Casar, descasar, recasarmarido – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Charlotte Rampling e o sentido das bodas http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/23/charlotte-rampling-e-o-sentido-das-bodas/#respond Mon, 23 Nov 2015 15:48:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2394 45years-1
No papel da protagonista Kate, em “45 Anos”, Charlotte Rempling levou o Urso de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim (Foto divulgação)

Sessenta anos de casamento! Sabe o que é isso? Nem o padre que celebrou a digníssima cerimônia sabia. Em uma das igrejas mais tradicionais de São Paulo, o casal de seus 80 anos, meus queridos tios, entrou devagarinho, suave, mas com vigor, rumo ao altar para a renovação dos votos.

Todos se emocionaram por causa do clima de delicadeza, ternura, serenidade que reinou na cerimônia. A “noiva” usava um longo azul claro, bordado de pedrinhas brilhantes, e o noivo, terno escuro e gravata da cor da cabeleira, prateada. No altar, estavam rodeados pelos filhos e netos, os padrinhos – e incontestáveis testemunhas.

Para contrastar, naquela noite de sexta-feira de chuva pesada na cidade, ruidosos jovens convivas do casamento seguinte se amontoavam na entrada e, quando já não era mais possível, “invadiram” a igreja. Afinal, o padre não finalizava nunca os trabalhos, estava claramente maravilhado com aquela celebração que, sabe-se lá Deus, se ele veria outra vez na vida.

Boda vem do latim vota, que significa promessa, e é isso que se vai fazer numa cerimônia de bodas (no caso, foi de diamantes), renovar a promessa feita no dia do casamento.

Daí, festança boa à parte, surge a questão: precisa prometer mais alguma coisa depois de 60 anos de vida em comum? Essa, porém, é uma mentalidade bem tacanha de quem vê o idoso como um ser vazio de expectativas e cheio de certezas, especialmente a respeito do futuro de um casamento de décadas.

O filme “45 anos”, do diretor e roteirista inglês Andrew Haigh, lançado recentemente, mostra que septuagenários podem sofrer tão profundamente de ciúmes, desconfiança e angústia existencial como qualquer jovem amante (trailer abaixo).


Dois ícones do cinema britânico, Tom Courtenay, 78, e Charlotte Rampling, 69, que levaram o Urso de Prata de melhor ator e atriz no Festival de Berlim, fazem o papel de Kate e Geoff Mercer. O casal se prepara para comemorar bodas de safira, 45 anos de casamento. Na semana da festa, ele recebe uma carta com a notícia de que o corpo de seu primeiro amor, Katya, desaparecida nos Alpes suíços há mais de 50 anos, foi encontrado (ele estava com ela quando o acidente aconteceu). A notícia estremece o maduro e sólido vínculo conjugal.

Geoff fica desorientado com a descoberta do corpo da ex-namorada, que está conservado, literalmente congelado pelo tempo, tal qual era quando ambos namoravam. Vêm à tona informações da relação que Kate não sabia. O comportamento do marido muda, e ela então parte para a espionagem.

Não vai fuçar o WhatsApp dele nem invadir sua caixa postal, mas o sótão da casa, para onde ele vai quando sai da cama de madrugada. Lá ela descobre seus segredos: um diário e slides com fotos de Katya.

O fantasma da ex assombra o casamento. A mulher se sente traída por ele no compromisso de dizer sempre a verdade. Nem tudo do caso de Geoff com a antiga namorada havia sido contado. Mas ele não mentiu, omitiu. E aí? Isso é traição? Quando diz amargurada que sempre foi uma boa mulher para ele, sinaliza um equívoco comum nas parcerias, acreditar ser responsável pela felicidade do outro, quando ser pela sua própria já é uma vitória.

Kate tem o lado mulher-mãe bem desenvolvido, que cuida (não se limita a lembrá-lo de tomar seus remédios, mas os entrega com o copo d’água) e que dá lá algumas ordens.

A cena final, um show de interpretação da bela Rampling, uma das poucas estrelas que aceitou as marcas do tempo no rosto, cabe diferentes interpretações. Vale a pena conferir.

Li só elogios ao filme e ouvi críticas de público sobre uma possível “superficialidade” do roteiro. Isso talvez porque o filme está a anos luz de distância da imagem caricatural que se faz das pessoas mais velhas, é megarealista, muito humano.

Os casamentos, como as pessoas, podem envelhecer lindamente ou não. Renovar, portanto, faz todo o sentido.

Leia mais sobre relacionamentos entre idosos

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S.O.S. Madrastas http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/13/s-o-s-madrastas/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/13/s-o-s-madrastas/#respond Fri, 13 Nov 2015 20:44:31 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2357 “Casar, descasar, recasar” prossegue firme no seu projeto “só amor” para madrastas e enteados. A meta é colaborar para tornar mais tranquila a relação, em geral conturbada, dos filhos com a nova mulher do pai.

Descobrir o que se passa na cabeça dos menores quando eles se veem obrigados a se relacionar com essa nova pessoa na família ajuda a madrasta a entender muitas das reações da criança. Esse foi o tema da primeira reportagem publicada aqui, Os 10 segredos de enteado que toda madrasta deve saber.

