cada relação: como proceder quando quiser sair com outra pessoa; se um ou mais do grupo tem prioridade… Ficar com outra pessoa não é considerado traição, mas contrariar o acordo muitas vezes é.

6. Mas sempre tem um parceiro que é mais importante, não?

Em alguns casos existe, de fato, um ou dois parceiros que ganham prioridade. São pessoas com quem você está há mais tempo, faz mais planos para o futuro… Mas de forma alguma isso é uma regra, e com o tempo as preferências podem mudar.

7. Para entrar no poliamor é preciso ser bissexual?

Não. Dentro do grupo você vai encontrar modelos variados de orientação sexual. Segundo estudo de acadêmicos e representantes do movimento no Brasil, a maioria dos homens poliamoristas se identifica como heterossexual; depois, vêm os bissexuais e, por fim, homossexuais. Já entre as mulheres, a maioria se diz bissexual; em segundo lugar, estão as heterossexuais e, em terceiro, as homossexuais. Ou seja, cada um se relaciona da forma que acha melhor.

8. E como é que fica o ciúme?

Ele existe, mas o esforço para superá-lo é grande. Uma boa DR (discutir a relação) é sempre incentivada para que os parceiros acertem os ponteiros. Além disso, a prática ajuda. Com o tempo, ao perceber que seus amados vão se encontrar com outros, mas sempre voltam e que, mesmo saindo com outras pessoas, você continua tendo vontade de ficar com todas, o ciúme vai perdendo o sentido e, consequentemente, diminuindo. Recomendação número 2: conversar com outros poliamoristas sobre o assunto. Os experimentados ajudam os novatos a perceberem que, ao contrário do que os amigos monogâmicos costumam dizer, não sentir ciúmes em determinados casos pode ser absolutamente normal.

9. E na hora de construir uma família, ter filhos, abre-se mão do poliamor, certo?

Errado. Existem vários casos de pais poliamoristas. A responsabilidade de cada adulto em relação à criança varia conforme o formato da relação – se todos moram juntos, se os parceiros da mãe e/ou do pai frequentam a casa ou não, se os pais são divorciados e só um deles é poliamorista…. O que parece não mudar é a facilidade dos pequenos em compreender a situação e o papel de cada uma daquelas pessoas na sua vida.

10. Mas eles podem se casar? Dá para oficializar uma relação poliamorista?

O comum é que as pessoas não oficializem, mas não é uma regra. No Brasil, existem dois trios que tiveram sua união oficializada. O primeiro, composto de um homem e duas mulheres, obteve o registro em 2012 na cidade de Tupã (SP). O segundo celebrou a união em outubro deste ano no Rio de Janeiro e é composto por três mulheres. Nestes casos, geralmente, todos os direitos concedidos aos casais que estabelecem uma união estável devem ser concedidos aos três envolvidos.

11. No caso de separação o sofrimento é menor, não?

Sim e não. Se você está em um relacionamento poliamoroso com outras duas pessoas e uma decide terminar, você sofre como em qualquer outra separação, mas de fato tem a sorte de ter outra pessoa amada. Por outro lado, quando mais de uma pessoa termina o relacionamento com você, o sofrimento é dobrado ou até triplicado. Ninguém sofre pelo conjunto, mas por cada uma das separações, pela falta que cada um vai fazer em sua vida.

12. Achei interessante. Onde eu encontro essas pessoas?

A internet é a melhor forma de fazer um primeiro contato. Existem diversos grupos espalhados pela redes sociais que se comunicam on-line e também promovem encontros, debates, rodas de conversa.

Mas é preciso estar atento para garantir que você está em um grupo em que as pessoas são realmente poliamoristas, e não estão apenas querendo trair seus parceiros ou promover um encontro sexual com vários. Entre os mais sérios e conhecidos estão o nacional, Poliamor Brasil, e também o regional, Pratique Poliamor RJ.

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Um hotel para entrar casado e sair divorciado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/#respond Fri, 18 Sep 2015 22:42:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2049 Bell Kranz está de férias e volta a postar no dia 9/10 

Não é exatamente um animado e divertido Hotel Marigold, da ótima comédia britânica em que a hóspede pode ter Richard Gere no quarto ao lado, mas é muito exótico. Nele, você se hospeda casado e faz check-out divorciado. Que tal?

O processo é pá-pum, acontece em apenas um fim de semana.

A ideia é baratear o trâmite, que muitas vezes se arrasta por anos, guerras e fortunas a fio, e realizá-lo de uma maneira suave e amigável. Tanto que vários futuros divorciados pedem para dormir em um quarto só. “Começam juntos e querem acabar juntos também”, garante Jim Halfens, criador e CEO Internacional do DivorceHotel.

Não se trata exatamente de um lugar, mas um serviço disponível em hoteis tradicionais nos Estados Unidos e Países Baixos.

Foi lançado em Amsterdã, em 2012, e deve aportar no Brasil logo mais. Halfens dá mais detalhes do seu inusitado, mas útil negócio neste guest post para o “Casar, descasar, recasar”.

