Casar, descasar, recasarfilme – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Charlotte Rampling e o sentido das bodas http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/#respond Mon, 23 Nov 2015 15:48:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2394 45years-1
No papel da protagonista Kate, em “45 Anos”, Charlotte Rempling levou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim (Foto divulgação)

Sessenta anos de casamento! Sabe o que é isso? Nem o padre que celebrou a digníssima cerimônia sabia. Em uma das igrejas mais tradicionais de São Paulo, o casal de seus 80 anos, meus queridos tios, entrou devagarinho, suave, mas com vigor, rumo ao altar para a renovação dos votos.

Todos se emocionaram por causa do clima de delicadeza, ternura, serenidade que reinou na cerimônia. A “noiva” usava um longo azul claro, bordado de pedrinhas brilhantes, e o noivo, terno escuro e gravata da cor da cabeleira, prateada. No altar, estavam rodeados pelos filhos e netos, os padrinhos – e incontestáveis testemunhas.

Para contrastar, naquela noite de sexta-feira de chuva pesada na cidade, ruidosos jovens convivas do casamento seguinte se amontoavam na entrada e, quando já não era mais possível, “invadiram” a igreja. Afinal, o padre não finalizava nunca os trabalhos, estava claramente maravilhado com aquela celebração que, sabe-se lá Deus, se ele veria outra vez na vida.

Boda vem do latim vota, que significa promessa, e é isso que se vai fazer numa cerimônia de bodas (no caso, foi de diamantes), renovar a promessa feita no dia do casamento.

Daí, festança boa à parte, surge a questão: precisa prometer mais alguma coisa depois de 60 anos de vida em comum? Essa, porém, é uma mentalidade bem tacanha de quem vê o idoso como um ser vazio de expectativas e cheio de certezas, especialmente a respeito do futuro de um casamento de décadas.

O filme “45 anos”, do diretor e roteirista inglês Andrew Haigh, lançado recentemente, mostra que septuagenários podem sofrer tão profundamente de ciúmes, desconfiança e angústia existencial como qualquer jovem amante (trailer abaixo).


Dois ícones do cinema britânico, Tom Courtenay, 78, e Charlotte Rampling, 69, que levaram o Urso de Prata de melhor ator e atriz no Festival de Berlim, fazem o papel de Kate e Geoff Mercer. O casal se prepara para comemorar bodas de safira, 45 anos de casamento. Na semana da festa, ele recebe uma carta com a notícia de que o corpo de seu primeiro amor, Katya, desaparecida nos Alpes suíços há mais de 50 anos, foi encontrado (ele estava com ela quando o acidente aconteceu). A notícia estremece o maduro e sólido vínculo conjugal.

Geoff fica desorientado com a descoberta do corpo da ex-namorada, que está conservado, literalmente congelado pelo tempo, tal qual era quando ambos namoravam. Vêm à tona informações da relação que Kate não sabia. O comportamento do marido muda, e ela então parte para a espionagem.

Não vai fuçar o WhatsApp dele nem invadir sua caixa postal, mas o sótão da casa, para onde ele vai quando sai da cama de madrugada. Lá ela descobre seus segredos: um diário e slides com fotos de Katya.

O fantasma da ex assombra o casamento. A mulher se sente traída por ele no compromisso de dizer sempre a verdade. Nem tudo do caso de Geoff com a antiga namorada havia sido contado. Mas ele não mentiu, omitiu. E aí? Isso é traição? Quando diz amargurada que sempre foi uma boa mulher para ele, sinaliza um equívoco comum nas parcerias, acreditar ser responsável pela felicidade do outro, quando ser pela sua própria já é uma vitória.

Kate tem o lado mulher-mãe bem desenvolvido, que cuida (não se limita a lembrá-lo de tomar seus remédios, mas os entrega com o copo d’água) e que dá lá algumas ordens.

A cena final, um show de interpretação da bela Rampling, uma das poucas estrelas que aceitou as marcas do tempo no rosto, cabe diferentes interpretações. Vale a pena conferir.

Li só elogios ao filme e ouvi críticas de público sobre uma possível “superficialidade” do roteiro. Isso talvez porque o filme está a anos luz de distância da imagem caricatural que se faz das pessoas mais velhas, é megarealista, muito humano.

Os casamentos, como as pessoas, podem envelhecer lindamente ou não. Renovar, portanto, faz todo o sentido.