Feita essa descoberta, é chegada a vez de dar voz a elas e discutir a melhor forma de lidar com as reações do enteado. Afinal, com raras exceções, o caminho das madrastas é bastante acidentado. Ficar amigo dessa nova mulher do pai, muitas vezes, representa para a criança uma traição à mãe.

Do lado da nossa cultura, não vem nenhum ajuda, ao contrário. A figura da madrasta carrega uma conotação negativa muito forte, é a mãe má, a bruxa dos contos de fada que habita o inconsciente coletivo.

Além disso, a criança naturalmente tende a colocar a mulher do pai em um lugar idealizado. Num primeiro momento, esse lugar é positivo, o da fada que vai dar tudo aquilo que ela não recebe da mãe. Depois, numa segunda fase, a idealização é negativa. Conflitos sérios, profundos, que o filho tem ou teve com a mãe, como momentos em que se sentiu excluído, abandonado, são projetados na madrasta. Como se não bastasse, ainda há o agravante de que a criança não tem tanto medo de perder a madrasta, explica a terapeuta familiar Anne Lise Scappaticci, da Sociedade Brasileira de Psicanálise.

Mas o pai pode ajudar, sinalizando ao filho que o lugar dele está garantido e que, quando crescer, vai escolher a sua namorada e sua mulher, assim como o pai faz agora, diz Ana Balkanyi Hoffman, psiquiatra da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Confira abaixo nove situações enfrentadas por madrastas e as atitudes mais acertadas e as não recomendáveis para quem busca construir laços amorosos com o enteado. As orientações foram dadas pela psicanalista Anne Lise à repórter Giovanna Maradei.

Screen Shot 2015-11-13 at 6.28.13 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.28.31 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.29.03 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.29.44 PM 1Screen Shot 2015-11-13 at 6.30.02 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.30.10 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.30.18 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.30.34 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.30.44 PMScreen Shot 2015-11-13 at 6.30.53 PM

 

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Um hotel para entrar casado e sair divorciado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/18/um-hotel-para-entrar-casado-e-sair-divorciado/#respond Fri, 18 Sep 2015 22:42:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2049 Bell Kranz está de férias e volta a postar no dia 9/10 

Não é exatamente um animado e divertido Hotel Marigold, da ótima comédia britânica em que a hóspede pode ter Richard Gere no quarto ao lado, mas é muito exótico. Nele, você se hospeda casado e faz check-out divorciado. Que tal?

O processo é pá-pum, acontece em apenas um fim de semana.

A ideia é baratear o trâmite, que muitas vezes se arrasta por anos, guerras e fortunas a fio, e realizá-lo de uma maneira suave e amigável. Tanto que vários futuros divorciados pedem para dormir em um quarto só. “Começam juntos e querem acabar juntos também”, garante Jim Halfens, criador e CEO Internacional do DivorceHotel.

Não se trata exatamente de um lugar, mas um serviço disponível em hoteis tradicionais nos Estados Unidos e Países Baixos.

Foi lançado em Amsterdã, em 2012, e deve aportar no Brasil logo mais. Halfens dá mais detalhes do seu inusitado, mas útil negócio neste guest post para o “Casar, descasar, recasar”.

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A hóspede namoradeira (Celia Imrie) e o hóspede charmant (Richard Gere) do “Exótico Hotel Marigold 2” ( Foto: divulgação)

Por Jim Halfens

“Minha missão pessoal é tornar os divórcios menos complicados e, portanto, mais baratos e menos dolorosos. Acho que a indústria internacional do divórcio se beneficia financeiramente ao fazer de vários processos algo muito complicado. Os princípios e as expectativas dos cônjuges em matéria de relacionamento estão se transformando em todo o mundo, apenas o setor jurídico continua igual. É preciso mudar.

O principal aspecto negativo de uma separação é o fracasso de um casamento, e quanto a isso não é possível fazer nada. Mas o divórcio pode ser encarado como um novo e positivo começo para ambos os cônjuges, sem anos de disputas legais, mas com muito respeito em relação ao futuro do outro e das possíveis crianças envolvidas. Essa é, exatamente, a razão pela qual criei o DivorceHotel.

A ideia surgiu quando eu me envolvi no divórcio terrível de um dos meus melhores amigos. Seu processo começou tranquilo, mas rapidamente saiu dos trilhos. Os dois cônjuges queriam se separar da melhor forma possível para o bem dos filhos, mas o mediador atrasava o processo continuamente. Nesse período, sua esposa iniciou uma nova relação, e as primeiras discussões sobre propriedade e dinheiro começaram. A mediação falhou drasticamente e ambos tiveram que substituir o mediador por advogados. Daquele momento em diante, os problemas só aumentaram. Eles não conseguiam mais se comunicar, e seus advogados declararam guerra.

O doloroso processo levou mais de dois anos e acabou custando uma fortuna, além de meu amigo ter sido proibido de ver os filhos durante todo esse período. Eu me convenci de que queria mudar o sistema de divórcio tradicional através de um modelo inteligente, novo, útil e, principalmente, favorável para todos os envolvidos.

