Casar, descasar, recasarNatal – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Natal em novo estilo! http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/24/natal-em-novo-estilo/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/12/24/natal-em-novo-estilo/#respond Thu, 24 Dec 2015 16:08:57 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2509 Natal representa uma montanha de obrigações: gastar mais, comprar presente, comer peru e panetone, distribuir lembrancinhas, brincar de amigo secreto, dividir a mesa com quem não se gosta… Ninguém, portanto, merece ser obrigado a encarar a “noite feliz” com um parente prostrado pós-separação.

Esta é uma das datas mais difíceis, se não for a pior, de atravessar no primeiro ano depois do divórcio. Não importa explorar aqui as razões, mas vale ter essa consciência e tomar a iniciativa de se proteger e poupar os outros.

Mil anos atrás, recém-casada e sem noção do que significava o baque de uma separação, digamos, pouco civilizada, uma parente compareceu à festa na minha casa algumas semanas depois de o marido ter aprontado uma sacanagem do tipo “sair para comprar cigarro e não voltar”.

NATAL CASAR
Primeiro Natal separado costuma pedir inovação

Ela devia estar tomando uns barbitúricos pesados, porque passou a noite em estado de torpor, paralisada na mesma cadeira em que desabou ao chegar na festa. Tipo morta-viva, mesmo! E contaminava todos. Quem passava perto, era arrastado por aquele espírito de mortificação.

As crianças a todo momento questionavam o que havia acontecido com aquela tia que elas conheciam, mas que parecia outra. Além do mais, havia outras quatro mulheres de luto junto com ela: suas três filhas adolescentes e a mãe idosa.

Se tem uma coisa que ninguém é obrigado a fazer nem no dia de Natal é seguir esse caminho mais fácil, apesar de doloroso, da imobilização, da entrega, do autoabandono. A saída é inovar! Caia fora do modelo tradicional dos seus natais, ao menos no primeiro ano.

Conheço a história de uma mãe de quatro meninas que, na sua estreia separada no Natal, fez uma girls night em casa – uma farra, com todas de pijaminha, muitas guloseimas, música e dança. Um pai passou a comemorar a data cada ano em uma cidade diferente. Uma outra mulher aboliu a árvore com bolas em casa. Enfim, seja criativo e imagine uma programação que vai ser mais interessante, curiosa, reconfortante…

Peço perdão por estar sugerindo mudanças no seu Natal (que começa hoje à noite) tão em cima da hora. Fiquei ocupada produzindo a inovação do meu. De todo modo, a proposta serve para qualquer ano e para passar adiante aos que venham a precisar.

Atenção, casados e famílias em geral: inovem também o Natal de vocês. Pode ficar muito mais divertido reunir, junto com a sua família, uma turma de agregados que estejam precisando de uma força neste ano. Seja porque os filhos foram morar em outra cidade, seja porque perdeu um pai ou outro familiar querido, porque está jururu com a demissão no trabalho… Lembrando ainda que amanhã você é quem pode estar precisando ser acolhido.

Seja qual for a sua crença, esse é um momento de transcendência. Portanto, mergulhe de cabeça nessa aventura maravilhosa que é a experiência da vida trocando afeto.

 

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“Até que a morte nos separe: coisa que existe entre pais e filhos” http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/04/ate-que-a-morte-nos-separe-coisa-que-existe-entre-pais-e-filhos/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/04/ate-que-a-morte-nos-separe-coisa-que-existe-entre-pais-e-filhos/#respond Wed, 04 Feb 2015 16:18:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=765 Kico Gemael, jornalista de TV dos mais competentes, é também conhecido, entre os amigos, pelo seu lado galinha – de mãe galinha! Como pai, ele é uma mãezona. Entre a saída de um casamento e o começo de outro (teve cinco até agora), Kico tem a proeza de “carregar” os filhos junto, mantendo a “ninhada” sempre perto.

A encantadora história de amor contada aqui é demonstração exemplar de que casamento acaba, casal se separa, constitui outra união, mas os filhos nunca ficam para trás – inclusive os da ex-parceira, que não são de sangue, mas de coração, como a enteada Camila.

Kiko e a enteada, Camila, no dia do casamento dela
Kiko e a enteada, Camila, no dia do casamento dela (Foto Arquivo pessoal)

Por Kico Gemael

“É a cara do pai.” Faz 25 anos que ouvi esta frase pela primeira vez. E nunca mais parei de ouvir. A primeira foi na feira, dita pelo Valdir da banca de frutas. Amigo das antigas, chamei Valdir num canto e cochichei: “Camila não é minha filha de sangue, é de coração. E tem tanto coração nessa história que estamos ficando parecidos por dentro e por fora”.

