Casar, descasar, recasarpais – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Casamento fora do armário: quem é o noivo e quem é a noiva? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/31/casamento-fora-do-armario-quem-e-o-noivo-e-quem-e-a-noiva/#respond Thu, 31 Mar 2016 23:43:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2843 Ser gay no Brasil não é fácil. Comemorar um casamento, então, com festa, bolo, flores, cerimonialista e toda a parafernália festiva é um desafio quase hercúleo para os casais do mesmo sexo.

O grau de sensibilidade e conhecimento das empresas especializadas em eventos e seus fornecedores costuma ser próximo do zero. Se são duas lésbicas, quem leva o buquê? Uma vai de noiva e outra de noivo? E o noivo gay entra com o pai ou com o seu parceiro? Tem daminha? Padrinho? Rola chá de cozinha?

Se por um lado o assunto ainda é novo, cercado de mistérios e desinformação, por outro, o preconceito rola solto. E a última coisa que um gay deseja é sofrer discriminação no dia mais feliz da sua vida. Mas corre o risco, sim, de topar com fornecedores homofóbicos na própria festa ou antes, durante os preparativos.

Mulheres se beijam em cerimônia coletiva de união estável entre casais do mesmo sexo, em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)
Recém-casadas após cerimônia de união estável em São Paulo (Joel Silva/Folhapress)

A frustração pode acontecer logo de cara. O primeiro item escolhido costuma ser o espaço da festa, como bufês e restaurantes, e muitos deles se recusam a fazer uma cerimônia gay. Por trás de um sonoro “que pena, mas não temos data para atendê-lo” existe a ideia cruel “vich, vai ter um monte de ‘bicha’, não quero que o meu negócio fique rotulado”.

Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)
Bonequinhos de bolo de casamento em frente à Assembleia Nacional da França (Joel Saget/AFP)

Mas o chamado pink money (poder de compra da comunidade GLBT) é poderoso e, assim como os héteros, gays nutrem o profundo desejo de celebrar a união com um ritual e compartilhar o amor que têm um pelo outro com os amigos e a família (quando dá). O casamento civil no cartório não basta.

Uma amiga jornalista e gay, Gisele Losada, acaba de ingressar nesse mercado com a Casamento à La Carte, que se propõe a realizar o sonho de noivos e noivas em todas as etapas do enlace – da burocracia no cartório à festa personalizada e a celebração da cerimônia. Um serviço criativo, emocionante e profissional. “De gay para gay! Sei como contar a história do casal, escrever essa cerimônia e sensibilizar os casais e os amigos”, diz Gisele.

Casamento fora do armário pede festa fora da caixinha. Mas isso não significa purpurina e arco-íris espalhados desvairadamente pelo salão adentro. O povo às vezes erra a mão.

“Esse público quer o tradicional, mas com a cara deles”, diz outra cerimonialista, Cris Coelho, dona da Festa Casamento Gay. Casadona, com marido e filhos, ela diz que tem “alma gay, com um monte de homossexual na família, irmão, tias…”. Seu maior cuidado na produção dos eventos é com os fornecedores que vão ter contato com os noivos e os convidados, caso de manobristas, garçons, seguranças e pessoal da limpeza. “Uma vez presenciei dois garçons que eu achei que estavam com o riso solto demais, riso frouxo, sabe?”.

E já pensou que desagradável a mãe do noivo estar no banheiro e ouvir comentários preconceituosos sobre o filho?

A batalha pela aceitação da diversidade também pode se dar num casamento hétero, como é o caso da cerimônia religiosa que Cris Coelho está organizando. A noiva quer a irmã, que faz tratamento para mudança de sexo, entrando na igreja de madrinha, vestida de homem e acompanhada da parceira. Venceu a parada! Mas trocar essa ideia com a comunidade da igreja não foi muito simples.

MISTÉRIOS

Afinal, em um casamento de duas mulheres quem leva o buquê?

Às vezes uma delas, às vezes as duas e às vezes nenhuma!

E quem é a noiva?

