Casar, descasar, recasarsuperação – Casar, descasar, recasar http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br Wed, 20 Apr 2016 18:43:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Para escapar de uma Quarta-Feira de Cinzas sem fim http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/10/para-escapar-de-uma-quarta-feira-de-cinzas-sem-fim/#respond Wed, 10 Feb 2016 18:01:01 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=2733 Algumas atitudes de recém-descasados são capazes de transformar o resto do ano numa interminável e triste Quarta-Feira de Cinzas.

Segue um bloco de gifs com 8 dessas atitudes com alto poder de destruição. Para saber mais, leia as respectivas reportagens publicadas aqui no blog.

1. Dar uma de mãe do enteado

madrasta

 

2. Acorrentar o ex que não quer mais o casamento

titanic

 

 

3. Chamar o ex de falecido

barmey

 

5. Fazer a louca e afastar as crianças da família do ex

Phoebe_stop_the_madness

 

6. Seguir todas as dicas de superação que vê na internet

need help computador

 

7. Transformar a separação em um plano de vingança

malevola

 

8. Afastar-se da vida escolar dos filhos

homer

 

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Desafio pouco é bobagem http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/06/08/desafio-pouco-e-bobagem/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/06/08/desafio-pouco-e-bobagem/#respond Mon, 08 Jun 2015 14:33:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1712 Quem pega táxi sabe. Ou conversa com o motorista ou conversa com o motorista. Fingir-se de morta no banco de trás não funciona, essa turma do taxímetro nunca vai brincar de vaca amarela com o passageiro. O negócio deles é papear. O meu também. E tenho tido sorte desde que quebrei o pulso e, com o braço imobilizado, para me proteger dos solavancos dos ônibus, sou obrigada a andar de táxi.

A história da chefe confeiteira Rosa Gonzalez, compartilhada abaixo, me fez lembrar de um desses causos, também compartilhados, porém no carro. Eu havia acabado de presenciar, em um supermercado caro de um shopping luxuoso, a cena de um homem de seus 50 anos humilhado pela mulher, na frente da filha pequena, da babá e da geladeira de frios, por tentar escolher um queijo diferente do que ela costumava comprar. Depois, na espera do caixa, ele sussurrava “mulher chata, mulher chata, mulher chata” várias vezes enquanto ela reclamava da lentidão da fila.

Entrei no táxi e a converseira começou, como sempre, na escolha do melhor trajeto, seguida da corrupção do governo, Haddad, Dilma, ciclovias e, quando eu me dou conta, ele está contando a história terrível do vizinho e amigo tratado pela mulher feito um cachorro desde que ela descobriu uma traição dele. E por que ele suporta? “Não se separa para não perder os bens, a casa, o carro”, contou indignado o motorista. Devia ser o caso da “mulher chata” e o homem do queijo, presos pelo medo.

Mal sabem eles que nada melhor do que um desafio a mais, especialmente na área profissional, para ajudar a encarar o outro com vigor. A paulistana Rosa Gonzalez, de 39 anos, que o diga. Ela mudou de profissão e estado civil de uma só vez. Leia aqui.

Rosa Gonzales na cozinha do seu ateliê de doces
Rosa Gonzalez na cozinha do Ateliê Dona Formiga, empresa que abriu seis meses antes de se separar

Um desafio ajuda a enfrentar o outro

Depoimento de Rosa Gonzalez à Giovanna Maradei

“O casamento não acaba quando a gente se separa, o casamento já acabou. Não vou falar que o meu foi horrível, fui casada por dez anos e ninguém fica todo esse tempo em um casamento horrível.

Eu era arquiteta e não aguentava mais trabalhar com obra. Então, comecei uma fase de investimento em mim. Fui fazer vários cursos, entre eles o de confeitaria e acabei descobrindo uma nova carreira.