Camila tinha 5 anos quando casei com a mãe dela. Virei padrasto, ela enteada, descasei, casei de novo com outra mãe, descasei de novo – e ela continua filha. A mãe dela, passado.

Há duas semanas, em nova rodada de pastel na feira, o reencontro: Camila, os sobrinhos dela e meus netos, Alice e Joaquim, filhos dos irmãos de Camila e meus filhos, Manoela e Camil, o Valdir e eu. Quando viu a Camila, ele renovou a frase: “Continua a cara do pai”.

Foi amor à primeira vista. Quando fui morar com a mãe da Camila e também do Thiago, na época com 7 anos, os dois adoravam o pai, que por falta de tempo e outras circunstâncias não era muito presente.

O Thiago, em princípio, me rejeitou por completo. Afinal, era uma figura masculina ameaçando seu reino macho. Chegou a passar cola no meu pincel de barba de estimação. Foi uma relação complicada durante o casamento todo. Ao contrário da Camila. Nós nos grudamos como cola, ficamos como as cerdas do pincel de barba.

Caçula dos quatro “irmãos”, Camila virou minha companheira de compras e de tudo. Até de futebol. Ela, o pai dela, o Camil e eu torcíamos pelo mesmo time em Curitiba – o Paraná Clube. E lá íamos nós – menos o pai – para a Vila Capanema assistir os jogos mais absurdos do mundo do futebol. Paraná x Jandaia, na chuva – e  a gente gritando, xingando, comemorando, rindo –, vivendo uma bela história sem fim.

Sim, sem fim. Nestes 25 anos, Camila tomou a vida de assalto: batalhou como poucos fazem, venceu como raros conseguem, encantou como só os iluminados são capazes. Advogada com OAB, casada com um atleta, ri à toa. E mais: faz rir à toa.

E olha que foram 25 anos difíceis. Primeiro, o pai foi embora de repente. Depois, o avô – guru, ídolo e provedor da família – também embarcou para o outro mundo. Perdas que ela sente até hoje. Da mesma forma como nossa relação é a mesma até hoje. Aliás, relação tão forte que, diante de uma dívida da família que eu arcava sozinho e com muita dificuldade, ela ajudou a pagar alguns meses – sem nenhuma obrigação, mas por solidariedade, critérios de justiça e amor, muito amor.

Ela me emocionou milhares de vezes, mas as cenas mais fortes aconteceram nas datas festivas. Dia dos Pais era de chorar lençóis: bilhetinhos cheios de corações e cores que exalavam sentimento. Natal, Páscoa, sempre teve um beijo ou um telefonema – ao menos.

Até que chegou o dia de apresentar o namorado. No mesmo dia, apresentou para a mãe e para mim. Tempos depois, era o dia do casamento. Pai e filha entramos no templo onde foi realizada a cerimônia: o Terreiro de Umbanda Pai Maneco. Não tenho ilusão: tenho certeza de que, se o pai biológico estivesse vivo, seria ele; se o avô estivesse entre nós, seria ele. Nunca tentei substituir ninguém nem tive ciúmes, sequer olhei com o canto do olho. Sempre foi por amor e pela felicidade dela.

A cerimônia de casamento teve um significado especial. Mais ou menos assim: como um casal que vive junto há tempo e um dia resolve formalizar a união e casa. Nossa entrada na igreja formalizou nossa relação. Que vai durar – como a de todos os outros filhos – até que a morte nos separe. Coisa que o casamento não tem, coisa que só existe entre pais e filhos.

PS: nesse casamento, que foi o meu quarto, a mãe entrou com dois filhos – Thiago e Camila – e eu entrei com dois Manoela e Camil. E veio o terceiro filho de cada um – o quinto nosso. Ou melhor, a quinta: Olívia, hoje com 22 anos. O Thiago não cola mais meu pincel de barba, hoje somos colegas de profissão e amigos – bem amigos. Aparece de vez em quando para filar uma boia e jogar conversa fora – como todos os outros, que não deixam o pai sozinho minuto algum. A bênção, meus filhos.

Kico Gemael, 57 anos, jornalista, 5 casamentos, 4 filhos, 2 netos; curitibano de nascimento, paulistano de coração.