Após várias pesquisas, identificamos que as respostas para a pergunta “o que é mais frustrante em um processo de divórcio?” eram sempre baseadas nas mesmas incertezas: “Você nunca sabe quando começa, quando termina e quanto vai custar”. Quanto mais tempo um processo de divórcio leva, mais elevado o risco de acabar em briga e custar muito. Acontece que os clientes também dependem das agendas cheias e não muito flexíveis dos profissionais que eles contratam, o que muitas vezes atrasa o processo de divórcio por tempo indeterminado e estende o sofrimento.

Daí veio a ideia: contratar todos os profissionais (advogados, mediadores, imobiliárias para eventual necessidade de avaliar bens imóveis) para que os cônjuges precisem deles apenas por um final de semana. Oferecer um lugar com tudo o que é necessário para um processo de separação suave, eficiente, amigável e com preço justo. O que beneficia não só o casal, mas também seus filhos e familiares.

Como o objetivo é apoiar os casais em todos os sentidos – financeira, legal e emocionalmente –, é necessário que fiquem em um local isolado, um ambiente neutro, apenas com os mediadores (familiares e amigos podem criar tensão e dificultar o processo) e com limite de tempo para realizar as negociações. Nada de surpresas, como taxas veladas, mas com clareza desde o início. Com este conceito nasceu o DivorceHotel.

O PASSO A PASSO

Quem decide se o casal está autorizado a realizar o check-in é um de nossos mediadores, e não os cônjuges. Após a admissão, eles recebem uma lição de casa e farão o check-in duas semanas mais tarde. No final de semana, todos os assuntos pendentes são discutidos e os documentos, redigidos. No domingo, o acordo de divórcio é concluído e assinado. Assim, o casal deixa o hotel divorciado, faltando apenas o selo da Justiça.

NÃO É PARA TODO MUNDO

Sabemos que o DivorceHotel pode não ser adequado para todo mundo. Você pode amar ou odiar a proposta, mas o casal vai estar no controle da situação. São raros os casos de processos que já falharam durante o fim de semana.

Toda vez que os acordos são assinados em nossos hotéis, os cônjuges desejam boa sorte um para o outro. Já tivemos um divórcio e um casamento ao mesmo tempo no mesmo hotel. Os quatro se conheceram, e os recém-divorciados deram sugestões e soluções para um casamento saudável para os recém-casados – louco, mas realista!

 

 

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Nome de casado: ter ou não ter? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/11/nome-de-casado-ter-ou-nao-ter/#respond Fri, 11 Sep 2015 20:02:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2020 A bela Bianca Jagger no casamento com Mick Jagger, que não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida
A nicaraguense Bianca Jagger no casamento com o stone Mick Jagger; a união não passou de quatro anos, mas o sobrenome tem sido para toda a vida (Foto Associated Press)

Por Giovanna Maradei

Hillary Clinton, uma das principais pré-candidatas a presidência dos Estados Unidos, fez questão de permanecer Hillary Rodham depois de casada. Calcula-se que a atitude “subversiva” custou à Bill 6% dos votos na campanha de reeleição ao governo de Arkansas, em 1980. O adversário, Frank White, aproveitava todas as ocasiões para se referir à sua esposa como “Mrs. Frank White” e, assim, reforçar a ideia de que abrir mão do nome Clinton era um sinal de falta de comprometimento de Hillary com o marido. A estratégia parece ter funcionado. O casal White venceu a eleição. Pouco depois, Hillary voltou atrás e incorporou o Clinton.

Mudar ou não de nome com o casamento é uma questão para muitos casais, sejam figuras públicas ou anônimos. Todo blog de noiva tem ao menos um post ponderando esse assunto, já que a decisão pode impactar até as famílias do casal.

O MEU, O SEU E OS NOSSOS NOMES

Até 1977, toda brasileira que casasse era obrigada a adotar o nome do marido. Depois, a mudança passou a ser uma opção. Em 2002, o Código Civil previu a possibilidade de o marido também mexer no sobrenome, incluindo o da mulher. Mas, na prática, de lá para cá quase nada mudou.

Em 2014, cerca de 88% dos casais paulistas fizeram alguma alteração no sobrenome quando se casaram. Em 65% dos casos, a mulher adotou o nome do marido; em 21%, os dois cônjuges mudaram seus sobrenomes, e só em 1% o homem levou o sobrenome da mulher, que manteve o dela.

TRABALHÃO

Mudar o nome dela, dele ou dos dois sempre dá trabalho. É preciso providenciar a alteração de todos os documentos que levam a versão antiga: RG, CPF, título de eleitor, CNH, carteira profissional, cartões de crédito e até registros de imóveis ou uma simples conta de casa para ser usada como comprovante de residência. Caso falte algum, é possível usar a certidão de casamento na maioria dos processos, diz o advogado Zeno Veloso, diretor nacional do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), mas a solução não é lá muito prática.

Além de adicionar o sobrenome do parceiro, há noivos e noivas que optam por suprimir alguns de seus sobrenomes de solteiro. Neste caso, as regras variam conforme a lei de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, não é permitido retirar todos os sobrenomes de solteiro, mas alguns sim. O ideal é que os noivos se informem no cartório onde vão oficializar a união para evitar surpresas no grande dia.