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A hóspede namoradeira (Celia Imrie) e o hóspede charmant (Richard Gere) do “Exótico Hotel Marigold 2” ( Foto: divulgação)

Por Jim Halfens

“Minha missão pessoal é tornar os divórcios menos complicados e, portanto, mais baratos e menos dolorosos. Acho que a indústria internacional do divórcio se beneficia financeiramente ao fazer de vários processos algo muito complicado. Os princípios e as expectativas dos cônjuges em matéria de relacionamento estão se transformando em todo o mundo, apenas o setor jurídico continua igual. É preciso mudar.

O principal aspecto negativo de uma separação é o fracasso de um casamento, e quanto a isso não é possível fazer nada. Mas o divórcio pode ser encarado como um novo e positivo começo para ambos os cônjuges, sem anos de disputas legais, mas com muito respeito em relação ao futuro do outro e das possíveis crianças envolvidas. Essa é, exatamente, a razão pela qual criei o DivorceHotel.

A ideia surgiu quando eu me envolvi no divórcio terrível de um dos meus melhores amigos. Seu processo começou tranquilo, mas rapidamente saiu dos trilhos. Os dois cônjuges queriam se separar da melhor forma possível para o bem dos filhos, mas o mediador atrasava o processo continuamente. Nesse período, sua esposa iniciou uma nova relação, e as primeiras discussões sobre propriedade e dinheiro começaram. A mediação falhou drasticamente e ambos tiveram que substituir o mediador por advogados. Daquele momento em diante, os problemas só aumentaram. Eles não conseguiam mais se comunicar, e seus advogados declararam guerra.

O doloroso processo levou mais de dois anos e acabou custando uma fortuna, além de meu amigo ter sido proibido de ver os filhos durante todo esse período. Eu me convenci de que queria mudar o sistema de divórcio tradicional através de um modelo inteligente, novo, útil e, principalmente, favorável para todos os envolvidos.

Após várias pesquisas, identificamos que as respostas para a pergunta “o que é mais frustrante em um processo de divórcio?” eram sempre baseadas nas mesmas incertezas: “Você nunca sabe quando começa, quando termina e quanto vai custar”. Quanto mais tempo um processo de divórcio leva, mais elevado o risco de acabar em briga e custar muito. Acontece que os clientes também dependem das agendas cheias e não muito flexíveis dos profissionais que eles contratam, o que muitas vezes atrasa o processo de divórcio por tempo indeterminado e estende o sofrimento.

Daí veio a ideia: contratar todos os profissionais (advogados, mediadores, imobiliárias para eventual necessidade de avaliar bens imóveis) para que os cônjuges precisem deles apenas por um final de semana. Oferecer um lugar com tudo o que é necessário para um processo de separação suave, eficiente, amigável e com preço justo. O que beneficia não só o casal, mas também seus filhos e familiares.

Como o objetivo é apoiar os casais em todos os sentidos – financeira, legal e emocionalmente –, é necessário que fiquem em um local isolado, um ambiente neutro, apenas com os mediadores (familiares e amigos podem criar tensão e dificultar o processo) e com limite de tempo para realizar as negociações. Nada de surpresas, como taxas veladas, mas com clareza desde o início. Com este conceito nasceu o DivorceHotel.

O PASSO A PASSO

Quem decide se o casal está autorizado a realizar o check-in é um de nossos mediadores, e não os cônjuges. Após a admissão, eles recebem uma lição de casa e farão o check-in duas semanas mais tarde. No final de semana, todos os assuntos pendentes são discutidos e os documentos, redigidos. No domingo, o acordo de divórcio é concluído e assinado. Assim, o casal deixa o hotel divorciado, faltando apenas o selo da Justiça.

NÃO É PARA TODO MUNDO

Sabemos que o DivorceHotel pode não ser adequado para todo mundo. Você pode amar ou odiar a proposta, mas o casal vai estar no controle da situação. São raros os casos de processos que já falharam durante o fim de semana.

Toda vez que os acordos são assinados em nossos hotéis, os cônjuges desejam boa sorte um para o outro. Já tivemos um divórcio e um casamento ao mesmo tempo no mesmo hotel. Os quatro se conheceram, e os recém-divorciados deram sugestões e soluções para um casamento saudável para os recém-casados – louco, mas realista!

 

 

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Príncipes brasileiros e TFP assinam abaixo-assinado ao papa http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/31/principes-brasileiros-e-tfp-assinam-abaixo-assinado-ao-papa/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/08/31/principes-brasileiros-e-tfp-assinam-abaixo-assinado-ao-papa/#respond Mon, 31 Aug 2015 18:40:47 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1926 Mais de meio milhão de pessoas, segundo os organizadores da empreitada, já assinaram um manifesto pedindo ao papa Francisco que não permita a comunhão aos divorciados em segunda casamento civil e condene as uniões homossexuais – “contrárias à lei divina e à lei natural”.

Na carta ao “Beatíssimo Padre”, o grupo afirma que “desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de costumes morais contrários à lei natural e divina, tão implacável que torna hoje possível, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante `teoria do gênero’, a partir da mais tenra infância”.

Foto de tela do site com abaixo assinado contra a comunhão dos divorciados em segundo casamento
Foto de tela do site com abaixo assinado contra a comunhão dos divorciados em segundo casamento

Em outubro, bispos do mundo inteiro vão discutir no Vaticano, durante o segundo Sínodo dos Bispos (espécie de Parlamento da Igreja Católica), o tratamento da Igreja Católica aos divorciados e o casamento gay, o que pode render mudanças nas regras da Igreja.