Leia mais sobre relacionamentos entre idosos

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Acorrentar o ex é perder a própria liberdade http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/06/acorrentar-o-ex-e-perder-a-propria-liberdade/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/06/acorrentar-o-ex-e-perder-a-propria-liberdade/#respond Sun, 06 Sep 2015 15:13:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1947 Screenshot 2015-09-05 23.47.03
Ronit Elkabetz, atriz e codiretora do filme no papel de Viviane Amsalem (Foto: divulgação)

“O Julgamento de Viviane Amsalem”, recém-estreado em São Paulo, é um baita filme, de tirar o fôlego. Uma experiência sinistra para quem mal leu a sinopse antes de ir ao cinema ou desconhece a cultura do divórcio em Israel. Embasbacado na poltrona, o expectador se pergunta se não seria um filme de época. “E que época? Ou uma ficção surrealista, de tão bizarra a situação desse julgamento”. Antes fosse!

Trata-se de um filme-denúncia, com uma pegada caricatural, do que acontece hoje em Israel. No país, não existe casamento nem divórcio civil, só religioso. “Ou eles recorrem à ortodoxia ou não tem saída”, diz o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, ala religiosa mais liberal.

Saída até existe: o aeroporto. Muitos seguem rumo à paradísiaca e vizinha ilha de Chipre, já que o Estado de Israel reconhece cerimônias celebradas em países com quem tem relações diplomáticas.

Há outro detalhe bizarro: como manda a milenar lei religiosa judaica, só o marido pode por fim ao casamento. Se ela quer e ele não, um tribunal rabínico tentará persuadi-lo a liberar a mulher para que siga uma nova vida – o que pode dar certo ou não.

O filme mostra o calvário de Viviane Amsalem, em interpretação incrível de Ronit Elkabetz, para conseguir que o marido, Elisha Amsalem (Simon Abkarian), lhe conceda o divórcio. Ela passa três anos indo e vindo de audiências torturantes, comandadas por um trio de rabinos ultraortodoxos. É humilhada em sessões surreais, onde impera a mentalidade machista de uma estrutura patriarcal medieval.

O marido, Elisha, declara sempre que terminantemente não, ele não dá o divórcio à mulher, com quem tem 4 filhos, foi casado por 30 anos e há 3 já não vive junto.

As mulheres separadas que não conseguem do marido o guet, documento de divórcio, são chamadas de agunot (acorrentadas). Ficam presas ao matrimônio, impedidas de casar ou ter outra relação, o que configuraria adultério. Essas mulheres, portanto, perdem o direito de decidir a própria vida.

Estado de Israel e judaísmo à parte, quantos homens e mulheres de qualquer país e religião não insistem no apego a uma vida conjugal que já acabou? Assim eles também perdem a possibilidade de tomar as rédeas de uma nova vida.

Refiro-me aos que se divorciam contra a vontade, porque o parceiro quis, mas na prática não se separam. Acorrentam os respectivos ex, arrumando encrenca, brigando, atormentando, às vezes passando a vida em guerra com quem já não mais lhe diz respeito enquanto companheiro de vida.

É o pior caminho, o chamado tiro no pé. Quando você prende o outro, você também fica preso a ele. Intervir na liberdade alheia significa perder a própria liberdade.

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O casamento dançou e você não vai sambar? Dê risada com esses filmes http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/13/o-casamento-dancou-e-voce-nao-vai-sambar-de-risada-com-esses-filmes/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/13/o-casamento-dancou-e-voce-nao-vai-sambar-de-risada-com-esses-filmes/#respond Fri, 13 Feb 2015 18:42:26 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=921 Programinha caseiro para dar boas risadas e levantar o astral para quem anda chororô neste Carnaval. Segue uma seleção ótima de três comédias românticas que envolvem o tema separação.

simplesmente complicado 2 divulgacao
Momento revival do casal depois de uma década de separação no filme “Simplesmente Complicado”

Por Giovanna Maradei

“Simplesmente Complicado” (2009) 

É possível ter um caso com o ex-marido? Jane (Meryl Streep) vai mostrar que sim – mesmo se o casal estiver divorciado há anos. O reencontro dos dois acontece em uma viagem para a formatura de um dos seus três filhos. O ex-marido, Jake, interpretado por Alec Baldwin, traiu a ex-mulher e depois casou com a jovem amante. Ela nunca superou completamente a separação. E ele, agora, está em crise no novo casamento. A sós, os dois vão relembrar o passado e ter aquela recaída básica (quem nunca?). Mas, dessa vez, Jane é a amante, e os filhos não podem saber de nada. Veja o trailer aqui