Bom, às vezes há duas e às vezes não há nenhuma. E algumas vezes há uma pessoa se sentindo uma noiva. Na verdade, não há regras.

Chá de panela, daminha levando alianças? Rola? Casais gays não são chegados em tradições (menos de 15% a incorporam). Eles gostam mesmo é de quebrar as tradições ou inventar as suas próprias.

Esses e outros esclarecimentos são contribuições do Mr. & Mr., site brasileiro dedicadíssimo a noivas e noivos gays. Com textos saborosos, traz uma coleção de informações variadas – de dicas de festa, decoração e moda para o dia D a notícias sobre direitos relativos a contrato pré-nupcial, adoção de criança ou guarda compartilhada de animais! Também compartilha as lindas histórias de amor enviadas pelos seus leitores.

As autoras são duas jovens solteiras, héteros e cheias de amigos gays. O site “é uma prova de amor a eles, de que sim, eles devem sonhar com este momento lindo, mágico e especial como todo mundo e que nós vamos ajudar em tudo que pudermos”, explicam.

E eu fico aqui sonhando em ir a um casamento gay. “É muito mais emocionante. Eu choro do início ao fim”, diz a jornalista Laura De Barros Falcão Fraga, do Mr. & Mr.

Claro! Eles são mais livres e estão comemorando uma conquista árdua e de algo desejado demais.

O Casar, descasar, recasar, assim como o Mr. and Mr., não acredita que pessoas do mesmo sexo que se amam vão arder no inferno.

Tim-tim pra eles!

 

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Socorro! Meus pais vão se separar (aos 70!) http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/socorro-meus-pais-vao-se-separar-aos-70/#respond Fri, 24 Jul 2015 20:22:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1763 A dona de casa Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp
Kit qualidade de vida do idoso inclui mais do que exercício, alimentação saudável e vida social ativa; na foto, Rosa Wainberg, 82, que coordena grupo de meditação na Unifesp

O pacote qualidade de vida do idoso – programação social intensa, muita atividade física, hobbies e até um desafio profissional – é a realização de todo filho. Agora, quando o interesse dos digníssimos progenitores é dar uma geral na vida conjugal, aí vira um perereco!

O pensamento dominante e angustiante costuma ser: “Separados, eles vão dar mais muito mais trabalho do que juntos”. No caso de um recasamento, o Deus nos acuda tem outra motivação: “Como vai ficar o patrimônio?”. E se a filhona ouve falar que papi, aos 80, pensa em sexo, ela “surta”, porque a hipótese lhe parece totalmente abominável.

Uma profusão de ideias e atitudes equivocadas abalam a vida de pais e filhos, criando uma novo formato de conflito de gerações. Os mais jovens desconhecem ou não entendem o interesse dos mais velhos em preencher os anos seguintes com realizações variadas, inclusive na vida conjugal – quem tem 60 hoje pode contar com mais umas duas ou três décadas de vida pela frente.

Os filhos podem atrapalhar o caminho desses pais ou serem facilitadores. Na tentativa de colaborar com as duas partes, “Casar, descasar, recasar” revela aqui o que é importante saber quando o assunto é sexo e vida conjugal de idosos. As informações valiosas foram dadas pelo professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da USP e diretor do  Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas, Wilson Jacob Filho. Confira abaixo.

AS FILHAS

Para a filha casada, a separação dos pais é um choque, apesar de que raramente ela é pega de surpresa, a não ser quando a mãe descobre que o pai tem uma vida paralela; em geral, ela sabe que aquele casamento foi se complicando. É um choque por dois motivos. Primeiro porque se desfaz aquele elo que sempre teve como diretriz, o ambiente de segurança. E segundo porque sabe que separados eles darão mais problema para ela do que casados.

Quando o casal está junto, e ele tem uma pneumonia e vai para o hospital, quem vai cuidar? É a mulher. Se estão separados, é o filho. Um já não é mais do outro. A filha não chega e fala ‘mãe, ele é teu marido’ ou ‘pai, ela é tua esposa’. O pai passa a ser do filho ou da filha enquanto não encontrarem outra pessoa que ajude a cuidar dele, no sentido laborial ou financeiro.