O Ateliê tinha só seis meses quando eu me separei, a empresa era um bebê, então tive que trabalhar muito. Não podia pensar só na separação e acabei enfiando a cara no trabalho. Se eu estivesse casada, não sei se teria construído tudo isso.

Fui eu que decidi me divorciar e descobri que quem toma a decisão sofre primeiro. Quando você começa a formatar a ideia, você coloca na balança um milhão de coisas, casamento, família, financeiro – se tem filho, então, você pensa mil vezes. Eu tive uma briga muito grande e depois dela meu casamento entrou em uma crise enorme, mas ainda demorei quatro ou cinco meses para ter coragem de me divorciar.

É um passo muito grande. Você pega todos os sonhos que fez com aquela pessoa, as viagens que planejava, a casa que os dois queriam comprar, o carro, tudo, coloca em uma caixinha e fecha, porque você nunca mais vai realizá-los. Essa foi a minha sensação no dia em que eu assinei o divórcio. Mas, dali para a frente, os sonhos eram só meus, e então eu tinha que começar a planejar a vida.

Eu estava abrindo um negócio novo, iniciando a minha vida de novo. Tinha medo, tenho até hoje, óbvio, é o meu sustento, mas quando você enfrenta família, preconceitos, filho –­ porque nada é mais difícil do que contar sobre a separação para os filhos –, você descobre uma força que nem sabia ter.

Não me arrependi em nenhum momento. Tentei o suficiente até ter certeza de que era isso o que eu tinha que fazer. Tenho amigas que falam: ‘Eu não me separo porque eu não consigo me bancar financeiramente’ ou ‘eu não me separo por causa do meu filho’, e quando escuto esse tipo de coisa penso ‘isso é covardia’.

Se você não dá conta de se sustentar com seu dinheiro, reduza seu padrão de vida, mas vai ser feliz. Talvez eu esteja sendo uma pouco radical, mas acho que a gente está no mundo para ser feliz. Se você não está feliz, tem que fazer alguma coisa para mudar. Ou você faz o casamento funcionar, ou sai dele, não tem outra opção. Para mim, ficou muito claro que eu tinha que mudar. Do mesmo jeito que eu fiz em relação a trabalho.

Acho que o ser humano é feito de um monte de caixinhas. Você tem a caixinha do pai e da mãe, dos amigos, de uma série de coisas. No processo do divórcio, a gente mexe em várias dessas caixinhas – a família sai da caixa para vir para cima de você, os amigos também e de repente você tem que lidar com uma dinâmica absurda. Neste momento, dedicar-se ao meu trabalho foi o jeito que eu encontrei de fugir de todo o mundo, de sair de cena. Uma válvula de escape.

Quando você foca em outra coisa, em algo novo, tem tempo de se dedicar e ver seu trabalho crescer e se desenvolver. Quando a gente está lidando com perdas, como é a separação, ter alguns ganhos é muito interessante. A autoestima também aumenta. Você fala ‘eu sou capaz, eu sobrevivo sozinha, eu me viro’.

Não dá para abandonar a vida pessoal, principalmente se você tiver filhos. Mas enfiar a cara no trabalho resolve dois problemas: o financeiro e o foco. Tudo aquilo em que você põe energia cresce, e o trabalho me levou a dedicar minha energia para algo que me trouxe crescimento, e não ficar apenas alimentando o sofrimento.

O meu pai me chamou de louca, disse que, justamente quando eu estava me separando, eu rasguei o diploma de arquitetura para pilotar um fogão. ‘Olha tudo o que você está mexendo na sua vida ao mesmo tempo!’, ele me disse uma vez. Coisa de pai que estava preocupado. Hoje, ele me apoia muito e fica cheio de orgulho do que eu construí.”