 

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O que eu aprendi com a separação http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/22/o-que-eu-aprendi-com-a-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/22/o-que-eu-aprendi-com-a-separacao/#respond Thu, 22 Jan 2015 21:55:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=483  

Pedra nova
Obra do artista Luis Camnitzer exposta na Casa Daros, no Rio de Janeiro (Foto: Bell Kranz)

As aquisições foram muitas! E de diferentes dimensões: afetiva, existencial, sexual, social, espiritual, da vida prática… Mas todas, eu acho, são relacionadas a dois únicos movimentos: o de se descobrir e se reinventar. E (pelamor!) isso não tem absolutamente nada a ver com ter saído de um casamento bom ou ruim.

Casar é bom, sim, mas se separar, se não há possibilidade de recuperar a relação, também é. Por isso este assunto hoje. O propósito é inspirar homens e mulheres que sofrem pela dificuldade em aceitar o que acabou, de desapegar daquilo que já não existe mais e, como resultado, não vivem as tantas novas e boas situações que se apresentam. Como escreveu Monja Coen aqui, no blog: “Nada é fixo. Nada é permanente. Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos”.

Entre os vários ganhos que tive, seguem aqui apenas quatro, que são bem bacanudos, importantes porque transformadores.

  1. Aprendi a consertar a impressora

Engraçado, mas não só. Essa proeza é um símbolo da descoberta de uma pá de capacidades que eu absolutamente desconhecia ter para determinadas funções, como entender a maçante burocracia da minha empresa e seus “trocentos” boletos a pagar. Claro, antes tinha alguém para fazer isso tudo por mim.

Em geral, os cônjuges usam suas respectivas habilidades na divisão de tarefas. Se um deles é mestre em perder documentos, o outro, organizado, vira o guardião da pasta de imposto de renda. Se o organizado é um fracasso nos negócios, o parceiro assume a função. Quando o desorganizado tem que contar apenas com ele próprio, descobre que pode ser ordeiro, sim – à sua maneira, mas o suficiente para o que precisa, o que já é ótimo!

  1. Aprendi que é preciso desapegar

Desapegar do passado, de padrões de comportamento, de estilo de vida, de pessoas… Nessas horas, criatividade e bom humor são dois grandes aliados. Por exemplo? O orçamento encolheu e para este verão não vai dar para investir num look novo, nem em uma bermudinha sequer. Saída honrosa e autossustentável (moderna): promover uma tarde de escambo de roupas com as amigas.

O Natal, que nunca foi uma das mais esperadas datas do ano, ficou pior ainda com a família dividida. Saída honrosa: investir num programa inédito, que você sempre desejou! Dormir cedo, que tal? Ou viajar no 24 de dezembro.

E anote aí: “tirar” o diploma em desapego da vida de casado demora um bocadinho, mas chega-se lá.

  1. Aprendi a gostar mais de mim e, por tabela, de ficar comigo

Estar só ou solitário? Você é quem escolhe e mais ninguém.

Parece clichê, mas descobri isso na prática quando num determinado saturday night fever, pouco tempo depois de separada, abri a geladeira para comer algo e percebi que tinha a possibilidade de me entupir de doce de leite na frente da TV, protagonizando a solitária e carente surtada, ou fazer um chá e tirar o máximo proveito daquele silêncio da casa para ler. A opção 2, ou qualquer outra que o distancie do papel de vítima, é a melhor, porque fortalece, torna você mais satisfeito consigo mesmo e, por tabela, quem está ao redor. Sim, porque, na verdade, nunca estamos só, sempre há alguém por perto.

  1. Aprendi a gostar mais dos outros

Não que eu desgostasse, mas percebia menos os outros. Como acontece nas melhores famílias, sobrava pouco tempo disponível para quem não fosse filho e marido e depois trabalho e casa. Mas os separados, para ficarem inteiros, descobrem que os outros são sua maior preciosidade. Os amigos, que além de mais solidários aumentam em número, e também o seu zelador, a mulher dele, a caixa do supermercado, o entregador do açougue, o segurança da rua… Até o guarda da CET! Como assim?

A insegurança, a sensação de fragilidade que bate quando você ocupa um novo papel, quando você se agarra à sua identidade porque sente que corre o risco de perdê-la, tamanha a mudança pela qual está passando, aumenta a importância de todo o mundo que o cerca. Você magicamente se sente parte do todo, identificado com todos. Esse ganho é muito saudável. É muito humano.

E você? O que aprendeu com a separação? Compartilhe aqui um pouco da sua história – no máximo dez linhas – e inspire outros homens e mulheres a encarar com fé a vida nova pós-separação.

 

 

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