Um fato absolutamente verdadeiro: mulheres com filhas ainda jovens ou solteiras temem iniciar um novo relacionamento com um homem por achar que ele possa se interessar pela jovem. É frequentíssimo ouvir: “Enquanto as minhas filhas não casarem, eu não me aproximo de nenhum homem”. Ou quando perguntada “por que a senhora não iniciou um novo relacionamento?”, a resposta é “porque eu tinha filhas mulheres e isso é muito perigoso”. Perigoso para ela pela possibilidade de ser preterida em função de sua filha e perigoso para a filha ao levar para casa um homem que ela não pode confiar. Existe uma lógica nisso. No lado mais dramático, uma boa parte dos abusos sexuais foram feitos por padrastos.

A filha acha que o pai é dela, tem um ciúme impressionante. As filhas de homens, dizem ‘meu pai’ com uma carga de posse: ‘Você está dizendo isso do meeeeeeeu pai?’. Respondo: ‘Estou dizendo que o seu pai precisa de uma companheira para fazer aquilo que ele não pode fazer com você’. E ela fica estupefata, pasma, em ouvir que aquele homem de 75, 80 anos tem desejo sexual. Não gosto de endeusar isso, mas faz parte.

A filha, quando tem uma mãe que vai casar, fica feliz. A preocupação é fundamentalmente com o patrimônio. Vai querer saber como vai ser a condição patrimonial da família. Como vão ficar os seus bens, pensar no futuro do “Jorginho”. A questão patrimonial mexe com todo o mundo; as pessoas ficam possessas quando veem seu patrimônio ameaçado. 

OS FILHOS

O filho homem tem muito ciúmes da mãe. Depois da separação, muitas vezes ele entende ser o homem da família, o macho alfa. Quando a mãe tem um novo relacionamento, é como se ele estivesse perdendo a liderança dentro da própria casa. Isso quando os filhos moram na casa da mãe. Quando vivem fora, o temor é financeiro. A exigência, que ocorre com muita frequência, é que o possível novo casamento seja com separação total de bens para que não haja possibilidade de comprometimento.

Filhos entre 30 e 50 anos, muitas vezes sobrecarregados pelo cuidado dos pais separados, veem em um novo casamento do pai ou da mãe a possibilidade de dividir o trabalho e a responsabilidade com alguém. Um pai que estava, por exemplo, pedindo para a filha fazer supermercado, telefonar todo dia, de repente com uma companheira não vai precisar mais disso.

Muitos filhos tentam aproximar, principalmente os pais e menos as mães, de um eventual potencial companheiro. Eles tentam apresentar: ‘Olha, tem uma senhora lá no meu escritório procurando alguém para ir ao cinema. Por que você não vai com ela?’. Muitos dos pais reclamam que eles querem favorecer um casamento a qualquer custo. Esses idosos são muito pressionados. Os pais hoje dão muito menos palpite no casamento dos seus filhos do que os filhos dão no dos seus pais.

O SEXO

Uma mãe de 70 anos dificilmente confessa a seus filhos que tem necessidades sexuais. Os filhos não aceitam isso ou aceitam muito raramente. Acham que a mãe ou o pai são assexuados, frutos de uma geração espontânea, que nunca transaram; se transaram, foi de luz apagada.

Eu falo para a filha: “Você acha que a sua mãe não gosta de sexo?”.

Ela acha abominável isso, quando a mãe acaba de me dizer na consulta que se masturba duas, três vezes por semana.

A quantidade de senhoras que vai para uma instituição de longa permanência e levam um vibrador é gigante!

Pessoas com idade avançada não perdem a sua sexualidade. Podem modificá-la de forma a ficar socialmente mais aceita. Uma mulher de 80 anos diria, por exemplo, “olha, minha filha, que homem lindo”, quando na verdade ela gostaria de ter o contato.