 

“Separados pelo Casamento” (2006) 

A batalha do casal que se separa mas nenhum dos dois quer sair do apartamento
A batalha do casal que se separa mas nenhum dos dois quer sair do apartamento

Quem vai ficar com o apartamento? O tradicional dilema é o ponto de partida desse filme, estrelado por Jennifer Aniston e Vince Vaughn. Na impossibilidade de chegar a um acordo, o casal resolve dividir o apartamento ao meio. Os quartos para ela, a sala para ele. O circo está montado. Os dois iniciam uma hilária batalha para ver quem dará o braço a torcer primeiro e deixar a casa para o outro. É muito engraçado. Alguma semelhança com as brigas que travadas com a (o) ex? Não é mera coincidência. Veja o trailer aqui

 

“Sob o Sol da Toscana” (2003)

sob o sol da toscana divulgacao 2
Americana se aventura no interior da toscana depois de uma dolorosa separação

Este é o favorito do blog. Mudar de casa, de cidade ou de país é o sonho de muitos separados. Alguns não chegam a tanto, ficam na reforma do apartamento ou, no mínimo, do estilo de vida. Não importa qual o seu caso. É quase impossível não se inspirar ou, ao menos, vibrar muito com a história de Frances Mayes (Diane Lane), protagonista dessa clássica comédia romântica. Após ganhar uma viagem para a belíssima região italiana da Toscana, a protagonista, recém-separada, descobre ali sua grande chance de recomeçar. Abandona a excursão com a qual estava viajando e compra uma casa linda, embora caindo aos pedaços, na pacata cidade de Cortona. Como todos os recém-separados, ela terá que aprender a se virar e é aí que a verdadeira e incrível viagem começa.  Veja trailer aqui

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Dois tipos de guerreira em dois filmes imperdíveis http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/dois-tipos-de-guerreira-em-dois-filmes-imperdiveis/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/dois-tipos-de-guerreira-em-dois-filmes-imperdiveis/#respond Fri, 30 Jan 2015 22:08:44 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=725 Difícil passar batido pelo tema mulher/casamento/filhos explorado em dois filmes imperdíveis em cartaz em São Paulo agora. Se não assistiu: corra!

Um deles é a produção “Mil Vezes Boa Noite”. A protagonista, vivida pela francesa Juliette Binoche, é uma das melhores fotógrafas de guerra do mundo. Sua perigosa rotina é feita de viagens rumo a zonas de conflito pesado. Só que ela é mãe – tem duas lindas meninas, além de um maridão.

Como dá para conciliar? Pois é, essa é a questão central. Não dá. É preciso escolher entre a profissão, que ela já sabia ser era a grande paixão da sua vida muito antes de se casar e ser mãe, e a sua desolada família. O marido (Nikolaj Coster-Waldau, de “Game of Thrones”) num dado momento, quando não atura mais a situação de ter de segurar a onda da família sozinho, acaba dando um duro ultimato e as crianças crescem sofrendo com a ausência da mãe e a sensação constante da sua iminente morte durante o expediente de trabalho.

O segundo filme é o que está na boca do povo: “Boyhood – Da Infância à Juventude”. Não é apenas – o que também já bastaria – um filme que acompanha a vida de um menino durante 12 anos. É excelente sob muitos outros aspectos – casamento e maternidade, por exemplo.

A mãe (a americana Patricia Arquette, vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante) engravida muito jovem e logo de dois filhos. Separa-se do “irresponsável” e também adorável marido (Ethan Hawke).

Essa mãe, ao contrário da fotógrafa, se desdobra, se “mata” para estudar e dar conta da criação do casal de filhos. Megaresponsável e muito exigente consigo e as crianças, é também uma afetiva e protetora mãe. Já no quesito matrimônio, faz péssimas escolhas.

Em meio à vida atribulada de mãe solteira e professora universitária, ela vai dando conta de casar e descasar dos maridos problemáticos, mantendo os filhos sempre como prioridade na vida.

Duas mulheres guerreiras: uma na profissão (a fotógrafa, duplamente guerreira, aliás) e outra no âmbito da maternidade (a professora universitária). Uma não consegue viver sem se dedicar aos filhos; a outra não consegue viver dedicada aos filhos. Dá para julgar? Vai lá ver e depois me conta. Bom fim de semana!

Leia mais: O casamento dançou e você não vai sambar? Dê risada com esses filmes

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