Leia também: Hóstia para os divorciados!

A campanha contra está publicada na página Filial Súplica a Sua Santidade o Papa Francisco sobre o Futuro da Família e traz a lista das chamadas personalidades que assinaram a petição.

Entre os brasileiros, estão vários arcebispos (da Paraíba, do Ordinariado Militar, de Juiz de Fora…); o co-fundador da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), Adolpho Lindenberg; e dois príncipes – Dom Antônio de Orleans e Bragança e Dom Luiz de Orleans e Bragança.

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Foto de tela do abaixo assinado a favor da comunhão para divorciados que voltaram a se casar

De outro lado, o papa Francisco receberá um abaixo-assinado em apoio a possível decisão do Sínodo de permitir o acesso à comunhão aos divorciados em segunda casamento. A campanha acaba de ser lançada por um grupo de teólogos espanhóis de prestígio reconhecido. Chamada “Carta ao Bispo de Roma”, foi lançada em espanhol na plataforma Change.org e será acompanhada de outras em inglês, francês, alemão e italiano.

Na carta, os teólogos afirmam que “a prudência pastoral não só permite como hoje exige uma mudança de postura” e apresentam razões bíblicas e antropológicas para justificar o manifesto.

Uma delas refere-se à célebre frase “o que Deus uniu o homem não separa”, alegando que não se conhecia no tempo de Jesus a situação de um casamento (talvez por culpa de ambos ou de uma incompatibilidade de gênios desconhecida anteriormente) que fracassa no seu projeto de união. O texto argumenta que na Palestina do século 1, as palavras de Jesus referiam-se diretamente ao marido que trai e abandona a mulher por outra mulher ou por motivo desse tipo. Ou seja, trata-se primeiramente de uma defesa da mulher.

E você: é a favor ou contra que os católicos divorciados e recasados participem da comunhão? Mande o seu voto para cá!

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Chamar o ex de “falecido” é do além! http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/chamar-o-ex-de-falecido-e-do-alem/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/chamar-o-ex-de-falecido-e-do-alem/#respond Mon, 06 Jul 2015 17:02:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1750 Quando um casamento acaba vem o luto, não tem jeito. É assim com toda perda. Mas ninguém morre. As pessoas podem sair feridas, mas não mortas. Apesar disso, homens e mulheres com frequência “matam” seus respectivos ex quando a história terminou mal, com um rompimento pouco amigável.

Finge-se (amigos e parentes incluídos, muitas vezes) que o cônjuge que saiu de cena nunca existiu. Foram 10, 20 ou até 30 anos de convivência em que ele recebeu em casa os amigos do casal, foi ao batizado dos filhos, trocaram presentes de Natal, viajaram juntos, dividiram perdas de pessoas queridas e um monte de almoços e jantares. Mas tudo isso é apagado.

O nome do “morto” não é nem pronunciado. Quer dizer, às vezes é, mas com outra denominação (e aí surge a versão mais grotesca da prática de “matar” o ex): ele passa a ser chamado de “o falecido”, ainda que seja o pai dos próprios filhos (ou a mãe, que vira “a falecida”).

(Julie Cockburn)
Chamar o ex (a ex) de falecido (falecida) é uma estratégia que não funciona para sempre (Imagem: Julie Cockburn)

Hipocrisia, alteridade, covardia, tirania? Sei lá, essas são posturas individuais, escolhas de cada um. O que mais importa é o impacto social, o legado desse comportamento, o que se ensina e que vai ser repetido pelos filhos no futuro. Enquanto isso, eles têm que viver o papel nada agradável de filho de morto-vivo (ou da morta-viva). É comum em encontros e festas familiares na casa de um dos pais, um convidado se aproximar sem graça e sussurrar algo do tipo: “Olha, sou muito amigo do seu pai, gosto muito dele, viu?” – mas que ninguém nos ouça é o subtexto.

Quem rompe o vínculo é o casal, mas amigos e familiares ficam desorientados. Tomar partido de um ou de outro é um direito, mas pouco se fala sobre como fazer isso com respeito e dignidade.

Veja a cena: Ana é amiga de João desde a infância e, por tabela, ficou amiga da mulher dele, Maria. O casal se separa. Meses depois, Ana está com João na rua e avista Maria. Ana faz o quê? Finge que não viu Maria. Pode ter agido assim movida por incompetência para lidar com aquela saia justa e depois se sentiu incomodada com a própria atitude. Ou não, agiu com consciência sem qualquer mal-estar. Se a reação incomodou, não desceu bem, alfinetou, vale a pena pensar sobre a concepção que se tem da separação: é fracasso, humilhação ou faz parte da vida? Refletir ajuda a transformar.

Bom lembrar também que às vezes é difícil para o amigo, que se vê diante de uma história enrolada, por exemplo, e não quer se comprometer, diz Alice Tamashiro, terapeuta do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Sedes Sapientiae. Seja como for, a melhor solução é não julgar e ser generoso com quem saiu da relação.