Uma frase muito falada é: “O remédio que eu preciso não vende em farmácia”. Mas isso não pode ser dito aos seus filhos. Eles têm dificuldade de entender que os pais são mais do que provedores, de fazer essa transição do papel da mãe para o de mulher.

QUEIXA DE IDOSAS

Da mulher de 70, eu geralmente ouço: ‘Ele até que é interessante, mas está em busca de uma enfermeira, não de uma esposa”. Geralmente, o homem não tem a oferecer, ele tem a pedir. Às vezes, tem a oferecer uma proteção financeira, mas tende a esperar uma condição de cuidados. Não raramente homens que foram viúvos de mulheres que precisaram de cuidado, casam-se com as cuidadoras, que já conhecem a casa e sabem cuidar. Então, existe esse lado.

Uma queixa muito frequente delas: “Fui ao baile, ele me tirou pra dançar e queria saber onde a gente ia passar a noite. Eu não quero passar a noite com ninguém ainda. Eu quero namorar, jantar, ir no teatro, fazer uma série de coisas antes de passar a noite”.

Não tenho a menor duvida de que a mulher busca um companheiro, tanto que, se ele não for muito sexualmente ativo, isso não é um obstáculo. Mas se ela não for, é um obstáculo.

QUEIXA DE IDOSOS

Muito homens dizem isso de seus filhos: “Olha, eles arrumam cada mulher para mim! Eu digo deixa que eu me viro, eu me arranjo, tô muito bem sozinho”.

O filho tem que ter calma, incentivar que tanto o pai quanto a mãe tenham vida social, mas não necessariamente casamento. Devem fazer uma abordagem suave, delicada. É pior ficar empurrando. Isso vale também para a filha em relação à mãe.

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O que filho de pais separados pode ensinar sobre relacionamento? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/28/o-que-filho-de-pais-separados-pode-ensinar-sobre-relacionamento/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/28/o-que-filho-de-pais-separados-pode-ensinar-sobre-relacionamento/#respond Wed, 28 Jan 2015 21:06:20 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=294 Por Giovanna Maradei

Separar-se não é fácil, mas ser filho de pais separados não fica muito atrás. OK, você ganha presentes em dobro, mas também passa por cada dor de cabeça! Torna-se o ponto de encontro de um casal que, para dizer o mínimo, não está muito a fim de se ver – isso quando ainda se falam. E mais: tem de dividir roupa, tempo, atenção, as contas, entre outros problemas que jovens criados em famílias do tipo comercial de margarina nem imaginam.

A posição é difícil e trabalhosa, mas pode gerar um conhecimento precioso.

Quase sempre, apesar dos pesares, eles se tornam pós-graduados em mediação de conflitos. Também descobrem cedo o que querem e o que não querem de um parceiro; aprendem na marra que o amor, por mais forte que seja, pode acabar; que o padrão tradicional de família é apenas um entre outros e, com os pés bem fixos no chão, dão aula de como lidar com relacionamentos amorosos. Sem crise!

Confira o que esses filhos de pais separados podem ensinar sobre amor, convivência, casamento e separação!

Daniela Leonetti“Se terminasse meu namoro, não veria isso como o fim do mundo. Acredito que sempre terá alguém melhor para você depois.”

Daniela Leonetti, 24 anos, estudante

 


Juliana Benetti“Sou meio o clichê de filhos de pais separados, do tipo que tem medo de relacionamentos. Mas se tem uma coisa que aprendi é que ser independente é fundamental para mulher. Minha vida seria muito diferente se minha mãe não fosse financeiramente independente.”

Juliana Benetti, 22 anos, estudante

 

Gezio Santos“Depois de viver a separação dos meus pais, aprendi que os filhos devem estar acima de tudo. Tanto que após o meu divórcio a guarda do meu filho ficou comigo.”

Gezio Santos, 36 anos, técnico em T.I

 

Cristiane Senna“Nós, filhos de pais separados, temos visão menos lúdica dos relacionamentos. Somos mais calejado pela vida, sabe? Não que isso seja um problema, mas a gente pensa diferente. Eu, por exemplo, não acho que relacionamento ou casamento é eterno.” 