NO CASO DE DIVÓRCIO

O contrato de divórcio deve trazer um acordo sobre como ficará o nome de cada um dos cônjuges. A mudança não é obrigatória, ao contrário, como explica o diretor nacional no IBDFAM: “A moderna doutrina entende que o nome se insere na personalidade da pessoa”. Ou seja, o nome de casada passa a ser o da daquela pessoa. Se houver interesse, deverá permanecer mesmo após o fim do casamento.

Mas quem quer ficar com o nome do ex? Retirar o sobrenome que carregava quando casado pode ser libertador para alguns e também trazer prejuízos para outros. Um caso célebre é o da modelo Luiza Brunet, que construiu sua marca usando o sobrenome do primeiro marido. Por isso, ganhou na Justiça o direito de continuar com ele mesmo após a separação. O sobrenome tornou-se de tal maneira parte de sua identidade que foi repassado para a filha, Yasmin, fruto de sua segunda união.

E você manteria o nome do ex (ou da ex)? Veja abaixo personalidades que disseram sim.

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Acorrentar o ex é perder a própria liberdade http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/06/acorrentar-o-ex-e-perder-a-propria-liberdade/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/09/06/acorrentar-o-ex-e-perder-a-propria-liberdade/#respond Sun, 06 Sep 2015 15:13:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1947 Screenshot 2015-09-05 23.47.03
Ronit Elkabetz, atriz e codiretora do filme no papel de Viviane Amsalem (Foto: divulgação)

“O Julgamento de Viviane Amsalem”, recém-estreado em São Paulo, é um baita filme, de tirar o fôlego. Uma experiência sinistra para quem mal leu a sinopse antes de ir ao cinema ou desconhece a cultura do divórcio em Israel. Embasbacado na poltrona, o expectador se pergunta se não seria um filme de época. “E que época? Ou uma ficção surrealista, de tão bizarra a situação desse julgamento”. Antes fosse!

Trata-se de um filme-denúncia, com uma pegada caricatural, do que acontece hoje em Israel. No país, não existe casamento nem divórcio civil, só religioso. “Ou eles recorrem à ortodoxia ou não tem saída”, diz o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, ala religiosa mais liberal.

Saída até existe: o aeroporto. Muitos seguem rumo à paradísiaca e vizinha ilha de Chipre, já que o Estado de Israel reconhece cerimônias celebradas em países com quem tem relações diplomáticas.

Há outro detalhe bizarro: como manda a milenar lei religiosa judaica, só o marido pode por fim ao casamento. Se ela quer e ele não, um tribunal rabínico tentará persuadi-lo a liberar a mulher para que siga uma nova vida – o que pode dar certo ou não.

O filme mostra o calvário de Viviane Amsalem, em interpretação incrível de Ronit Elkabetz, para conseguir que o marido, Elisha Amsalem (Simon Abkarian), lhe conceda o divórcio. Ela passa três anos indo e vindo de audiências torturantes, comandadas por um trio de rabinos ultraortodoxos. É humilhada em sessões surreais, onde impera a mentalidade machista de uma estrutura patriarcal medieval.

O marido, Elisha, declara sempre que terminantemente não, ele não dá o divórcio à mulher, com quem tem 4 filhos, foi casado por 30 anos e há 3 já não vive junto.

As mulheres separadas que não conseguem do marido o guet, documento de divórcio, são chamadas de agunot (acorrentadas). Ficam presas ao matrimônio, impedidas de casar ou ter outra relação, o que configuraria adultério. Essas mulheres, portanto, perdem o direito de decidir a própria vida.

Estado de Israel e judaísmo à parte, quantos homens e mulheres de qualquer país e religião não insistem no apego a uma vida conjugal que já acabou? Assim eles também perdem a possibilidade de tomar as rédeas de uma nova vida.

Refiro-me aos que se divorciam contra a vontade, porque o parceiro quis, mas na prática não se separam. Acorrentam os respectivos ex, arrumando encrenca, brigando, atormentando, às vezes passando a vida em guerra com quem já não mais lhe diz respeito enquanto companheiro de vida.

É o pior caminho, o chamado tiro no pé. Quando você prende o outro, você também fica preso a ele. Intervir na liberdade alheia significa perder a própria liberdade.

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Socorro! Meus pais vão se separar (aos 70!) http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/#respond Fri, 24 Jul 2015 20:22:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1763 A dona de casa Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp
Kit qualidade de vida do idoso inclui mais do que exercício, alimentação saudável e vida social ativa; na foto, Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp

O pacote qualidade de vida do idoso – programação social intensa, muita atividade física, hobbies e até um desafio profissional – é a realização de todo filho. Agora, quando o interesse dos digníssimos progenitores é dar uma geral na vida conjugal, aí vira um perereco!

O pensamento dominante e angustiante costuma ser: “Separados, eles vão dar mais muito mais trabalho do que juntos”. No caso de um recasamento, o Deus nos acuda tem outra motivação: “Como vai ficar o patrimônio?”. E se a filhona ouve falar que papi, aos 80, pensa em sexo, ela “surta”, porque a hipótese lhe parece totalmente abominável.

Uma profusão de ideias e atitudes equivocadas abalam a vida de pais e filhos, criando uma novo formato de conflito de gerações. Os mais jovens desconhecem ou não entendem o interesse dos mais velhos em preencher os anos seguintes com realizações variadas, inclusive na vida conjugal – quem tem 60 hoje pode contar com mais umas duas ou três décadas de vida pela frente.