E por que se “mata” aquele com quem partilhou um tempo tão bom na vida? “Matar e enterrar emocionalmente alguém é enterrar aquilo que não pode ser lembrado, porque machuca”, diz a psicóloga Márcia Barone Bartilotti, coordenadora do NAPC. Trata-se de uma estratégia que anestesia, ajudando a atravessar o luto com menos sofrimento.

O problema é que dá para usar essa artimanha por um tempo, mas não para sempre, diz Márcia. Velhas questões, que se imaginava estarem debaixo da terra, ressurgem num novo relacionamento. Ou seja, uma hora o enterrado vivo reaparece – feito fantasma (ui!), ele volta para puxar o seu pé.

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O primeiro Dia das Mães separada http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/09/o-primeiro-dia-das-maes-separada/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/09/o-primeiro-dia-das-maes-separada/#respond Sat, 09 May 2015 12:26:52 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1586 Passeio de mães com seus filhos na década de 50 registrado pelo fotógrafo americano Ken Heyman
Passeio de mães com seus filhos na década de 50 registrado pelo fotógrafo americano Ken Heyman

No festival de efemérides familiares, o primeiro Dia das Mães separada é um dos mais estranhos, sendo que o troféu “fundo do poço” fica para a “noite feliz” de Natal.

É triste? Um bocado se o costume da família é o tradicional papai se encarrega da produção. Os anos seguintes também são esquisitos, mas sempre menos, cada vez menos até começar a ficar bom. Especialmente se aparece aquele ser iluminado – pode ser uma terapeuta porreta de boa, uma amiga experiente, uma leitura certeira ­– que chega para você e diz: “Fia, esse dia é seu, pra curtir juntinho dos filhos; trate de matutar um programa bem bom, que você tem vontade de fazer nesse domingão com os rebentos e parta para a nova aventura” (lembrando que o papo aqui não diz absolutamente nada para aquelas mães que tiveram um péssimo companheiro e pai e, portanto, só estão brindando aliviadas!).

Então, se daquele pomar imenso que era o seu casamento sobrou um limãozinho, vá fazer um suco bem fresh e doce. Pode estar difícil, sim, toda perda é dura e dói. Mas faça uso criativo dela. E, para isso, o Dias das Mães é uma excelente oportunidade.

Vamos às perdas e ganhos da estreia neste ano sem o marido.

Muito provavelmente você terá de abdicar daquela postura real, aquele ar elizabetano que até ferrenhas críticas da comercial data exibem quando acordam na manhã deste domingo de maio no aguardo das homenagens. Tudo tende a ficar mais simples, com uma certa dose de maturidade, consciência, e, talvez, menos infantiloide. Mas com emoção.

A superprodução promovida pelo maridão para a rainha do lar pode ser guardada com carinho, porque foi muito bom mesmo enquanto durou, na gavetinha do passado, junto com as joias e outros bons presentes que ele tenha oferecido. Neste ano, para compensar, você tem a chance de ir às lágrimas com uma surpresa diferentona – se bem que nesse caso qualquer reconhecimento de filho amoroso vai levar a mulher em luto às lágrimas. Por exemplo: ganhar dos três filhos uma blusinha arrematada na liquidação da loja cujo style não tem nada a ver com você, mas que eles a imaginaram lindona naquele modelo. O mimo produzido com dedicação pelo filho sem a mão e a carteira do pai carrega uma alegria de outra matiz, agrega um sentido mais humano a essa data marcada pelo consumo (o que não significa cuspir no prato que comeu, detonando o padrão da vida conjugal; trata-se apenas de ligar as antenas para detectar o bom e o belo desse novo cenário).

Se os filhos são pequenos, podem precisar de uma ajuda neste primeiro ano sem o suporte do pai. Às vezes, uma avó esperta, tia ou amiga colaboram com as crianças, ajudando na produção da homenagem. Do contrário, entre você em ação. Aproveite para ensinar a importância de mostrar o afeto e celebrar quem se gosta, de dizer também o quanto é gostoso receber o carinho deles, as maneiras como isso pode ser feito… E não desperdice nenhuma ajuda que chegar até você com afeto, como o convite para almoçar na casa da prima que nunca te deu a menor bola. Nesse momento de fragilidade, siga a hashtag #écarinhotávalendo.

HELLO, PAIS!

Nesse primeiro Dia das Mães sem o pai, as crianças e até adolescentes podem ficar perdidos sobre como agir. “Principalmente se o ex-casal está brigando, pois os filhos podem sentir que estão traindo o pai se homenageiam a mãe. Isso é comum e terrível para os filhos”, diz o médico psiquiatra especializado em terapia de casal Nairo de Souza Vargas.

Brigas à parte, o ex pode incentivar a homenagem à mãe patrocinando um presente ou parte dele, sugerindo que os filhos confeccionem um agrado, escrevam uma cartinha ou o que for, mas que a homenageiem.

Se está num segundo casamento e a mulher é muito insegura ou ciumenta, é possível que ela dificulte essa tarefa paterna. “Infelizmente, há segundas esposas que restringem muito o papel do pai em relação aos filhos e mais ainda no caso de uma homenagem à mãe”, diz o psiquiatra. Nessa hora, ele deve ser esperto e por limites, “não se submeter a esse tipo de atitude controladora”.