 

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Como se virar com a mágoa quando o casamento acaba http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/29/como-se-virar-com-a-magoa-quando-o-casamento-acaba/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/05/29/como-se-virar-com-a-magoa-quando-o-casamento-acaba/#respond Fri, 29 May 2015 16:33:01 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1698 (Foto: Elina Brotherus)
Quando a pessoa se responsabiliza, ela tenta entender a sua participação para o casamento ir bem ou ir mal (Foto: Elina Brotherus)

Não existe receita para fugir da mágoa do fim de um casamento. Na verdade, não há nem como fugir dela se você quer ser uma pessoa honesta com você e com a sua história, responsável pelas suas ações e os seus sentimentos. O caminho é acolher a mágoa, aprender como lidar com ela e let it go, porque ela passa, mesmo.

Um leitor recém-separado, de 41 anos, que pede para não ser identificado, enviou exatamente essa pergunta: “Como lidar com a mágoa quando o casamento acaba?”. A resposta, claro, exige verdade e muita seriedade. Mas isso não basta. A forma também conta bastante. A maneira de comunicar pode causar grande efeito em uma pessoa e não dizer nada para outra.

Pensando nisso, Casar, descasar, recasar ouviu quatro profissionais especiais para tratar a questão, que é um problema universal, especialmente para quem “foi saído” de uma relação conjugal, mais do que para quem saiu. As respostas pretendem ajudar o leitor que escreveu e, espero, inúmeros outros.

 

Enfiar o pé na jaca e processar o luto

A separação é um luto, um embate entre o desejo de tentar manter o que foi perdido e se despedir daquilo. Essa é a luta que está em jogo, e não é entre uma balada e outra que se resolve essa parada, isto custa tempo. Quando você corre de uma separação para um novo relacionamento, você só está fugindo da dor, do luto, e o preço é repetir a história, dançar no mesmo lugar.

Tem que enfiar o pé na jaca, tem que curtir o luto, rever foto, rever o lugar, sondar no Facebook, não sei mais o quê, você tem que ir lá no fundo para desfazer o vínculo. Faz parte do processo. A superação do luto é realmente reconhecer que acabou, que a pessoa não é nem uma deusa, nem uma bruxa. E só com o processamento do luto, com a despedida do vínculo anterior que você está realmente livre para amar uma outra vez.

Pedro de Santi, professor da especialização em teoria psicanalítica da PUC-SP e de psicologia da comunicação social da ESPM   

 

A necessária prática de lembrar e relembrar

Às vezes, as pessoas dizem que para se separar precisam se separar totalmente, se afastar dos objetos, da memória, dos lugares. Mas isso não é verdade, porque ela precisa recolocar para dentro dela essa mesma experiência de uma outra maneira, e não matar tudo o que se refere a essa experiência. Um dos problemas de elaborar uma separação é a tendência de ficar em um polo só. Ficamos apenas no polo do término, do fim, da morte, acabou, zerou. Mas nós temos o lado que morreu e o lado que permanece, um lado que nos pertence, que pertenceu à relação, afinal ela era feita de duas pessoas. Por isso a gente dá esse status ao resgate da memória, e não o contrário, esquecer, apagar, não pensar mais na pessoa de jeito nenhum. Na prática do lembrar e relembrar, se dá o trazer e mandar embora aquele que amamos. Mas agora permitindo a permanência dos rastros do relacionamento.

Celia Brandão, psicóloga e psicanalista de casais, adolescentes e adultos e mediadora de conflitos

 

É obrigatório também se responsabilizar pela separação

Não existe receita mágica, é preciso entender o que aconteceu comigo, qual a minha participação neste casamento e nesta separação. Se não, você vai ficar sempre na dor, na mágoa, e isso vai reverberando. Quando você começa a se responsabilizar pelo início e pelo término dói, dói muito, mas você é capaz de sair dessa situação. Deixando a responsabilidade só na mão do outro, você fica à mercê. Quando eu me responsabilizo, vou tentar entender em mim quais as situações em que eu tive participação para isso ir bem ou ir mal.

A tendência quando a dor é muito forte é colocar para fora. Você vai chorar, beber, bater a cabeça na parede, xingar… Mas precisa, de qualquer maneira, se responsabilizar, porque você tem uma participação nesta separação ou nesse casamento.