Os filhos podem atrapalhar o caminho desses pais ou serem facilitadores. Na tentativa de colaborar com as duas partes, “Casar, descasar, recasar” revela aqui o que é importante saber quando o assunto é sexo e vida conjugal de idosos. As informações valiosas foram dadas pelo professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da USP e diretor do  Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas, Wilson Jacob Filho. Confira abaixo.

AS FILHAS

Para a filha casada, a separação dos pais é um choque, apesar de que raramente ela é pega de surpresa, a não ser quando a mãe descobre que o pai tem uma vida paralela; em geral, ela sabe que aquele casamento foi se complicando. É um choque por dois motivos. Primeiro porque se desfaz aquele elo que sempre teve como diretriz, o ambiente de segurança. E segundo porque sabe que separados eles darão mais problema para ela do que casados.

Quando o casal está junto, e ele tem uma pneumonia e vai para o hospital, quem vai cuidar? É a mulher. Se estão separados, é o filho. Um já não é mais do outro. A filha não chega e fala ‘mãe, ele é teu marido’ ou ‘pai, ela é tua esposa’. O pai passa a ser do filho ou da filha enquanto não encontrarem outra pessoa que ajude a cuidar dele, no sentido laborial ou financeiro.

Um fato absolutamente verdadeiro: mulheres com filhas ainda jovens ou solteiras temem iniciar um novo relacionamento com um homem por achar que ele possa se interessar pela jovem. É frequentíssimo ouvir: “Enquanto as minhas filhas não casarem, eu não me aproximo de nenhum homem”. Ou quando perguntada “por que a senhora não iniciou um novo relacionamento?”, a resposta é “porque eu tinha filhas mulheres e isso é muito perigoso”. Perigoso para ela pela possibilidade de ser preterida em função de sua filha e perigoso para a filha ao levar para casa um homem que ela não pode confiar. Existe uma lógica nisso. No lado mais dramático, uma boa parte dos abusos sexuais foram feitos por padrastos.

A filha acha que o pai é dela, tem um ciúme impressionante. As filhas de homens, dizem ‘meu pai’ com uma carga de posse: ‘Você está dizendo isso do meeeeeeeu pai?’. Respondo: ‘Estou dizendo que o seu pai precisa de uma companheira para fazer aquilo que ele não pode fazer com você’. E ela fica estupefata, pasma, em ouvir que aquele homem de 75, 80 anos tem desejo sexual. Não gosto de endeusar isso, mas faz parte.

A filha, quando tem uma mãe que vai casar, fica feliz. A preocupação é fundamentalmente com o patrimônio. Vai querer saber como vai ser a condição patrimonial da família. Como vão ficar os seus bens, pensar no futuro do “Jorginho”. A questão patrimonial mexe com todo o mundo; as pessoas ficam possessas quando veem seu patrimônio ameaçado. 

OS FILHOS

O filho homem tem muito ciúmes da mãe. Depois da separação, muitas vezes ele entende ser o homem da família, o macho alfa. Quando a mãe tem um novo relacionamento, é como se ele estivesse perdendo a liderança dentro da própria casa. Isso quando os filhos moram na casa da mãe. Quando vivem fora, o temor é financeiro. A exigência, que ocorre com muita frequência, é que o possível novo casamento seja com separação total de bens para que não haja possibilidade de comprometimento.

Filhos entre 30 e 50 anos, muitas vezes sobrecarregados pelo cuidado dos pais separados, veem em um novo casamento do pai ou da mãe a possibilidade de dividir o trabalho e a responsabilidade com alguém. Um pai que estava, por exemplo, pedindo para a filha fazer supermercado, telefonar todo dia, de repente com uma companheira não vai precisar mais disso.

Muitos filhos tentam aproximar, principalmente os pais e menos as mães, de um eventual potencial companheiro. Eles tentam apresentar: ‘Olha, tem uma senhora lá no meu escritório procurando alguém para ir ao cinema. Por que você não vai com ela?’. Muitos dos pais reclamam que eles querem favorecer um casamento a qualquer custo. Esses idosos são muito pressionados. Os pais hoje dão muito menos palpite no casamento dos seus filhos do que os filhos dão no dos seus pais.

O SEXO

Uma mãe de 70 anos dificilmente confessa a seus filhos que tem necessidades sexuais. Os filhos não aceitam isso ou aceitam muito raramente. Acham que a mãe ou o pai são assexuados, frutos de uma geração espontânea, que nunca transaram; se transaram, foi de luz apagada.

Eu falo para a filha: “Você acha que a sua mãe não gosta de sexo?”.

Ela acha abominável isso, quando a mãe acaba de me dizer na consulta que se masturba duas, três vezes por semana.

A quantidade de senhoras que vai para uma instituição de longa permanência e levam um vibrador é gigante!

Pessoas com idade avançada não perdem a sua sexualidade. Podem modificá-la de forma a ficar socialmente mais aceita. Uma mulher de 80 anos diria, por exemplo, “olha, minha filha, que homem lindo”, quando na verdade ela gostaria de ter o contato.