O homem deixa de ser marido, mas continua um companheiro da mãe enquanto pai dos filhos. Tem o papel de ajudar na relação dos rebentos com a mãe. Ao menos, é o que se espera de um pai responsável e ético – e a recíproca é verdadeira em relação à mãe, que terá sua estreia logo mais, no Dia dos Pais, 9 de agosto, e essa promete ser mais tranquila.

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10 segredos de enteado que você precisa saber http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/08/10-segredos-de-enteado-que-voce-precisa-saber/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/08/10-segredos-de-enteado-que-voce-precisa-saber/#respond Wed, 08 Apr 2015 17:52:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1341 Kyle Catlett em cena do filme Uma viagem extrairdunária_Jan Thijs:Divulgacao
Kyle Catlett em cena do filme de aventura “Uma Viagem Extraordinária” (Foto: Jan Thijs/divulgação)

Alô, madrasta! Muito do mal-estar, dos desentendimentos e conflitos na relação com os filhos do seu marido pode ser transformado se você descobrir como as crianças se sentem e o que elas pensam diante de uma nova configuração familiar e de certas atitudes equivocadas e comuns de madrastas.

“Casar, descasar, recasar” organizou, com a ajuda preciosa da psiquiatra Vanessa Pinzon, que também é coordenadora-geral do Protad (Projeto em Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência), 10 das principais queixas de enteados e enteadas. Saiba o que eles pensam e o que gostariam de dizer para suas madrastas.

1. Você nunca deixa o meu pai sozinho comigo, sempre tem que estar junto. Mas tem horas que eu quero ficar só com ele. E não é porque eu não gosto de você. Até quando os meus pais eram casados, tinha horas que eu queria ficar só com a minha mãe e horas que eu queria ficar só com o meu pai, fazer programa de pai e filho. É diferente, entende?

2. Eu não tenho culpa das atitudes do meu pai. Às vezes, você reclama que ele faz tudo o que eu quero, que dá tudo o que eu peço, que ele não sai mais com você sem os filhos (eu e os meus irmãos).  A culpa não é minha. Converse com ele! Esse é um problema de vocês, adultos.

3. Quando eu tenho uma festa à noite e meu pai tem que me levar, depois tem que buscar, você fica chateada, você não gosta. E eu me sinto incomodando. Mas eu preciso do meu pai também.

4. Você quer dar uma de minha mãe, dizendo o que eu devo fazer. Eu já tenho uma mãe, não preciso de outra. O pior é que, às vezes, o que você pensa é o contrário do que ela pensa. No final, eu fico com três opiniões: a sua, a da minha mãe e a do meu pai. E aí, o que eu faço? Fico confuso. Gostaria muito que você, quando percebesse que estou triste, com alguma dúvida, desse um toque para o meu pai vir falar comigo e deixasse o meu pai falar. É mais fácil conversar com ele, que me conhece mais do que você.

5. Claro que eu gostaria muito de ter o meu pai vivendo junto com a minha mãe e eu na mesma casa. Mas se você for legal comigo, está tudo bem!

6. Minha mãe é o exemplo de tudo o que eu conheço, e você tem um jeito diferente dela, daí eu brigo, porque não sei o que fazer. Por exemplo: ela e o meu pai exigem que eu sempre tire nota alta na escola, e você diz que não, o que importa é passar de ano. Daí acho que tenho que defender a minha mãe e brigo com você.

7. O seu filho não é meu irmão. Ele ainda é um estranho para mim, preciso conhecer essa pessoa. Estou começando a me habituar com essa nova família do meu pai. Então, vamos devagar, eu preciso de tempo para entender tudo isso.

8. Quando você fala mal da minha mãe, eu me sinto culpado de ficar ouvindo. E não sei o que fazer. Tenho medo de responder para você e meu pai ficar bravo comigo e medo de não contar para a minha mãe e ela ficar brava. E se eu contar, ela vai perguntar o que eu fiz e reclamar que eu não a defendi.

9. Existem coisas que você quer que eu faça, mas que a minha mãe não deixa. Comer chocolate à vontade, por exemplo. Daí, eu tenho que mentir para você ou para a minha mãe. E é horrível ter que mentir. No fim, minha mãe sempre descobre.

10. Às vezes, acho que você só me aguenta por causa do meu pai. Por isso, alguns dias eu não quero vir para cá, fico quieto, triste. Tenho medo de atrapalhar. E você reclama que eu não falo nada, que eu nunca digo o que quero fazer, não dou opinião. Até parece que eu não gosto de você, mas na verdade eu tenho medo de que você não goste de mim.

 

 

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Show de sabedoria e amor na audiência de separação da filha http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/30/show-de-sabedoria-e-amor-na-audiencia-de-separacao-da-filha/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/30/show-de-sabedoria-e-amor-na-audiencia-de-separacao-da-filha/#respond Mon, 30 Mar 2015 17:27:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1295 Casamento é de dois, mas une tantas almas. Principalmente no caso das uniões longas, que incluem uma coleção de festas de aniversário, almoços de domingo, de dias dos pais, das mães e de Páscoa, além de velórios, enterros, doenças e outros eventos que se repetem e constroem a história de todos de uma família.

O rompimento de um casamento desestabiliza essa rede familiar. A pior dor é do casal, claro, mas por tabela o sofrimento pode atingir em cheio os pais, muitas vezes idosos.