Responsabilizar-se dá trabalho, mas é na dor que a gente cresce, não tem jeito, é na tristeza, no sofrimento, que a gente percebe que existe algo incomodando e é nesse momento que você vai parar e pensar. O ideal seria a pessoa procurar uma terapia, para entender tudo o que aconteceu e conseguir superar, mas a reflexão pode ser uma conversa de botequim, no shopping, porque alguma coisa sempre fica.

Alice Tamashiro, terapeuta do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Instituto Sedes Sapientiae

 

Ter humildade para aceitar as falhas de ambos

A gente precisa desenvolver uma maturidade para entender as causas do rompimento. Uma separação nunca se impõe por exclusividade de um ou de outro, o que acontece é às vezes o pedido partir de um e ele é colocado como responsável pela situação.

O primeiro passo para começar a aceitar um pouco a separação é assumir que todos nós temos imperfeições, o parceiro tem falha, o próprio vínculo às vezes tem falha. Até porque o casamento é entre dois seres humanos, e não entre dois deuses, perfeitos, ideais, que portanto terão uma relação ideal pela vida toda. Isso também ajuda você a não desvalorizar tanto o que foi construído. Por pior que tenha sido a separação, vocês tiveram uma história e até um determinado ponto essa história pode ter sido interessante.

Quando a gente vive esse luto, há um momento que se abre um espaço para começar a pensar também no que você ganhou com isso, para que essa dor possa vir a ser algo transformador na vida da pessoa. Agora tem que ter humildade para aceitar e passar por esse tempo.

Márcia Barone Bartilotti, psicóloga terapeuta de casais e família e coordenadora do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família), do Instituto Sedes Sapientiae

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Dica de homem para homem desarvorado pós-separação http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/14/dica-de-homem-para-homem-desarvorado-pos-separacao/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/14/dica-de-homem-para-homem-desarvorado-pos-separacao/#respond Tue, 14 Apr 2015 13:58:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1372 Autor, consultor, palestrante, o americano Ross Szabo faz qualquer coisa em nome da saúde mental, em especial, dos jovens. A paixão pelo assunto surgiu da sua experiência de vida. Teve o primeiro contato com o assunto aos 11 anos de idade, em visita ao irmão mais velho na ala psiquiátrica do Hospital da Universidade da Pensilvânia.

Aos 16, Szabo foi diagnosticado com transtorno bipolar. No último ano do ensino médio, tentou se matar, teve recaída do transtorno na universidade e retornou quatro anos depois para se formar em psicologia.

Desde então, ele se dedica a disseminar informações sobre a saúde da mente e suas doenças com campanha contra o estigma do tema, sobre abuso de drogas, programas de conscientização para escolas, de prevenção para universitários… “Compartilhar a minha história me ajudou a conseguir a saúde mental”, diz ele. E o que isso tem a ver com Casar, descasar, recasar?

Ross Szabo passou por uma separação após um casamento de dez anos. E, apesar da intimidade com o universo das emoções e das questões da mente, ele perdeu o rumo, ficou desarvorado e sofreu muito como tantos outros homens. A diferença é que ele elaborou o processo e ainda abre o coração para falar do assunto, prática pouco comum entre a ala masculina.

O consultor descreve aqui quatro atitudes fundamentais que o ajudaram a superar os difíceis momentos da separação. Mais uma história que ele compartilha; nesse caso, para ajudar outros homens.