Cristiane Senna, 30 anos, jornalista

 

Fernanda StenzelComo desde pequena vivi com meus pais brigando, sei o que não quero em um relacionamento. Não me acomodaria em uma relação que não tivesse mais sentido. Também tenho mais noção de que relacionamentos não são necessariamente um mar de rosas.”

Fernanda Stenzel, 21 anos, jornalista

 

 Marta Capuano“A separação dos meus pais mudou tudo. Passei anos com muito medo de me envolver e isso só mudou com a maturidade e muita terapia. Não acredito que exista uma regra, depende muito da forma como se deu a separação.”

Marta Capuano, 50 anos, administradora

 

Elisa Espósito“Ter os pais separados torna os contos de fada apenas contos de fadas. Desde cedo você entende que um relacionamento é cheio de altos e baixos, tem brigas e pode terminar sem um final feliz, mas isso não é o fim do mundo.”

Elisa Espósito, 23 anos, webdesigner

 

marina costa vasconcelos“É muito mais difícil para mim entrar num relacionamento depois do que vi no relacionamento dos meus pais. Mas, conforme fui crescendo, tentei abstrair e pensar que comigo pode ser diferente, porque se eu ficar pensando muito nisso, não consigo viver direito.”

Marina Costa Vasconcellos, 18 anos, estudante

 

Giovanni Naufal“Tive duas mães bem presentes na minha vida. Consigo ver que, se um relacionamento não está funcionando, provavelmente, a separação é melhor tanto para o casal quanto para os filhos.”

Giovanni Naufal, 26 anos, publicitário

 

Victoria Matsumoto“Aprendi que a frase ‘não estamos brigando, estamos apenas discutindo’ é sinal de que as coisas estão bem ruins. Até hoje, quando vejo algumas falhas no meu relacionamento que me remetem ao casamento dos meus pais me dá um certo desespero, mas acho que acabamos aprendendo com os erros deles”

Victoria Matsumoto, 20 anos, estudante

 

Luis FurquimDescobri que é importante independência financeira. Sabe, é como ‘amigos, amigos, negócios a parte’, tem que ser ‘amor, amor e rendas separadas’”

Luís Furquim, 26 anos, engenheiro

 

Victoria Gruber“Quando seus pais são separados, você acaba aprendendo por conta própria que sua relação não vai ser igual a deles. Que isso varia de pessoa para pessoa. Hoje namoro e não fico pensando em como seria se a gente se separasse. Por enquanto, está da hora, então é o que é.”

Victoria Gruber, 17 anos, estudante

 

Vinicius GuilhermeVejo a separação como boa parte das pessoas vê, como algo que pode ocorrer a qualquer momento, mas tento ser maleável no relacionamento para evitar que qualquer briga acabe com o namoro. Também não tenho aquela visão de ‘família padrão’. Sempre me imaginei pai solteiro que ia ‘dar um jeito’ de adotar uma criança.”

Vinicius Guilherme, 21 anos, estudante

 

Filhos Daniel“Eu nunca passei por separações traumáticas. Mas não tenho medo nenhum disso. O fato de os meus terem se separado não causou nenhum trauma em mim”

Daniel Manreza, 27 anos, arquiteto

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O casamento acabou! Dizer o que para os pimpolhos? http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/16/o-casamento-acabou-dizer-o-que-para-os-pimpolhos/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/16/o-casamento-acabou-dizer-o-que-para-os-pimpolhos/#respond Fri, 16 Jan 2015 14:59:04 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=338 (Foto: Schutterstock)
As três piores táticas: não dizer nada, dizer tudo ou mentir para os filhos sobre a separação (Foto: Schutterstock)

Antes de encarar a sogrona, o cunhado, os irmãos e os amigos, o casal olha em volta e percebe o imbróglio maior que têm pela frente: enfrentar as crianças. O que dizer? Como contar?

“O papai viajou a trabalho” não cola – pasme, mas ainda há mães que apelam para esse expediente altamente desaconselhável. Contar tim-tim por tim-tim a história de ascensão e queda do romance entre papai e mamãe também é um desastre. Silenciar, como alguns tentam fazer, idem.