É o caso da história emocionante de uma idosa e valente mãe que dá um show de sabedoria e demonstração de amor e acolhimento incondicional à filha durante a audiência de sua separação.

O texto é da juíza Andréa Pachá e uma das suas histórias preferidas que compõem o livro “A Vida Não é Justa” (ed. Agir). O best-seller traz crônicas baseadas em casos reais presenciados pela escritora e juíza durante seus 15 anos atuando na Vara de Família no Rio de Janeiro. Hoje, Andréa Pachá é juíza da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio de Janeiro e ouvidora-geral do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro e é também autora do recém-lançado “Segredo de Justiça” (ed. Agir).

Segue abaixo o texto. Para pensar na mãe, no amor e na saúde.

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“Essas flores são para que você nunca esqueça da mulher íntegra que é e que muito me orgulha”, disse a mãe ao receber a filha após a audiência de divórcio no Tribunal

Fala quem pode

Por Andréa Pachá

Separações são sempre difíceis. Mesmo quando a decisão é construída pelos dois, a sensação é de fracasso, culpa, tristeza profunda. E o pior é que não tem bula ou manual de instruções.

Tudo parece tão fácil – nos filmes. Depois da tela escura, amanhece. Cada qual na sua casa, com a roupa de cama no armário, a louça na cozinha e os livros displicentemente arrumados nas estantes. Ninguém faz as malas, ninguém discute o significado dos objetos colecionados durante quase 30 anos. Não se reflete sobre o melhor momento de empacotar a vida ou apartar o paletó do vestido.

Costumam ser rápidas as audiências consensuais de separação. Raramente uma reconciliação, mas com frequência um choro e sempre a dor da ferida ainda não cicatrizada.

Fernando e Teresa não se pareciam com nenhum dos milhares de casais que acostumei ver naquela situação. Mal conseguiam se entreolhar. Não tinham filhos. Não precisavam de pensão. O patrimônio do casal seria dividido em partes iguais e ela voltaria a usar o nome de solteira.

Antes que eu formulasse a burocrática pergunta sobre a possibilidade de reconciliação – especialmente burocrática naquele caso, considerando a nítida distância entre os dois –, entra na sala uma senhora. Era  muito idosa, cabelos brancos arrumados, chiquérrima e com um buquê de rosas colombianas vermelhas na mão.

– Desculpa, doutora. É minha mãe – informou Teresa.

– Posso aguardar aqui dentro, excelência? – perguntou a senhora com as rosas.

– Se vocês não se incomodarem…

Tanto Teresa quanto Fernando assentiram. Altiva, ela sentou e, tranquila, aguardou o encerramento do ato.

O acordo foi ratificado e o tempo não passava. Nunca demorou tanto uma impressão de texto. Parecia a eternidade. O silêncio, ali, era sólido, machucava. Eu não sabia o que podia fazer, ao menos, para amenizar o visível constrangimento do casal e, óbvio, o meu.

Ele era professor universitário e ela pesquisadora. Provoquei alguma pauta política do dia e a discussão sobre os arquivos da ditadura veio à tona. Qualquer coisa era mais suportável que aquele silêncio.

Soube, então, que se conheceram nos anos 60, no movimento estudantil, e foi um amor de ideias e liberdade. Companheiros da resistência, não podia haver qualquer evento capaz de destruir a solidez dos projetos e sonhos. Dividiam as almas e se imaginavam juntos até o fim.

Ela nunca engravidou e em exames preparatórios para um tratamento de infertilidade, quase aos 40 anos, veio o diagnóstico de câncer de mama.

Ele a acompanhou na cirurgia e na quimioterapia. Poucos meses depois do retorno do hospital, a notícia de uma gravidez não programada de outra mulher, com quem Fernando tivera um relacionamento eventual e passageiro, caiu como uma bomba, no já detonado quarteirão doméstico.

Mesmo fragilizada pela doença, a racionalidade prevaleceu. E se teve impulsos de descontrole ou vitimização, e se pretendeu quebrar tudo, Teresa se conteve. O que os fazia parceiros era muito mais do que um sentimento de posse. Maduros, éticos, leais e politicamente corretos, enfrentariam a situação como adultos que eram e continuariam no mesmo barco.

Atenta, eu assistia hipnotizada e admirada à história contada pelos dois.

Alguns anos depois, um novo tumor.  Desta vez, Fernando não suportou o encargo, a responsabilidade. Não era falta de compreensão ou solidariedade. Era falta de vontade de prosseguir. Conversaram. De novo, sem drama, sem tragédia e sem bolero. Procuraram o advogado e ali estavam.

Assinados os papeis e prontos para sair, a senhora das rosas levanta e numa voz firme, pede a palavra.

Informei que a audiência havia terminado e, caso Fernando quisesse, podia sair, mas, autoritária, ela o impediu.

– Só preciso dizer uma coisa, Fernando. E gostaria que você ouvisse.

Ele parou respeitosamente e permaneceu de pé.