Quando minha ex-mulher me deixou eu decidi que eu iria correr uma maratona. A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma. (Foto: Divulgação)
“A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma; na foto, Jack O’Connell em cena do filme “Invencível” (Foto: divulgação)

Depois do divórcio foque em você, e não na ex

Por Ross Szabo

Como a maioria das pessoas que acabam escrevendo sobre divórcio, isso não era algo que considerei fazer algum dia. De fora, o nosso casamento parecia maravilhoso. Nossos dez anos de relacionamento foram recheados de viagens, festas, amigos e até um trabalho voluntário que fizemos juntos em Botswana, na África. Durante a adaptação à vida em outro país, tivemos uma série de problemas. Por fim, minha ex-mulher sentiu que havia questões que ela precisava trabalhar sozinha e me deixou. Eu fiquei chocado. Foi o maior constrangimento que eu já senti. A perda machuca mais do que qualquer outra coisa.

Como homem, eu só queria consertar seja o que fosse, dar para todos a impressão de que eu estava bem e seguir em frente.

Os primeiros dois meses após o divórcio foram um borrão. Eu flutuava, me agarrava em tudo o que podia, tentando apenas atravessar cada dia. Eu já havia tido depressão e problemas com bebida quando era bem jovem, estava portanto preocupado que pudesse rapidamente cair ladeira abaixo.

Na época do divórcio, eu não tinha trabalho nem lugar para morar – estava fora do país havia dois anos e meio. Foi aterrorizante. Sabia que teria que reconstruir partes da minha vida e estava claramente me esforçando. Felizmente, tive amigos e familiares que me apoiaram a cada dia, deixando que eu ficasse um tempo hospedado em suas casas e fazendo qualquer coisa que pudesse me ajudar, mesmo que isso significasse ler e atender minhas mensagens e telefonemas intermináveis nos quais eu fingia estar bem. A boa notícia é que você supera esses tempos difíceis.

Seguem aqui atitudes que me ajudaram muito durante o divórcio:

1. Seja a melhor versão de você mesmo – É difícil quando uma mulher o deixa. Eu senti vergonha. Eu tive raiva. Queria fazer tudo o que pudesse para detê-la, mas a verdade é que ela não estava disposta a construir nada comigo. O conselho mais incrível que eu recebi naquele momento foi me tornar a melhor versão que eu pudesse ser de mim mesmo. Eu ouvi o que ela tinha a dizer quando foi embora. Reconheci o que senti e o que eu poderia melhorar. Tentei mudar algumas atitudes, como estar mais presente no momento, não ter uma lista de tarefas para fazer, ignorando os outros, e prestar atenção nas necessidades das pessoas. Essas lições me fizeram uma pessoa muito melhor para o meu relacionamento seguinte.

2. Não foque nela, foque em você – É difícil não ficar obcecado pelo que ela está fazendo depois do divórcio. Com quem ela está? Que tipo de cara ele é? Por que ela está com ele? Eu sou um cara muito leal, e uma vez que uma pessoa decide que não quer estar comigo é como se ela morresse para mim. Colocar o foco nela só iria me levar a algo que eu não poderia resolver. Focar em mim deu a chance de me tornar uma pessoa melhor e mais confortável comigo mesmo.

3. Faça algo que te deixe feliz – Uma outra maneira de não focar na ex é fazer uma atividade que você adora. Ir a um bar para assistir o jogo com os amigos, pular de paraquedas, viajar ou fazer algo que você nunca teve a chance de fazer. Quando minha ex-mulher me deixou, decidi que iria correr uma maratona. Eu não tinha um trabalho para me focar. Treinar para a maratona me deu algo para fazer e colaborou com a minha reconstrução. A corrida me ajudou a exercitar a raiva que eu tinha do divórcio, enquanto também me deixava em boa forma. Ter um objetivo pelo qual trabalhar depois da separação realmente me ajudou a não focar na minha ex.

4. A melhor parte de ser divorciado – A liberdade de fazer o que você quiser, de explorar a sua vida e encontrar estabilidade na independência foi a melhor parte do divórcio para mim. Durante o casamento, eu priorizava tudo o que ela queria fazer. Não focava nos meus sonhos ou nos meus objetivos. O divórcio me permitiu obter mais clareza sobre o que eu queria e precisava para a minha vida e como construir isso. Também precisei passar algum tempo sozinho para encontrar conforto e descobrir que tudo estava bem.