Ou seja: não dizer nada, dizer tudo ou mentir é o pior que os pais podem fazer. E o tom deste texto está assim, digamos, relax, para quebrar um pouco a dureza desse momento, feito muitas vezes de ressentimentos, mágoas e profunda tristeza por um projeto de vida que deixa de existir. Não é bolinho, mas cabe ao adulto, ainda que sofrendo, segurar a onda dos filhos.

A forma de comunicar a separação pode ajudar ou complicar a passagem dos filhos por esse processo igualmente sofrido para eles. Não existe uma receita com o modo ideal de dar a notícia, os pais devem conhecer seus rebentos para saber exatamente o que dizer. Mas há parâmetros importantes que devem ser considerados nessa hora. Eles variam conforme a faixa etária dos filhos, como explica aqui a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, uma das mais respeitadas especialistas em educação, criança e família.

FILHOS MENORES DE 6 ANOS

Nessa idade, as crianças têm um universo e uma lógica de pensamento muito diferentes da nossa. Não diga para elas: “Eu e o seu pai brigamos”. Briga é entendido pelos pequenos como troca de tapas, soco, violência, mesmo. “Uma boa ideia é comunicar que o pai terá uma casa e a mãe, outra”, aconselha Rosely.

Com relação ao tempo, os pequenos organizam o dia usando referências como a hora da refeição ou de ir para a cama, por exemplo. Isso significa que dizer “todo fim de semana o seu pai vai te ver” não funciona. Diga, por exemplo: “O seu pai sempre vai ver você”. E se ela perguntar: “Todo dia?”. Você pode responder: “Depende do trabalho dele…”. Mas não transforme esse encontro em um acontecimento fora do normal. Não é tão dramático. Normalmente, pais e mães casados veem muito pouco as crianças dessa idade. Pela manhã e, às vezes, um pouquinho à noite se chegam cedo do trabalho.

E mais: as crianças também costumam perguntar pouco sobre o assunto, pois conhecem a estrutura de famílias cujos pais não vivem juntos. Elas têm os exemplos na escola, filhos de pais que se separam e que continuam firmes e fortes.

FILHOS ACIMA DE 7 ANOS

Nessa faixa, os pais já podem falar mais sobre o assunto, mas obviamente sem dar detalhes de brigas, traições… Isso leva a criança a ficar fantasiando sobre a história e é também como geralmente se desenvolve a terrível alienação parental (quando o pai coloca a criança contra a mãe ou o contrário).

Nunca diga que o casamento não deu certo. Afinal, enquanto durou deu certo. O melhor é “o casamento acabou, vou me separar”, diz Rosely.

PARA TODAS AS IDADES

Uma orientação vale para pais de crianças de qualquer idade: deixar muito claro que o problema do casal nada tem a ver com os filhos. “A criança sempre vai achar que a culpa é dela, esta é uma fantasia recorrente”, afirma Rosely. O pai e a mãe devem esclarecer, portanto, que a causa da separação é uma questão do casal, dos dois enquanto marido e mulher. Aliás, é até melhor referir-se ao cônjuge como “meu marido” ou “minha mulher”, em vez de “seu pai” ou “sua mãe”. Resolvi separar do meu marido, por exemplo.   

ADOLESCENTES

Com os mais velhos, os pais podem explorar mais o assunto, falando sobre a dificuldade da convivência, por exemplo, mas ainda sem expor detalhes que dizem respeito à intimidade do casal. Deu vontade de se abrir, reclamar do cônjuge? É normal, mas vá extravasar com os seus amigos, amigas, parentes… Menos com o filho. Mantenha-se firme. O ex (ou a ex) sempre serão o pai (ou a mãe) do jovem.

As crianças vão sofrer com a separação dos pais? Óbvio que sim. Mas elas têm que aprender a enfrentar as frustrações e perdas próprias da vida e, para isso, dependem da ajuda dos pais.

 

 

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