Ela prosseguiu:

– No dia do casamento de vocês, meu marido, ainda vivo, te entregou o nosso bem mais precioso. Hoje, eu fiz questão de vir aqui, com flores, para receber de volta a melhor mulher que você podia ter encontrado na sua vida. Não te culpo por nada. Só lamento que você não tenha conseguido chegar nessa idade com a sabedoria, a maturidade e a generosidade que se espera de um homem. Sempre te acolhi como um filho e nunca imaginei que uma pessoa de caráter pudesse abandonar qualquer ser humano no momento mais frágil da sua vida. Isso, rapaz, é papel de moleque. A vida não serviu para que você se transformasse numa pessoa melhor. Nessas horas, dói mais pra mim, a revelação do seu egoísmo e falta de compaixão.

Nenhuma reação. Nem de Teresa, nem de Fernando.

– Acabei. Pode ir. Seja feliz, coisa que eu duvido que você consiga.

Ainda da porta, ele ouviu o que faltava:

– Você, minha filha, me dá um abraço apertado. Essas flores são para que você nunca esqueça da mulher íntegra que é e que muito me orgulha. Não temos, no sangue, a capacidade de armazenar ressentimentos. Você vai ser muito feliz porque merece. Dignidade é coisa que homem nenhum tira da gente.

Fernando deixou a sala. Levantei e pedi um abraço da senhorinha. Racional, como Teresa, eu não podia ter feito aquele discurso, principalmente porque não sou juíza para julgar desejos, impulsos e limitações alheios.

Não consegui, entretanto, esconder a satisfação de presenciar um acerto de contas, vindo de uma autoridade que só a idade e a dignidade conferem. Aquela mãe não tinha nenhum compromisso, quer com a racionalidade, quer com a legalidade. Podia falar o que quisesse naquelas circunstâncias.

Partiram, mãe e filha, de braços dados, com o buquê de rosas vermelhas, no cortejo para a vida.

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O casal não se entende mais, e os filhos perdem primos, avós, tios… http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/18/o-casal-nao-se-entende-mais-e-os-filhos-perdem-primos-avos-tios/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/18/o-casal-nao-se-entende-mais-e-os-filhos-perdem-primos-avos-tios/#respond Wed, 18 Mar 2015 16:01:03 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1221
Impedir o convívio com os avós ou outros parentes é desrespeitar um direito da criança (Carlos Cecconello/Folhapress)

Pouco ou nada se fala sobre uma maldade que pais separados às vezes fazem com seus filhos e os avós, primos ou tios das crianças (do lado da família contrária, claro). Mas existe denominação jurídica para isso e até pena para quem comete esse vexame.

Há alguns dias, uma amiga do peito liga aflita. Mulher de seus 60 anos, casou muito nova, teve filhos cedo e logo se separou. Casou de novo, o ex também, todos tiveram mais um ou dois rebentos e sempre conviveram de forma amigável e respeitosa.

Agora, o filho mais velho se separou. Ela liga para dar a notícia, mas estava nervosa mesmo porque a recém-ex-nora está dificultando as saídas semanais que ela promove com as duas netinhas.

É muito comum, apesar de ilógico: a mulher escolhe o homem para se casar, tem filhos e quando não dá ou não quer mais manter o casamento afasta as crianças da família do outro lado.

Homem também apronta dessas. A leitora que, em depoimento ao “Casar, descasar, recasar”, relatou o drama vivido na infância quando a mãe se apaixonou perdidamente por outro homem e passou a ignorar os filhos, disse que, com a traição da mãe, a família do pai simplesmente sumiu.

“Meus avós não foram proativos, não procuraram os netos, porque o meu pai falava mal da minha mãe. Você já perde a referência porque os pais se separaram e ainda se separa dos avós e primos!”, disse a leitora. Esse é um momento que as crianças tanto precisam do apoio e da presença das famílias, que são delas, independentemente de os pais estarem casados ou não.

O mesmo vale para os enteados. O casal se separa, mas as crianças dessa e de outras uniões continuam irmãos.

Minha mestre e amiga psicanalista tem uma prática muito saudável, eficaz, além de amigável. Quando um filho separado anuncia que vai recasar, isso aconteceu com mais de um filho, ela chama a noiva e avisa que muito provavelmente a futura encontrará a ex na sua casa (da sogra), simplesmente porque a ex é a mãe dos seus netos e, portanto, sempre será bem-vinda e convidada para datas importantes da família. Não é muito chique?

Fica aqui o exemplo. A nora começou a enlouquecer, transferindo a mágoa dela pelo ex para a sogra? Aproveite para lembrá-la: “Sou avó da sua filha e não temos nenhuma responsabilidade com o fim do seu casamento. Seremos sempre neta e avó”. A ideia é evitar que a família toda se despedace, em especial os filhos, quando a decisão de romper é apenas de dois.

Por fim, a lei: a tão falada e terrível alienação parental (quando um dos pais denigre a imagem do outro, colocando o filho contra o genitor ou genitora) é um conceito jurídico que se estende a todos os parentes da criança. Impedir o convívio do filho com avós, tios ou primos, por exemplo, pode ser punido com a perda da guarda ou da pensão alimentícia por se tratar, como diz a lei, de ato indigno.