Uma frase muito falada é: “O remédio que eu preciso não vende em farmácia”. Mas isso não pode ser dito aos seus filhos. Eles têm dificuldade de entender que os pais são mais do que provedores, de fazer essa transição do papel da mãe para o de mulher.

QUEIXA DE IDOSAS

Da mulher de 70, eu geralmente ouço: ‘Ele até que é interessante, mas está em busca de uma enfermeira, não de uma esposa”. Geralmente, o homem não tem a oferecer, ele tem a pedir. Às vezes, tem a oferecer uma proteção financeira, mas tende a esperar uma condição de cuidados. Não raramente homens que foram viúvos de mulheres que precisaram de cuidado, casam-se com as cuidadoras, que já conhecem a casa e sabem cuidar. Então, existe esse lado.

Uma queixa muito frequente delas: “Fui ao baile, ele me tirou pra dançar e queria saber onde a gente ia passar a noite. Eu não quero passar a noite com ninguém ainda. Eu quero namorar, jantar, ir no teatro, fazer uma série de coisas antes de passar a noite”.

Não tenho a menor duvida de que a mulher busca um companheiro, tanto que, se ele não for muito sexualmente ativo, isso não é um obstáculo. Mas se ela não for, é um obstáculo.

QUEIXA DE IDOSOS

Muito homens dizem isso de seus filhos: “Olha, eles arrumam cada mulher para mim! Eu digo deixa que eu me viro, eu me arranjo, tô muito bem sozinho”.

O filho tem que ter calma, incentivar que tanto o pai quanto a mãe tenham vida social, mas não necessariamente casamento. Devem fazer uma abordagem suave, delicada. É pior ficar empurrando. Isso vale também para a filha em relação à mãe.

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Madrastas reagem aos segredos de enteado http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/06/madrastas-reagem-aos-segredos-de-enteado/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/06/madrastas-reagem-aos-segredos-de-enteado/#respond Wed, 06 May 2015 20:44:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1548 A lista dos 10 segredos de enteado, publicada aqui, indignou, calou fundo e, mais, não foi exatamente bem compreendida por muitas leitoras que são madrastas. Para elas, a figura apresentada foi a da estereotipada mulher malvada. Má ou boa, não é isso que interessa, e sim descobrir o que costuma passar na cabeça do filho do outro casamento do marido, revelar os desejos e dificuldades comuns de enteados que nem toda madrasta conhece e que costumam ser causa dos maiores conflitos.

O objetivo do texto foi contribuir para tornar mais tranquila a convivência entre crianças ou jovens e as mulheres de seus respectivos pais. Qualquer semelhança foi mera coincidência, claro. Afinal, nem toda família reconstituída é composta de enteados em pé de guerra com suas madrastas.

“Casar descasar, recasar” selecionou os comentários que não são contra nem a favor da reportagem, mas que agregam e ampliam o entendimento do assunto. Sempre com a meta de colaborar para uma relação amigável entre os integrantes das famílias reconstituídas com filhos de outros casamentos.

E aguarde! Logo mais, vem um texto dedicado às dificuldades do espinhoso papel de madrasta, com maneiras inteligentes, criativas e humanas de dribrá-las.

 

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Mulher que desconhece as finanças do casal é problema http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/25/mulher-que-desconhece-as-financas-do-casal-e-problema/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/25/mulher-que-desconhece-as-financas-do-casal-e-problema/#respond Wed, 25 Feb 2015 16:33:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1029 No cofrinho, na caderneta de poupança, no CDB? Ou a conta está no negativo? Mulheres devem se envolver da vida financeira do casal, ainda que ele esteja à frente da gestão do dinheiro
No cofrinho, na caderneta de poupança, no CDB? Ou a conta do casal está no negativo?

Na vida conjugal, a missão de administrar as finanças da família costuma ficar na mão de um dos parceiros, em geral o homem e também principal provedor. Essa prática é comum especialmente entre a turma abastada; nas classes mais baixas é a mulher que segura o rojão, às vezes de forma intuitiva.

Até aí, tudo bem! Para que dois seres mergulhados em uma tarefa, digamos, tão despida de atrativos? Basta um na gestão do dinheiro. Mas isso não significa que o outro vá se alienar, ignorando solenemente o assunto, como fazem muitas mulheres.

Quais são os bens do casal? Possui móveis? E os investimentos: quais são, onde estão, qual a melhor data para resgate? Dívidas! Por acaso tem? Vale a pergunta para planos de pensão, seguros… Enfim, são vários os itens para se inteirar. Mas alguém poderia perguntar: acompanhar essa “chatice” para que se já existe alguém cuidando disso?

Para colaborar com o parceiro em decisões que só irão favorecer a qualidade de vida do próprio casal e, se houver, dos filhos. Isso vale para os momentos de bonança e de infortúnios. Ou seja: para planejar a concretização dos projetos e sonhos do casal, como viagens, mudança de país ou compra de imóvel, e também para enfrentar situações adversas, como desemprego, doença na família ou uma crise econômica do país. Por tabela, também é saudável para o caso de separação do casal. Aquele que não era o gestor principal do dinheiro vai encarar a nova vida financeira com mais competência e tranquilidade.