Leia mais: Por que os homens podem ser os piores inimigos deles

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“Dicas” de superação quase afundaram leitora http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/10/dicas-de-superacao-quase-afundaram-leitora/ http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/2015/03/10/dicas-de-superacao-quase-afundaram-leitora/#respond Tue, 10 Mar 2015 14:42:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/15005285.jpeg http://casardescasarrecasar.blogfolha.uol.com.br/?p=1161 Tudo passa pela educação, não tem jeito – até protesto com panela, como se viu no último domingo, pode ser elegante, com dignidade, ou do tipo desqualificável, selvagem. Mas como nem tudo a gente aprende, então improvisa, cheio de boas intenções. Já o resultado, às vezes, é desastroso. Diante de alguém que se separou, por exemplo, fala-se cada batatada.

É o que compartilha aqui uma jovem leitora valente e bem-humorada. Sua história inclui duas experiências de tirar qualquer um do eixo: um câncer de mama e, mais tarde, a separação do marido. Mas o ponto central da sua mensagem é outro, ou melhor, são os outros. A atitude de quem quer ajudar e, no caso dela, provocou sentimentos semelhantes tanto no enfrentamento da doença como do fim do casamento.

O desabafo também faz um alerta contra a parafernália de fórmulas de superação espalhadas a rodo na net e algumas publicações. Um Google rápido com as palavras superação e separação traz “dicas” que mais parecem piada de muito mau gosto. Um exemplo: “Questione as qualidades do ex e encontre defeitos; aos poucos, os pensamentos ruins sobre ele ou ela vão ajudar a minar os sentimentos amorosos”.

As fases do luto são bem conhecidas e iguais para quase todo mundo. Agora, de que maneira percorrer esse caminho é uma questão individual, uma escolha de cada um. Não é bolo, que tem a receita certa. O crescimento pessoal, sim, espera-se seja um ganho final para todos.

"Foi sozinha que eu percebi que não deveria me culpar porque o problema não era comigo" (Foto: Derek Fernandes)
“Foi sozinha que eu percebi que não deveria me culpar porque o problema não era comigo” (Foto: Derek Fernandes)

“Precisei de um câncer e uma separação para perceber o que importa mesmo”

Por Ana Michelle

“Vim compartilhar minha história.

No dia 27 de dezembro de 2014, meu então marido saiu de casa. Depois de cinco dias de profundo sofrimento e cinco quilos a menos, cansei de ouvir conselhos, de chorar e bolar vinganças malignas e apenas decidi: vou tomar um porre, fazer uma tatuagem e transar com um cara bem gato just for fun, depois eu penso o que faço da vida.

Nesse período, tenho lido muito sobre o assunto “separação” e a minha sensação é de que a maioria das pessoas que lista aqueles 10 passos para dar a volta por cima nunca passaram por um rompimento com alguém que realmente amavam. Não é possível! Quer dizer então que além de levar um pé na bunda ainda tenho que acordar no dia seguinte linda, me amando muito, planejando o encontro futuro com “o cara certo” e sair com suas várias amigas para badalar e dar muita risada porque a vida é bela e você PRECISA deixar o passado com alguém que “não te merece” para trás.

Parece que ficar bem vira uma obrigação e você tem que dar a volta por cima rapidinho senão já acham que você é um caso perdido de depressão. Qual é o problema de não sair? De não querer um novo romance? De querer ficar sozinha em casa fazendo nada? Como cansam as regras sobre a volta por cima!

Achei que nunca mais passaria pelos sentimentos de quem teve um câncer de mama aos 28 anos, mas tem sido bem parecido com o que tenho vivido agora, por mais absurdo que possa parecer. Na época, lembro que me irritava profundamente a cobrança de todos para que eu ficasse o tempo todo sorrindo e falando sobre o quanto tinha sorte por estar viva. Não bastava ter um peito mofado e uma cicatriz gigante, enfrentar quimioterapia, radioterapia, três cirurgias com anestesia geral e dez quilos a mais na balança destruindo a autoestima, ainda tinha que colocar uma capinha de heroína cada vez que saía de casa ou conversava com alguém.