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A ética da outra http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/06/a-etica-da-outra/#respond Tue, 06 Jan 2015 21:57:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=37 Foto: Darko Vojinovic/Associated Press
A terceira pessoa que surge na vida de um casal tem suas responsabilidades (Darko Vojinovic/Associated Press)

A humanidade é tão esperta, conta com alguns milhares de anos de história, informação sobre tudo e conhecimentos de toda ordem, mas, apesar disso, o homem civilizado não sabe desempenhar certos papeis básicos e fundamentais ao bom relacionamento humano e, de quebra, à saúde mental – dele próprio e das pessoas que lhe são queridas.

Por exemplo: a gente aprende a ser pai, filho, aluno, cidadão, mas ninguém ensina a gente a ser sogra, nora (desconfio que padrinho e madrinha de afilhado grande também não), nem ex-mulher ou ex-marido. O papel da outra, então, nem se fala. O tema é tabu! Ninguém discute, por exemplo, a ética dessa terceira pessoa que surge na vida de um casal, mas ela (a ética) existe.

Quando a “outra” passa de companheira oficiosa a oficial (namorada assumida ou esposa), adquire uma megaresponsabilidade, a qual só aumenta quando há  filhos na jogada – dela com o ex-marido ou dele com a ex. Em geral, a outra (oficiosa ou oficial) não tem noção da importância que exerce para a felicidade da sua família e da dele, até, é claro, ela se ver no papel de ex, mas esse assunto – quando a outra vira ex – fica para outro dia.

Segue abaixo parte do manual da ética da outra, que vale para o homem, claro, quando ele encarna o papel do “outro” na vida da mulher casada, vale também para homossexuais e pessoas de qualquer orientação sexual e também é indicado às mulheres em geral. Mais do que nunca, nesse momento delicado de rompimentos e recasamentos, a solidariedade feminina deve mostrar a que veio. Todas as figuras femininas envolvidas na história (filhas, amigas, sogra e, claro, a outra) devem cultivar o respeito à mulher que está vivendo a dissolução do seu casamento – difícil para ela até quando já nem quer mais manter a relação.

E atenção mães: coloquem esse assunto na mesa para as suas filhas. Tudo bem, você já aconselhou as meninas a não entrarem nessa barca furada de se envolver com homem casado. Mas elas podem se enrolar, sim, com infidelidades. Que, então, ao menos tenham consciência das responsabilidades desse papel. “Reze esse mesmo terço” com os filhos homens, que eventualmente se vejam no papel do “outro”, sem deixar de igualmente alertar a respeito da manjada “barca furada”.

Segue então o Manual de Ética da Outra.

1. Em primeiro lugar, proteja todos – você, ele e a família dele – das armadilhas das redes sociais. Se ele está cego de paixão por você e é do tipo que faz qualquer coisa para mostrar seu amor, até colocar no Facebook que está num relacionamento sério antes mesmo de se separar legalmente da mulher, ajude-o a perceber que ele pode demonstrar seu amor sem destruir a saúde mental da família, que ainda está de luto com a saída do pai e do ex-marido e que tal exposição só vai aumentar o sofrimento da família dele. Sem contar que ele corre o risco de se expor publicamente no papel de um adolescente irresponsável.

2. Jamais fale mal da ex-mulher dele para os outros ou mesmo para ele. Não pega nada bem para você, que inclusive está com o homem que ama ao seu lado. Por menos que ele admire a ex-mulher, convenhamos que não é agradável ouvir críticas que desmerecem a pessoa com quem se compartilhou parte da vida e, muitas vezes, é a mãe dos próprios filhos.

3. Respeite os amigos antigos dele, que faziam parte do seu círculo quando era casado. São pessoas de quem o seu marido gosta, com quem tem uma história e em quem confia. Não imagine que eles se tornarão seus amigos de um dia para o outro. Eles precisam de tempo para se acostumar à nova realidade do amigo. Se quiser ser aceita, colabore e, muito provavelmente, eles passarão a ser também seu amigos, já que você é a mulher que o amigo escolheu.

4. Os filhos dele e da ex-mulher continuam sendo filhos dele e da ex-mulher. Isso você não pode mudar nunca, mas pode construir uma relação saudável com os filhos – crianças ou adultos ­–, que envolva respeito, carinho e até cumplicidade. Mas, pelo amor de deus, fuja do clichê “segunda mãe“. Se esse papel vier a ser seu, só após algumas décadas de dedicação verdadeira à relação – e por escolha deles. Contente-se com o papel de “mulher do pai”, porque é é o nome dado pelo filhos e é exatamente isso o que você é para eles.

5. Competição entre a mulher e os filhos do parceiro são comuns. Especialmente se ela é muuuuuito mais nova que o marido a ponto de os filhos terem idade para serem os amigos de faculdade. Pode parar, isso é infantilidade, bobeira. Quando a competição se dá entre irmãos, é superada. Mas esse não é bem o caso.

6. O enteado é uma loucura de arrogante, abusado, um adolescente típico? Problema da mãe dele e do pai dele. Tente opinar apenas quando e se for chamada. Afinal, é como você gostaria se estivesse do outro lado, não? Ser a outra com ética dá muuuuito trabalho. Mas agir com consciência e integridade vale a pena sempre.

Este manual está em processo de construção. Mande a sua contribuição. Cada experiência de vida é única e o que você viveu e aprendeu pode ajudar outras mulheres que estão passando por esse momento.

E aguarde: logo mais sai do forno o Manual de Ética da Ex e do Ex!

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