Quem nunca conheceu uma mulher que perdeu o chão na separação não apenas por razões do coração, mas por causa de dinheiro? “Muitas mulheres assumem no casamento esse papel ‘isso não é comigo’. Mas tudo que diz respeito ao relacionamento é com ela, sim”, diz a respeitada consultora de finanças Marcia Dessen, colunista da Folha e autora de “Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro” (Trevisan Editora, 280 págs.). Ou seja, desconhecia as finanças porque o ex-marido não falava nada? Chato dizer, mas culpa sua que não foi perguntar, se informar.

Há mulheres que não sabem quanto o marido ganha. E, sim, há homens que escondem até dos filhos quanto ele tem investido, conta Marcia. Mas, algumas vezes, eles agem assim para proteger o futuro de todos, porque se a família souber vai gastar muito, o que só reflete a alienação da mulher na vida financeira.

Ela pode ajudar conhecendo, se envolvendo, opinando, participando das decisões, sem com isso competir. A consultora conta um caso que ilustra bem a responsabilidade feminina no dinheiro da família. Um marido rico e desesperado a procurou porque estava com dívidas até o pescoço. Detalhe: a família não tinha a mais vaga noção do que se passava. Primeira e imprescindível orientação: “Você tem que contar para a sua mulher”.

O marido era o perdulário, mas ela, por não saber, era conivente nos hábitos de consumo. “Você é o problema, mas ela faz parte da solução”, disse Marcia ao cliente.

A mulher ficou em choque quando soube da situação financeira caótica e “um pouco culpada porque participava da gastança sem saber”. Juntos, eles mudaram os hábitos de vida, simplificaram a vida (a mulher é ótima para desenvolver tais estratégias) e se reergueram.

Falar de dinheiro, sabe-se lá por que, é quase um tabu. Ninguém gosta. No início da vida a dois, então, ganha ares de ameaça ao casamento. Por outro lado, ignorar as finanças durante a vida conjugal é um problema anunciado. O descasamento será traumático ou não em função de como foi o planejamento, diz a consultora.

Acompanhe aqui, em breve, detalhes de um método simples e eficaz de planejamento a dois.

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Björk disseca sua amarga separação no álbum que acaba de lançar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/26/bjork-disseca-sua-amarga-separacao-no-album-que-acaba-de-lancar/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/26/bjork-disseca-sua-amarga-separacao-no-album-que-acaba-de-lancar/#respond Mon, 26 Jan 2015 20:40:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=536 bjork_vulnicura_facebook reproducao
Capa do álbum “Vulnicura”, que a artista islandesa Björk acaba de lançar na internet (Foto: reprodução)

Um álbum totalmente coração partido, em que a cantora islandesa Björk disseca de forma visceral a separação, em 2013, do artista Matthew Barney, com quem foi casada por mais de uma década e tem uma filha, Isadora, de 12 anos.

Cada faixa é um registro da dolorosa jornada: da crise na relação, passando pela separação até chegar à cura, a libertação.

“Quando eu fiz este álbum, tudo estava em colapso. Eu não tinha nada. Foi a coisa mais dolorosa que eu já senti na minha vida. A única maneira que eu tinha de lidar com isso era escrevendo para cordas; decidi me transformar em um violino nerd, organizar tudo em 15 cordas e dar um passo mais longe do que eu já havia dando antes”, disse ela na ótima entrevista para o site Pitchfork.

O novo trabalho, nono da carreira da artista, chama-se “Vulnicura” e foi lançado às pressas na última terça (dia 20/1), dois meses antes do planejado porque teve faixas vazadas na Internet.

Para quem não conhece, Björk, rainha do indie, artista única, costuma ultrapassar os limites do convencional, com experimentações na voz, no visual… Pode parecer muito loucona para alguns.

A primeira faixa, “Stonemilker”, por exemplo, segundo traz o encarte do CD, foi composta “nove meses antes” da separação. Segue um trechinho da letra:

“O que é que eu tenho
Que me faz sentir sua dor
Como se estivesse ordenhando uma pedra pra fazer você dizer

E quem está de peito aberto
E quem se calou
E se um se sente fechado
Como o outro pode permanecer aberto?”

A música seguinte, “Lionsong”, é descrita como composta “cinco meses antes.” Depois, vem “History of Touches”, de “três meses antes”, que fala da, provável, última vez que o casal fez sexo:

O artista matthew barney Ana Ottoni_Folha Imagem
O artista Matthew Barney (Foto: Ana Ottoni/Folha Imagem)

Eu te acordo

Na noite sentindo
Que esta é a nossa última vez juntos
Portanto detecto todos os momentos
Em que estivemos juntos
Sendo partilhados ao mesmo tempo

Cada toque
Que nos tocamos
Cada foda que tivemos juntos
É um maravilhoso lapso de tempo
Com a gente aqui, neste momento.”

Entre as nove faixas desse documento musical do seu processo de separação, “Black Lake”, “de dois meses depois”, é a mais linda – e longa, 10 minutos! Diz assim:

Nosso amor era meu ventre
Mas nosso laço se rompeu
Meu escudo se foi
Minha proteção foi levada
Eu sou uma ferida
Meu corpo pulsante
Sofre….”

“Minha alma rasgada
Meu espírito está quebrado
E em pano comum ele é tecido.”