O câncer tirou de mim o direito de ser uma pessoa normal, que reclama, xinga, fica brava. Dia desses postei sobre como queria ganhar na Megasena, e tive que aturar as tias falando que eu já ganhara por estar viva! Ai, me deixa querer ganhar na Megasena em paz, raios! 

Separar-se não tem sido muito diferente do que vivi na doença. No começo, a palavra era impronunciável: separação. Depois, já vinha a carinha de Gato de Botas da sociedade, dizendo “mas como, vocês eram perfeitos juntos”. Aí já emenda com “você vai arrumar uma pessoa muito melhor”. Ou “foi um livramento, ele não te merecia”. Assim como no câncer, sabe o que ninguém me perguntou até esse momento? “Como EU estou lidando”,  “o que EU quero fazer”.

Sim, eu segui os conselhos e saí com as amigas. Na primeira vez, eu desmaiei nos braços de um argentino (porque estava sem comer, bebi e estava nervosa rs), ainda bem que ele era gato! Na segunda, eu voltei para casa chorando porque simplesmente não conseguia me ver naquele cenário de guerra e pegação. Daí, resolvi ficar quieta em casa, tentando me satisfazer com a minha própria companhia. Recebi algumas mensagens de pessoas preocupadas com depressão, e isso me fez rir. Estaria, sim, em depressão se estivesse seguindo os conselhos mirabolantes de dar uma volta relâmpago por cima e postar sobre como estou feliz e me sentindo linda agora que estou ‘livre’.

Ficar só, chorar, sofrer, pensar e chorar mais um pouco me trouxe uma força que não tive nem na pior das quimioterapias. Saí de um casamento que muitos consideravam perfeito porque o marido tinha um sério problema com a monogamia. Não, ele nunca me traiu fisicamente (eu continuo apostando nisso), mas sempre havia uma Fernanda, uma Juliana, uma Marina, uma Carla, uma Helena no celular, no Facebook, no WhatsApp e no cafezinho do trabalho que pareciam ter muito mais valor e sabor do que a mulher fiel e dedicada que ele tinha em casa. E foi sozinha que eu percebi que não deveria me culpar porque o problema não era comigo. Foi sozinha que descobri que na verdade ele é um imaturo com sérios problemas de autoestima. Foi sozinha que um dia acordei e senti “ei, na verdade, eu sou muito para ele”. E foi assim que dei a volta por cima, SOZINHA e por MIM.

Não vou ficar dando conselho para ninguém, mas, se me permite uma dica, diria que a melhor forma de enfrentar uma separação é não fazendo coisas que as pessoas acham que você deve fazer. Se me perguntam hoje como estou, não me sinto na obrigação de parecer uma heroína, porque foi um peso assumir esse personagem com poderes sobrenaturais quando estava doente. Apenas digo “nem feliz, nem triste, estou vivendo os acontecimentos”. Se terei um novo amor, ou se vou mudar de país, ou vou voltar com o ex, eu não sei. Descobri um universo repleto de possibilidades. O que eu te digo é que precisei de um câncer e uma separação para perceber que o que importa mesmo é você ser honesto com você, sem joguinhos, sem conselhos que fazem você se sentir pior ainda ou te obrigam a parecer forte quando no fundo tudo o que você quer é sua vida de volta (por pior que ela tenha sido).

Seja você, esqueça as regras! Sofra, grite, chore e, se for para se sentir melhor, liga para o infeliz xingando, porque pode ser libertador. Ah, e antes que você me pergunte, já tomei o porre e já fiz a tatuagem ;).”

Ana Michelle, 32 anos, é jornalista e mantém o blog Papo de Casa http://www.papodecasa.com/

 

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