Por que essa exposição escancarada? Björk explicou no lançamento do álbum em seu site: “Espero que as músicas possam ser uma ajuda para os outros e prove como esse processo é biológico: a ferida e a cura da ferida. Fisicamente e psicologicamente. Existe um relógio obstinado ligado a ele”.

Para ouvir: por enquanto, “Vulnicura”, da gravadora One Little Indian, só está à venda na iTunes Store, por US$ 9,99 (cerca de R$ 26); o disco físico deve sair em março.

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O casamento acabou! Dizer o que para os pimpolhos? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/16/o-casamento-acabou-dizer-o-que-para-os-pimpolhos/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/16/o-casamento-acabou-dizer-o-que-para-os-pimpolhos/#respond Fri, 16 Jan 2015 14:59:04 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=338 (Foto: Schutterstock)
As três piores táticas: não dizer nada, dizer tudo ou mentir para os filhos sobre a separação (Foto: Schutterstock)

Antes de encarar a sogrona, o cunhado, os irmãos e os amigos, o casal olha em volta e percebe o imbróglio maior que têm pela frente: enfrentar as crianças. O que dizer? Como contar?

“O papai viajou a trabalho” não cola – pasme, mas ainda há mães que apelam para esse expediente altamente desaconselhável. Contar tim-tim por tim-tim a história de ascensão e queda do romance entre papai e mamãe também é um desastre. Silenciar, como alguns tentam fazer, idem.

Ou seja: não dizer nada, dizer tudo ou mentir é o pior que os pais podem fazer. E o tom deste texto está assim, digamos, relax, para quebrar um pouco a dureza desse momento, feito muitas vezes de ressentimentos, mágoas e profunda tristeza por um projeto de vida que deixa de existir. Não é bolinho, mas cabe ao adulto, ainda que sofrendo, segurar a onda dos filhos.

A forma de comunicar a separação pode ajudar ou complicar a passagem dos filhos por esse processo igualmente sofrido para eles. Não existe uma receita com o modo ideal de dar a notícia, os pais devem conhecer seus rebentos para saber exatamente o que dizer. Mas há parâmetros importantes que devem ser considerados nessa hora. Eles variam conforme a faixa etária dos filhos, como explica aqui a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, uma das mais respeitadas especialistas em educação, criança e família.

FILHOS MENORES DE 6 ANOS

Nessa idade, as crianças têm um universo e uma lógica de pensamento muito diferentes da nossa. Não diga para elas: “Eu e o seu pai brigamos”. Briga é entendido pelos pequenos como troca de tapas, soco, violência, mesmo. “Uma boa ideia é comunicar que o pai terá uma casa e a mãe, outra”, aconselha Rosely.

Com relação ao tempo, os pequenos organizam o dia usando referências como a hora da refeição ou de ir para a cama, por exemplo. Isso significa que dizer “todo fim de semana o seu pai vai te ver” não funciona. Diga, por exemplo: “O seu pai sempre vai ver você”. E se ela perguntar: “Todo dia?”. Você pode responder: “Depende do trabalho dele…”. Mas não transforme esse encontro em um acontecimento fora do normal. Não é tão dramático. Normalmente, pais e mães casados veem muito pouco as crianças dessa idade. Pela manhã e, às vezes, um pouquinho à noite se chegam cedo do trabalho.

E mais: as crianças também costumam perguntar pouco sobre o assunto, pois conhecem a estrutura de famílias cujos pais não vivem juntos. Elas têm os exemplos na escola, filhos de pais que se separam e que continuam firmes e fortes.

FILHOS ACIMA DE 7 ANOS

Nessa faixa, os pais já podem falar mais sobre o assunto, mas obviamente sem dar detalhes de brigas, traições… Isso leva a criança a ficar fantasiando sobre a história e é também como geralmente se desenvolve a terrível alienação parental (quando o pai coloca a criança contra a mãe ou o contrário).

Nunca diga que o casamento não deu certo. Afinal, enquanto durou deu certo. O melhor é “o casamento acabou, vou me separar”, diz Rosely.

PARA TODAS AS IDADES

Uma orientação vale para pais de crianças de qualquer idade: deixar muito claro que o problema do casal nada tem a ver com os filhos. “A criança sempre vai achar que a culpa é dela, esta é uma fantasia recorrente”, afirma Rosely. O pai e a mãe devem esclarecer, portanto, que a causa da separação é uma questão do casal, dos dois enquanto marido e mulher. Aliás, é até melhor referir-se ao cônjuge como “meu marido” ou “minha mulher”, em vez de “seu pai” ou “sua mãe”. Resolvi separar do meu marido, por exemplo.   

ADOLESCENTES

Com os mais velhos, os pais podem explorar mais o assunto, falando sobre a dificuldade da convivência, por exemplo, mas ainda sem expor detalhes que dizem respeito à intimidade do casal. Deu vontade de se abrir, reclamar do cônjuge? É normal, mas vá extravasar com os seus amigos, amigas, parentes… Menos com o filho. Mantenha-se firme. O ex (ou a ex) sempre serão o pai (ou a mãe) do jovem.

As crianças vão sofrer com a separação dos pais? Óbvio que sim. Mas elas têm que aprender a enfrentar as frustrações e perdas próprias da vida e, para isso, dependem da ajuda dos pais.

 

 

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